Cartas Anônimas

Capítulo 68 - Vamos fazer dar certo


A vista dali era realmente muito linda, a cidade do Rio ficava deslumbrante àquela hora da noite. Um vento gostoso passava por meu corpo e eu podia ouvir os barulhos de buzinas fracamente. Aquele ali não era um terraço qualquer, nele havia algumas flores, banquinhos de madeiras e várias outras coisas. Eu e Pedro estávamos sentados em um desses banquinhos, o silêncio prevalecia entre nós e eu já estava ficando incomodada com isso.

– Pedro você não me chamou aqui para ficarmos em silêncio não é?

– Não Ka – Ele virou-se para mim – Eu vou explicar tudo direitinho. A Kamily é minha prima, ela mora no interior e veio passar um tempo comigo.

– Ahh só você e ela?

– É Karina, mas não é nada disso, ela é apenas minha prima e desde pequenos que somos muito próximos. Você está pensando o que? Que eu estou ficando com ela?

– Pedro ontem todos foram na minha casa e você não foi porque tinha saído com essa loira, eu passei o dia todo te ligando e sempre caia na caixa postal, você não mandou uma mensagem, não ligou, não fez nada. O que você quer que eu pense? ! – Me levantei e ele fez o mesmo.

– Eu estava mostrando a cidade para a Kamily!

– Ahh que legal, e por conta disso você me esqueceu, se quer me ligou. Muito legal isso – Fiz joinha e virei às costas pra ele.

– Karina, não é nada disso, eu sei que eu deveria ter te ligado, mas achei que tinha que te dar mais espaço. A primeira vez que namoramos eu ficava muito na sua cola e esse foi um dos motivos para não termos dado certo que eu sei.

– Pedro você tem que parar de achar que as coisas não vão dar certo agora por causa de uma idiotice que eu cometi a cinco anos atrás. Poxa, eu já não paguei o bastante pelo que eu fiz? ! – Senti meus olhos arderem e mais uma vez as lágrimas escorrerem.

– Não chora Karina, você sabe que eu não suporto ver você chorar – Pedro me puxou para um abraço e eu permiti ser abraçada por ele.

– Você fica jogando na minha cara tudo que eu fiz, eu sei que eu errei feio, mas não precisa fazer disso uma condenação para mim.

– Eu não faço, tudo que sai é sem querer. Eu não quero magoar você, dessa vez eu quero que tudo dê certo entre nós.

– Então faça tudo dar certo Pedro – Me afastei dele.

–Eu vou fazer Karina… Desculpa – OK, é possível se apaixonar pela mesma pessoa mais de uma vez? Por que ele tem que ser tão fofo? Por que meu Deus!

– Tudo bem Pê – O abracei e o senti mais aliviado.

– A Kamily quer te conhecer.

– Como? – Me afastei e franzi o cenho.

– Ela quer conhecer você, ela disse que eu falo tanto de você que ela ficou até curiosa.

– Você falou de mim? – Foi quase impossível conter um sorriso.

– Claro que sim meu amor, você pode não estar perto, mas meus pensamentos sempre estão em você.

– Own – Me aproximei dele e me joguei em seus braços contornando seu pescoço com minhas mãos. Colei nossos lábios e ficamos apenas no selinho por algum tempo. Senti sua língua contornar minha boca e entreabri a mesma deixando que minha língua se encontrasse com a sua. Seu beijo era indescritível, sentir sua língua acariciando a minha era indescritível, tudo entre mim e Pedro era indescritível e eu passei a amar essa palavra. Minutos depois nos separamos e ele me olhou sorrindo.

– Vamos descer? Eu quero te apresentar para Kamily – Girei os olhos.

– Já não tive boa impressão dela.

– Por favor Karina, seja gentil, você nem a conhece.

– Tudo bem Pedro, mas eu não garanto nada.

Ele bufou e segurou em minha mão, saímos do terraço e logo já estávamos entre aquela multidão novamente. Pedro praticamente me arrastou dentre as pessoas quando viu a vadia, ops, a priminha dele em um bar cercada por homens, mas olha só como eu tive que controlar minha vontade de rir, quando ela o viu se aproximando sua expressão mudou completamente. Cara é nessas horas que uma maquina fotográfica faz falta. A piranha praticamente expulsou todos os homens dali e adquiriu uma expressão de nossa como eu sou pura. Pura safadeza mesmo. Já não gostei dela.

– Kamily.

– Oi Pê você sumiu – Porra, que voz docinha era aquela? Ancia de vomito se aproximando em três, dois, um…

– Eu fui atrás da Karina Kamily – Para tudo, a vadia me olhou da cabeça aos pés! Respira Ka, respira.

– Ahh então essa a Karina?

– Eu mesma – Ri da forma mais falsa que consegui, ela percebeu, claro que percebeu, mas como o Pedro é um mongo ele nem notou.

– Ouvi falar muito de você.

– Espero que bem , não é AMOR – Rá, já disse que adoro provocar?

– Claro linda – Me deu um selinho.

– Pepê você não sabe o que aconteceu – O projeto de gente deu alguns pulinhos e eu juro que aconteceu um terremoto e aqueles peitos com certeza devem ter batido na cara dela. Falando na cara dela, aqueles olhos com certeza são lentes, eles eram de um azul tão vivo que dava até agonia de olhar para eles. Os meu são melhores que eu sei.

– O que Kami?

– Eu passei naquele concurso.

– Serio? Parabéns garota – Ele soltou minha mão e a abraçou. A vadia, galinha, piranha fora da água me lançou um olhar e um sorriso debochado. Sabe quando sua mão coça para entrar em contato com uma cara? Então, minha mão estava dessa forma.

– Pê, vamos dançar?

– Ai amor, eu não queria deixar a Kemi sozinha novamente, tem tantos homens por perto né, vai que acontece alguma coisa – A querido acontece sim, acontece o surgimento de um bebê sem pai depois dela dar para metade da balada.

– Pode ir Pê, eu fico bem sozinha.

– Não Kemi, a Ka entende, não entendi amor?

– Claro baby, eu sou uma pessoa muito compreensiva.

Pedro e a vad… Cara vou parar de dizer essa palavra porque isso já é elogio. Pedro e a priminha querida dele engataram em uma conversa e me deixaram de fora. A irritação logo me veio. O que me deixava mais puta era saber que aquela coisa siliconada se fingia de pura e inocente na frente dele. Depois de já está mais que nunca excluída naquela conversa eu me afastei um pouco para ir até o bar, me sentei em uma cadeira que havia ali e pedi um drink colorido sem álcool. Girei a cadeira e comecei a olhar em minha volta. Aquela balada era perfeita e com certeza eu voltaria ali. A maioria das pessoas que estavam em meu campo de visão eram homens, homens, gostosos, sarados, deliciosos e… E… Gostosos. Alguns olhavam para mim, mas disfarçavam, outros olhavam e nem davam ao trabalho de disfarçar. Vi um moreno de olhos verdes, que pariam brilhar no escuro, se aproximar, desviei o olhar para ele não pensar que eu estou dando mole. Ouvi-o pedi algum drink, mas nem dei atenção.

– Oi – Me virei e aqueles olhos extremamente convidativos estavam me fitando de uma forma intensa.

– Olá.

– Eu sou Marco.

– Karina, muito prazer.

– O prazer é meu – Beijou as costas da minha mão – Antes de tudo, você tem namorado?

– Olha só, um cara direto. É isso que falta no mercado.

– Pois é, algumas gostam, outras nem tanto.

– Eu sou do grupo das que gostam e respondendo sua pergunta. Sim, eu tenho namorado.

– Poxa que pena – Gargalhei – E onde ele está? Ele deve ser doido para deixar uma mulher linda dessa forma solta por ai né?

– Digamos que ele deve estar mais interessado em outra coisa – Olhei pelo canto do olho e vi Pedro se aproximando, mas atrás a piranha estava com os braços cruzados e com cara de poucos amigos.

– Você se afastou Ka – Pedro me abraçou por trás e eu virei o rosto bem a tempo de o ver lançando um olhar mortal para Marco e o mesmo se retirar.

– Preferi assim, a final, eu não estava inclusa no assunto né.

– Por que você não quis.

– Eu não sabia do que vocês estavam falando e o papo com sua priminha estava tão interessante não é?

– Cara que mulher ciumenta eu fui arrumar – Gargalhou.

– Pedro não ria, você não sabe a vontade que eu estou de estalar minha mão na sua cara!

– Ui como ela é brabinha, eu vou acabar com essa brabeza agora.

E quando eu ia protestar ele tomou meus lábios em um beijo que era capaz de sugar minha alma.