Cartas Anônimas

Capítulo 54 - Nosso contrato está cancelado!


Sonhos… Tão bom ter sonhos bons e bom mesmo é quando eles se tornam reais. Acordei na sexta revigorada, tudo a minha volta parecia estar na mais perfeita e repleta sintonia. Levantei-me pela primeira vez em anos extremamente feliz e com uma vontade louca de trabalhar. Entrei debaixo da água morna e tomei um delicioso banho, me arrumei e desci as escadas.

– Bom dia amor da minha vida – Me aproximei de Rita e lhe dei um beijo demorado na bochecha.

– Meu Deus, quem é você e o que você fez com a deprimente Karina Duarte? – Gargalhei.

– Como sempre cheia das graças né dona Rita – Me sentei a mesa.

– Olha só, virei ave Maria – Eu rolei os olhos.

– Sem graça.

Tomei café em meus á lembranças da noite passada e já estava morrendo de saudades dos meus amigos. Assim que levantei da mesa meu celular tocou.

– Alô?

– Ui que voz sexy, acho que me apaixonei.

– Palhaça – Gargalhei, era impossível não gargalhar com aquela pessoa – E ai Vickyzinha, tudo bem?

– Claro amiga tudo ótimo.

– Me ligou pra…

– Nossa não pode nem mais ligar pra amiga para perguntar como ela estar?

– Hahaha claro que pode, mas é só isso?

– Na verdade… Não, é em relação à empresa.

– Ahh claro.

– Então Ka, é pra remarcar a reunião.

– Ahh tudo bem, pra que dia?

– Hoje.

– What? ! You are crazy??? !

– Que? !Amiga, eu posso ter viajado e tudo, mas ainda estou aprendendo a falar inglês ok.

– Vicky, hoje eu não posso, eu tenho vários compromissos.

– O Pedro exigiu.

– E quem o Ramos pensa que ele é pra exigir alguma coisa?

– Hum… Um dos donos das maiores empresas do Brasil??

– Tanto faz, mas ele não pode exigir nada.

– Na verdade pode.

– Como pode?

– No contrato dizia que a reunião seria no dia que o dono desejasse.

– E como eu não vi isso? !

– E você vem perguntar pra mim?

– AHHHHHHHHHH que ódio!

– Vamos lá Karina, eu sei que você pode dar um jeito.

– Vicky, minha empresa ainda está em crescimento eu não posso ficar dispensando meus clientes.

– Credo, você falando assim, até parece uma prostituta.

– Idiota.

– Hahahaha, é serio amiga, faz um esforço.

– Ok, ok, eu vou tentar fazer o que eu posso.

– Oba.

– Que horas e onde?

– Meio dia no mesmo restaurante.

– Ok né nos encontramos lá.

– Tudo bem amiga. Beijos.

– Tchau.

Sabe aquela felicidade toda em que eu estava? Certo, ela se transformou em ódio. Quem o Pedro pensa que é para exigir algo? Só porque ele é filho do dono de umas trocentas empresas não significa merda nenhuma. Abri os dois primeiros botões da minha camisa social para que corresse mais ar em meu corpo, levantei-me da mesa e fui para meu carro entrando no mesmo e dirigindo até a empresa.

– Nossa, que raiva toda é essa? – Katarynne perguntou assim que eu entrei em meu escritório e bati a porta com toda a força que eu consegui.

– Ramos.

– O que aconteceu?

– Ele exigiu que a reunião fosse meio dia do dia de hoje.

– Karina, você não pode, sua agenda está cheia.

– Eu sei, mas como ignorar uma coisa que estava no contrato.

– Putz, é mesmo, no contrato diz que a reunião é quando ele quiser.

– Eu vou desistir disso, ele que procure outra agência – Eu sentei em minha cadeira decidida.

– Você pirou? ! A não, já sei, trocou o leite por pinga né? – Rolei os olhos – Karina, eles estão pagando o triplo.

– Katarynne, dinheiro não é tudo nessa vida ok…

– E a empresa dele é muito conceituada, o nome já é conhecido e você pode ficar famosa.

– Eu não quero ser famosa, muito obrigada.

– Karina é serio, você já imaginou quantos contratos pode conseguir com isso? – Respirei frustrada.

– Tudo bem, mas como eu vou fazer? Hoje o dia está corrido.

– Eu vou te ajudar, vamos fazer de tudo para que você vá a esse almoço…

– De negócios.

– De negócios. – Revirou os olhos.

Começamos a trabalhar e fizemos o que podíamos para terminar todo o trabalho, mas não foi muito possível. Meio dia e quinze eu estava saindo da minha empresa, ou seja quinze minutos atrasada ou melhor, meia hora atrasada, já que meio dia e meia eu estava estacionando de frente para o restaurante. Saltei do carro carregando algumas pastas nos braços e adentrei o restaura, dispensei a companhia do maítre e fui até a mesa onde havia a maior quantidade de pessoa.

– Meia hora atrasada, nós temos mais o que fazer do que ficar esperando você – O senhor educação disse sem se quer me cumprimentar.

– Eu fiz o que eu posso para estar aqui, então não reclama – O olhei com uma certa fúria que foi muito bem devolvida.

– Vamos começar? – O senhor oi sou lindo, cujo nome é Vitor me olhou e sorriu e claro que eu não pude deixar de retribuir. Começamos a discutir sobre o que seria feito para a empresa. Uma hora depois ainda estávamos ali, mas fui interrompida pelo som do meu celular.

– Só um instante – O atendi - Oui … Comment? (Sim… Como?) … Ahh oui, c'est tout pour le moment (Ahh sim já está tudo certo) … Ok .. Nous marquons tous les jours alors (Ok… Marcamos qualquer dia então) … Bon attendre votre appel (Tudo bem esperamos sua ligação) … A vous aussi. … … … (Igualmente).

– Ok, que porra de língua é essa? ! – Mateus me olhava confuso e eu gargalhei.

– Francês.

– Ahh tá não consigo nem falar português direito e ela sabe falar francês – Bianca bufou e todos gargalharam.

– Ok, então vamos voltar a reunião? - Vitor

– Ahh va… – Antes que eu terminasse de falar meu celular tocou de novo – Desculpe gente, mas preciso atender… Hi .. ¿Cómo? (Oi… Como?) … No puede ser, ¿puedes resolver? (Não pode ser, vocês conseguem resolver?) Ahh ok está llegando a Brasil? (Ahh ok está vindo para o Brasil?) … Pero es realmente serio hasta el punto de … Ah vale, vale, entonces vemos … Bueno, me llaman nada (Mas é realmente grave ao ponto de… Ah tudo bem, tudo bem, então nos vemos… Certo, qualquer coisa me liga. )

– Ah algum problema?

– Não Mateus, nós.. – Mais uma vez meu celular emitiu um barulho.

– Mais que merda Duarte! Dá pra você focar aqui?

– Eu disse que seria quase impossível vim a essa reunião Ramos, mas não, o senhor poderoso exigiu que eu viesse – li a mensagem que havia recebido – Oh shit! Eu preciso ir.

– Não, você não vai – Pedro levantou no exato momento que eu fiz o mesmo.

– Claro que eu vou, eu preciso resolver os problemas da minha empresa.

– Se você fosse uma pessoa competente isso não estaria acontecendo – Estávamos á centímetros um do outro e a fúria era evidente em nossas falas. Percebi que todos da mesa apenas nos olhavam.

– Quem é você para dizer o que sou ou não sou Ramos? !

– O dono de uma grande empresa.

– Ai gente que bonitinho ele se acha só porque tem uma empresa que ganhou do papaizinho, ai que fofo – Ironia mode on.

– Olha como você fala comigo Duarte!

– Sinto muito, mas ainda não enxergo minhas palavras – Peguei as minhas pastas que estavam sobre a mesa – Depois marcamos outra reunião.

– Tudo bem Ka – João disse docemente.

– Duarte, se você sair daqui nosso contrato está cancelado! – Eu olhei em seus olhos para pronunciar as palavras que surgia em minha boca.

– Faça o que achar melhor.

E lhe dei as costas.