Cartas Anônimas

Capítulo 43 - Agora começa a pior parte


– Te ver feliz é tão bom meu amor, eu automaticamente também me sinto feliz – Eu e Pedro estávamos deitados no jardim de sua casa. Era uma madrugada e a lua brilhava iluminando todo o ambiente. Pedro estendeu um grande lençol no gramado e nós havíamos nos deitado sobre ele abraçadinhos.

– Minha vida mudou muito e eu sinceramente adorei essa mudança.

– Você não sente saudade daquelas festas agitadas e da sua vida de badalação?

– Nem um pouco. Sinceramente prefiro essa nova vida. Minha mãe está tão feliz, ela e meu pai é um dengo só, é tão lindo vê-los juntos daquela maneira. Será que quando estivermos à idade deles nós vamos ser daquela forma?

– Vamos ser muito melhor – Beijou meus lábios com delicadeza.

– Eu nunca pensei ver meus pais juntos novamente, é algo um pouco estranho acordar e se deparar com os dois na mesa de café a minha espera, ele lendo o jornal do dia e tomando café puro enquanto minha mãe termina de arrumar as coisas. Eu fico na ponta da escada apenas os observando até ser notada por eles e receber um bom dia filha, dos dois.

– Com o tempo você se acostuma.

– Eu sei disso – Sorri. Pedro me apertou mais em seus braços.

– Assim que o dia raiar eu tenho uma surpresa pra você.

– O que é?

– Se é surpresa eu não vou dizer né.

– Por que isso?

– Jura? – Ele me encarou e arqueou uma sobrancelha.

– Estou brincando meu amor – Depositei um selinho em seus lábios – É… Dois meses de namoro, como passa rápido.

– Pois é, quem diria, nós dois juntos.

É, quem diria Karina Duarte fazendo dois meses de namoro.

– Sabe que eu estou a fim de adiantar um de seus presentes. – Ele deitou-se por cima de mim.

– Ah é?

– Aham.

– E qual seria ele?

– Esse aqui.

Chocou seus lábios com o meu. Aquela noite fizemos amor ali mesmo, ao ar livre, mas fôra diferente, eu sentia algo diferente, eu não sabia muito bem explicar o que era, mas para mim tudo estava intenso, como se fosse uma despedida, como se fosse a ultima vez que nossos corpos se juntariam daquela forma e eu não sabia, mas… Realmente era.

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–Ka? – Katarynne chamou minha atenção, ela fazia um carinho gostoso em meu cabelo.

– Hum?

– Que tal irmos embora? Já passa da uma da manhã, todos já foram, temos que fechar isso aqui e precisamos comer algo, estamos de estomago vazio.

– Tudo bem Katy – Eu nem havia visto o tempo passar, contar todo o meu passado para alguém realmente estava me fazendo muito bem.

Nós saímos do meu escritório e andamos pelo corredor escuro, pegamos o elevador e logo estávamos na recepção.

– Boa noite dona Karina – Disse o porteiro.

– Boa noite – Sorri fraco.

Encaminhei-me até meu carro e entrei no mesmo sendo seguida por Katy. O trajeto até minha casa fôra silencioso e assim que eu cheguei em minha residência, eu fui logo tomar banho. Katarynne disse que prepararia algo para comermos. Sai do banho e vesti uma roupa leve, desci as escadas e uma mesa farta já me esperava. Comemos em silêncio, Katy parecia não querer comentar sobre nada, eu sei que ela estava pensando em tudo o que eu falei, mas ela só expressaria sua opinião assim que eu acabasse de contar minha história. Terminamos de comer e lavamos os partos, guardamos e subimos para meu quarto, eu apaguei a luz deixando apenas a do abajur acessa.

– Vem Ka – Katy sentou-se sobre minha cama encostando as costas na cabeceira e eu deitei a cabeça em seu colo, ela logo levou sua mão até meu cabelo e começou a acaricia-lo – Pode continuar…

Suspirei. Agora viria toda a parte ruim da minha história. Tudo que me fez viver na completa solidão até os dias de hoje, tudo que me fazia chorar ao ser lembrado e eu sabia que eu tinha que me preparar muito para o que vinha a seguir.

– Bom…