Cartas Anônimas
Capítulo 39 - Chuva
A noite estava chuvosa e fria, eu e o Pê estávamos na sala de sua casa, ficamos a tarde inteira juntinhos e á noite, assim que eu iria embora, a chuva caiu espessa. Pedro disse que não daria para me levar já que seu pai estava com seu carro, ele me explicou que o carro do pai dele estava no conserto e o outro ficou na empresa então resolvi esperar a chuva passar, mas como isso não aconteceu tive que ligar pra minha mãe avisando que não dormiria em casa.
– Humm , estou com fome – Disse Pedro.
– Eu posso preparar algo para nós.
– Eu finalmente vou provar da comida de Karina Duarte?
– Humm, uma comida muito afrodisíaca, mas não sei se faço, você já é safado por natureza imagina comendo uma comida dessas.
– Isso não funciona comigo.
– Você já comeu alguma vez?
– Não, mas eu sei.
– Humm, então vamos ver. Eu vou preparar – Nós dois nos encaminhamos para á cozinha – Posso ver o que tem por aqui?
– A casa é sua madame.
Comecei a vasculhar os armários e a geladeira em busca de algo útil, achei tudo que precisava e logo comecei á fazer a receita que aprendi com minha mãe quando tinha doze anos.
– Pedro vá pra sala.
– Por quê? Eu quero te ver cozinhar.
– Nada disso, já pra sala.
– Ahh poxa – Fez bico. Eu me aproximei dele e lhe dei vários selinhos até aquele bico ser transformado em um sorriso, então o empurrei para a sala recebendo um resmungo logo em seguida. Voltei para o fogão e continuei a preparar a receita.
Minutos depois eu apareci na sala toda suja de recheio e assim que Pedro me viu ele teve um ataque de risos.
– Dá pra você parar?
– Nossa garota, você não explodiu a cozinha não né? – Rolei os olhos.
– Eu sem querer derrubei creme em cima de mim ok.
– A panela virou né?
– Quase isso, a questão é que eu preciso de um banho.
– Vai lá…
– E de uma roupa.
– Pode pegar uma blusa minha.
– Você coloca minha roupa pra lavar?
– Clamo madame, agora eu te sirvo – Eu gargalhei. Tirei minha blusa e joguei sobre o sofá e pude ver a feição abobalhada de Pedro ao olhar para meus seios. Abri a calça e seus olhos foram imediatamente para meu ato.
– O que… você tá fazendo?
– Ué, você disse que poderia colocar a minha roupa pra lavar.
– Você não podia entrega-las depois?
– Não, acho que isso aqui mancha - Entortei a boca e peguei um pouco de creme que estava em minha calça. Então á tirei e joguei sobre Pedro – Dá pra parar de me olhar com essa cara?
– Não é muito fácil você ficar normal perto de uma garota seminua.
– Você é um bobão.
– E você é uma atirada Karina Duarte, onde já se viu ficar só de roupas intimas na frente de um homem?
– Ué, você é meu namorado.
– Sou, mas… Mas…
– Iiiiii qual é Pedro – Tomei o rumo das escadas enquanto seu olhar estava vidrado em mim – Tô te estranhando hein – Gargalhei e subi os degraus.
– Gostosa pra caralho.
– EU OUVI ISSO.
Encaminhei-se até o quarto de Pedro e logo entrei no banheiro, tomei um banho rápido, porém relaxante e sai, sequei meu corpo e me encaminhei até o armário de Pedro, retirei de lá uma blusa social azul marinho de ceda e a vesti deixando dois botões abertos e subindo as mangas até a altura do cotovelo. A blusa ficou como um micro vestido, era grande o bastante para cobrir toda a bunda, mas deixava minhas coxas de fora. Desci as escadas e passei por Pedro, entrei na cozinha ouvindo algo cair e um palavriado não educado saindo de sua boca. Gargalhei e voltei para o fogão. Arrumei a mesa e coloquei a comida sobre ela e quando tudo já estava pronto, fui até á sala.
– Já está pronto – Pedro ergueu uma sobrancelha e me mediu de cima á baixo.
– Olha que eu acho que prefiro comer outra coisa.
– AHHHHHHHHHHH safado – Joguei uma almofada em seu rosto – Vamos logo.
– Vamos minha Deusa – Ele segurou em minha mão e fomos para a cozinha.
– Caracas, já tá boa de casar em.
– Espera até saborear a comida- Dei pulinhos animados.
– O que você preparou?
– Sopa creme de aspargos…
– É… Acho que não gosto muito disso não.
– Já experimentou?
– Não.
– E como diz que não gosta?
– Karina que tipo de alimento se chama aspargo? – Ele franziu a testa fazendo uma cara fofa.
– Larga de se comportar como uma criança de sete anos e vamos comer logo – Ele com cara de nojo deu á primeira colherada na sopa, eu revirei os olhos e comecei a comer.
– Caracas, isso é bom.
– Eu disse.
– Humm… Picante?
– É a pimenta caribenha… Pedro sua mãe é uma mulher que gosta dos prazeres da vida não?
– Como assim?
– Encontrei muitos ingredientes… Hum… Calorosos.
– Como assim?
– Cara ela tem oito tipos de pimentas diferentes aqui.
– Caracas… Agora tá explicado os barulhos que eu escuto de noite e porque as vezes ela me faz comer comida diferente da que ela come com meu pai – Eu gargalhei.
– Agora eu já sei o motivo de tanta gentileza e felicidade – Pedro me repreendeu com o olhar e eu gargalhei mais ainda. Algum tempo depois terminamos nossa refeição.
– Acho que vou explodir.
– Tem mais… A sobremesa – Caminhei até o balcão e peguei dois pratos – Banana quente.
– Vamos ver o sabor disso.
Nós começamos á comer e Pedro gostou muito do sabor que aquilo tinha. Levantamos-nos e colocamos a louça sobre a pia, eu me propus a lavar, Pedro disse que não precisava, que a empregada poderia fazer aquilo no dia seguinte, mas mesmo assim eu lavei. Ele encostou-se ao balcão que tinha na frente da pia e ficou ali com os braços cruzados. Eu ensaboava os pratos enquanto cantarolava baixamente. Eu havia prendido meu cabelo em um coque, e aberto mais um botão da camisa. Sabe quando você pode até não ver, mas sente que está sendo observada? Sendo observada por olhos profanos, cheios de desejos e luxurias? Ai você passa a sentir arrepios percorrer todo seu corpo e um medo toma conta de você, não precisamente um medo, mas sim algo que te faça acreditar que alguma coisa vai acontecer. Eu respirei profundamente e parei de cantar.
– Por que parou? – Em uma questão de segundos Pedro estava com uma das mãos sobre minha bariga e com a boca colada em minha orelha – Estava tão lindo, sua voz suave me acalma, eu descobri que amo ouvi-la cantar.
– Não lembrei mais da letra da música – Sussurrei. Eu não tinha alto controle nenhum com aquele homem, qualquer toque dele, qualquer palavra já fazia se romper todas as minhas estruturas.
– Que pena - Espalhou beijos por meu pescoço e eu o inclinei para melhor receber suas caricias.
– Eu não canto tão bem…
– Não diga isso, sua voz é maravilhosa, se parece muito com o canto lírico dos pássaros, mas por mim eu preferiria acordar todos os dias com sua linda voz do que com as dos pássaros.
– A cada dia você me surpreende mais.
– Esse é o meu dever – Ele virou-se de frente para mim – Surpreender a garota mais incrível desse mundo.
Antes que eu pudesse dizer algo ele colou nossas bocas, mas esse ato não impediu que eu sorrisse.
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