Cartas Anônimas

Capítulo 37 - Eu sei que você é meu anonymous - Parte 1


Naquela noite Pedro dormiu em minha casa, mas não aconteceu nada além de beijos. Pela primeira vez eu dormi com um garoto sem acontecer nenhum ato sexual, com Pedro era diferente e eu sabia que era. Dormimos entre beijos e bem abraçadinhos, em seus braços eu me sentia aconchegada e era ali o meu lugar.

No outro dia levantamos cedo, pois teria escola, mas Pedro não ia, somente eu. Arrumei-me e tomamos café juntos, o clima estava perfeito. Ele se propôs a me levar até á escola e eu aceite. Chegando lá ficamos algum tempo namorando dentro do carro, ele me dizia tantas coisas lindas que a cada momento algo dentro do meu peito crescia mais e mais. Despedi-me dele já sentindo saudade e entrei na escola, me sentia tão feliz que nem me lembrei que ainda existia as cartas do meu anonymous. Nas aulas meus pensamentos estavam longe mais precisamente em Pedro. Nossos momentos, nossos beijos, tudo, tudo, tudo era ele, tudo era comandado por ele. O sinal para á ultima aula soou e quando eu estava saindo da sala foi que me lembrei da carta, então caminhei até meu armário.

– Ué João, o que faz aqui? – Franzi o cenho ao ver João perto do meu armário.

– Eu… É… Vou ao banheiro.

– Mas ele fica para o outro lado.

– Tá, você me pegou, na verdade eu ia colocar uma carta no armário da Bianca.

– Sério?

– É, achei esse lance de cartas muito louco e Bianca parece gostar, então eu ia colocar pra ela.

– Ahh, mas só tem um problema.

– Qual?

– O armário da Bianca não fica nessa área.

– A é – coçou a nuca – Me confundi. Bom, vou indo. Tchau Ka – ele se aproximou de mim e depositou um beijo em minha bochecha.

– Tchau.

Abri meu armário e mais um envelope vermelho me aguardava.

”Hoje não estava inspirado, pois não pude ver teus lindos olhos, então mandei apenas que entregassem esse lindo poema á ti… Peguei-me dentro de uma tempestade de lembranças,

Lembranças que fizeram de uma simples história

A mais perfeita no mundo do amor.
Lembranças
Que alimentam o coração.
Lembranças
Que preservam a alma.
Lembranças,
Simples lembranças…
Lembranças de um sorriso
De um gesto,
De um olhar.
Lembranças de sensações,
Arrepios no corpo.
Lembranças guardadas nas estrelas
Defendidas pela lua.
São momentos especiais
Momentos inesquecíveis,
São lembranças de uma inocência,
Lembranças de um tempo perdido…

Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece.

Assinado: Anonymous.

Li aquilo de uma forma diferente. Ele mandou que entregasse a carta para mim, ele faltou, então mais alguém sabia disso, e por que essa pessoa não espalhou? A pessoa deveria ser um grande amigo ou amiga do anonymous. Ele mandou que me entregasse, me entregasse. Uma palavra tua ou por uma lida se esclarece. Fiquei repassando aquilo. Ele me deu uma pista. Por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece. Quem…

– João! – Claro, só podia ser.

Eu corri pra fora da escola e na mesma velocidade fui atrás de João, o encontrei já quase perto de sua casa.

– Que foi sua louca? – Ele virou-se ao ouvir meus gritos.

– Quem é ele?

– Ele quem?

– O anonymous.

– E como é que eu vou saber?

– Hoje como de costume ele me mandou mais uma carta, mas ele disse que mandou que alguém me entregasse porque ele não pôde vim à escola, você estava perto do meu armário, você sabe quem é.

– Tá louca? Eu já disse o que eu estava fazendo lá.

– João, fala sério escrever cartas não é sua cara, você mal ler livros cara.

– Assim você me ofende viu - Colocou a mão sobre o peito.

– Não muda de assunto, me diga quem ele é!

– Você está mesmo maluca.

– Não, não estou. Se você entregou a carta você sabe quem é, mas você não anda muito com as pessoas da escola – Eu falava pra mim mesma – O Wallace não é, o Mateus muito menos, o André fora de cogitação, eu sei que não são eles, mas quem… – Foi então que vários acontecimentos se esclareceram, era como se uma luz tivesse sido acessa em minha mente - Claro! Como eu pude ter sido tão burra? ! Burra, burra, burra, burra – Eu batia em minha cabeça e andava em circulo.

– Ka eu sei que você é, mas também não precisa ficar assim, isso tem tratamento.

– Eu descobri – Dei pulinhos e gargalhei – Descobri quem é meu anonymous!

– Não descobriu não – João me olhou de canto de olho.

– Ô descobri sim, é ele – Gargalhei – É ele, meu Deus, é ele. Como eu não percebi?

– Ele quem Karina? – João parecia um pouco aterrorizado.

– Ele João, é ele! – Me aproximei dele e beijei seu rosto – Muito obrigada, você é meu anjo.

– Hey, eu não fiz nada não.

– Ahh fez sim.

– É serio Karina, me deixe longe disso, eu não fiz nada.

– Fica tranquilo Jhonyzinho. Eu tenho que resolver isso – Comecei a correr.

– KARINA O QUE VOCÊ VAI FAZER? – João gritou.

– VOU ARRUMAR A VERDADE. - Gritei de volta

Ele estava o tempo todo em minha frente, eu que nunca enxerguei. A voz de minha mãe ecoou por minha mente.