Cartas Anônimas

Capítulo 19 - Você não pode sair assim


– Karina? – Pedro franziu o cenho e eu sorri, eu não sei por que, mas eu gostei muito de vê-lo.

– É… Oi.

– O que faz por aqui?

– Ahh estou voltando de uma festa.

– Sozinha?

– Pelo visto sim né.

– É perigoso você andar sozinha á essa hora da madrugada.

– Eu não ligo – dei de ombros – O que pode me acontecer? Eu ser roubada, abusada ou sei lá, sequestrada? Não ligo.

– Nossa, parece que você não liga mesmo.

– Por que você anda me evitando?

– Eu?

– Claro, toda vez que eu tento chegar perto de você, você sai.

– Lógico, você não me disse que era Karina Duarte? Uma pessoa que não andava com um tipo de gente como eu?

– Você é diferente.

– Diferente como? – Pedro se aproximou e eu senti meu corpo tremer.

– Não sei explicar, mas você é diferente de todos daquela escola.

– E por que você não se aproxima de mim? – Ele se aproximou mais um pouco.

– Por que… Por que eu… – Nem eu sabia o porquê não me aproximar dele, eu não sei, eu sempre andava com os populares e não estava nem ai para pessoas como o Pedro, mas esse meu conceito estava mudando – Não sei – Sussurrei.

– Eu sei – ele se aproximou mais e eu senti sua respiração se misturando com a minha, Pedro estava extremamente perto de mim – Porque você não anda com gente fracassada, com gente que não é conhecida na escola inteira e nem pega geral, que não tira onda com á cara de todos e nem apronta várias, ou seja, você não anda com pessoas que não são idiotas – Ele se afastou de mim e eu fiquei sem reação.

– Hey Pedro, não começa com isso – eu segurei em seu braço.

– Com o que? Com a verdade.

– Isso não é á total verdade.

– E qual é a verdade Karina?

– Eu nem te conheço.

– Claro que conhece, você até já almoçou na minha casa.

– É, mas ainda não sei nada sobre você, talvez si… Sei lá, conversássemos mais, nós poderíamos ser amigos.

– Ahh jura? – ele disse sarcasticamente.

– É serio Pedro - me aproximei dele – Eu quero mesmo me aproximar de você, você é o tipo de pessoa certa para se conversar e eu queria mesmo virar sua amiga.

– Karina é muito simples, basta você querer.

– Não é tão simples.

– Cara você complica muito as coisas.

– Tá é o seguinte – o olhei seriamente – Pedro, eu quero muito virar sua amiga, mas você é o tipo de gente que ninguém quer ter por perto, todos os meus amigos não gostam de você, metade da escola não vai com a tua cara e com certeza se nos visse juntos nós seriamos motivo de conversa por muito tempo e talvez, eu deixasse de ser tão popular assim.

– Ahh, agora você resolveu colocar tudo em pratos limpos. Karina eu já sabia que você se achava, é hipócrita, egoísta, mesquinha, nojenta, galinha, mas essa de você ligar para as opiniões das pessoas é novidade para mim.

– VOCÊ NÃO PODE FALAR ASSIM COMIGO – Senti meus olhos arderem, as palavras que saíram da boca de Pedro foram muito pesadas, ninguém nunca havia falado daquela forma comigo.

– Claro que eu posso – ele me olhou com desdém e aproximou sua boca do meu rosto – Você é tudo isso que eu disse e muito mais Karina, apenas você não percebeu.

Eu nunca na vida havia sido tão ofendida ainda mais por alguém que nem me conhecia, eu não era nada daquilo, ou pelo menos achava que não era.

– Você… É um escroto – Passei por Pedro esbarrando em seu ombro e comecei á caminhar rapidamente para minha casa, lágrimas queriam descer por meu rosto, mas eu iria segurá-las, meus olhos ardiam, mas eu não choraria. Alguns segundos depois senti alguém segurando meu braço e antes que eu pudesse reagir, senti os lábios de Pedro nos meus, eu me debati, tentei empurra-lo, mas de nada isso resolvia. Então eu me permiti ser beijada por aqueles lábios tão doces, permiti que sua língua acariciasse a minha em um beijo divino e saboroso. Após o beijo Pedro me soltou e começou a se distanciar, mas antes que ele sumisse de vista eu corri até ele e o puxei pelo braço. – Você não pode me beijar e depois sair como se nada tivesse acontecido.

– Claro que posso.

– Claro que não – Estávamos muito perto, seu hálito fresco batendo contra meus lábios… E não deu em outra, logo estávamos com os lábios grudados novamente.