Carta para você

Vossa Alteza Real a Princesa Anastácia... Não, a Princesa Sophie do NCIS


— Então... como foi com Tony e Ziva? Finalmente eles se assumiram? – Foi a primeira pergunta que Jen me fez assim que entrei no MTAC. – Espero que você não os tenha estapeado ao ponto de os dois precisarem de licença saúde, Jethro!

— Eu não fiz nada.

— Nada? – Ela se virou na minha direção. Ainda estávamos esperando que Kelly aparecesse na tela.

— Deixei que os dois se entregassem. Levou um tempo e algumas encaradas até que Ziva falou.

Foi a Ziva quem falou primeiro? E eu achando que Tony iria ser aquele entregaria tudo! – Jen balançou a cabeça. – Ainda bem que não apostei nada.

— Apostou o que? – Uma voz muito conhecida e que me fazia muita falta soou alta pelos alto-falantes do MTAC.

— Que Tony era quem contaria que ele e Ziva estão juntos. – Jen contou a novidade. – E como você está Kelly?

— Oi para vocês também! – Kelly disse e eu passei a observar a minha filha. – E como demorou para aqueles dois se acertarem! Parecem até um certo casal que eu conheço! – Ela disse com um sorriso. – Mas creio que não me chamaram aqui para me contarem sobre Ziva e Tony.

— Não, filha, não chamamos para isso... Tem a ver com o último e-mail que você enviou.

Kelly mordeu o lábio.

— E com o que você não nos disse. – Jenny completou.

— Por que vocês tinham que ser tão curiosos?

— Acha que fazemos o que para vivermos? – Perguntei.

Kelly respirou fundo e apenas soltou:

— Eu estou bem! Me machuquei bem pouco e bem superficial. O carro que explodiu levava dois marinheiros e foi pego em uma emboscada. Não vou negar que não me deu medo, porque deu. Mas passou. Tirando os dois ocupantes do veículo, não tivemos mais baixas. Estão investigando quem fez isso. – Terminou.

— Mas você está bem, mesmo? – Jenny quis saber, ela, assim como eu, estava analisando as expressões de Kelly e a forma como ela falava.

Minha filha deu de ombros.

— Posso dizer que um carro explodindo andou estrelando as minhas poucas noites de sono até aqui, mas eu vou conseguir superar. Outros já conseguiram. Mesmo este sendo o meu primeiro grande susto.

— E o que você estava fazendo lá?

— Bem... pai. Era uma espécie de missão humanitária, com reconhecimento de terreno. O papel dos médicos era justamente para conseguir ganhar a confiança dos moradores da vila.

— Mas teve alguém que não gostou disso...

— É... eu não falo Dari ou Pachto, e não tenho uma professora particular como a Sophie tem!- Ela rui. - Mas o nosso tradutor foi bem específico quando nos mandou esconder todas as coisas que nos identificassem como médicos. Ao que parece, os médicos são os primeiros alvos. Sem nós, não tem como a tropa se recuperar e voltar para o campo... profissão de risco e alvo fácil, foram as palavras que o tradutor usou.

— E você ainda vai voltar para lá, Kelly?

— Sinceramente, não sei. A enfermaria está bem cheia, não tem sido semanas fáceis, agora dependerá do meu Comandante de Operação. Mas posso ser bem sincera, Jen?

— E quando você não foi, Kelly?

— Eu preciso voltar. Aquelas pessoas precisam de ajuda. E eu posso ajudá-las. Às vezes me pego pensando sobre o que eu vi, e sobre o tanto que poderíamos fazer se tivéssemos ficado lá mais uma ou duas semanas... não curaríamos todo o mal, contudo poderíamos aliviar o sofrimento deles um pouco. Me dá um sentimento ruim saber que estou presa dentro desse Porta-Aviões enquanto aquelas pessoas necessitam de tantos cuidados que eu posso dar! Porém, eu sei onde estou e o que tenho que fazer, se as minhas ordens são para ficarem aqui, eu vou ficar, mesmo que o juramento que fiz me diga para fazer o contrário.

— Você ainda vai ter a chance de ajudá-los, Kelly. Só não é o momento. – Jen tentou acalmá-la.

— Algumas pessoas lá não poderiam esperar. – Kells disse com pesar.

— Você não pode salvar o mundo, Kelly. E lembre-se, no seu juramento, você prometeu salvar vidas, e a sua está incluída nesse meio. De que adianta você querer voltar lá sendo que pode nunca mais voltar para a sua família? O perigo existe para você também.— Jenny ponderou com ela.

— Eu já pensei nisso também. Por isso aceitei tão bem as ordens, afinal, não é só a minha vida que seria posta em risco. De todos do grupamento também. E, a memória do que aconteceu ainda está bem fresca na minha mente, não quero passar por aquilo novamente.

Fiquei aliviado de saber que Kelly não sairia se voluntariando para trabalhar em zonas de conflitos.

— Kelly. – A chamei.

— Sim, papai?

— Só tome cuidado.

— Eu estou tomando pai. Estou tentando pensar em não fazer nenhuma besteira que possa me por e colocar os demais em risco. É um tanto difícil quando se está sob ataque, mas até que me saí bem.

Ao fundo, ouvimos o nome dela ser chamado.

— Bem... tenho que ir, e agora eu sei a lição, nada de editar os acontecimentos... vocês vão saber de qualquer forma. Deem um beijo na Soph por mim e digam a todos que estou com saudades, e eu posso pedir só um favor?

— Qual é, filha?

— Não assustem ninguém com essa história, já passou. Principalmente a banguela da minha irmã.

— Não vamos, desde que prometa parar de editar os e-mails.

- Eu prometo. Amo vocês e até o Natal! – Ela se despediu e a chamada foi encerrada.

— É um alívio saber que ela está realmente bem. – Jen disse, desligando a tela do MTAC, e foi só então que notei que não tinha mais ninguém ali e ela percebeu isso. – Dispensei todos desse trabalho em particular, não queria mais gente sabendo disso.

— Fez bem.

— Não faço sempre? – E com essa Jen se encaminhou para a porta. – Até o jantar, Jethro. Vou ter que ficar até um pouco mais tarde. – Se despediu de mim com um beijo, já que não havia testemunhas.

— Pode deixar que eu ajudo a Ruiva com os deveres.

— E que comece a diversão! – Ela me deu um sorriso e se foi para o seu escritório, sendo logo interceptada por Cynthia e o novo cronograma para o restante do dia.

Para meu espanto, quando desci a escada, encontrei a equipe concentrada nos relatórios atrasados e Sophie fazendo o dever de casa. Todos no mais absoluto silêncio. Dei uma olhada no relógio, faltava um pouco mais de quarenta minutos para o expediente acabar, assim, decidi por dispensá-los mais cedo e levar Sophie para casa.

Quando dei a notícia, os três agentes se olharam e, em um instante pegaram suas coisas, a Ruiva, por sua vez, nem se mexeu, só me encarou.

— Guarde suas coisas, filha, já vamos. – Avisei, passando atrás da cadeira dela e pegando minha arma, identificação e distintivo.

— O senhor está doente, papai? – Ela soltou depois que todos já tinham ido.

— De onde você tirou isso, Sophie?

— Bem... o senhor não brigou com o Tony por conta do namoro dele com a Tia Ziva e agora dispensou a equipe faltando... – Ela olhou para o relógio na tela do computador. – quarenta minutos para encerrar o dia. Isso não é normal!

Tive que rir do raciocínio dela.

— E você, Ruiva, está passando muito tempo perto do DiNozzo! – Falei dando um tapinha no alto da cabeça dela. – Agora, guarde suas coisas, já vamos para casa.

— Mas e a mamãe? Ela ainda não desceu!

— Sua mãe vai chegar mais tarde. E pediu que eu te ajudasse com o dever de casa.

— Eu já fiz tudo... ou quase, faltam só duas questões. Estou tentando adiantar as coisas para poder comprar a minha fantasia do halloween! – Ela me informou enquanto guardava os livros e os cadernos.

— Então a senhorita já se decidiu.

— Sim... eu vou de Anastácia!

— A Princesa Russa Desmemoriada? – Me lembrei do desenho que ela tanto gosta de assistir.

— Essa mesma. E ela não é desmemoriada... ela só ficou sozinha.

— Nada de peruca preta nesse ano?

— Não... meu cabelo tá grandão! Vou poder colocar a coroa igual a dela e vai ficar bonito! – Falou dando uma pirueta na minha frente. E eu desejei que Sophie fosse eternamente uma criança.

Saímos do elevador e estava guiando minha filha pelo estacionamento e estranhando o fato de que todos os guardas da base sabiam o nome dela, quando a pequena veio com a ideia mais absurda.

— Uhn... papai?

Só pela carinha dela, eu já sabia que não viria coisa boa.

— Que foi, Sophie? – Perguntei enquanto ela se esgueirava pela porta de trás e se sentava no assento elevado.

— O senhor não quer me levar para comprar a minha fantasia de Anastácia não? – Perguntou com o sorriso mais angelical e banguela que tinha.

Encarei Sophie que me encarava de volta com seus olhos coloridos arregalados e uma carinha inocente.

— Não! Isso é com a sua mãe. Uma vez na minha vida já basta para sair com você e fazer compras!

— Mas vai ser legal, papai! E pensa bem, a mamãe iria ficar feliz, pois assim ela poderia descansar mais um pouquinho no final de semana...

— Onde você compra as suas fantasias?

— Isso é um sim?! – Ela abriu um enorme sorriso.

— É um talvez. Onde sua mãe te leva?

— Tem uma loja, em um shopping perto de onde o Tony mora. Lá tem todas as fantasias de princesas!! – Ela se empolgou.

Não ia me matar levar Sophie para comprar a fantasia dela e, quem sabe, Jen até poderia me agradecer depois.

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Eu pensei que poderia chegar em casa para o jantar, não consegui, de última hora apareceram duas operações que eu fui obrigada a supervisionar, e, assim, só consegui sair do estaleiro depois das dez da noite, e, a essa altura, eu sabia que minha família já tinha jantado e, muito provavelmente, Sophie já estaria dormindo.

A primeira coisa que fiz, assim que pus os pés em casa foi tirar os sapatos, não me levem a mal, eu amo meus saltos, mas hoje já tinha sido demais, quase quinze horas com eles foi para acabar comigo, e, assim que consegui me ver livre deles, percebi que a casa estava muito quieta, quieta até demais.

Eu sabia que Sophie já estava dormindo, afinal, era dia de semana e já estava tarde, mas Jethro? Em plena terça feira de jogo da NFL e ele já estava dormindo? Algo tinha acontecido!

Assim, fui até meu estúdio, deixei minhas pastas e minha bolsa, guardei minha arma e, antes mesmo de ir para a cozinha para, enfim, comer algo, decidi ir até o segundo andar.

Passei no quarto de minha filha, e lá estava ela, praticamente roncando, abraçada com seus bichinhos de pelúcia, dormia calmamente e com um leve sorriso no rosto. Dei um beijo de boa-noite nela e fiquei alguns minutos velando seu sono, até que percebi algumas sacolas.

Curiosa como sou, tive que olhar o conteúdo e decidi por levá-las comigo até o corredor.

Já na claridade, vi que se tratava da loja de fantasias que Abby havia me indicado dois anos atrás. Comecei a rir da impossibilidade da situação. Mas, não era tão impossível assim, se as provas da festinha de compras estavam em minhas mãos.

Arrastei as três sacolas comigo até nosso quarto, só para encontrar Jethro, escorado na cama, com todos os travesseiros em suas costas, assistindo ao jogo de futebol.

— Se me dissessem que você levaria a sua filha de sete anos para comprar a fantasia de halloween há seis horas, eu diria que a pessoa estava alucinando.... – Comentei assim que entrei no quarto.

Jethro desviou minimamente sua atenção da TV e fez uma careta.

— Nunca mais. – Foi o comentário dele.

Só não gargalhei alto porque acordaria Sophie.

— E agora está aí, todo jogado na cama, quase morto. – Brinquei dando um beijo nele e me sentando do outro lado para ver a fantasia em si.

— Ela bem que tentou te esperar para poder fazer o desfile da fantasia, mas não aguentou, tem uns trinta minutos que ela apagou de vez.

— Sophie estava aqui, não estava? – Perguntei e levantei a prova da presença de minha filha, o ursinho Timmy.

— Esqueci de jogar esse na cama dela. – Jethro pegou o bichinho e o arremessou do outro lado do quarto.

— Então... vai me contar como foi sair só com Sophie para que ela comprasse a própria fantasia?

— Um pesadelo. – Dessa vez ele estava muito focado no jogo.

— Ok... assista seu jogo, eu vou ver o que temos nessas sacolas. – Deixe-o se concentrar na TV, afinal o time que ele torce estava jogando.

Comecei a tirar os objetos da sacola e que orgulho me deu quando vi que Sophie não economizou nos detalhes.

O vestido amarelo rodado, as sapatilhas combinando, mas o que mais me impressionou foi que o figurino era complementado pela faixa azul, a gargantilha, os brincos e...

— Até a coroa de cristal?!! – Olhei espantada para a peça que estava devidamente em uma caixa.

Jethro, atrás de mim, fez um som de desgosto.

— Pelo visto foi uma briga para trazer isso. – Comentei.

— Você não faz ideia, Jen... E o pior de tudo, eu disse não mais de cinco vezes, mas ela conseguiu me convencer de que era necessário.

— Você a viu com tudo isso?

— Não. Só com o vestido.

— É... esse ano ela vai, literalmente, ser da realeza. O que, por um lado, é bom, já que ela perdeu o sotaque britânico que ela tinha há um tempo...

Jethro pegou a coroa da minha mão e falou.

— Ela jantou com isso na cabeça. Disse que estava treinando.

— Imagino a sua cara quando ela entrou na cozinha com isso.

— De moletom dos Marines, short, meias e coroa na cabeça. – Ele comentou.

— Deveria ter tirado uma foto e mandado para Kelly. Ela iria adorar ver a princesa mais plebeia da história! – Eu ri e guardei a fantasia, cada peça em sua devida sacola. – E só para constar, eu não vi nada... deixe que ela me mostre! – Alertei Jethro, resgatei o pobre Timmy que fora jogado tão sem cerimônia na parede e levei tudo para o quarto de Sophie.

Vendo que Jethro não sairia do quarto por conta do bendito jogo, decidi que tinha que comer algo, ou era bem capaz que meu próprio estômago me devorasse.

Enquanto comia aproveitei para ver qual era o penteado da Anastácia, certa de que Sophie iria me pedir o exato penteado quando estivesse fantasiada.

— Vai se vestir de Anastácia também? – Levei um susto quando Jethro parou bem atrás de mim.

— Dá para não me matar do coração? – Pedi. – E não. Não vou me fantasiar de nada, só estudando o penteado do desenho para poder fazer em Sophie.

— Vai fazer mais uma das vontades dela, Jen?

— Quem comprou a fantasia completa foi você, não eu! A mim, só irá caber ajudá-la a ficar igual à princesa do desenho.

— Você diria não a ela? – Jethro me questionou enquanto fazia uma caneca de café para ele.

— Sim. Mas acabaria comprando a coroa e os sapatos depois. – Dei de ombros. – Não sei mais em quantos halloweens ela vai querer se fantasiar com a minha ajuda, ou se é que vai querer se fantasiar... Tenho que aproveitar.

— Foi isso que pensei quando ela me convenceu em comprar a coroa.

— Kelly não vai gostar nada disso... – Brinquei.

— Eu coloquei meu uniforme de gala para levá-la ao baile da escola quando ela tinha oito anos, Jen. Isso não vou fazer com a Sophie. – Ele garantiu.

— E, também, é mais fácil a Sophie convidar o Tony para o baile do que você... – Cutuquei.

— Ela não faria isso comigo! Eu a levo ao baile, só não vou vestir o meu uniforme.

— Jethro, eu nem sei se ela vai querer ir a algum baile... estou brincando. – Acalmei o irritado Marine e fui lavar as vasilhas do meu jantar, rindo da reação exagerada de Jethro. – Ciumento! – Falei no ouvido dele antes de sair da cozinha.

— Tenho meu direito. Já perdi uma filha para um Engomadinho. Só me restou a Ruiva. – Ele grunhiu a resposta e saí rindo. Jethro jamais vai aceitar que a garotinha do papai já estava casada.

— Vai ficar aí remoendo o fato de Kelly já estar casada e morando com o marido ou vai dormir? Acho que posso te recompensar por todo o trabalho que nossa filha te deu nesse início de noite.

Não levou trinta segundos e ele já estava do meu lado. Tão previsível...

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— Abbs, preciso de uma ajuda sua... – A Jibblet murmurou preocupada.

Nós duas estávamos no meu laboratório, em uma bela e chuvosa tarde de sábado, organizando a festa de Halloween do NCIS, dessa vez teríamos outra festa de arromba, desde que algo fosse em prol das famílias dos agentes.

— Precisa de ajuda com o que? Sua fantasia?

— Não... essa eu já resolvi. Na verdade, papai foi comigo. – Ela confessou.

— O Gibbs te levou para comprar a sua fantasia? Quando foi isso? - Praticamente cai da cadeira ao escutar tal informação.

— Semana passada. Quando a mamãe ficou trabalhando até tarde! Mas não é sobre o Halloween que eu quero falar...

— É sobre o que? – Cheguei perto dela e me sentei do seu lado.

— O aniversário da mamãe e o aniversário do papai.

— O aniversário da Jenny é três dias antes do halloween, né?

— Sim... e a Kells me mandou fazer surpresas para os dois, já que ela está longe. E, me mandou contar para ela tudinho... só que eu não faço a menor ideia do que eu posso fazer! Ainda não juntei muito dinheiro para poder comprar presentes para os dois, e não quero comprar presente só para o papai ou só para a mamãe... e sem dinheiro eu posso fazer o que? Me ajuda?

— Ora, Jibblet... temos que pensar. Temos duas semanas até o aniversário da Jenny. O do Gibbs, temos quase um mês... conseguiremos algo que dê para você fazer. Não se preocupe.

— Até parece que você já tem uma ideia, Abbs... – Ela me encarou com aqueles olhos que hoje estavam um de cada cor.

— Vamos dizer que tenho, mas para isso precisaremos da Noemi. E do Tony também, nem que seja para levar uns bons tapas. Já no aniversário do Gibbs... vai ter baile no dia do aniversário dele?

— Não sei. O aniversário do papai vai dar em um sábado... é bem provável que sim... só não sei se a mamãe vai.

— Entendo... vamos dar um jeito, mas primeiro, temos que por todas as nossas ideias no papel, para que a Madame Diretora aprove. – Pisquei para a minha mini ajudante.

— Sua sorte é que mamãe não está aqui... ela detesta que a chamem de Madame-Diretora. – Sophie disse rindo.

— E eu não sei... semana passada ela deu um sermão no Tony por conta disso. Mas foi culpa da Ziva, que não avisou que a Jenny estava bem atrás dele quando ele começou a brincar com os apelidos dela.

— Sabe, Abbs, o Tony nunca vai aprender... quando não é a mamãe, é o papai... e, assim, ou ele toma tapão, ou toda sermão. Mamãe diz que, na maioria das vezes, ele é pior do que eu e Kelly juntas.

Tive que rir, o pior que era verdade, assim, imitando o Tony e contando todas as trapalhadas que ele já havia se metido, o que me levou de volta aos tempos da Kate, nós conseguimos montar a nossa festa. Os preparativos seriam feitos no sábado durante o dia, já que a festa seria um pouquinho antes da data oficial, e, bem, um dia antes do aniversário da Diretora.

Na segunda-feira, bem cedinho, estava conversando com a Cynthia, enquanto esperava a Jenny chegar para poder entregar os nossos planos para a festa de Halloween, quando ouvi, sem querer, Gibbs e ela conversando que estavam precisando de uma folga.

E, eis que me vem a maior das ideias!!

Jibbs precisava de folga? Eu poderia fazer isso com facilidade!

Assim que os dois apareceram na sala de Cynthia, eu fiz a minha carinha de inocente – que nunca convence nenhum dos dois.

— Bom Dia, Jenny! Bom dia, Gibbs! – Saudei e entreguei os planos para a festa.

— Bom dia para você também e muito obrigada, Abby. Vou analisar e até o meio-dia eu já tenho uma posição. – Jenny me disse, pegando a pasta.

— Não tem nada muito difícil de se organizar aí. – Informei. – Assim, não precisa ter tanta pressa se tiver algo para fazer. – Falei. – Vou voltar para o meu lab, qualquer coisa, pode me chamar. – Me despedi e desci. No caminho, agarrei o braço de Tony e o arrastei comigo até o penúltimo subsolo.

— O que foi agora, Abbs?

— Preciso da sua ajuda. Invente um motivo para que a Jibblet passe um final de semana inteiro na sua casa.

— Por quê?

Bati na cabeça dele.

— Só faça isso. A Jibblet te informa depois. – Sibilei, eu não tinha muito tempo.

— Mas o Chefe não gosta que ela passe o final de semana inteiro longe de casa!

— Dessa vez é por um bom motivo... agora eu só preciso de ajuda da Kelly!

Mesmo sem entender nada, Tony assentiu. Pela Sophie ele faria qualquer coisa.

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Estava eu bem tranquila, anotando as evoluções dos pacientes tanto na prancheta que fica ao pé das macas quanto no sistema até que uma caixinha de mensagens que não piscava há semanas começou a brilhar.

Olhei por sobre os meus ombros, como estava sozinha no turno da noite e até agora nenhum dos meus seis pacientes deu sinal de que iria acordar, resolvi abrir para ver o que era.

LabQueen: KELLY EU PRECISO DA SUA AJUDA!!

Abby literalmente gritava a plenos pulmões, achei estranho, mas ela era conhecida por exagerar um pouco então dei o benefício da dúvida.

Chefinha: O que foi Abbs?

LabQueen: Eu não tenho muito tempo e preciso da sua ajuda. Ou melhor, a Jibblet precisa da sua ajuda para ajudar a Jibbs.

Lógico que Abby teria uma fala tão confusa quanto seus pensamentos. Tive que ler duas vezes a mensagem para saber quem realmente precisava da minha ajuda.

Chefinha: Por que o papai e a Jenny precisam da minha ajuda?

LabQueen: Eles precisam de férias.

Chefinha: Eu também. E preciso da minha cama, do meu marido...

LabQueen: Mas isso é culpa sua!

Chefinha: O que é culpa minha?!

LabQueen: Você está aí porque quer, mas podemos voltar ao assunto principal?

Chefinha: Claro. O que realmente aconteceu?

LabQueen: Jibbs precisam de férias, e eu tenho a ideia perfeita para que eles tirem um final de semana livre de qualquer problema ou dor de cabeça, seria algo como o presente de aniversário perfeito!

Chefinha: Você conversou com a Moranguinho?

LabQueen: Você foi muito má de colocá-la para organizar um presente para os pais... tadinha! Ela tá mais perdida do que tudo!

Chefinha: Mas o que ela falou?

LabQueen: Me pediu ajuda. Eu fiquei de pensar. E, enquanto eu esperava a Jenny chegar hoje de manhã para que eu entregasse os planos para a festa de halloween, eu a escutei comentando com o Gibbs que precisa de férias... então eu tive a ideia de dar um final de semana de descanso para os dois. Já que fazem aniversário quase juntos, seria um presente duplo.

Chefinha: Boa ideia. E onde eu entro nisso?

LabQueen: Preciso que você consiga um hotel que agrade aos dois! Eu os conheço, mas você os conhece melhor.

Chefinha: Faz sentido. E tem tempos que eu não dou um presente de verdade para o meu pai... sabe que a ideia é até boa?

LabQueen: Eu sabia que você iria gostar. Me avise qual hotel ou onde, que eu pesquiso para você.

Chefinha: E a Sophie? Onde ela vai ficar por um final de semana?

LabQueen: Com Tiva!

Chefinha: TIVA?? Peraí...

LabQueen: ehehehehehehehe, sim... são um pacote e estão vivos, deixa que a Sophie te explica. Mas são os melhores guarda-costas para a Jibblet, não são?

Chefinha: Meu Deus... Meu pai os deixou realmente vivos!

LabQueen: Não surta! E me conta para onde...

Chefinha: Bahamas. Manda os dois para lá. Sei que eles adoram praia... e, bem, tem ótimos hotéis por lá e eu posso bancar essa viagem. Um dia a Sophie me paga com juros e correção monetária.

LabQueen: Já achei O hotel. Te mandei os dados, ou você quer que eu faça a reserva? Eu sei o número do seu cartão...

Chefinha: Mas já? Não.. pera.... eu... quer saber... faça, só me passe.... ok. Recebi aqui. Por que tão rápido?

LabQueen: Ainda temos que fazer a mamãe ursa deixar a cria para trás... isso vai levar tempo!

Chefinha: sei. E, sobre a festa de halloween...

LabQueen: Creio que a Jibblet te escreveu uma carta contando sobre os preparativos. Deve estar chegando até você, se é que não chegou! Agora vou indo, seu pai está saindo do elevador. Qualquer novidade mais absurda, eu te informo! Tchauzinho.

E a doida da Abby desligou o chat na mesma velocidade em que ela havia feito as reservas...

— Bem... muita coisa interessante aconteceu nas últimas semanas lá em D.C. me pergunto onde estava a carta da minha irmã que até agora não chegou na minha mão!

Minha noite de plantão foi tão tranquila que eu praticamente cochilei o tempo todo, meus pacientes estavam todos estáveis e dormiram a noite inteira e, ao evolui-los na manhã seguinte, alguns já tiveram até alta médica para poderem voltar para casa.

Às sete da manhã entreguei o meu turno e fui para o meu merecido descanso de quatro horas até que eu voltasse com força total ao meio-dia. E, no caminho até a minha cabine, sou parada pelo Primeiro Oficial Meadows, o responsável pela correspondência do navio.

— Bom dia, senhora! Chegou mais uma carta. – Ele me disse e me estendeu a carta de envelope colorido.

— Muito obrigada, Primeiro Oficial. E tenha um bom dia.

Eu acho que poderia atrasar o meu sono em uma hora para ler a novidades que minha irmã faladeira tinha para me contar.

Assim, rasguei um dos cantinhos do envelope e tirei de lá duas folhas estampadas com estrelinhas brilhantes. Claro que tal papel de carta atraiu a atenção de um monte de oficiais que passavam por mim.

— Bonita folha, senhora. – Um deles comentou.

Lancei um olhar mortal para o grupo e soltei.

— Pelo menos minha irmã me escreve. Alguém da sua família lembrou da sua existência?

Pelo visto peguei em um ponto sensível, pois nenhum dos três retrucou e simplesmente olharam para frente e seguiram os seus caminhos.

Comecei a ler a carta de Sophie, e já no primeiro parágrafo, comecei a rir, minha irmãzinha não perdoa nada!

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Estaleiro da Marinha em Washington, 15 de outubro de 2007

Carta 03

Oi Kells!!

Na verdade, eu nem sei o motivo de estar te escrevendo, já que você não respondeu a minha última carta! Acontece que eu falei isso para o papai e ele me convenceu de que você REALMENTE deveria estar muito ocupada para não me responder ou mandar um sinal de fumaça. Assim, eu te perdoo por isso e vou te contar o que aconteceu por aqui no último mês.

Então... por onde eu começo, aconteceu tanta coisa!!!

Não vou falar da escola para você... você passou por isso e, eu acho, ainda deve ser lembrar, você não é tão velha assim.

Agora... o que mais deixou todo mundo de boca aberta foi...

Não foi nenhuma ex do papai que saiu de algum buraco para atazanar a mamãe não... foi outra coisa.

Uma que eu já esperava há muiiiiiiiiittttttoooooooooooooooooo tempo.

O Tony e a Tia Ziva!!!

Sim!!! Agora é oficial!!!!!

Na verdade, já era oficial desde o seu casamento, mas só eu sabia, e como eles me pediram para ficar quieta, eu cumpri a minha promessa e não disse nada. E tudo estava normal, até que...

A Abbs viu os dois juntos e tirou um monte de fotos, tantas fotos que ela queria enfeitar até o elevador do NCIS com elas. E ameaçou mostrar para o papai se os dois não falassem a verdade.

Lógico que nenhum dos dois falou, e Abby continuou insistindo, insistindo até que o papai apareceu. E eu tenho que te contar que ele se esqueceu de tirar os óculos da mamãe do rosto.... ficou um charme ele com aqueles óculos vermelhos cheios de cristais.... a agência inteira viu! Mas, papai nem ligou, ou fingiu não ligar, e depois se trancou por quase meia hora com o Tony e a Tia Ziva dentro do elevador.

Você sabe que nós somos curiosos por natureza, assim, tentamos ouvir a conversa pelas portas do elevador, sem sucesso, primeiro porque papai parou em um andar bem abaixo do nosso – mas nós fomos atrás mesmo assim e segundo, bem... a mamãe nos achou e nos arrastou de volta para a Sala do Esquadrão, onde ficamos com os ouvidos grudados na porta, eu, Abby, Timmy e Jimbo. Isso até o elevador abrir as portas e nós cairmos lá dentro. Papai nem ligou, mamãe estava procurando por ele. Mas o que vimos...

O Tony e a Tia Ziva estavam em choque. Tão em choque que nem piscavam, só olhavam de um para o outro. Fiquei com medo do papai ter batido com muita força na cabeça deles e os levamos para o Tio Ducky. No final, não era nada sério com as cabeças deles, eles estavam até bem, era outra notícia.

Papai aboliu a regra 12.

Você consegue acreditar nisso? Ele ABOLIU uma das regras dele. Ninguém acreditou, e nem Tony ou a Tia Ziva souberam informar o motivo. E sim, agora os dois estão juntos, a única coisa que mudou foi que papai não os deixa irem juntos para uma situação de perigo, então, em casos assim, o Tony faz dupla com o papai e a Tia Ziva com o Timmy.

E, se você ainda está viva depois disso, eu tenho outra notícia que irá te jogar da cadeira, pelo menos essa foi a reação da Abby e do Tony quando ficaram sabendo.

Adivinha quem me levou para comprar a minha fantasia de halloween esse ano?

Se você respondeu: só pode ter sido a Jenny ou, já que a Moranguinho tá falando, a Abby. Você ERROU!!

Foi...

Foi...

FOI O PAPAI!!!

Tá viva??

Sim, foi ele. E, bem, eu acho que vou ouvir sobre isso até o fim dos tempos, mas foi divertido, pelo menos para mim. Convencer o papai de que eu preciso de algo é muito mais fácil do que convencer a mamãe! Sério! Acho que o papai não entende muito de roupas, moda e sapatos, assim, eu só preciso dizer que é necessário (essa é a palavra mágica!) e ele me olha torto, com aquela olhada que ele deixa guardada só para os caras realmente maus, e depois toma a coisa da minha mão e põe no ombro dele, ou, no caso da minha fantasia, ele tirou a coroa da minha mão e a colocou na minha cabeça, querendo saber se eu sabia equilibrar aquilo! Claro que eu sabia... foi difícil, mas eu consegui e assim, minha fantasia de Anastácia tem uma coroa de cristais linda! E eu estou com ela agora... apesar de que pesa muito e está me dando dor de cabeça... mas nem a mamãe, muito menos o papai podem saber disso!

Sabe, Kells, eu acho que, no fundo, no fundo, o papai finge que não gosta de sair para fazer compras... porque foi divertido – mesmo com as encaradas – e, foi legal passar um tempo só com ele longe do porão... ele já saiu com você para comprar alguma coisa que não fosse relacionada com os barcos que ele faz??

O mais engraçado disso tudo, foi a reação da mamãe, assim que eu contei para ela que o papai tinha saído comigo e comprado a minha fantasia, ela correu para perto dele e perguntou se ele estava passando bem, olhou se ele não estava com febre, e até hoje fica brincando com ele, dizendo que está precisando sair para fazer compras... e pergunta se ele não quer ir com ela. Papai só encara a mamãe, que sempre sai rindo. Isso é outra coisa que ela não vai deixar de brincar com ele jamais.

Queria que você pudesse vir para a festa de Halloween... eu ajudei a Abby a fazer os preparativos, mas não vai ser a mesma coisa sem você. Eu tô tentando fazer o Henry aparecer... mas acho que ele não quer vir sem você... ou não consegue achar uma fantasia adequada, sei lá... ou vai ver é a mãe dele que falou que não é “apropriado”! Sei que não devia falar mal dela, mas a Sra. Sanders é chata!

E, ah! Eu e a Abby vamos tentar fazer alguma surpresa para o papai e para a mamãe nos aniversários deles. Ainda não sabemos o que é... mas quando eu souber, a Abbs te manda um e-mail, porque é mais rápido!

Estou com saudades e sentido falta de conversar com você sem ser por carta. Dezembro tá muito longe?

Todo mundo te manda um beijo, mesmo que eles não saibam que eu esteja escrevendo essa carta, mas eu sei que sim, porque sempre me lembram de te mandar um quando eu for escrever.

Fique segura, eu ouvi, por alto e sem querer, que você esteve perto de uma explosão, por favor, não faça mais isso, de desmiolado na família já basta do Tony e o papai!!

Faltam um pouco mais de dois meses para você voltar e sim, estou contando os dias!!

Beijos.

Sophie!

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Ainda bem que eu li a maioria da carta dentro da minha cabine... porque com certeza me internariam na ala psiquiátrica do Bethesda se me vissem... porque eu gargalhei alto com a parte do meu pai levando a Sophie para comprar a fantasia dela... e ela dizendo que uma coroa de cristais era necessária.

Papai me levou para comprar algumas fantasias, lógico, mas nunca me deu uma coroa... acho que eu não sabia a palavra mágica. Mas não vou reclamar, eu o convenci a usar o uniforme de gala em um baile da minha escola e a comprar um vestido de noiva de alguns milhares de dólares.... creio que isso faz a balança pender ao meu favor... por enquanto!

Ah, Leroy Jethro Gibbs, você tem um ponto fraco e esse é, com certeza, as suas garotinhas!!

Espero que você consiga deixar a mais nova para trás para uma viagenzinha de quatro dias!

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— Por favor, filha, fique quieta!

— Mas mamãe... hoje é halloween!

— Não é como se fosse a sua primeira festa de Halloween, não é?

— Não, não é a minha primeira festa de Halloween, mas é a primeira que eu vou com uma fantasia que o papai comprou pra mim! – Ela retrucou arregalando os olhos. – Como está o penteado? – Me perguntou e começou a brincar com a coroa. A bendita coroa que ela não tinha largado nos últimos quinze dias.

— Terminarei mais rápido se você ficar quieta!

Ela fez um bico e ficou quieta.

— Levante a cabeça, assim eu não consigo prender essa cabeleira.

Sophie ajeitou a postura e começou a balançar os pés. Haja ansiedade, mas pelo menos, ficou com a cabeça imóvel e calada por um tempo.

Estava acabando de abotoar o vestido dela quando ouvi Jethro abrindo e batendo a porta.

— Parece que o caso que ele herdou de última hora do FBI não foi nada bem... – Sophie comentou enquanto podíamos ouvir os passos de Jethro subindo a escada.

— Então a senhorita fica caladinha, nada de perturbá-lo.

— Pode deixar.

— Jen? Ruiva? Ainda estão aqui? – Ele perguntou.

— No nosso quarto, Jethro!

Ele parou na porta e me encarou, depois olhou para a filha que estava de pé na minha frente, já pronta para a festa de halloween do NCIS.

— Já tá pronta? – Ele perguntou.

— Falta só... – Sophie começou e estendeu a coroa.

Jethro deu uma risada.

— Claro que isso não poderia ficar para trás, não é?

E a ruivinha balançou negativamente a cabeça e entregou para o pai a tal coroa da discórdia.

— E o que eu faço com isso?

— Coroe a sua filha, Jethro! – Brinquei com ele.

Jethro encarou a coroa e a cabeça da filha, como se escolhesse o melhor lugar para não estragar o penteado que eu tinha feito. Apontei para o topo da cabeça de Sophie e ele ajeitou o objeto ali. Sophie, fez uma mesura e depois deu uma voltinha.

— E então... estou parecida com a Anastácia? – Perguntou.

— Temos que tomar cuidado para o Governo Russo não te levar embora. – Jethro comentou. – Vossa Alteza Real, por aqui. – Mostrou o caminho e Sophie começou a rir diante do título.

Enquanto nossa filha descia a escada aos pulinhos, parei Jethro pelo braço.

— Só pelo modo que você entrou em casa eu sei que o caso não foi dos mais fáceis. Se você quiser, eu levo Soph para a festa, enquanto você coloca seus pensamentos no lugar. – Falei.

Jethro me puxou para um abraço e falou:

— Eu detesto quando uma criança acaba como vítima, Jen. Mas, ficar aqui não vai trazer aquela menina de volta e muito menos vai me fazer esquecer o que vi. Levar a Ruiva para essa festa, que ela ajudou Abby a planejar, vai ser uma boa maneira de tentar por a regra #11 em prática. – Depois me soltou e me guiou escada abaixo, Sophie estava na cozinha, procurando por seu balde de caveira com um laço roxo para colocar os doces que ela achava que iria ganhar.

— Já está pronta, Ruiva? – Jethro a chamou.

Com um minuto, ela se materializou na frente do pai.

— Mais do que nunca.

A festa só não foi uma reprise das demais, porque ninguém da MCRT estava fantasiado. Uma pena, porque Sophie achou que sairia correndo com o Lorde Elfo de novo, na verdade, todos eles estavam ali só para poderem arejar a cabeça e por mais um caso no arquivo.

E, enquanto Tony, Ziva e Tim ficavam de olho de Sophie, como se fossem guardas reais, Abby era a rainha da festa, devidamente fantasiada de Noiva do Frankenstein, a gótica rodava todo o estacionamento, distribuindo doces para as crianças e convidando qualquer um que estivesse fantasiado a ir para a enorme pista de dança.

Até que ela parou do nosso lado.

— Onde está a Jibblet?

Jethro apontou para o ponto brilhante.

— O que é aquilo? – Abby perguntou, já que ela ainda não tinha visto Sophie.

— Bem... aquilo é. – Ziva começou, mas parou, pois o pontinho brilhante vinha na nossa direção, com Tony como seu “Fiel São Bernardo”.

— Ela está com uma coroa na cabeça? – Abby perguntou e começou a pular sem sair do lugar.

— Sim. – Afirmamos.

— MEU DEUS!! ABRAM ALAS PARA A PRINCESA SOPHIE DO NCIS!!! – Abby quase nos deixou surdos quando Sophie apareceu na frente dela. – Jibblet você está realmente parecendo uma princesa de verdade! Dá uma voltinha para que eu veja a sua fantasia.

Sophie fez o que foi pedido e mais uma vez, fez uma mesura.

— Se você não ganhar o prêmio de melhor fantasia da noite, eu vou recontar os votos! – Abby anunciou.

Sophie ficou vermelha e elogiou a fantasia de Abby.

No fim das contas, Abby acabou ganhando o prêmio. Era difícil não ser ela, já que sua fantasia era cheia de detalhes, e me pergunte se Sophie ligou para isso?

— Abbs, não tem problema. Eu não vim para a festa por conta do prêmio de melhor fantasia! Eu vim pelos doces! – Disse toda alegre enquanto observava o baldinho até transbordando de doces.

— Já que é assim, Vossa Alteza. – Abby fez uma reverência e saiu puxando Tim pelo braço, falando qualquer coisa sobre ele ter que se fantasiar porque agora ela iria levá-lo a uma festa que ocorreria no Cemitério de não sei onde.

— Então, fica combinado, na quarta-feira eu te pego na escola e nós vamos rodar toda a área de D.C. atrás de doces! – Tony falou para minha filha.

— Acho muito bom! E nada de distribuir os doces que eu te dei, Tony, para qualquer fadinha, hein?

— Você nunca vai nos perdoar por isso, vai?

— Claro que não! Minha cabeça coçou pra caramba por conta daquela peruca! O mínimo que vocês deveriam ter feito era comer os doces! – Sophie respondeu de cara fechada.

— Nada disso vai acontecer de novo, Princesa Sophie. – Tony brincou com ela. – E, se permite, Alteza, acho que equilibrar uma coroa como você fez a noite inteira é muito mais cansativo do que andar de peruca.

Sophie gargalhou e, depois de abraçar Ziva, entrou no carro, mas antes que Tony fechasse a porta...

— Feliz Halloween para vocês dois e não se esqueçam de escovar os dentes antes de dormir!

Nos despedimos dos dois e voltamos para casa, foi só sair do Estaleiro para que Sophie tirasse a coroa da cabeça.

— Isso pesa! Como a Rainha da Inglaterra consegue ficar com a dela?

— Muitos e muitos anos de prática, filha. – Falei para ela.

— Ainda bem que não sou da Realeza, assim não tenho que ficar andando de coroa por aí. – Ela falou e depois mergulhou dentro do balde de doces.

E eu previ uma nova onda de crises de enxaqueca quando vi que o primeiro que ela tinha tirado era, justamente, uma barra de kit kat!