Depois de verificar cada uma das imagens e verificar de novo, uma nova mania do Gibbs que tinha algo a ver com outra regra insana que ele inventou, tivemos certeza que durante a noite uma nova pessoa pisou no barco.

Na mesma hora em que conseguimos a imagem, rodamos o reconhecimento facial, e para a nossa surpresa, a pessoa era um total desconhecido.

— Mas como um total desconhecido está fazendo contato com o nosso terrorista?

— É uma questão que temos que descobrir.

— Ahn... Jethro, será que pode ser algum agente infiltrado? Assim como nós vamos... estamos tentando ser?

— Acho difícil, pelo menos ele ser americano, todas as agências sabem que estamos aqui e o que estamos fazendo, não autorizariam outro agente a estragar nosso disfarce.

— Entendo...

Nesse momento, o telefone tocou estridente, e como quem o atendeu fora ele, esperei pacientemente os sim, humhums e um silêncio absurdo, para quando ele desligasse eu pudesse ser incluída na conversa.

— Estamos autorizados para agir. Outro reconhecimento hoje e a partir de amanhã a noite, esse nosso novo desconhecido será nosso alvo. Ele sabe de algo que ainda não sabemos. E vai nos contar.

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Nosso último reconhecimento serviu para duas coisas, primeiro, notarmos que havia um número maior de seguranças no iate de Zukhov, segundo, finalmente poderíamos ser notados como possíveis negociadores, então, o disfarce já era necessário.

E, tendo em vista que meu disfarce era de um negociante de armas francês, Shepard estava me ensinando algumas palavras chave para que eu não parecesse perdido.

— Você tem certeza que consegue falar russo com sotaque francês? Você mal aprendeu duas palavras e já quer conquistar a Bastilha?

— Vai continuar com estas referências?

— Não posso evitar! Hoje é o Dia da Queda da Bastilha! Você não estudou história, não?

- Saber isso vai nos ajudar no que temos que fazer?

Não obtive resposta e sem aviso uma cabeça loira me encarou com um olhar mortal diretamente da porta do quarto.

— Se você vai bancar o francês, você tem que saber certos fatos importantes sobre a França!

— Não é uma prova oral de história francesa, Jenny. Ele não quer saber de nada disso.

— Todo nacional sabe um ou dois fatos importantes sobre o seu país que sempre usa de referência durante uma conversa. E conhecimento nunca é demais!

— Se você diz... – ela revirou os olhos verdes para mim. Pelo menos, isso ela não camuflou para o disfarce. – Vamos embora, loira!

— Dizem que toda mulher fica loira pelo menos uma vez durante a vida... acho que essa é a minha deixa! – Ela me solta essa, enquanto passava por mim em direção à porta.

— Não sei porquê!

— Você realmente não entende as mulheres!

— Ainda prefiro você ruiva. – soltei entre os dentes.

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Eu fingi não entender o que ele disse entre a respiração. Definitivamente Jethro tem uma queda por ruivas. Não sei se isso é bom ou ruim para mim.

Confesso que desta vez estava nervosa. Era uma situação completamente diferente para mim. Em Positano apenas fingimos de longe sermos um casal para executarmos o plano. Mas aqui em Marselha as coisas seriam mais complicadas, deveríamos fingir de verdade, na frente de nosso alvo. Toda nossa conversa, todos os nossos movimentos deveriam dizer, para quem quer que nos olhasse, que éramos um casal e eu era a parte “bonitinha mas burra” dos dois.

Logicamente não disse nada disso para Jethro, não bastava o fato de eu ser a novata aqui, ainda teria que passar a vergonha de ficar com medo. Sem chances.

Última conferida nas nossas armas – Jethro carregaria as duas, sendo que a minha seria fácil de alcançar, bastava um abraço e lá estava o coldre de minha Glock em suas costas – última troca de olhares e lá fomos nós.

Nossa primeira parada era um café, perto o suficiente do porto para que não perdêssemos nosso ponto de vigilância, mas também um local onde poderíamos fazer contato com nosso estranho.

Não deu outra, em poucos minutos o visitante chegou. Sentou a duas mesas de nós e esperou. E nós esperamos também. De tempos em tempos um de nós dois era o responsável pela verificação de segurança do local, o que somente era possível ficássemos bem próximos um do outro. E fazer isso... no início foi fácil, mas depois não só porque devíamos, parecia que um imã nos atraía mais para perto um do outro.

Até que, para nossa total surpresa, Zukhov em pessoa apareceu. Isso não era esperado. Ele havia ficado quase três semanas preso dentro do maldito barco, com qual intenção ele viera?

— Você viu quem acabou de chegar? – Jethro sussurrou no meu ouvido e eu não pude conter o arrepio na minha pele.

— Sim. E ele está caminhando para se sentar com nosso desconhecido. Mas cuidado. Eu contei três seguranças ao todo.

— Cinco. Tem dois do lado de fora, mas na sua posição você não pode vê-los. Consegue saber se estão conversando?

— Sim. Em inglês. Acho que você já pode voltar na sua posição normal. Senão vão nos expulsar daqui por conduta inapropriada.

— Pegou alguma coisa?

— Uma data. É em seis semanas.

— O que vai ser em seis semanas?

— Isso não posso te dizer. Mas posso te dizer que temos companhia.

— Quem?

— O segurança seis por seis do barco.

Iate.

— Que seja! Aquele brutamontes está vindo na nossa direção e, mesmo que você seja um ex-marine, duvido que o derrube em uma briga!

Mal fechei a boca e o homem mais alto que já vi na vida estava parado na nossa frente.

Bonsoir! Pois não, em que posso te ajudar? – Jethro invocou o mais perfeito dos sotaques para conversar com o homem. Não tive como não chutá-lo por baixo da mesa. O desocupado só queria me deixar mais nervosa quando disse que não sabia nenhuma palavra em francês, ou sequer, como fazer o sotaque!

— O Sr. Zukhov não deixou de notar que você andou muito perto do iate – um pisão no meu pé vindo de Gibbs quando ele disse “iate” – ele gostaria de saber se tem interesse em comprá-lo.

Eu tinha que bancar a burra. Mas não consegui não rir da ironia do porta-voz de Zukhov.

— Você vai querer trocar o nosso barco que está em Mônaco, por aquele ali, aquele pequenino que está no cais dessa cidade, amor?

Eu só estava improvisando diante do silêncio de Jethro.

— Não, cherri, eu quero fazer negócios com ele - Gibbs já disse isso olhando para o segurança – saber se tem realmente todo esse poder que me foi falado.

— Quem te disse isso?

— Não é com você que quero conversar. É com seu chefe. E ninguém entrega um contato nesse mundo em que vivemos. A menos que ele ferre com tudo.

Eu olhava para a cara do segurança com um ar de vitória e uma falsa de cara de orgulho pelo meu “marido”.

— Bom saber disso – o próprio Zukhov disse. Quero saber quem são vocês, antes de negociar qualquer coisa. Por que não começamos com um jantar? No Hotel Sofitel Marseille Vieux-Port, espero que seja do seu agrado, senhorita? – ele me estendeu a mão.

— Isabelle Piaget. – Ele, em um cumprimento exagerado, beijou a minha mão.

— Tem uma adorável companhia, Monsier?

— Romain Mareau.

— Então, amanhã, às 21 horas?

Nos olhamos como se estivéssemos com a agenda realmente cheia.

Oui, por que não? – Eu disse com um sorriso no rosto.

À plus tard!

Jethro apenas assentiu.

Assim que Zukhov saiu de nosso alcance e do café, meu parceiro apenas se virou para mim e disse com uma voz zangada:

— O que foi tudo aquilo?

— Aquilo o que? Seja bem especifico, pois muita coisa aconteceu em muito pouco tempo?

— O sorriso estonteante para Zukhov? Todas estas palavras em francês? Precisava disso?

Eu estava atônita.

— Como é?

— Você me ouviu, Shepard! – Ele sibilou as palavras enquanto se levantava me levando junto.

Quando foi seguro, saímos do café e rumamos para o sótão, por um outro caminho.

— Eu ainda não entendi o motivo da sua fúria! – E disse entre dentes tentando acompanhar seus passos rápidos.

Ele estava respirando pelos dentes e, desde que deixamos o café, não pronunciara uma única palavra. Até que chegamos ao nosso destino e ele teve a única reação que eu não esperava.

Ele me encurralou entre ele e porta e, perto, bem perto de mim, disse:

— Eu não gostei de todos aqueles sorrisos que você lançou em direção à Zukhov. Você leu os arquivos tantas vezes quanto eu. Sabe do ele é capaz de fazer. Eu não quero aquele nível de conversa de novo entre vocês dois. – Sua voz soava ao mesmo tempo rude e perigosa, e os pelos da minha nuca se arrepiaram da mesma forma que no café.

Eu tinha a melhor das respostas para ele naquele momento, mas eu errei ao fitar os seus olhos. Eram escuros, de uma maneira que eu nunca tinha visto. E então eu esqueci qualquer frase ou palavra que pudesse dizer.

E ele me fitava. Indo dos meus olhos até meus lábios e voltando. Sua respiração ficou superficial e rápida. E eu estava imóvel. Foi depois de algum tempo nos encarando dessa forma que ele fez menção de me soltar. Moveu minimamente o braço, abaixando-o à altura da minha cintura e, por fim, trocou o peso do pé e, antes de sair por completo chegou com os lábios em meu ouvido direito e disse:

— Não me faça isso novamente. Se aquele canalha te encostar de novo...

E saiu, sem terminar a frase, me deixando completamente parada e sem entender o que havia acontecido ali. Era um ataque de ciúmes?

Eu só fui encontrar o movimento das minhas pernas alguns minutos depois. Ouvi que o chuveiro estava ligado e, bem, mais cedo ou mais tarde eu teria que dormir, o que significava dividir a cama com ele. Mas a reação dele ainda me assombrava.

Acontece que eu não queria encará-lo. Então, resolvi gastar o tempo, preparei uma xícara de chá e fiquei na janela olhando para o cais, ora para o iate de Zukhov, ora para o Mar Mediterrâneo que se estendia abaixo refletindo o céu noturno.

Escutei o chuveiro ser desligado. Ele tropeçar no pé da cama, xingar e depois se jogar no colchão. Contei no relógio. Se ele ainda estivesse furioso como estava há trinta minutos atrás, ele demoraria a pegar no sono. Poderia esperar uma hora até ser possível entrar naquele quarto sem ter aqueles olhos me seguindo.

Encarei a xícara de chá na minha frente e ponderei. Onde eu tinha me metido? Seis meses atrás eu só conseguia pensar no meu noivo e em planejar o meu casamento. Tinha mil e uma ideias de como a cerimônia seria, só que fui designada para essa missão, e novata como era, não poderia recusar. Meu noivo não aceitou. Disse que eu dava mais atenção à minha carreira do que a ele. Terminou nosso relacionamento sem mais explicações. Pediu o anel de volta e me deixou. Duas semanas depois eu embarquei para cá. Certa de que jamais me permitiria me apaixonar de novo. Certa de que amor era uma palavra que estava excluída do meu dicionário particular. E agora me vejo me apaixonando de novo, por um cara que mal conheço, que é alguns anos mais velho do que eu. Uma pessoa que muda de humor em questão de segundos... mas por quem eu me vejo atraída como se ele fosse o meu campo magnético particular. Eu sou uma panaca!

Estava perdida em pensamentos quando ouvi a sua voz, a uma curta distância.

— Você sabe o que temos que fazer amanhã. Ficar aqui olhando para o iate dele não vai te dar nenhuma dica sobre o que ele está fazendo. Vá dormir.

Me virei em sua direção, e prendendo a respiração o encarei, achei que seria seguro, pois sua voz estava mais calma, ou pelo menos soava normal, mas seus olhos ainda eram aquele poço estranho e fundo.

— Já vou, só vou terminar isso aqui.

Ele não se moveu.

— Eu não preciso de nenhuma babá. Já disse que estou indo. Pode dormir. Não irei fazer barulho para te acordar. E pode ter certeza que estarei pronta amanhã.

Por fim se mexeu. Me olhou de cima em baixo e foi para o quarto.

Ele estava certo, o dia que nos esperava definiria toda nossa missão, ficar aqui acordada pensando no passado não ajudaria em nada. Resignada rumei para o quarto, eu realmente precisava dormir.

Era hora de encará-lo de verdade.

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Eu estava gostando mais do que deveria de toda essa encenação. Verdade seja dita, desde que eu acordara em Positano e a vira ali, as coisas começaram a fazer menos sentido. E dividir uma cama com ela não tem ajudado.

Contudo, nossos papéis foram bem decididos, eram assim e pronto. Não tinha como mudar isso. Eu teria que me virar e fingir que não me importava. Mas toda essa proximidade, toda essa mentira de sermos um casal e esse fingimento, que tinha hora que não era fingimento, estavam me levando ao limite. E o fato dela ser ruiva e ter aqueles olhos e, toda a sua provocação e sua acidez ao me responder não estavam ajudando.

E naquele café eu fui testado. Ela não tem a mínima ciência do efeito que causa. Mesmo com aquela peruca loira, que eu queria arrancar a cada segundo, ela conseguiu atrair a atenção de cada um naquele ambiente. Foi então que Zukhov chegou.

O segurança-emissário não foi a nossa mesa porque nos reconheceu. Ele foi na nossa mesa para analisar o novo interesse de Anatoly. Jenny, ou como ele a ficou conhecendo, Isabelle.

E, a curiosidade do russo era tanta que ele foi pessoalmente conferir a sua nova vítima. Se ele estivesse interessado em negociar e só negociar, ele teria conversado exclusivamente comigo, mas negócios para ele vinham depois do prazer e ele já estava decidido quando a olhou pela primeira vez.

E como ela é avoada sobre o quanto é bonita, não percebeu a segunda intenção óbvia naquele jantar, desde o local até a hora. E ainda teve toda aquela conversa. A troca de olhares e o sorriso. Ah, aquele sorriso! Eu nunca a tinha visto sorrir daquele jeito. Ela não poderia ser tão boa atriz assim, ao ponto de sorrir assim e ser mentira! Zukhov perdeu o ar e eu quase fiz uma besteira.

Eu precisava esfriar a cabeça ou atiraria naquele russo ali, bem no centro de Marselha. Então olhei para ela pedindo pela explicação. Explicação essa que não veio. “Por favor, Jen!” – Eu quis gritar – “Se olhe! Se note!”. Mas não o fiz, a levantei pela mão e não a soltei em nenhuma hora.

Ela me questionou sobre a minha reação. E eu não sabia o que responder. Não era claro? Será que ela não notou?

Por fim, chegamos e mais uma vez eu quase estraguei tudo. Eu a tinha ali, na minha frente. Só para mim. E ela respondia ao meu toque, à minha voz. E, duas vezes eu a vi querendo o mesmo que eu. E eu quase cedi. Mas não podia. Disse a única coisa que poderia dizer a ela naquele momento, a única coisa que teria o sentido necessário naquela hora:

— Não me faça isso novamente. Se aquele canalha te encostar de novo...

Espero que ela tinha entendido. E agora, depois disso tudo, eu precisa mais do que nunca de um banho, frio, muito frio.

Esperava encontrá-la me fitando com aqueles olhos curiosos quando saísse do banho. Mas ela não estava ali. Melhor assim, poderia dormir de uma única vez. Engano meu. Revirei uma, duas, três vezes. Deitei no lado dela, e não consegui dormir. Era possível ouvi-la na cozinha, seus saltos batendo no assoalho. Olhei a hora, era tarde, alta madrugada. Será que ela não viria. Saí para buscá-la. E a cena que vi... a peruca se fora, ela voltara a ser ela mesma, e mirava algum ponto no cais através da janela. Ela não me ouviu chegando. Fiquei parado um tempo, somente observando-a. Se ela se virasse de repente, e me pegasse eu não teria nenhuma explicação para dar. Então resolvi chama-la.

Ela hesitou antes de se virar. Não sei o que ela viu, mas algo a estava deixando desconfortável. Chamei-a para dormir e ela voltou a si, sendo a Shepard de sempre.

— Já vou, só vou terminar isso aqui.

Ela mentia, não tinha intenção de sair dali tão cedo, então não me mexi. E ela ficou furiosa com isso.

— Eu não preciso de nenhuma babá. Já disse que estou indo. Pode dormir. Não irei fazer barulho para te acordar. E pode ter certeza que estarei pronta amanhã.

Ela falava a verdade agora, sei que viria dormir, então segui para o quarto, certo de que, finalmente, pegaria no sono.

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A manhã seguinte foi ao mesmo tempo normal e estranha. Algo havia mudado na noite anterior, e isso nada tinha a ver com a missão. Ou era só o fato de que agora a coisa começara de verdade.

Foi quando o dia já estava na sua metade e nós dois em profundo e confortável silêncio que me dei conta de onde era o jantar. O restaurante cinco estrelas, do melhor hotel da cidade, ou seja, com toda a pompa circunstância de um verdadeiro jantar de gala. Corri para o quarto, eu precisava ter certeza de que teria a roupa certa para estar lá dentro. E aproveitei para conferir se Jethro também tinha. Foi quando outra coisa me veio à mente: “será que ele está familiarizado com toda a etiqueta que o restaurante exige”?

Voltei para a sala em que estávamos e ele me olhou curioso, algumas vezes eu já conseguia decifrar o seu olhar, era só eu voltar no que tinha acabado de acontecer.

— Fui verificar se tenho roupa adequada para o jantar de hoje. – respondi à sua pergunta muda.

Ele ficou mais curioso ainda, as duas sobrancelhas levantaram dessa vez.

— Você também tem. – Mas não era isso que ele perguntava, o olhei de novo e percebi a pergunta de vez.

— Precisamos de roupas adequadas, senão não entramos. Passeio completo.

— Tem um código para o que devemos vestir?

Em que mundo ele vivia que não sabia disso?

— Sim. E também tem toda uma etiqueta que deve ser seguida na hora da refeição. – Agora parecia que estava falando grego com ele.

—Você já jantou em lugares assim, né?

Ele ponderou por um minuto. Sério? Em que restaurante ele levava a finada esposa?

— Não.

— Não?!

Ele continuou com a mesma cara de dúvida.

— Você não faz ideia de como comer quando na mesa tiver mais do que um garfo e uma faca, faz?

— Não.

— Ok, vamos para uma aula de etiqueta básica, Sr. Marine! Não faça essa cara! Seu disfarce diz tudo sobre você. E você é um cara culto, que adora lugares chiques e vinhos caros. Vamos lá, isso não vai te matar!

— Eu não gosto de vinhos, prefiro Bourbon...

— Que seja, Jethro, mas preste atenção. O guardanapo fica no seu colo e, no final, você o coloca ao lado esquerdo do prato. Não se pode beber enquanto se come. Acabou a refeição, jamais cruze os talheres...

— Mas eu pensei...

— Quieto! Ao final da refeição, não cruze os talheres, os coloque juntos e com o cabo virado para a direita. Nunca assopre molhos ou sopas e parta o pão com mão. Isso e educado aqui na França. Folhas não são cortadas, mas dobradas com a ajuda da faca.

— Quanta besteira...

— Calma que a parte mais chata nem veio.

— Isso pode piorar...

— Sempre. Agora vem como os talheres e copos vão estar dispostos na mesa. Os copos ficam alinhados à direta, na seguinte ordem: o primeiro, médio, de vinho branco; o segundo, um pouco maior, de vinho tinto e o maior de todos para água. E, quando tiver a taça fina e comprida, a de champagne. Já os talheres, dispostos nos lados do prato, devem ser utilizados de fora para dentro, seguindo a ordem das refeições servidas. Para sobremesa, utilize os talheres que se encontram acima do prato. Deu para entender?

— Eu vou precisar disso?

— No restaurante em que vamos? Sim. Você entendeu?

— Não.

— Ok, partes importantes. Talheres ao lado do prato, de dentro pra fora. Os dispostos na frente do prato, sobremesa. Taças, a maior de todas é a de água. A média, vinho tinto e a menor, vinho branco. Qualquer coisa é só me acompanhar! Pode ser?

— Que seja.

Vai ser o jantar.