Caro desconhecido...

Que será? Será? Será!


SAM

Desci a escada de incêndio pensando na combinação perfeita dos sobrenomes do casal. Talvez ele devesse ficar com ela. Entrei no carro ainda pensativa e Chuck me ofereceu um shot de tequila. Ligamos para Carly e ela confirmou que estaria lá para qualquer questão jurídica.

—Chuck, como vamos fazer pra confirmar o DNA, você já pensou nisso?

—Já, eu tenho material do tio Jack.

—O que? Por quê?

—Uh, antes de você entrar na minha vida, eu estava meio perdido geneticamente, então precisava saber se era mesmo filho do Barth.

—E você tem isso guardado até hoje?

—Nunca se sabe quando iria precisar.

—É né, vai que de repente você mata alguém e precisa de um suspeito? É só simular uma briga e jogar o sangue do seu tio por ai.

—É um ótimo plano! – Chuck se expressou de forma convincente.

—Idiota. – gargalhei.

—Como foram as coisas por lá?

—Hm, algumas ofensas, quase humilhações, mas tirei de letra.

—Ótimo. Ah, tenho um presente pra você.

—O que? Se for outra calcinha vibratória eu acho melhor...

—Ei, ei, nada disso. Que tipo de homem você acha que eu sou?

—Um tipo canalhinha.

—Mas adorável.

—Sim, o presente?

—Ah, pois é, tive a gentileza de lhe comprar um vestido, eu pensei em vermelho, mas decidi que esse preto combinaria mais. Ah, temos louboutin também.

—Chuck, você sabe que esse isso tudo vale metade de...

—Shiu, é um grande momento, grandes momentos pedem grades trajes.

—Ok, obrigada, então.

—Por nada.

—E o que você pretende fazer com a Blair?

—Não sei, de repente sequestrá-la, trancá-la numa sala escura comigo e algum vinho até que você resolva toda a situação.

—Chuck, você não vai mostrar as fotos a ela vai?

—Porque a preocupação?

—Porque o plano nunca foi esse.

—Seria uma boa ideia.

—Você acha que a Blair não desconfia?

—Ela não é burra.

—Ela pode ser qualquer coisa, menos burra.

—Então o que você sugere?

—No fim das contas, não deixa de ser um casamento de aparências. Eles não se amam desesperadamente, mas tem um carinho muito grande um pelo outro, familiaridade... – deixei no ar as ultimas palavras, era duro admitir que eles seriam ótimos pais, eram antes de tudo amigos.

—E eu deveria deixá-la ir?

—Talvez.

—Eu não sei Sam, eu preciso me resolver com ela, é questão de... Não sei, da honra que eu nunca tive.

—Talvez faça parte da sua honra, esquecer.

—Você esqueceu o Nate? Esqueceu o que sentiu quando no instante em que ele te largou?

—Não foi só culpa dele, estava acontecendo tanta coisa ao mesmo tempo, ele só se tornou um bônus.

—Então você esqueceu. E agora vai voltar a ser a Sam boa e doce.

—Não, se fosse assim, eu não estaria aqui tomando shots com você decidindo como acabar com a vida de alguém.

—É por um bem maior Samantha!

—No fim das contas, tudo é justificável não?

—Não, nem tudo cara amiga, nem tudo...

Ei garota, acorda! Chegou a hora! É festa!

SAM –

Eu estava presa a um acordo idiota. Eu estava presa a um acordo idiota que iria me quebrar por dentro. Eu estava presa a um acordo idiota que iria me quebrar por dentro. Eu iria quebrar. Eu estava presa a um acordo idiota. Eu estava presa a um acordo idiota que iria me quebrar por dentro.

O que eu fiz? Porque eu me apaixonei? Na verdade qual o sentido da paixão mesmo? Não é nada consciente, ou racional. Ou talvez seja. É tudo tão subjetivo... E agora eu estava no meio de devaneios a respeito da incidência da paixão enquanto me olhava no espelho.

Era provável que Freddie e Blair já tivessem chegado. Circulei pela festa já lotada minutos antes de me trancar no banheiro, encarando meu reflexo, o vestido preto com fenda e transparência emitia uma sensualidade e um poder com o qual eu estava acostumada, eu quase me sentia encarando uma pessoa diferente. Ouvi soar uma musica agitada demais, batidas estrondosas e luzes psicodélicas passavam através de um vidro em cima da porta de madeira, estava na hora Sam. Ergui a cabeça e respirei fundo. Tente Samantha, se dê uma chance... Não! Eu não faria isso com Freddie. Sim lhe diria a verdade, falaria sobre a Bass, mas sem ameaças ou interesses escusos, tentaria ser o mais pacifica possível, ele entenderia. Iria começar falando sobre nós, sobre como eu me envolvi com ele, e... Tudo daria certo!

Peguei a taça de champagne, e abri a porta. Na sequência o que senti não foi esperança e coragem, e sim a gélida mistura fermentada de uvas derramando sobre meu louboutin novíssimo, meu primeiro pensamento foi agradecer a Deus por não ter sido um gasto meu, e sim de Chuck, e logo em seguida iria levantar para reclamar com o idiota que estragou o sapato mais caro que eu já tive.

Para minha surpresa, era Nate, que me empurrou de volta para o banheiro e me olhou aflito.

—Sam.

—Nate? Achei que você e Carly só fossem chegar bem no final. Porque não nos avisaram? Olha eu estou bem feliz de ter sido você, mesmo tendo molhado meu sapato. Que desespero foi esse? Eu juro que eu vou falar com você, mas antes eu preciso muito falar com uma pessoa porque...

—Sam! Pelo amor de Deus, me escuta! – Nate gritou.

—O que? Aconteceu alguma coisa com Carly?

—Não, a Carly ta ótima, esta lá embaixo com o Chuck.

—Então porque essa cara?

—Eu preciso te falar uma coisa, e eu sinto muito que tenha que ser eu, a te falar isso, isso não é justo...

—Nate?

—Você ama o Freddie, ama?

—Amo.

—Sam, isso é muito ruim, eu esperava que você gaguejasse que você... Não sei, dissesse não.

Passei a mão no cabelo e tentei tirar alguma certeza daquilo.

—Eu não estou entendendo nada.

—Freddie... Ele não te ama. Ele não gosta de você Sam, ele vai te machucar! Eu disse a ele pra parar enquanto ainda dava tempo, eu desisti... Na verdade, eu nunca deveria ter aceitado isso. Sam, Freddie tem um jantar de noivado, esse final de semana em Hamptons, com toda a família, e no meio da semana eles voltam para França, para o casamento.

—Ok, Nate. Onde você quer chegar com isso?

—Ele não vai lagar a Blair por você, ele não vai abandonar nada por você Sam. Pra ele você é só mais um jogo. Uma distração. Eu imagino que você saiba um pouco da vida dele certo? Filho da realeza francesa, vem pra América ser um menino comum e sem holofotes. Só ouve isso.

Nate pegou o celular, e o colocou próximo a minha orelha. Era a voz de Freddie. Parecia muito a sua voz. Naquele exato momento algo e quebrou em mim. “Como qualquer outra, só mais uma vadia américa descartável, ela vai se sentir feliz quando souber que dormiu com um príncipe...”

—Sam me desculpa de verdade eu... – Nate parecia muito comovido com tudo aquilo.

—É engraçado que tenha partido de você Nathaniel, os dois piores momentos da minha vida.

—Sam, eu... Eu posso te dar uma carona, Freddie esta ai e...

—E o show deve continuar, não se preocupe Nate, na verdade você me fez um favor enorme, facilitou varias coisas para mim, de verdade, obrigada. Agora se me der licença, the show must go on. Não se preocupe comigo, eu estou bem. Eu ficarei bem.