Canhão de Som

Seraphine não precisava de magia para saber das intenções dos dois funcionários da indústria química que a acompanhavam pelos corredores depois que saiu do requintado escritório, só a satisfação no seus olhares já dizia muito.

Ela tinha vindo a essa enorme torre comercial zaunita que se erguia até os mercados de fronteira para mais uma reunião com a baronesa da indústria química. Ela esperava que as coisas não seriam boas depois que negasse os desejos ambíguos e cheios de intenções ocultas da mulher controladora, que pelo menos ela não tentasse a matar pelo apreço que ela tem por sua imagem entre os clãs mercantis de Piltover, não que os mesmos fossem se importar com ela ou com qualquer coisa que não seja dinheiro. No final do dia os poderosos das cidades irmãs eram mais do mesmo.

Seraphine errou um pouco o cálculo, só impediu de matar ou melhor torcer seu pescoço para não sujar seu escritório e deixar vestígios na sua boa imagem, mas não impediu da baronesa disfarçando seu ódio pedisse com olhar neutro para dois de seus homens a "acompanhassem" até a saída.

Agora aqui estava ela cada vez mais profunda no subterrâneo das indústrias cercada por dois brutamontes equipados de quintec rosada, cada vez mais distante da porta por onde entrou e com cada vez menos melodias em volta. Era hora de sair daqui!

— Sabe, foi ótimo a companhia de vocês e suas melodias — os dois olham confusos para ela — mas eu prefiro sair viva daqui hoje

Com um som agudo Seraphine atordoou os capangas e passou correndo em disparada por eles sem um rumo traçado pelo prédio, primeiro ganhar distância dos homens depois encontrar a saída. Ouvindo com atenção tentava ir para algum lugar no subsolo que sentia ter menos pessoas para despistar os homens mais fácil.

— Um pouco fora de forma — falou para si mesma ao se esconder atrás de uma parede respirando fundo para recuperar da corrida — Bem, vamos ver s... espera! — Seraphine escutou uma melodia caótica, repetitiva e bastante alta, não muito longe de onde ela estava, era aquela melodia!!

A melodia mais bonita e apaixonante que já escutou, como se fossem tambores frenéticos fora de ritmo tocando caoticamente passando sentimentos extremos de dor, alegria e de algo muito mais profundo. O caos que ela tentou encontrar algumas vezes pelas cidades irmãs, desde que escutou a tantos anos do outro lado da ponte era uma pequena obsessão encontrar essa melodia, nunca conseguindo encontrar mesmo nos últimos anos com esse caos passando ferozmente por Piltover. Ela encontrou finalmente, em um péssimo momento mas o que fazer?

Ela seguiu a melodia como uma mosca segue a luz até chegar em uma porta da parte mais baixa do prédio, sem pensar muito foi entrando no que parecia ser uma garagem escura cheia de carruagens

— Olha o que temos aqui — Seraphine se virou e viu uma arma apontada para sua testa e ouviu um breve bufar insatisfeito — por que essa cidade tem tanto cabelo rosa?

As vezes Seraphine entendia porque as vezes a chamavam de sem noção, aqui estava ela no subsolo de um prédio de alguém que quer ela morta com uma arma apontada para sua cabeça e única coisa que chamava sua atenção era os lindos olhos violetas, longos cabelos azuis trançados emoldurando um sorriso maníaco da figura esguia, bem definida e tatuada com nuvens azuis e balas rosas na sua frente — Eu sou tão gay — deixou escapar baixinho

— Eu não planejava mais companhia, aqueles três já foram bem chatos de apagar — ela notou melhor o ambiente em volta, uma carruagem arrombada, três capangas a princípio desacordados atrás da mesma e pichações fluorescentes por toda parte, junto do brilho de reconhecimento nos olhos da linda mulher zaunita na sua frente — Eu te conheço, o passarinho pilt que canta nas vielas

— Passarinho? — perguntou confusa para mulher que a encarava curiosa

— E essa sua dúvida? — deu uma risada balançando a arma na mão esquerda — estou prestes a te matar sabe

— Não seria primeira pessoa hoje — riu nervosamente, mesmo que escutasse a melodia da mulher era totalmente imprevisível — Não que eu queria que você aperte o gatilho, mas acho que você já teria se quisesse

— Normalmente pessoas erram seus palpites sobre mim passarinho — nesse momento a porta do outro lado abriu um dos perseguidores da piltovense apareceu

— Está aqui AAA — gritou logo antes de cair no chão com tiro que cruzou a garagem o acertando no ombro com proteção mecânica

— Estamos conversando aqui, não interrompa — voltou zap para o coldre antes de fazer bico triste — Não estou longe suficiente para ver a explosão

— Explosão? — Seraphine podia sentir mais pessoas chegando perto da garagem

— Sim, Kabum — mulher de cabelos azul gesticulou uma explosão antes de pegar uma caixa pequena de visual piltovense e jogou para dentro da carruagem mais próxima entrando para encarar as alavancas e válvulas do veículo estalando os dedos — vamos ver como liga isso

— Use aquela alavanca ali enquanto pressiona a alimentação química — Seraphine sentiu o olhar interrogativo da mulher mais alta — mamãe foi condutora de carruagens por um tempo

— Além de gostosa e útil passarinho? — Seraphine não teve chance de se sentir o calor em suas bochechas antes de ser puxada para dentro da carruagem — dirige, tudo vai explodir em um minuto

Mesmo querendo questionar Seraphine acionou as alavancas do veículo apressadamente começando a acelerar, para um dia que já saiu totalmente do controle o que era obedecer uma linda louca de cabelo azul

— Nem precisei dizer que era para passar por cima dos portões — a azulada comentou para o espaço vazio a sua direita enquanto abrem passagem para fora do prédio para as vielas apertadas — pare aqui!

Assim que pararam, as janelas da base do prédio explodiram, diferentes tons de rosa, verde e azul iluminaram o distrito químico de Zaun junto com risada maníaca vindo da carruagem, ao contrário do que a explosão sugeria Seraphine não escutou nenhuma melodia se silenciar daquela distância — Vamos passarinho!

Com algumas instruções erráticas da terrorista Seraphine conduziu o veículo rumo aos limites das vielas, antes de chegar em qualquer destino a carruagem trepidante começou a falhar até parar definitivamente — Acho que chegamos ao fim da linha.

— Está com sorte hoje, e à segunda pilt que não dou um tiro na vida — sorriu debochada enquanto — Tchau

— ESPERA — segurou a boca com as envergonhada com tom mas recuperado um pouco da compostura — Eu, bem, queria te ver novamente

— E se o novamente for agora — as feições brincalhonas se foram deixando só um olhar sedutor que deixou o núcleo da cantora quente — você vai descer para as minas, vai saber quando chegar no lugar certo. Logo chego lá!

Seraphine observou ela se afastar com seus movimentos felinos carregando aquela pequena caixa a deixando corada e quente sozinha na carruagem

— Seraphine, Seraphine — se abanou com as mãos antes de se levantar e sair da carruagem — porque as péssimas decisões são as melhores?

— Vamos então sua lésbica inútil — riu para si mesma antes de pegar um casaco surrado esquecido no veículo se cobrir e começar descer em direção às antigas minas com a sensação que não teria nenhum arrependimento amanhã.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.