Can You Hear Me?

So I can rest my head


Foi tudo muito rápido. Tudo passava pela minha cabeça da forma mais clichê possível. Quando se está prestes a morrer, uma lista de prioridades é automáticamente elaborada e se entrelaça com todos caminhos que você tomou ou deveria ter tomado. Passa tudo. Com os mínimos detalhes, como se você vivesse tudo de novo em slow motion. Até que finalmente não haja mais caminhos, só o presente desgraçado pelo futuro próximo. Mande todo o seu amor para alguém e aperte os olhos.

Meus meninos. Tão jovens. Me arrependia de não ter passado muito tempo com eles, de ter perdido tanta coisa importante da vida deles. Sempre adiara os jogos de basquete de Jakob, os ensaios da banda do Joey. Eu teria tempo quando acabasse a turnê, não é mesmo? As circunstâncias me gritavam uma resposta óbvia. E mais uma vez eu aprendia da maneira mais difícil.

Apesar de tudo, um único rosto que me confortara a maior parte da minha vida, deixava tudo mais suave. Adie. Minha única garota. A mais doce pessoa que eu já conhecera em toda minha vida. A única que luta pelas suas causas banais até convencer o mundo inteiro de sua importância. A única que blefa até todos terem perdido e consegue sair invicta. Aquela que sempre esteve lá. Aquela que jogou tudo para o alto e se entregou de corpo e alma para um idiota bêbado. Por Adie, minha vida inteira teria valido a pena.

A voz desesperada da garota, tremia o revólver, que a qualquer momento dispararia antes mesmo que eu pudesse perceber. Suas promessas de amor e confissões de sofrimento, escondiam qualquer humanidade no seu rosto afetado.

“Eu te amo tanto. Sem chance alguma, eu aguentei... Eu te via, sabe? Eu te via o tempo todo. Te via como músico, como pai, como marido. Eu te ouvia também. Seus trabalhos, seus conselhos, sua preocupação, até mesmo sua paixão. Eu nunca teria uma chance, não é?”

Eu não conseguia falar ou me mexer. Mal conseguia respirar. Mal conseguia existir. Lágrimas saiam involuntáriamente – não lágrimas de tristeza ou medo -, apenas como um último sinal de que eu ainda estava vivo.

Senti seus dedos gélidos enxugarem meu rosto, com algumas palavras seguidas de um abraço e uma pressão rápida e indolor.

Estava tudo acabado.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.