Camp Blood
O sátiro se junta a nós.
Assim como Lucy, Connor e Lilith estavam prontos para atacar, quando Bargho saiu de trás das árvores e revelou sua face.
A pele era num tom moreno claro, e os cabelos encaracolados e negros. Chifres medianos saiam dos cachos.
- Bargho? - Exclamou Lucy ao vê-lo ofegante.
- Eu.. não.. poderia.. ter.. deixado.. vocês.. irem.. sozinhos. - A cada pausa o sátiro respirava fundo.
- Qual o problema? - Perguntei. - Parece tão cansado.
- E estou! - Rebateu ele. - Tive que fugir. Ares está irado procurando por você, - Ele apontou para mim, e depois se virou para Lucy. - e você.
- E agora? - Perguntou Lilith.
- É bem provável que ele desconte a raiva nos outros campistas. - Explicou Bargho. - É assim que funciona para Ares: alguém tem que ser punido, não importa quem for.
- Desde que não seja os filhos dele, né. - Replicou Connor.
- Não importa quem for. - Repetiu o sátiro. - As vezes até me pergunto se o deus da guerra tem amor próprio!
- Bargho, temos que encontrar o Sr. D, e logo! - Disse. - Antes que algum campista morra nas mãos de Ares e seus filhos.
- Os deuses estão irados. - Comentou Bargho. - Em algumas horas que Ares está no acampamento, muitos semideuses já se machucaram de alguma forma.
- Então não podemos demorar! - Berrou Lucy, apressando-nos.
Concordamos e nos dirigimos mais a dentro do bosque. Os olhos de Connor e Lilith enxergavam tudo na escuridão. Meus olhos acinzentados, segundo Lucy, pareciam luzes que brilhavam no escuro a cada vez que eu piscava.
- Zeus devia interferir nisso tudo. - Reclamou Lucy. - É obrigação do Sr. D ficar aqui, com os mortais, e cuidar do acampamento.
- Acredito que Zeus e os outros deuses estejam com coisas mais importantes para se fazer.
- Nós, semideuses, somos seus filhos! - Replicou a garota. Pelo que vi, seus cabelos pareciam avermelhados. - Eles deviam se preocupar mais com nós.
- Por que você não tenta agradecer mais a eles? - Sugeri.
- Íris não tem tantos filhos. - Respondeu Lucy, franzindo a testa. - Custaria muito se ela fosse um pouco mais presente e ouvisse minhas preces?
- Não se preocupe, garota. - Disse Bargho. - Eu tenho certeza de que ela ouve.
- Já pedi sinais para ela. - Ela levou a mão a testa, aparentando estar prestes a chorar. - Sabe? Para que eu soubesse que ela estava me vendo e ouvindo. Mas ela nunca me mandou nem sequer um único sinal, então desisti..
Era um pouco comum Lucy fazer drama como nesse momento. Então ignorei e continuei andando, tirando os galhos do caminho.
Percebi que Connor e Lilith estavam mais a frente, se entreolhando e puxando as folhas que cobriam sua passagem.
Foi então que no mesmo instante Connor empunhou sua espada e nas mãos de Lilith surgiram sais. Os dois garotos afastaram a densa camada de folhas e pularam para frente.
Retirei a lanterna do bolso do meu casaco e no mesmo instante ela se transformou numa comprida e afiada lança.
Corri sem hesitar atrás dois.
- NÃO! - Gritou Lucy, logo atrás.
Ao chegar na frente das folhas, retirei-as com minha lança e olhei para frente:
Abaixo de nós, um pequeno rio se elevava, na altura do joelho de Connor e Lilith.
Olhei ao redor e percebi na hora que estávamos num pântano. Enquanto Connor e Lilith estavam preparados para enfrentar o enorme javali de Erimanto que olhava furioso para eles.
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