Mas não posso mais. O Hugo já não é a prioridade, eu tão pouco. Minha prioridade agora era aquela menina de olhos claros e cabelos castanhos que está dormindo no berço. E por mais que eu não possa e nem queira viver sem ele, chegou a hora de terminar com isso tudo. O psicólogo do Hugo disse que é perigoso para Laila ficar perto dele, pois ele se tornou inconstante. E eu recebi uma proposta de emprego para a Itália, não a ia aceitar, mas devido aos últimos acontecimentos, ir para Roma é a melhor saída.

Voltando ao momento de inicio. Eu tinha chego em casa, e ao abrir a porta vi a Laila na varanda, com as pernas para fora da grade. Ela se inclinava para frente com força tentando passar. O pai dela estava sentando no sofá, assistindo “Bambi 2” o filme preferido do irmão. Foi o fim. Entrei correndo largando a balsa no chão, agarrei a Laila subitamente, o que a fez começar a chorar. Levei-a para o quarto sem dizer nada para o Hugo, ele que me aguardasse.
Tinha feito minha filha dormir, e agora era a hora do pai dela. Desliguei a TV e ele logo me olhou. A sala estava um pouco escura, só o que a iluminava era os abajures. Me sentei ao seu lado no sofá, apoiando os cotovelos sobre a coxa e o queixo sobre aos mão unidas.

– o que foi? Ele perguntou quebrando o silêncio.

– Hugo, não dá mais. Não o olhei nos olhos. Quando cheguei a Laila estava se pendurando na varando, Hugo a gente mora no 8°andar, e se ela cai? Nesse momento firmei o olhar nele. Você não tem responsabilidade para cuidar da sua filha, não quer saber de sua família, da faculdade que tanto demorou para escolher, você passa os dias em função de alguém que não está mais aqui. Ele tentou me interromper mas não deixei. Sei que amava o Bruno, eu também, seus pais também. Ele era só uma criança, e faleceu. Mas a culpa não foi sua. Era a primeira vez que falava com ele sobre o Bruno. E nem de ninguém! Não viu a sua filha das os primeiros passos e sequer sabe quais foram as primeiras palavras dela, você não se importa se sua mãe se magoa a cada natal que não passa com a gente na casa dela. Você só se importa com você mesmo. Hugo, pelo amor de Deus! Estou cansada de ser sua mãe, de ter que sorrir a cada loucura que fala, de ter que correr atrás de você quando some, e ter de levar esse casamento sozinha. Você prometeu me amar e respeitar todos os dias de nossa vida. Apertei os lábios tentando conter as lágrimas. E nunca me deixar sozinha, e olha só como estamos. Virei o rosto escondendo inutilmente as lágrimas.