Acho que após meu nascimento, o mundo se revoltou contra minha família. É estranho como até o meu jeito de andar é julgado. Prazer. Me chamo Lucy Williams e tenho quatorze anos. Em breve terei quinze, mas meus pais não iram fazer nenhuma festa pois não temos dinheiro o suficiente. O lado bom do meu aniversário é que eu falto à aula. Esse é o meu presente desde a sexta série, quando eu tinha onze anos. E fico feliz não por faltar à escola, mas sim por que não vou ver meus colegas de classe. Minha vida está um lixo. E começou exatamente aos doze anos. Sempre comentavam "você é gorda", "você é feia", "você não presta" e etc. Acho que já me acostumei, mas isso machuca. E muito.

Ontem eu estava com meus pais em casa, sem fazer nada, o que não é novidade. E de repente eles começam a brigar por que meu pai chegou tarde em casa mês passado e minha mãe ainda não perdoou ele. Está tudo ficando mais difícil entre os dois. Se eles se separarem, acho que eu me automaticamente me "separaria" da minha vida. Às vezes papai espanca mamãe e eu fico só assistindo. Não tenha irmãos, mas era para eu ter. Harry nasceu com anencefalia, uma deformação onde o bebê vem ao mundo sem cérebro. Ele morreu após uma semana de vida. E por isso só agradeço a Deus por ter um cérebro. E sonhos. Muitos sonhos.

Desde que vi meus pais sofrendo por falta de dinheiro resolvi que não vou querer passar por isso e estou me esforçando, apesar de que ficam zombando de mim e me chamando de "nerd", "que se acha espertinha", "babaca". Mamãe disse que isso é normal. Eu tenho meus planos: Futuramente quero estar de bem com a vida, casada e com filhos pela casa, mas não sei se vou encontrar alguém pois já tenho quase quinze anos e ninguém apareceu até agora. Aliás, ninguém da minha escola é meu amigo. Não precisa ser alguém da escola, mas alguém legal, o que talvez eu não encontre. E essa história vai longe. Igual meus sonhos.

Na escola, vivem me batendo por... É, não sei o porquê. Acho que é porque eu mereço, já que sou "feia","gorda" e "imbecil". Mas isso dói. Tanto as palavras, quanto os socos e chutes que levo. Na sala vivem fazendo listas de quem me odeia, e todos assinam. Nem a diretora me salva, pois se eu contar para ela, irão me bater. Não posso contar a ninguém.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.