Caminhantes

Não vou permitir


Natsu POV

Hoje cheguei na guilda e está tão animada como sempre. Dessa vez vim atrás de Lisanna, ela falou que era para encontrá-la aqui.

— Ah, Natsu! Vem! -a encontrei sentada em uma mesa, junto com Kinana, uma amiga dela.

Dei um sorriso e me aproximei.

— Oi Natsu -Kinana acenou com a cabeça.

— Eae Kinana -respondi de bom humor. Coloquei a mão na cintura da minha linda esposa e dei um beijo em seu rosto.

— Natsu, eu estava falando com a Kinana sobre os problemas amorosos.

— Sim, sim! -a outra respondeu- Vocês são praticamente, a minha inspiração!

— Isso é um exagero -cocei a minha nuca.

— Não é mesmo! Amigos de infância que se casam!? Esperou esse tempo todo pela Lisanna mesmo que ela estivesse morta? -sua voz eufórica saltitou emocionada.

— Eu a amei desde criança -abracei a mulher do meu lado mais intimamente- E prometi me casar com ela.

— Natsu é o meu príncipe -Lisanna riu, retribuindo meu contato.

— Arrgh... -a mulher na nossa frente suspirou com as mãos no queixo- Quem me dera ter um amor desse jeito... Tão romântico!

Seu tom sonhador me fez rir.

— Não é tão difícil -falei.

— Me diz você isso! -bufou, revirando os olhos.

— Nem todos são como você, meu amor -Lisanna beijou minha bochecha.

— Uuuh, uuuh. Como está quente aqui -Kinana ficou emburrada pela nossa demonstração de afeto.

— Haha, você vai encontrar alguém logo -minha esposa me abraçou carinhosamente.

Acariciei o seu cabelo albino e sorri.

— Realmente, eu tenho sorte em ter você, Lis -falei.

— Sabe Natsu -olhos azuis dela me encararam, cheio de calor.

— O quê? -perguntei de bom humor.

— Só falta você me prometer uma coisa -ela riu, naquele tom mimado que eu tanto adorava e me fazia querer dar tudo a ela.

— Hum, pensei que já te prometi de tudo? -ergui uma sobrancelha.

— Hehehe... -seus olhos se arquearam mais alegres- Natsu -sua voz sussurrou ao meu ouvido- Você promete estar comigo pela eternidade?

Olhei para ela. Seus olhos brilharam, apaixonados.

— Mas é claro -sorri, sem pensar muito.

— Eu te amo, Natsu -seus lábios pousaram nos meus.

Fechei os meus olhos para receber o seu carinho, mas nesse segundo recebi uma pontada na minha cabeça.

O rosto de uma mulher apareceu na minha mente.

Luce.

— Ugh... -apertei a testa com a mão.

— Natsu? -a albina se assustou.

— Estou... Be... -tentei sorrir para tranquilizá-la.

Sem poder terminar a frase, a dor piorou. Me levantei da cadeira e apertei a cabeça com as duas mãos.

— ARGH!

— Natsu? O que houve? -vi o gelinho irritante se aproximar.

— Natsu!? -Erza também veio.

— Natsu! -a albina tocou no meu braço, com os olhos preocupados.

A minha visão ficou mais borrada.

A imagem de Luce sendo perfurada com uma estaca em seu coração.

Uma Luce negra, queimada até virar carvão.

Outra Luce então estava decapitada, com um machado perto dela.

Tem um corpo da loira que estava cheia de furos, como um queijo suíço.

O rosto de Luce com um sorriso cheio de lágrimas passou na minha frente, escorregando nos meus braços com flechas encravadas nas suas costas.

— AAAAAAAAAAH! -minha cabeça parecia se partir em dois.

Luce mais uma vez sorriu, antes de se explodir em uma bolha de sangue.

Meus olhos arregalaram e perdi a minha respiração.

E então... Uma Luce deitada no chão, com um horrível buraco em seu peito. Mas dessa vez ela não estava sozinha.

Ao lado do seu corpo caído, há uma mulher de pé, com garras de Take Over em forma de gatinho ativados, manchado de sangue. Lisanna sorrindo pacificamente com líquido vermelho respingado em seu rosto.

— Natsu? Fala comigo! -a Lisanna com lágrimas nos olhos, cheia de preocupação por mim, teve seu rosto sobreposto pela da albina na minha ilusão.

Eu a empurrei, assustado.

— ... Na... Tsu? -seu rosto congelou.

Eu franzi as sobrancelhas.

O que é isso?

Que diabos é isso?

A sensação real nessas imagens percorreu minha espinha, me estremecendo.

— Amor? -o rosto da albina sorriu cheio de dor- O que houve? Sou eu, não consegue me reconhecer?

Dei um passo para trás, com a mão trêmula apertando minha testa.

Estou confuso... O que foi isso?

— Lis... Eu...

Quando tentei concertar a minha mente, senti dor.

Olhei para baixo e vi uma mão. Um braço me atravessou bem no peito, pelas minhas costas. Pelo canto, consegui ver uma cabeleira negra.

Fiquei tonto e perdi as forças do corpo.

— NATSU!

Alguém começou a gritar.

Mas nesse segundo já não escutei mais nada. A mão voltou, saindo de dentro do meu tórax e eu caí de frente para o chão com um baque surdo.

Zeref POV

Olhei friamente para aquela cena. Uma guilda feliz. Essa foi a casa que você construiu, Mavis.

Mas não posso...

Sorri tristemente. Ah, estou tão cansado disso.

Escutei Natsu Dragneel gritar. Agora é o momento, sua defesa está baixa... Me aproximei pelas costas do homem rosado, ninguém me viu.

Porque eu não existo nesse mundo.

Concentrei energia no meu braço e o enfiei pelas costas dele que estava agonizando. Mirando em seu coração. Nesse segundo todos na guilda começaram a gritar. Apavorados.

— NATSU! -olhei para Lisanna em pânico.

Retirei o meu braço ensanguentado e observei aquele homem cair no chão, duramente.

A mulher albina tropeçou de joelhos ao lado do rosado.

— NÃO! NATSU! NATSU! -ela começou a chorar.

Ele estremeceu em convulsão por uns segundos.

— Eu não vou permitir seu desejo se realizar -sorri friamente.

Os olhos da albina tremeram e se ergueu para mim, com as lágrimas caindo.

— Não vai ser realidade -enfatizei.

Nesse segundo, a magia de morte se manifestou. Um por um os magos à nossa volta começaram a cair.

Eu me virei e voltei para o meu mundo.

Encarei para a terra vermelha infinita, cheia de ossos. Como um cemitério. Limpei lentamente o sangue no meu braço.

Coloquei a mão no meu queixo e fiquei um pouco preocupado. Lembrei daquela loira que estava vindo para cá.

Vamos dar um presente à ela...

Ou isso é o que pensei.

— Zeref. Pare com esse sonho -incrivelmente ela conseguiu descobrir.

— Achei que você não tinha percebido -falei lentamente.

Lucy, por favor, não venha.

— Foi realmente muito real -seus olhos passaram pelas pessoas que inventei nessa miragem- As ações de todos na guilda foram muito convincentes.

A observei.

Não, não venha.

— Mas eu não quero viver em uma mentira.

... Essa é a sua escolha?

— Lucy, eu queria que pelo menos no final, você vivesse nessa ilusão.

— Não -ela negou com a cabeça- Eu quero saber, por que você fez isso?

Lucy, você vai quebrar o seu coração se descobrir...

— ... Você não vai aguentar se souber a verdade -sussurrei.

— ... Eu quero voltar. Me leve de volta, Zeref -seu tom decidido e os olhos brilhantes foram impressionantes.

— ... Então essa hora realmente chegou -olhei para o céu. Você vai continuar a ter esse brilho nos olhos, quando souber de tudo?- Desculpa, eu realmente desejei a sua felicidade dessa vez, Lucy.

Eu te dei a chance. Pensei por um momento em não te usar mais e te dar um final feliz.

Por que você continuou?

Poderia ter ficado nessa ilusão que foi um final feliz.

— Espero que... Não se arrependa.

Então a enviei de volta. Ela descobriu a morte de todos dessa cidade. Dos seus amigos.

Ah Lucy, eu te avisei e você teve a chance de não descobrir. Apenas eu saberia de todo esse segredo nojento desse mundo.

Mas você continuou. Já que você quis avançar, então eu vou te usar até o final.

Sorri.

Foi divertido entrar em seus sonhos e ter com quem conversar, você foi particularmente engraçada, que esqueci as minhas centenas de anos na solidão. Olhei para a terra seca e morta.

Foi incrível em assistir como você quebrou o destino que eu estava acreditando tão fortemente.

E de uma forma tão fácil que me senti estúpido.

Mas agora acabou.

Vamos testar a última profecia da princesa dos exceeds?

E ver se você quebra esse futuro também?

Fechei os meus olhos, esperando você chegar.

— O que você fez Zeref!? Isso é a sua magia, não é?

Eu dei um sorriso.

— Por que você fez isso!? POR QUE VOCÊ MATOU TODO MUNDO? -seus olhos brilharam em raiva.

— Eu disse... Você deveria ter ficado naquela ilusão.

— Você é um MONSTRO!

Ela caiu de joelhos. E assim como você me contou.

Realmente nos encontramos aqui Lucy. E você disse que te mataria nesse momento?

Ergui a minha mão.

Nesse momento, um homem saltou para dentro do portal. Ele abraçou a loira e usou magia das sombras como um escudo.

Arregalei os olhos, surpreso.