Caminhantes

Coelhos simbolizam sorte... Pelo menos essa é a teoria


Rogue POV

Não aguento mais... Esse corpo de coelho tem energia demais, tem hormônio demais... É emoção demais para mim. Quantas vezes será que pensei que iria morrer hoje de ataque cardíaco?

...Não sei.

Mas fiquei realmente preocupado quando Frosch apareceu chorando procurando por mim, tive que fazer algo, que bom que ele se conformou em ficar com um... Coelhinho... Fofinho...

Quanta humilhação...

Depois que a titânia e o mago de gelo foram embora, percebi que eu estava caindo, mas Lucy me pegou assim que Frosch me soltou. Ele dormia profundamente nos braços da loira.

— Você ficou mesmo cansado, né Fro? -sussurrou ela, então olhou preocupada pro céu que já escureceu- E agora? Eu não sei aonde estão os dois tigres... Pensei que eles iriam aparecer seguindo o cheiro do Fosch... Florea é muito grande, acho que não posso procurar eles agora.

Ela suspirou, me ergueu com uma mão e encarou nos meus olhos, eram aqueles olhos puros em cor de chocolate me fitando. Como receei dela me beijar de novo, botei minha pata no nariz dela. Lucy sorriu.

— Bom, vou levar vocês dois pro hotel que estou hospedada, amanhã resolvo o que fazer com vocês. Se Rogue aparecer preocupado e zangado, peço desculpas. -ela desviou o olhar imaginando a cena da minha cara, o eu humano é claro, brigando com ela- Aaah... Acho que não gostaria de ver isso... Que seja, vou voltar pro hotel e amanhã... É amanhã.

Quando chegamos no hotel, Lucy se esgueirou furtivamente para ninguém ver que ela levava um coelho preto. É, depois de hoje, melhor tomar cuidado, vai que aparece um louco querendo me apunhalar só por ser um coelho negro?

Ela chegou no quarto, o fechou e trancou. Suspirou aliviada e sorriu. Deixou Frosch cuidadosamente na cama.

Me pegou e me levou pro banheiro.

Pera... PARA TUDO. O QUE VAI FAZER LUCY!?

Ela me encarou, eu arregalei os olhos e me agitei para fugir.

— Nada disso. Você vai tomar banho comigo. Não se preocupe, não vou te afogar. -sorriu ela.

NÃO! NÃO TENHO MEDO EM ME AFOGAR MULHER! TENHO MEDO DE TER UM ATAQUE DO CORAÇÃO!

Será que vai demorar muito para eu me destransformar? Acho que vou morrer antes disso...

A loira me arrastou para o banheiro, fiquei tão apavorado, até parecia que me arrastavam para o ninho de cobras e aranhas. Ela me colocou no chão. Abriu a torneira da banheira.

— Espera um pouco, ok? -ela sorriu para mim, se desvestindo, arregalei os olhos, corri para a porta. TÁ FECHADA!

DROGA! DROGA! DROGA! PULA ROGUE! PULA FEITO O COELHO QUE VOCÊ É! PEGA A DROGA DA MAÇANETA!

Saltei inutilmente, ficando desesperado e muito, mas muito vermelho, sentia meu coração bater mais veloz que o normal.

— Não vai fugir, qual o problema? Não gosta de banho? -riu ela inocentemente, me pegando.

AAAAAAAH! SIM! TEMOS UM PROBLEMA! UM SÉRIO PROBLEMA LUCY! MEU DEUS! NÃO OLHA! NÃO OLHA ROGUE! NÃO OLHAAAAAA! SKIADRUM, CADÊ VOCÊ DRAGÃO!? ME SALVA! ALGUÉM ME TIRA DAQUI!

— Calma, calma, não precisa se agitar tanto -falou ela fechando a torneira da banheira, e entrando nela.

POR QUE ESSA BANHEIRA ENCHEU TÃO RÁPIDO!? A BANHEIRA ME ODEIA! PORQUE NÃO É POSSÍVEL!! QUE VELOCIDADE É ESSA!?

— Hum... Será que a temperatura está muito alta para um coelho? -ela ficou pensativa, me erguendo. ME OBRIGANDO A ENCARAR ELA.

Logo ela se levantou e pegou uma tábua de acrílico branca que deixaram no banheiro, o colocando na ponta da banheira, me botou na tábua.

ISSO! MINHA CHANCE! CORRE ROGUEEEE!

Saltei, ia cair de cara no chão, eu estava nem aí para isso, desde que conseguisse fugir. Lucy se assustou, gritou e me agarrou no ar. Me abraçou apertado. O corpo dela é quente e está molhado, meu coração saltou. Se eu fosse humano, provavelmente meu rosto estaria tão vermelho que meus olhos escarlate não iriam aparecer. Paralisei, tremendo.

— N... Não pule assim! O que pensa que iria acontecer se caísse de cara no chão!? Se comporte ou vai tomar banho comigo te abraçando!

Perdi a chance de fugir, a loira me segurava firme, pegando uma bacia e botando água dentro. É melhor... Eu me comportar então... Principalmente depois dessa ameaça...

Ela colocou o balde de água na tábua de acrílico, me botou no balde... A água está em uma boa temperatura... NÃO! ESSA NÃO É A QUESTÃO!

Lucy sorriu, eu me virei para ficar de costas para ela, senti uma mão úmida passar por minha cabeça, acariciando.

— A água está boa? -ela perguntou- Fica aí que eu vou me ensaboar.

Escutei ela sair, continuei a encarar a parede. Os sons de Lucy se lavando... Senti meu coração acelerar, logo ela voltou para a banheira.

— Hummm... Acho que os produtos humanos fazem mal para coelhos, certo? -ela falou.

A mão dela veio até mim, jogando a água gentilmente o meu corpo. Fica quieto Rogue, não se mova. Não olhe, fique bem quieto... Já vai passar. Mas logo escuto soluços, e um sussurro melancólico:

— Quem diria Mira? Eu vim numa missão com o Laxus e acabo por descobrir uma coisa maravilhosa... Devia estar aqui Mira... Para esse dia...

Eu virei meu rosto um pouco, vi um sorriso triste e os olhos achocolatados marejados. Ela estava tão perto, eu apoiei minha pata na borda da bacia, fechei meus olhos e coloquei meu focinho na ponta do nariz dela.

Hã!?

Me afastei rapidamente, ela pareceu surpresa, mas sorriu. Eu me virei para a parede de novo. Por que fiz isso!?

Escutei Lucy se levantar e sair do banho, som de pano, ela se secava e colocava roupas. A loira me pegou, quando a vi, estava vestida e me esfregou gentilmente com uma toalha.

Lucy POV

Estava incerta em como dar um banho num coelho, mas bem, eu consegui e ele não morreu. Acho que ele não gostou muito, porque passou o tempo todo se debatendo feito louco! Tive que prensá-lo num abraço pois ele quase caiu de cara no chão com tudo! Mas bem, depois se acalmou e ficou fitando a parede, parecia emburrado... Não sabia que coelhos ficavam emburrados.

Quando por um segundo lembrei da Mira, a reação da bola peluda foi uma surpresa! Parecia querer me reconfortar, uma reação estranha e calorosa. Acabei sorrindo.

Eu me vesti e sequei ele. Então me sentei com cuidado na cama para não acordar o Fro. Ele dormindo é uma gracinha, o ronco dele é tão fofo!

— Aonde será que está o Rogue? O Fro ficou tão triste quando não achou ele... -falei colocando o coelho no meu colo, acariciando atrás das orelhas longas.

Olhei para a janela, estava escuro e um por um os pontos azuis da grande árvore foram se apagando.

— As flores estão murchando, irão florescer apenas daqui a cinquenta anos outra vez... O que será que é guardar cinquenta anos a frase “eu te amo” no silêncio, no canto mais profundo do coração? Eu sei como é segurar esta frase... Eu sei...

O coelho me olhou com seus dois rubis. Deixei minhas lágrimas caírem, e a bolhinha de pelos se sentou de duas patas traseiras, arranhou gentilmente minha barriga. Seus olhos brilhavam, seu focinho e bigodes temiam, não sei se eu estava ficando louca mas ele parecia dizer “Não chore, Lucy”.

Fiquei muito surpresa. O coelho negro se abaixou logo, tímido. Ele se encolheu no meu colo. Eu soltei um sorriso, limpei minhas lágrimas.

— Obrigada.

Me deitei com cuidado. Fro ainda dorme ao meu lado e eu não quero acordá-lo. Assim que me deitei, Fro riu e se aconchegou em mim, eu acabei rindo também, coloquei o coelho do outro lado e senti o pequeno corpo quente dele, olhei para o teto do quarto. Aos poucos dormi entre Fro e o coelho.

Sonhei com Natsu, ele estava um pouco corado e sorria para mim, eu sorria com ele. Então aparece Lisanna de cara feia e me encarava de forma assustadora. Mas atrás dela, bem longe, vi um rapaz monocromático, apenas a sua pele tinha alguma cor rosada. Ele me encarava. Eu tentei prestar atenção em Lisanna que dizia algo, mas meus olhos não sabiam desviar dos olhos negros, do cabelo preto e suas roupas preto e branco. Ele sorriu. Zeref sorriu para mim.

Acordei assustada e estremeci. Que coisa terrível eu fui sonhar! Bom, era só um sonho...

Tinha um pouco de luz no teto, acho que está amanhecendo... É meio cedo, certo? Acho que posso dormir mais um pouco... Fui eu fechando meus olhos.

Algo me apertou na cintura, está meio pesado na região do estômago... E o que é essa coisa fofa meio espetada na minha bochecha? E um ventinho quente no meu pescoço...?

Devagar virei meus olhos para o lado em que sentia essa coisa suspeita.

E ali estava, todo encolhido me abraçando, adormecido profundamente... Rogue Cheney.

— GYAAAAAAAAAAA!? -berrei em susto me levantando.

Vi os dois olhos cor de rubi se abrirem assustado, ele me encarou.

— O QU... -ele pareceu atônito.

Tentei berrar perguntando o que estava acontecendo aqui, mas mão dele tampou a minha boca, ele frisou as sobrancelhas e encarou sério para a porta do quarto, ele fez movimentos me mandando fazer silêncio. Até que alguém bate na porta.

— LUCY!? ACONTECEU ALGO!?

AI. MEU. DEUS! É O LAXUS! O QUE ELE VAI PENSAR SE ENCONTRAR O CHENEY AQUI!?