Caminhantes

Certo, amigos meus


Lucy POV

Estou na guilda como sempre, mas muitos olhares estão em cima de mim...

— Laxus, por causa dessa sua cara de mal, todo mundo está me encarando feio! -resmunguei num sussurro irritado.

— A culpa não é minha. Estou apenas passando um tempo com minha irmãzinha -retrucou ele, cruzando os braços.

— Ganhei um irmão muito grudento. -respondi revirado os olhos.

Estou sentada em uma das mesa da guilda e Laxus na minha frente. Não importa o que eu diga, esse meu suposto irmão não quer sair daqui!!

— Conta a verdade Laxus, o que faz aqui?

— Já disse, estou passando um tempo com a minha linda irmãzinha.

Eu sentia de longe o olhar desconfiado de Levy, então me debrucei em cima da mesa e encarei Laxus mais feio ainda.

Antes nós trocávamos uma ou duas palavras, conversas bem rápidas dando tempo de brigarmos e rirmos um pouco, mas ficar tanto tempo grudado assim na frente dos outros... Nunca.

— Suspeito... Muito suspeito... Conta outra Laxus, você está com uma cara verde, o que está acontecendo? E nem venha com a sua cara de mal pra cima de mim, eu não engulo mais a sua carranca que você usa para se livrar da maioria dos problemas. -mas que devo dizer que a faceta de mal dele é bem útil e conveniente em certos momentos.

Ele me encarou pressionado, suspirou e confessou:

— É o Freed.

— Do Raijinshuu!? -me surpreendi.

— Sim, ele não para de encher o saco me perguntando o porquê de eu ir numa missão com você.

— Aaah... Está explicado.

Olhei em volta e vi o Raijinshu, Freed estava me encarando com uma profundidade assustadora, como se tentasse me amaldiçoar. Era até possível ler nos olhos dele:

“Por que essa loira maldita está com o Laxus!? Vou esganar, dar veneno, torturar, picar e jogar o restinho no lago para as piranhas, ainda guardo um pedaço para amaldiçoar todo dia!”

— Laxus... Está me usando para fugir deles...? -perguntei, lançando olhares receosos para o Justine.

— E... Eu não! -é muito óbvio que você está mentindo!

— Eles vão me fritar e me dar de comida para os pássaros. Com você aqui está só piorando pro meu lado, Laxus!! -falei temerosa sentindo o olhar de Freed.

O mago do raio ficou em silêncio, com os olhos fechados para não me encarar. Logo aparece Levy com dois copos de suco.

— Aqui Lu-chan e... Laxus. -falou ela olhando desconfiada para o loiro.

— Espero que não tenha veneno. -resmungou ele. Imediatamente a azulada ficou vermelha de raiva.

— É claro que não! Mesmo que eu quisesse te matar Laxus, não poderia, porque você é um membro da Fairy Tail.

— Hum... Bem fiel às fadas. -comentou ele em um humor desagradável. QUAL O TEU PROBLEMA!? VAI PROVOCAR A LEVY POR QUÊ!?

— Aah! Obrigada Levy-chan! -me apressei em falar ao ver os olhos dela faiscarem, Laxus não consegue se dar bem com ninguém! Meu pai!- Poderia preparar um sanduíche para mim, por favor?

Ela encarou Laxus mais em segundo e sorriu para mim, um sorriso forçado e assustador.

— Claro, Lu-chan.

Eu suspirei e deitei a cabeça na mesa, vendo Levy se afastar. Ergui os olhos e Laxus estava... Com uma feição triste.

Ah, entendi... Ele se lembrou, por isso estava provocando um pouco a Levy... É verdade, quem atendia as pessoas era... Mira...

Engoli seco.

Ele na verdade está só sentindo a falta dela... Todos nós estamos... Mas é melhor não trazer esse assunto por agora, certo?

— Laxus... -comecei, me sentando direito e pegado o copo de suco que Levy me trouxe, bebericando um pouco- Obrigada, de qualquer forma.

Ele me encarou confuso.

— Pelo o quê?

— Por me chamar na missão com você. Mesmo dividindo o dinheiro, só a metade era uma quantia bem grande para a minha surpresa, já que era uma missão de ronda. Me salvou dois meses de aluguel.

— Aah... É que era uma missão rara. Como já deve saber, Florea é pacifica, quase não vem pedidos de lá e como era relacionado ao grande festival que acontece a cada cinquenta anos, essa missão foi taxada como classe S.

— Hã? -falei sem entender- Como é possível? Missões de classe S não são apenas missões, tipo, vida ou morte?

— Foi um pedido especial, todas as guildas abriram uma exceção e o taxaram de missão S. -respondeu ele com simplicidade.

— Hum... -então sorri orgulhosa- Completei uma missão S. Se bem que não é a primeira vez... -falei pensando no caso da ilha da lua.

— Realmente, uma maga que vai em missões classe S sem ser desse nível. Bom, normalmente o velho impediria de você ir comigo, já que eu pego só missões classe S, mas pelas circunstâncias novas dessa em especial, você pôde ir.

Pensei um poco sobre isso. Sim, foi uma missão cansativa, mas valeu a pena, não só pelo dinheiro, mas pelas coisas que aconteceram, como eu soube como é o Laxus de verdade e... O Rogue...

— Pensando agora Laxus, por que não invadiu meu quarto quando viu tudo encharcado? Vai que eu morri no banheiro! -é claro, eu não gostaria que Laxus me visse nua, mas aquela vez, poderia realmente ter acontecido algo perigoso comigo.

— Por que eu precisaria arrombar a porta. -respondeu ele, surpreso pela pergunta.

— Mas você quase arrombou quando eu gritei no dia seguinte! Pela barata gigante e preta!

— Eu arrombo portas com meu soco de raio. -falou simplesmente. Eu o encarei incrédula. Sim, esse lado também é um Laxus. VOCÊ NÃO IA ARROMBAR A PORTA! IA EXPLODIR ELA! Mas agora faz sentido, se ele usasse os raios dele, por estar tudo molhado, poderia ter virado um desastre. Além de que me torraria viva.

Dei um sorriso.

— É, isso parece mesmo ser a sua cara.

Ele sorriu.

— Pois é, irmãzinha, aprenda com o seu irmão a ser um cara legal.

— Eu não sou um “cara” irmãozinho... Hmm... Talvez eu deva ir numa missão...

— Quer ir comigo de novo? -arqueou ele uma sobrancelha.

— Não. Se esse meu irmão fala que pega missões classe S apenas, da próxima eu vou morrer. Com certeza. Se não morrer, Freed dá um jeito. -falei o encarando séria, ele riu.

— De certa forma, é bem provável.

E Levy veio de novo.

—Aqui o sanduíche Lu-chan.

— Obrigada Levy-chan.

Ela se abaixou e sussurrou:

— Não sei o que acontece com vocês, mas isso é muito estranho, então se o Laxus fizer alguma coisa suspeita, eu, Erza e Gray vamos formar um time de resgate, entendida?

É um sentimento estranho, percebi que Levy-chan estava preocupada comigo e falou isso para me proteger. Sorri involuntariamente.

— Claro Levy-chan. Conto com vocês.

Ela sorriu mais aliviada e se afastou, indo servir as outras mesas.

— Parece que esse povo continua não gostar muito de mim. -comentou ele olhando para Levy.

— Bom, se mostrar seu outro lado mais simpático, as pessoas vão começar a gostar mais de você. -refutei com razão.

Ele bufou e se afundou na cadeira.

— Não, deixa por assim mesmo. Eu já tenho o Raijinshuu e a amiga da pessoa que gosto, a minha irmãzinha chata. Não preciso de mais gente me enchendo o saco.

Dei uma risada.

— O que é de tão engraçado? -perguntou ele.

— Lembrei de algo muito importante que me disseram esses dias. Meu caro irmão, acho que tenho amigos muito bons. -dei uma pausa, como se estivesse pensando- É, com eles sinto que tudo vai ficar bem. Você não é diferente, o Raijunshuu se importa muito contigo.

— É mesmo? -ele levantou uma sobrancelha para mim.

— Sim.

Wendy POV

Eu e Charles estávamos indo para a guilda. A exceed vinha no meu colo.

— O que foi Wendy? Não parece animada.

Eu assenti com a cabeça.

— Estou preocupada com a Lucy-san, Charles... Ela parece cada vez pior...

Me sinto tão culpada, não sei o que fazer, as visões da minha excced não foram bons sinais, nenhum deles... Suspirei. Será que...

— Charles? Não acha que devíamos perguntar para a Erza-san e para os outros sobre isso?

Ela se remexeu no meu colo, desconfortável, Charles tinha medo que suas visões não tivesse significados algum e acabasse apenas assustando o pessoal, realmente, ver a visão da calamidade não é exatamente algo que você quer acreditar... Mas as outras visões... Uma delas se concretizou...

— Não Wendy... Eu não sei se devemos assustar o pessoal... Não tenho a certeza que pode se realizar aquele meu sonho...

Eu a abracei protetoramente... Já passamos por tanta coisa, não gosto de ser a garota dos recados negativos. Engoli seco.

— C... Charles? Eu... Eu contei para Lucy-san sobre a calamidade que você viu...

— Wendy! Eu disse para não falar! -ela ergueu os olhos para mim, reprovando-me.

— Mas Charles, Lucy-san estava no sonho! Pelo menos para ela precisava contar! -respondi, Charles abaixou a cabeça, estamos tão confusas...

— Desculpa Wendy... Eu estou te fazendo ficar em uma situação horrível...

Eu encarei Charles, sorri e balancei a cabeça negativamente.

— Não Charles, se é para você passar por algo, vamos passar juntas.

Charles levantou o olhar cheio de lágrimas.

Levy POV

Suspirei fundo mais uma vez, esse mistério está me matando! O que aconteceu com Laxus e Lucy!? Eu já entendi a parada de Lucy e Rogue, mas Lucy e Laxus!? O que acontece nesse mundo estranho? Ah... E olha os dois rindo, mas é estranho, porque nem Lucy ou Laxus se olham apaixonados, então não pode ser isso, sei lá viu...

— Calma baixinha -comentou o mesmo cara de sempre, sorrido para mim.

— Vai dizer que não acha estranho, Gajeel idiota?

Ele deu de ombros, sem se importar muito.

— Deixa eles, é bom saber que a Bunny Girl está fazendo amizades estranhas.

— É exatamente por ser estranha que me preocupa. -falei entre os dentes.

— Oi, falado sobre o quê? -se aproximou Gray. Eu dei mais uma olhada pela guilda para ver se mais alguém queria algo, parece que não, então peguei uns copos para enxugar. Estranhamente enxugar copos me acalma.

— É sobre a Lucy, certo? -se aproximou Erza, logo atrás de Gray.

— Sim... -suspirei desanimada.

— Já falei para deixar quieto. -disse Gajeel idiota.

— Mas eu me preocupo com a Lu-chan... -respondi- Ainda mais depois do caso da... Mira.

Todos ficaram em silêncio.

— Como será que ela está? -perguntou Gray, pensativo se lembrando da gentil albina, se sentando do lado de Gajeel, de frente pro balcão.

— Não temos noticias dela faz tempo. -refletiu Erza se sentando ao lado de Gray.

— O fogo idiota ficou possesso tentando ir atrás dela, por sorte parece que acalmou... Por agora. -falou Gray.

— Se casou, hué. -disse Gajeel- Ele não podia mais ficar saindo assim, tinha que cuidar da branquela.

— Lu-chan... -falei arrastado- Depois daquele desastre, ela não fala com ninguém sobre isso... Não importa quem pergunte...

— Hm... -Erza ficou pensativa- Foi uma surpresa quando ela veio voltou para a guilda sozinha e toda ensanguentada, gritando, acho que todos nós só sabemos por cima como aconteceu.

— Lu-chan sofreu muito por isso, só não demonstra. Sabiam que ela quem mais apoiou Lisanna para ficar com Natsu? -falei. Lembro que eu vivia me perguntava o quanto Lucy devia chorar sozinha de noite, mas nunca tinha a coragem o suficiente para perguntar alguma coisa...

Eles me encaravam como se eu fosse um bicho raro.

— QUÊ!? -berraram os três. Eu fiz sinais para ficar em silêncio, olhei para Lucy e ela nos encarava com a cara “Por que estão gritando, seus loucos?” mas logo se virou e continuou a falar com Laxus. Suspirei aliviada.

— O quer dizer Levy? -perguntou Gray.

— Bom, eu percebi que Lucy estava estranha quando o assunto era esse, me assustei em saber que ela era a madrinha... -resmungou Erza.

— Pera, Bunny Girl não era apaixonada pelo foguinho? Mas quando vi que ela estava fazendo nada quando a branquela se aproximava do Salamander, pensei que... Sei lá, pensei que ela não estivesse mais apaixonada por ele. Aaaaahm... Estou confuso.

Encaramos o Gajeel, por que ele faz essas perguntas a cara dura? Sim, era muito estranho a Lucy não fazer nada enquanto Lisanna ficava mais perto de Natsu, não só isso, como ela tinha sido a madrinha de casamento. Eu sempre tive a certeza que Lucy amava esse cara rosa e que era correspondida.

— A Lu-chan que me contou...

Eles me encararam, então me apressei em falar:

— Fo... Foi naquela vez em que ela gritou com o Natsu! Eu fui atrás dela e ela me contou isso... Mas sou só eu quem acha que tem mais coisa nessa história? -eles me encararam e balançaram a cabeça negativamente, parece que não é paranoia minha achar que Lucy está com mais problemas do que achávamos.

— Sobre o que falam, pessoal? -chegou uma menina de duas marias chiquinhas, sorrindo.

— Oi Wendy. -falou Erza- Estamos falado da Lucy.

O rosto da menina empalideceu. Desconfiei e perguntei no chute.

— Sabe por que ela está assim?

Todos colocaram os olhos na menina, ela abaixou os olhos nervosa, Charles estava no colo dela.

— Não façam essas perguntas! -reprovou a gata.

Nós nos entreolhamos e Erza sorriu para tranquilizá-la.

— Desculpa Wendy.

— N... Na verdade... É minha culpa... -respondeu ela por fim.

— Wendy! -gritou a gata indignada.

— Charles, o que acontece com a Lucy-san não é bom, você sabe. -disse a menina, pesarosa.

A gata se silenciou e desviou o olhar. Meu coração bateu forte, o que está acontecendo?

— Eu contei para Lucy-san... Sobre as visões de Charles. -declarou ela finalmente.

— Que visões, Wendy? -perguntou Gray. Nós nos encaramos de novo.

— Wendy? -chamou Erza.

Vi a pata da gata apertar a mão da menina, a azulada comprimiu os lábios. Wendy se curvou.

— E... Eu... Me desculpem!! -e vimos ela correr. Wendy pareceu tão confusa e sofrida.

Parece que as coisas que estão acontecendo podem ser piores do que imaginei...

Erza se levantou abruptamente.

— Aonde vai Titânia? -interrogou Gajeel.

— Eu vou tirar isso a limpo com a Lucy. -os olhos da ruiva estavam determinados, de uma forma assustadora.

Mas quero saber também, por isso todos eles se levantaram e eu abandonei o copo e o pano que segurava.

— Pensei que precisava dar um tempo para a Lucy, mas acho que vamos mudar de ideia. -falou Gray.

— É, eu não estou gostando nada disso. Das coisas que estão acontecendo sozinhas e eu fico sem saber de nada. -declarei.

Quando íamos nos dirigir até a loira, percebemos que ela brigava com um certo rapaz de cabelos rosas.