Caleidoscópio

Vidas completamente opostas.


O silêncio tomava conta do galpão, as luzes na parte de dentro estavam fracas, o que dava um ar nebuloso no lugar. Os carros chegaram quase de madrugada.

— Então vamos entrar pela porta da frente? Isso é sério? — Nnoitra falou irritado.

— Está com medo Nnoitra? — Gin perguntou sorrindo.

— Mas é claro que não só não quero por minha cara lá sabendo que vou levar um tiro.

— Aizen-sama sabe o que está fazendo Nnoitra, fique calado e apenas obedeça. — Ulquiorra disse calmamente.

Nnoitra ficou emburrado, mas também quieto.

— Vamos. — Aizen disse indo em direção ao galpão.

Ao entrarem se depararam com vinte ou mais homens espalhados pelo lugar. Uns estavam armados, outros com barras de ferro e alguns com facas.

— Não sabia que você tinha contratado tantos capangas Aizen-taichou. — Gin disse com ironia.

— Mas eu não contratei Gin. — Aizen disse sorrindo.

— Não, você não contratou. — Um dos homens gritou saindo do meio do grupo. — Estamos aqui para fazermos uma surpresa para vocês.

— Que ótimo! Adoro surpresas. — Gin disse com um sorriso sinistro. — Mas eu não conheço você?

— Não você não me conhece, mas eu devo ser parecido com outros filhos que você tirou o pai.

— Assim o filho do caminhoneiro... Bem eu acho que você está confundido. Eu não matei o seu pai. — Gin disse sem deixar de sorrir.

— Não você fez bem pior seu desgraçado. — O homem disse se descontrolando. — Deixa-lo preso em uma cadeira de rodas é bem pior do que a morte.

— Então talvez eu deva o matar para dar um fim em seu sofrimento.

— Você não vai ter chance disso. Amarrem os quatro.

— Mas Sam não eram seis? — Um dos homens atrás dele falou.

Quando Sam se virou para olha-lo só teve tempo de ver o vulto de seu corpo caindo no chão baleado.

— Mas... — Sam viu mais dois de seus companheiros caírem sangrando. — Estão nós atacando, se protejam.

Todos então começaram a correr um para cada lado e mostraram sua inexperiência atirando a esmo para cima. Sam se jogou atrás de alguns toneis que estavam lá e procurou para ver onde estavam o grupo de Aizen, mas notou que eles também tinham se dispersado.

Droga.

Sam tirou uma arma de sua jaqueta.

— Sam de onde estão saindo os tiros? — Um cara perguntou se aproximando dele.

— Eu não sei idiota se soubesse já tinha atirado nele.

Então alguns tiros começaram a vir do lado de onde eles estavam.

— Estão atirando na gente! — O homem gritou.

— Então corre imbecil. — Sam puxou o cara para outra ponta do galpão.

Nessa corrida ele viu mais de seus companheiros caídos no chão.

Aquele desgraçado.

— Abre o olho que eles estão por aqui.

— Mas Sam eu não quero morrer. — O cara disse nervoso.

— Você não vai morrer se fizer o que eu mando.

— Tem certeza? — Uma voz veio de um ponto mais escuro de onde eles estavam. — Acho que você só está aqui por que ele mandou não é? — Gin saiu da escuridão, com a arma em punho e sua espada na outra mão.

— Ichimaru! — Sam falou apontando a arma para ele. — Eu mato você agora.

— Tem certeza? Você já percebeu que parte de seus amigos já estão no chão? E eu posso te garantir que tem uma arma sendo mirada na sua cabeça neste exato momento. — Gin falou rindo mais.

— Você está blefando. — Sam falou.

— Quer tirar a prova? — Gin disse se aproximando.

— Por favor, eu não quero morrer. — O homem do lado de Sam falou.

— Se você não quer morrer é melhor não ficar com esse cara, como o pai dele só sabe empurrar os outros no buraco. — Gin disse sorrindo.

— Não fale assim do meu pai. — Sam gritou.

— E por que não? Admita, seu pai está como está porque não soube ficar calado.

— Se ele está como está e por sua causa maldito.

— Eu não quero morrer Sam, eu não quero morrer. — O homem repetia isso várias vezes enquanto o barulho dos tiros do outro lado começou a diminuir.

— Se você não quer morrer como os outros não fique do lado dele.

— Não caia no jogo dele Kira, está tentando te por contra mim, foi assim que ele pegou o meu pai.

— Eu peguei o seu pai por que como você ele foi burro o suficiente para achar que podia me enfrentar.

— Seu desgraçado!

— Opa! Olha a mira! — Gin gritou e nesse momento um tiro foi disparado e acertou perto da cabeça de Sam.

— Eles estão realmente mirando na gente Sam, vão nos matar. — O cara disse novamente.

— Cala a boca Kira.

— Ah! Kira é seu nome? Bem sabe se você abaixar a sua arma talvez eu não deixe eles te matarem.

— Cala a boca desgraçado. — Sam disse levantando a arma. — Eles podem até me matar, mas pelo menos eu levo você junto comigo para o inferno.

— Ultima chance Kira. — Gin disse sorrindo.

Kira olhou para Sam, ele estava realmente disposto a atirar. Ele sabia que o pai de Sam foi pego quando tentou levar a policia até onde Gin e Aizen estavam e de todos ele foi o único a sair com vida, mesmo sendo só com parte dela. Os tiros já tinham cessado, com certeza os outros já estavam mortos e eles eram os únicos que restaram.

Kira então fez um movimento rápido e jogou Sam no chão.

— Então você vai me trair Kira? — Sam gritou e apontou a arma para o loiro que se encolheu.

Na hora que ele foi atirar Gin deu um tiro em seu braço.

— Ah! — Sam deixou a arma cair e segurou o braço. — Filho da...

Gin estava agora na frente dele com a arma apontada na sua cabeça.

— O que?

— Por favor, não faça isso. — Kira disse se aproximando.

— Você está comigo ou com ele? — Gin perguntou o olhando sem sorrir.

Kira pensou por um momento e olhou para Sam com olhar de desculpas.

— Estou com você. — Na hora que ele disse isso Gin disparou a arma.

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Rangiku olhou para a Kisa que estava dormindo no sofá. Com um sorriso pegou ela no colo e levou ela para o quarto.

Depois do almoço elas brincaram de boneca, fizeram desenhos e Rangiku tentou até cantar com Kisa, mas foi nesse momento que ela dormiu. Já eram quase 3 e meia da tarde e ela não tinha o que fazer.

Sentou na porta do quarto da menina e abraçou as pernas.

O que você está fazendo agora? Onde você está?

Ela estava com sono, mas não queria que Keith chegasse e encontrasse ela dormindo com a filha dele. Ela levantou e voltou para a sala e começou a olhar para as fotos no raque.

Se ela é a mãe da Kisa onde ela está? — Rangiku então lembrou das palavras de Lira mais cedo.

— Vamos dizer que essa mulher só foi um erro na vida do menino. — Lira disse pegando o porta-retratos da mão de Rangiku e pondo de volta na mesinha. — Não mexa nisso quando Keith estiver por perto. Sabe eu já disse para ele não guardar as fotos desta infeliz, mas ele insiste em mantê-las.

Rangiku continuou ali por mais tempo vendo as fotos, todas eram de lugares diferentes e bonitos, em nenhuma a mulher aprecia gravida ou com Kisa. Ela pegou um dos porta-retratos a foto que estava nele estava mal fixada e por isso caiu. Ao pegar a foto ela viu que tinha algo escrito atrás.

Já faz um tempo Keith, mas eu estou bem. As pessoas daqui já estão me comparando com a própria Giselle espero que você não ache um exagero. Te vejo daqui alguns dias. To cheio de saudade amor.

Rangiku leu aquilo e olhou para a imagem novamente, a morena estava sentada no que parecia ser um quarto de hotel com um notebook no colo.

Ela nem é tão bonita.

Rangiku ouviu um barulho na porta e pôs a foto no porta-retratos rapidamente, ela colocou no lugar e foi até o corredor que dava acesso a saída.

— Oi Rangiku! Consegui sair mais cedo, cadê a linda? — Keith disse entrando e pondo a maleta no sofá.

— Ela está dormindo passou o dia inteiro brincando. — Rangiku disse sorrindo.

Keith olhou para ela e viu que ela estava do lado do seu raque, pensou na hora o que ela estava fazendo. Ele então começou atirar os sapatos.

— Quer me perguntar algo? — Ele falou.

Rangiku ficou um tempo em silêncio.

— Bem como foi no trabalho?

Keith riu.

— Foi bom, mas tenho certeza que não é isso. — Keith disse se levantando e indo até o lado dela. — Sabe eu não tenho muitas regras aqui em casa, você pode fazer tudo só gostaria que você não mexesse nas fotografias.

— Isso nem passou pela minha cabeça, eu só estou olhando. — Ela disse meio sem jeito. — É uma moça muito bonita.

Keith olhou para a imagem e ficou em silêncio. Por um momento Rangiku se arrependeu de entar no assunto.

— Keith...

— Tem razão. — Ele a interrompeu. — É muito bonita.

Keith então voltou a sorrir e pôs a mão nos ombros de Rangiku.

— Agora você pode ir ou quer esperar a Kisa acordar pra mim te levar.

— Não tudo bem eu posso ir sozinha. — Ela disse indo pegar a bolsa. — Vou dar um beijinho na Kisa.

— Tá bom.

Rangiku entrou no quarto e viu Kisa dormir calmamente no berço.

— Até amanhã lindinha.

Ao voltar pra sala Rangiku se deparou com Keith bebendo uma dose de conhaque.

— Aceita um? — Ele perguntou sem olhar para ela.

Ela pensou por um momento, mas depois jogou a bolsa no sofá e se sentou perto dele.

— Pode encher.

E assim ficaram os dois, cada um perdido em seus próprios pensamentos.