- O Tsukki é ótimo no vôlei - disse o moreno, orgulhoso.

- Cala a boca, Yamaguchi - retrucou o loiro.

Era sempre assim. Toda vez que elogiava o maior, ele respondida grosseiramente. E Yamaguchi dizia "desculpa, Tsukki", sorrindo como se estivesse tudo bem, como se não ligasse para o fato de ser repudiado toda vez. Mas não estava.

Toda vez que o loiro o desprezava, ele sentia que algo se rompia dentro dele. Mas ele continuava o elogiando. Não sabia explicar o motivo, talvez por ter esperança de ser aceito pelo outro, talvez por ter a atenção, mesmo que por míseros segundos, daquele que possuía seus pensamentos e seu coração.

Sim, ele amava aquele antipático, mas sabia que nunca seria correspondido. Na melhor das hipóteses, o maior apenas o aturava. Havia alguns que os consideravam amigos, mas o moreno sabia que não chegavam a tanto.

E ele continuava tentando se aproximar, continuava sendo repelido, apenas pagava o preço por se apaixonar pela pessoa errada.

Porém chega uma hora que não nem o mais forte consegue mais aguentar. A dor emocional passa a ser tão forte que as lagrimas não conseguem mais aliviar.

Já fazia algum tempo que o moreno não tirava o casaco nos treinos, e quando perguntavam sempre fugia do assunto. Até que, da pior maneira possível, eles descobriram o motivo.

Yamaguchi estava treinando o saque, quando subitamente desmaiou. Quando chegaram perto, perceberam que tinha os pulsos sangrando. O professor foi correndo chamar a ambulância, enquanto Sugawara e Daichi retiravam com cuidado o casaco do menor, revelando um pulso cheio de cortes.

Tsukishima estava paralisado. Desde quando Yamaguchi se cortava? Como ele não percebeu? Por quê? As perguntas preenchiam sua cabeça e a angustia seu coração. Ele não queria perder a única pessoa que realmente se importava com ele. A única pessoa que não se afastava. A única pessoa que ele amava.

A ambulância logo chegou e os paramédicos realizaram os primeiros socorros e o colocaram na maca.

- Preciso que alguém o acompanhe até o hospital - exigiu um deles.

- Eu vou - ofereceu-se Daichi.

- Não! - Retrucou o loiro, pronunciando-se pela primeira vez desde o ocorrido. - Eu vou.

- Não precisa, Tsukishima, pode continuar...

- Não! Você não entende. Eu preciso ir! - Gritou, angustiado, e correu para a ambulância. Era o mínimo que podia fazer.

O caminho até o hospital foi rápido, mas para o loiro pareceu durar uma eternidade. Mesmo com um curativo para impedir o sangue de sair, o moreno ficava cada vez mais pálido.

Assim que chegaram no hospital, o menor foi encaminhado para uma sala, enquanto o enfermeiro pedia uma transfusão de sangue, que, por sorte, foi rapidamente conseguida.

Enquanto recolocavam o sangue no Yamaguchi, Tsukishima teve que esperar fora da sala. Logo o resto do time chegou, mas não conseguiram nenhuma explicação do loiro.

Duas horas mais tarde, o médico anunciou que Yamaguchi havia perdido muito sangue, mas tinha alguma chance de melhorar. Segundo ele, o moreno havia desmaiado por falta de sangue por causa de alguns cortes fundos nos pulsos que não haviam cicatrizado e, por causa do esforço físico, tinham reaberto.

O médico sugeriu que eles fossem para casa, e viessem vê-lo no dia seguinte, pois ele precisava descansar.

Os jogadores de vôlei foram embora, mesmo preocupados. Ele era um membro do time, afinal. Apenas o loiro recusou-se a deixar o local. Teimoso, convenceu o médico a deixa-lo ficar e foi para o quarto do menor.

Quando o viu lá, desmaiado, pálido, com os pulsos praticamente mutilados, não conseguiu se segurar mais. Tsukki foi até ele e o abraçou, deixando as lagrimas que segurava saírem todas de uma vez, embaçando sua visão.

Ele sabia que a culpa era dele. Toda dele.

- Eu sou um idiota! - Ele gritou. - É tudo culpa minha! Se eu tivesse te tratado melhor, você não estaria aqui! Se eu soubesse expressar meus sentimentos, você saberia que eu gosto quando me elogia, que eu me sinto incrível! Você saberia que o tempo que passo com você é perfeito, que o quero perto de mim! Você saberia que eu te amo. Por favor, me dá mais uma chance! Fica comigo! Eu não aguentaria te perder! Por favor... - terminou com a voz fraca, soluçando.

- Tsukki? - O moreno não acreditava no que tinha ouvido. Será que estava sonhando.

- Yamaguchi? - Era verdade? Ele tinha acordado? - Ah, graças a Deus! - Ele o abraçou mais forte. - Eu sinto muito, Yamaguchi.

- Tudo bem, Tsukki.

- Não, não está tudo bem! Eu quase te matei! Devia ter aceitado seus elogios, mas eu... eu não sabia como reagir! Você sabe que nunca fui bom com sentimentos... - ele disse, com o rosto vermelho.

- Eu sei, Tsukki - respondeu o menor. - Eu te perdoo. Por que eu te amo.

- Eu... E-Eu também te amo, idiota - retruca o maior, virando o rosto tentando esconder o rubor. - Nunca mais faça isso, entendeu?

Yamaguchi sorri.

- Não preciso. Não agora que eu tenho você.

Tsukki corresponde o sorriso.

- Não precisa mesmo, idiota.

E o beija.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.