Cafe Universe

CAFE UNIVERSE, Episode: II



Our memories that are engraved in the seasons...

Kai

Eu estava naquela mesma cafeteria em que nós nos conhecemos.

Café Universe.

A primeira vez que botei meus olhos em você, eu fiquei encantado. Você estava no último banco do estádio de futebol, em dia de jogo, lendo mais um de seus manhwas. Eu fiquei me perguntando: quem viria em um jogo de futebol para ler? Porque não ler em casa?

Aquilo havia me incomodado tanto, que eu falei para Chanyeol sobre você, o que ele achou estranho, já que eu nunca me incomodava com o público quando jogávamos.

Mas, quando olhei bem pra você novamente, foi que eu tive uma epifania, daquelas de um cientista que descobre algo maravilhoso.

E eu descobri: Você.

Você sempre teve uma beleza chamativa, e diziam que era isso que combinava na gente.

“O casal beleza”.

Mas eu sabia que você era muito, mas muito mais do que isso.

Na segunda vez, você estava estudando naquela mesa do banco vermelho e desgastado, a esquerda do lado da janela. A nossa mesa.

Estava concentrado nas tarefas que tinha para fazer, já que você cuidava dos seus irmãos mais novos depois dali, e tinha que trabalhar depois para sustentá-los.

Eu sempre admirei essa sua força.

Mesmo que você estudasse e trabalhasse a noite toda, você ainda se dedicava para ser um aluno exemplar. E eu, que podia me dedicar aos estudos, não conseguia.

Festas, festas e mais festas.

E cada vez que eu reprovava em alguma matéria, o capitão do time me dava um sermão, para que eu estudasse mais.

E foi assim que eu te conheci, você se lembra?

Você foi indicado para me ajudar com as tarefas, e você realmente queria me ajudar.

Eu nunca te mereci, Junmyeon.

E, finalmente, na terceira vez em que eu te vi, nós nos conhecemos.

Era inverno, e fazia muito frio para ficar na biblioteca da escola, que não tinha ar condicionado, então você me deixou um bilhete no armário, dizendo pra eu te encontrar numa cafeteria ali perto, para estudarmos melhor.

Foi na Café Universe, depois da aula, para colocar as matérias em dia. Você estava sendo muito atencioso comigo, me explicando as coisas nos mínimos detalhes, mas a única coisa que eu queria ouvir da sua boca, era o número do seu telefone.

E eu pedi.

Você morreu de vergonha, e disse pra eu parar de brincadeira. Eu disse que falava sério. Você não acreditou.

Passei dias tentando conseguir seu telefone, semanas para conseguir o primeiro encontro, e meses para o primeiro beijo.

E que beijo.

Você se lembra?

Era primavera, então o Sol estava queimando, e a grama fresca, fazia com que o vento fosse ótimo para os dias de treino.

Você foi me encontrar na quadra de esportes, dizendo que precisávamos conversar.

Eu já sabia que você iria tentar terminar comigo depois daquela festa em que viram nós dois juntos. Mas eu não iria admitir aquilo.

Você veio cheio de argumentos inteligentes, dizendo que eu não poderia me dar o luxo de ter uma reputação arrastada na lama, se quisesse continuar no futebol. Você falou e argumentou, e eu só queria te beijar, porque eu te amava demais.

E foi o que eu fiz.

E eu ainda lembro que tinha gosto da bala de café que você sempre comia.

E da grama nos pinicando.

E de você chorando depois, porque não queria me perder.

Mas, fui eu quem te perdi, não é?

Eu me arrependo, sabe, do que aconteceu entre mim e a Krystal.

Ela sempre me amou, e estava indo embora da cidade. Quando apareceu no meu vestiário, chorando e dizendo que me amava, eu não soube o que fazer. Não soube como agir.

Ela simplesmente me beijou, e eu deixei.

Nós tínhamos nos estranhado aquele dia, e eu estava um pouco magoado, mas sei que isso não é uma desculpa.

O que eu fiz com ela foi horrível e sem moral, e eu nunca vou conseguir me perdoar por ter arruinado tudo pra gente.

Para sempre.

Eu que fui tolo demais pra ignorar o que nós sentíamos, por causa de um briguinha besta e sem motivos.

Como eu disse Junmyeon, eu nunca te mereci.

E o que me restam agora, são as memórias que eu tive o privilégio de fazer com você. São as lembranças de todos os nossos encontros tardes da noite no observatório, as tardes em que passamos estudando de verdade, (ao invés de nos beijar); as vezes que saímos com seus irmãos para a praia, são aqueles os momentos em que eu posso olhar pra trás e dizer que valeu a pena.

Que fez a minha vida valer a pena.

Que você fez valer a pena.

Always brings tears when I remember

Suho

Eu estava naquela mesma cafeteria em que nós nos conhecemos.

Café Universe.

Esperando por você chegar, já que eu tinha marcado para lhe ajudar com as matérias. No começo, eu havia odiado muito a ideia, e queria trocar de turno com Kyungsoo, já que ele também ajudava outros alunos com suas dificuldades, mas acho que foi o destino que nos uniu. Porque, de nada adiantou os esforços que eu fiz para não ter que ficar com MAIS UMA responsabilidade... me foi negado cada um deles.

Foi então, que resolvi jogar a frio. Perguntei para Kyungsoo, o que eu poderia fazer para lhe contatar sem que eu precisasse falar com você, e foi aí que ele deu a ideia do bilhete no armário.

Aquilo foi bem engraçado, quando me lembro hoje em dia. Eu tentei muito não ser visto por ninguém, e estava tão nervoso que eu poderia vomitar.

Me arrastei sorrateiramente para o corredor, em período de aula para não ser visto por ninguém, quando você me apareceu virando o corredor. Eu quase achei que iria morrer.

Larguei o bilhete para cair dentro do seu armário e corri para o meu, que ficava duas fileiras depois. Você ficou me encarando, e eu só fugi o mais rápido possível dali.

Ha ha ha…

Como eu era um tolo. Tudo isso, por causa de você.

Você.

Você sempre me deu um nervoso que eu não sabia explicar.

Você se lembra daquela festa? Aquela na qual quase nos beijamos?

Eu refutei várias vezes em ir naquele lugar, mesmo com Kyungsoo insistindo, insistindo e insistindo. Foi então que você me mandou uma mensagem, e me perguntou se eu iria. Eu disse que festas assim, eram para idiotas que não tinham escrúpulos na vida, e que maior objetivo da vida dessas pessoas, era ficarem bêbados para ter alguma história para contar depois. Você riu, e disse que eu era quadrado. Eu disse que tinha consciência. Cinco minutos depois, você me convenceu a ir com você.

Eu nunca admitiria na época, mas eu acho que já estava te amando desde aquele tempo.

Eu guardei aquela festa na memória, mesmo que eu não quisesse.

Eu já estava um pouco enjoado, por causa das bebidas, e um rapaz, Oh Sehun, não parava de passar na minha frente perguntando se eu queria mais alguma coisa. E ele sempre tinha alguma coisa para querer, então eu pegava.

Acabei passando mal, e subi para as escadas com um pouco de tontura. Você me seguiu, me segurou e cuidou de mim. Ficamos juntos o resto da festa inteira, conversando sobre tudo e nada, como costumávamos fazer, no nosso pequeno universo.

Ali, eu me apaixonei por você, Kai.

E me apaixonei de novo, quando nos beijamos pela primeira vez.

Você se lembra?

Até hoje, choro quando lembro das coisas que você me disse aquele dia.

Você sempre foi o mais aberto entre nós, e eu invejava isso de você. Eu invejava porque eu queria poder ser essa pessoa pra você. Que iria lhe fazer se sentir bem, que lhe faria se sentir amado.

Mas eu sabia que era arriscado.

Ser um homossexual, no futebol, não era uma coisa bem vista. E eu não queria estragar isso pra você.

Foi quando me decidi que eu não iria. Tínhamos que terminar, metade da escola já estava especulando que nós estávamos juntos. Isso não podia continuar.

Eu fui para onde eu saberia que poderia te encontrar: a quadra de grama.

E você estava lá, em toda a sua glória.

Correndo com os músculos torneados pra fora da regata, e o shorts que subia cada vez que você corria mais, e mais e mais.

Eu te observei por um longo tempo antes de criar coragem para me aproximar.

Quando finalmente, respirei e decidi encarar o que estava por vir, você me viu. E abriu o maior dos sorrisos para mim. Eu achei que poderia morrer.

Avisei a você tudo o que eu deveria te avisar. Tentei argumentar contra tudo, pois tinha passado um bom tempo pensando naquilo. Remoendo.

Mas você só esperou.

Não contra argumentou, não falou nada.

Isso fez com que eu ficasse mais nervoso, porque, por mais que eu estivesse terminando com você, eu ainda te amava. E te amava o suficiente para me sentir magoado por você não ter gritado comigo de volta, dizendo que arrumaríamos um jeito.

Eu sei, não faz o menor sentido. Mas eu nunca estive nos meus sentidos perto de você…

Quando eu parei, e falei tudo o que tinha pra falar, você finalmente disse o que eu queria ouvir. Que você me amava. E nada disso importava, porque você sempre me amou, e sempre iria me amar. Porque eu era a coisa mais importante da sua vida, que ultrapassa o futebol, e todos os outros.

Mas o quanto daquilo era verdade, Kai?

Eu me apaixonei por você tantas vezes, mas será que você se apaixonou uma sequer?

Me apaixonei quando você aceitou sair com meus irmãos, mesmo que seu interesse era termos um encontro decente naquele dia.

Me apaixonei por você, quando me disse que me admirava, e que tinha orgulho de mim, quando eu nunca pude ouvir isso de ninguém antes.

Mas você…

Ainda me dói quando eu lembro, você sabia disso?

Eu choro toda vez que me lembro que um dia eu confiei tanto em alguém, pra receber isso de volta.

Me dói quando eu escuto o nome dela, me dói quando eu vejo qualquer tipo de vestiário ou toalhas cor de rosa. Que era a cor da toalha que estava no chão do banheiro, quando eu os vi juntos.

Eu tento não deixar que uma memória apague todas as outras, mas é difícil. E sempre vai ser difícil.

E sabe o que é o pior, entre tudo isso?

Mesmo depois de tudo isso, nenhuma vez, nenhum dia ou hora sequer, eu me esqueço de como foi amar você.