O muro de Berlim havia acabado de cair. Alguns lamentavam, outros comemoravam com uma violenta melodia e algumas canecas exorbitantes de puro álcool. Eu era um desses. A taberna fedia sêmen e o frio do planeta não entrava naquele caldeirão de suor e abismos internos, fios.

Pedi para um rouco homem entoar uma canção. Seus olhos estavam vermelhos, e não era pela bebida e sim por emoção.

Talvez bêbado, talvez racional, disse, discursando:

— Qual o valor de uma revolução? O que temos que ceder para ganhar? Uma bomba caiu, outras cairão também... O mundo precisa de homens loucos para prosseguir?