By The Way

Cant Stand It


Já era metade da tarde quando a campainha tocou insistentemente.

Percy, que estava apenas de bermuda, levantou-se da cama sonolento e foi cambaleando atender a porta, tinha apenas algumas horas que ele havia chegado da delegacia.

- Ashley?

- Hey Percy, esqueceu de nós? – A morena perguntou passando a mão na barriga.

Percy se segurou pra não rolar os olhos e deu passagem para a garota.

- Não me esqueci não. Acredite. – Percy disse batendo a porta e depois deitou-se no sofá menor, indicando o maior a Ashley.

- Não é o que parece. Você trocou seu filho pela Annabeth.

Percy suspirou.

- A que devo a visita, Ash?

- Eu quero saber se você está realmente certo da sua decisão.

- Estou.

Ashley suspirou.

- Percy quando o bebê nascer eu vou embora, vou mudar de país e você não vai me encontrar.

- Tudo bem.

- Você não tem nem um pouco de amor por nós?

- Quer que eu seja sincero?

- Por favor.

- Como você espera que eu ame uma garota que mentiu pra mim dizendo que o filho do Luke é meu?

- Quê? Filho do Luke? Tá doido?

- Não precisa mais mentir, Ash.

- Eu nunca menti! O filho é seu!

- Não é isso que a Meredith e a Rachelle andam dizendo. – Percy atirou se sentando no sofá.

- E desde quando você acredita nelas?

- Me dê uma prova que elas estão erradas.

Ashley se levantou um tanto quando desesperada e se sentou ao lado de Percy.

- Percy, por favor, você acha que eu mentiria pra você?

- Não sei Ash.

- Percy olha bem pra mim. – Ashley pediu virando o rosto de Percy em sua direção. - Eu nunca mentiria pra você sobre uma coisa dessas. Eu te amo.

- Ashley, não diz que você me ama porque você não me ama.

- Você acha que eu estou falando daquelas quatro noites? Não Percy. Eu te amo há pelo menos metade da minha vida. Nós estudamos juntos desde a primeira série e você nunca ligou pra mim!

- Ash, me desculpa, mas eu não te amo. Eu gosto de você, te acho linda e inteligente, mas eu não te amo.

- Tudo bem, só me dá uma chance, fica comigo e eu vou te fazer me amar!

Percy pegou as mãos de Ashley.

- Não se humilhe. Você é mulher demais pra fazer esse papel.

Ashley o olhou destruída.

- Pelo nosso filho então.

- Não dá Ash. E me diz, porque você está correndo atrás de mim agora se quando você me contou que estava grávida, você disse que não queria nada

- Eu achava que poderia ficar bem “sozinha”, mas eu não posso. Eu sinto sua falta.

Percy suspirou pesadamente.

- Digamos que eu acredite que esse bebê é meu, se eu ficar com você e daqui a nove meses ele nascer loiro de olhos azuis? Não que ele deva nascer com olhos verdes, mas...

- Você ainda acha que eu estou mentindo pra você?

- Vou te confessar que está difícil de acreditar no contrário.

- Você está me ofendendo.

- Desculpa, mas se você acha que eu sou otário, deixa eu te avisar: de besta eu só tenho a cara.

- Percy para com isso! Olha o que você está dizendo!

Ash...

- Você não vai mesmo querer conhecer seu filho? – Ela perguntou a beira das lágrimas.

- Não.

Ashley se levantou agora aos prantos.

- Se um dia você se arrepender, e por um acaso me encontrar, saiba que seu filho vai te odiar com todas as forças! – a garota disse e caminhou até a porta o mais duramente que pôde.

- Ótimo. Cuide pessoalmente pra que isso aconteça então! – Percy gritou quando Ashley bateu a porta atrás de si.

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Annabeth estava sentada no restaurante do hotel de Thalia.

John havia pedido pra que ela o esperasse ali. Se John havia pedido pra falar com ela só podia ser sobre uma coisa: Kevin.

Annabeth estava com certo receio de ouvir o que o pai de Thalia tinha a dizer, mas já que ela começara com aquilo, iria terminar, seja lá qual fosse o final.

- E aí Annabeth, preparada pra ouvir a verdade? – John perguntou se sentando a frente da garota.

- Não muito, mas manda.

John riu.

- Na verdade é uma coisa simples, me admiro que o advogado de Kevin não tenha visto isso.

- Tio, o senhor vai me matar desse jeito.

John tornou a rir.

- Simples. Não fácil. Na verdade é só pedi rum último julgamento, eles vão ver que não existem provas concretas para manter John preso e pronto, ele volta a ser um homem livre.

Annabeth suspirou aliviada.

- E quanto tempo isso demora?

- Um ou dois anos, se tivermos sorte.

Os lábios de Annabeth se abriram em um perfeito “o”

- Isso não é lá tão rápido não é? – ela concluiu sarcástica.

- Mas calma, eu vou recorrer, tentar pedir o mais rápido possível.

- Então o senhor vai trabalhar de graça? Isso não é justo. Diga-me seu preço e sem reclamar.

- Não vou cobrar Sabidinha, não adianta me olhar assim. – John disse passando o dedo na ponta do nariz da garota.

Annabeth tentou chantagear John mais algumas vezes, mas não obteve sucesso. Acabou por agradecer e se despedir.

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Depois que Ashley saíra, Percy voltara pra cama com uma decisão começando a se formar em sua mente.

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Naquela manhã de quarta-feira Thalia não deu as caras, nem atendeu o celular. Alice só sabia que ela havia saído cedo e não disse pra onde iria.

Annabeth acabou indo à praia sozinha.

Mike havia ficado em casa, estava sentado no primeiro degrau da escada da porta da frente, fumando quando viu um casal conhecido se aproximar: Luke e Thalia.

Apesar do calor forte, Thalia usava uma blusa de moletom preto com as mangas dobradas em ¾ e as mãos no bolso da jeans customizada. Seu cabelo preto bagunçado pelo vento e ela parecia não se importar, assim como não parecia se importar com o rapaz ao seu lado já que seu olhar estava em alguma coisa muito a frente.

- Bom Luke, eu vou ficar por aqui. – Ela disse apontando para a casa de Mike. – Vou ver se a Annie está.

- Ok então. Nós vamos voltar a se ver? – Luke perguntou esperançoso.

- Não sei. Qualquer coisa eu te ligo antes de voltar pra casa.

Luke deu um sorriso tímido. Thalia acenou e adentrou o portão.

- Hey Mike. – Ela disse animada.

- Thalia.

- Como você está?

- Vivo. Você?

- Sobrevivi ao Luke. – Ela disse se sentando ao lado dele.

- Ele é tão ruim assim?

- Pior.

Os dois riram.

- Então porque você aceitou sair com ele?

- Não faço a menor idéia.

- A Annabeth começou assim.

- Eu sei, mas se fosse pra história da Annie se repetir comigo, você seria o candidato mais provável a Percy Jackson, não acha? Ela disse, as palavras saindo sem querer.

- Provavelmente. – Mike disse e a olhou.

Thalia corou ligeiramente.

- Hm. A Annie tá aí?

- Não.

- No Percy?

- Não.

- No clube?

- Também não.

- Desisto.

- Onde estamos?

- Na porta da sua casa?

- Tenta de novo. – Mike disse com um sorriso.

- Miami?

- Isso mesmo.

Thalia o olhou se perguntando que diabos Mike havia fumado.

- O que as pessoas mais gostam em Miami?

- A Annie foi à praia?

- Acertou.

- Precisou de tudo isso pra dizer que ela está na praia? Porque não disse um “Ela está na praia” de uma vez?

- Qual seria a graça?

- Você precisa relaxar. Quer? – Mike ofereceu seu cigarro.

- Não força.

- Você não está com calor?

- Não.

- Gótica.

- Finalmente alguém acertou. – Thalia disse com um sorriso brincando em seus lábios.

Então seus olhos se encontraram e eles ficaram em silencio alguns instantes.

- Sua maquiagem está escorrendo. – Mike disse de repente e passou o polegar no canto do olho de Thalia eliminando o delineador que ali escorria.

- Obrigada.

- Você alguma vez andou sem maquiagem?

- Só antes dos doze anos, por quê?

- Na boa, seus olhos são lindos... Não só seus olhos... Queria ver como eles ficariam sem esse monte de maquiagem em volta deles.

- Você, provavelmente nunca vai ver. – Thalia disse corada.

- Pena.

Thalia desviou o olhar.

- Porque você está corando?

- Você está me deixando assim.

Mike sorriu.

- Hã, avisa pra Annie que eu quero falar com ela, por favor? – Thalia pediu se levantando.

Mike imitou seu gesto.

- Aviso.

Thalia sorriu rapidamente e deu as costas.

- Thalia? – Mike chamou.

Daí pra frente, Thalia nunca soube realmente como aconteceu.

Ela se virou, Mike já estava próximo demais, a puxou pela cintura aparando seu impacto com o peito nu e a beijou.

Thalia resistiu no começo, mas logo suas mãos estavam puxando o rosto de Mike pra mais perto e suas línguas dançavam de uma forma calma e contínua ao contrário de ambas as mentes que trabalham rapidamente, tentando compreender o que se passava. Thalia tinha as pernas trêmulas devido o choque, provavelmente teria caído, mas os braços de Mike que circundavam sua cintura a mantinha verticalmente equilibrada.

Thalia quebrou o beijo quando sentiu que podia se equilibrar novamente.

- Você pode virar a mão na minha cara agora. – Mike disse.

- Não tenho porque fazer isso.

E sem nem retribuir o sorriso do rapaz, Thalia deu as costas se foi. O coração acelerado, a mente agora lenta e embaçada, os lábios vermelhos e inchados, o corpo inteiro tremia agora.

Logo que chegou no hotel tomou um frio e quando saiu do banheiro viu seu reflexo no espelho. Voltou para o cômodo e analisou o rosto limpo. Suspirou e sacudiu a cabeça.

- Não é hora pra isso, Thalia. Nunca vai ter hora pra isso. Para. – Ela murmurou pra si mesma.

No final da tarde, Annabeth apareceu no hotel.

- Mike me disse que você queria falar comigo. – Annabeth disse se jogando ao lado da amiga na cama.

- Não queria falar, só queria saber de você.

- Bom, você que viu o Mike antes de mim, pode me dizer o que deu nele?

- Como assim?

- Ele me abraçou quando eu cheguei, me beijou e disse que eu era uma benção na vida dele.

- Estranho.

- Falando nisso, você também está. Que aconteceu?

- Ah, tá bom! Eu confesso! Fui eu! Fui eu! – Thalia começou a exclamar se levantando da cama, andando de um lado pro outro do quarto.

- Que foi, Thalia? Que você fez, mulher?

- Eu... Eu... Eu... Ér...

- Fala logo!

- Eu... Eh... Eu... Ah, dane-se. – Ela murmurou pra si mesma. – Teu irmão me beijou. Pronto, falei.

Annabeth ficou sem reação por um momento. Não pelo fato de seu irmão ter beijado sua melhor amiga. Mas porque Mike beijou Thalia. Isso era algo que ela nunca poderia imaginar.

- What?! – Ela perguntou por fim.

- Não olha assim pra mim. Isso não é o pior!

- O que é pior?

- Eu gostei. – Thalia disse de um jeito culpado.

- Thalia, isso não é estranho e eu não vejo porque é o pior. Olha pra mim, eu transei com o Percy. Com o Percy!

- Annie, aí está o problema. Eu estou confusa agora.

- Você ficaria com ele de novo?

- Sim. Mas eu não quero.

- Resumindo a confusão da sua cabeça: Você quer.

- Não está ajudando.

- Relaxa, se até amanhã essa confusão não passar é porque você vai se apaixonar pelo Mike.

Thalia olhou assustada para Annabeth que começou a rir.

- Brincadeirinha.

Annabeth perguntou exatamente o que havia acontecido pra ter ocorrido o beijo, Thalia contou quase sem hesitar. Até que finalmente elas entraram no assunto da transa de Annabeth.

- Vou resumir tudo, tenho vergonha de falar disso!

- Qual é Annabeth, eu sou melhor amiga!

- Bom, primeiro nós conversamos um pouco aí ele começou a me beijar. Beijo vai, beijo vem eu acabei deitada na cama dele sem a blusa já. Pensei em parar, empurrar ele pra longe e tudo, afinal, era o Percy. Mas ele viu meu nervosismo e sussurrou “confia em mim” de um jeito tão tranqüilo e concreto que eu suspirei, fechei os olhos e foi!

- What? Qual é, Annie, detalhes! Eu quero detalhes!

Annabeth riu.

- Talvez outro dia. Tenho que ir. Percy quer falar comigo.

- Olha o que o amor me faz... – Thalia cantou enquanto a amiga saia do quarto.

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Annabeth encontrou Percy esperando por ela naquela sorveteria que eles tomaram Milk Shake uns dias atrás.

- Que isso? – Foi o cumprimento de Annabeth enquanto ela apontava para o envelope na mão de Percy.

- Um dia você me diz oi.

- Tenha fé. – Annabeth disse aos risos.

- Leia. – Percy disse entregando o tal envelope.

Annabeth desdobrou o papel, o cenho franzido de curiosidade.

- Baile no final de semana? – Ela perguntou ao final do convite.

- Sábado a noite pra se exato.

- Hm.

- Quer ir comigo?

- Adoraria. Mas não sabia que você era do tipo que ia a bailes escolares. – Annabeth disse surpresa.

- Não sou. Mas eu quero fazer alguma coisa legal na nossa última noite juntos.

-Marcado então.

- Te pego as oito.

- Que clichê.

- Te pego as sete e cinqüenta e nove então. Melhor?

Uma risada foi a resposta de Annabeth.