A notícia de que estavam esperando uma herdeira deixou as coisas ainda mais alegres. Yumii quis sair na mesma hora para fazer as encomendas, mas Seohyun e Jungkook conseguiram segurá-la. Hoseok queria contar sobre o primeiro mundo, mas não sabia se era uma boa decisão. Todos estavam focados na menina, que se chamaria Sunghee, e era importante que continuassem assim. Ao mesmo tempo, o fato de Chung Ho ser uma ameaça aos Kim e até mesmo a outras pessoas que tinha relação com os garotos o deixou preocupado, e ele decidiu contar ao líder, em particular, na sala do Juízo.

— Então, hyung, o que queria me contar.

— Moni… Eu vi o outro mundo.

— Ora, é uma habilidade sua, o que isso tem de mais?

— Tudo! Pra começar, Yonseo me ouviu.

— Yonseo? Aquela filha da… — Namjoon olhou para Hoseok que fez uma careta. — Da mãe do Tae. — Disse ele, meio incomodado.

— Ah… Por que você queria xingar a garota?

— Porque ela é uma ignorante.

— Você sabe que o Tae só tem asas por causa dela, não sabe? Ela o perdoou.

— Então é uma mentirosa, além de ignorante. Ela me disse que nunca o perdoaria.

— Releva, Nam. Pensa no que ela passou. Ela não estava num momento fácil.

— Tá — disse Namjoon, como se o assunto o estivesse aborrecendo levemente. — Você dizia que…

— Ela me ouviu. É uma médium. E reagiu muito bem, então deve ter interagido muito com este mundo.

— E o Tae não sabia?

— Não. A primeira vez que ela interagiu foi quando a mãe falou com ela. A mãe a fez prometer que não diria ao Tae, nem ao pai. O Tae era uma criança, poderia não acreditar, ou poderia querer falar com a mãe também, mas nunca conseguiria. De qualquer forma, seria ruim. Elas se falam poucas vezes por ano, hoje em dia.

— Ela já falou com o pai?

— Não. Pra ela ter contato a pessoa precisa procurá-la. Como ela não fala com a mãe há um certo tempo, ela acha que a mãe ainda não sabe que os dois morreram.

— Ela falou alguma coisa sobre o Tae?

— Ela se sente mal por ele.

— Só isso?

— Calma, Namjoon. Não precisa disso. Ela acha… Que poderia tê-lo salvado. Mas sabe que não poderia ter agido de modo diferente, porque aquilo a abalou completamente. Nam, o Tae matou o pai na frente dela!

— Para protegê-la!

— Sim, mas ela não conseguia ver dessa forma. Enfim, essa discussão não vai mudar nada. Vamos focar no que é importante.

— Tá. O que essa garota tem de importante?

— Pare de agir assim.

— Só fiz uma pergunta.

— Por enquanto, nada. Mas ela pode ser uma forma de agirmos no primeiro mundo.

— Hum… Tá, isso é interessante, mas por que iríamos agir? Estamos todos aqui.

— Você não deixou ninguém que importe pra você?

Namjoon pensou nos Park. Sua última conversa havia sido devastadora. Eles não acreditaram nele, mas Namjoom sabia que não podia culpá-los. Não havia como acreditar em alguém usando camisa de força.

— Não tinha uma boa relação com a minha família. Mas os últimos meses me proporcionaram conhecer duas pessoas que fizeram mais por mim do que minha família inteira.

— Os Park — adivinhou Hoseok, com uma expressão de nostalgia.

— Sim. Mas não sei o que posso fazer por eles. O que Yonseo pode fazer por eles?

— Nam… De todas as pessoas desta casa, você é o que mais sabe disso: existe uma pessoa má no primeiro mundo, alguém que nos odeia e que foi capaz de tudo para nos matar. Será que foi suficiente? Será que ele não pode querer prejudicar as pessoas que deixamos para trás?

Namjoon bateu na mesa, com raiva.

— Droga. Você tá certo, hyung. Chung Ho acabou com a gente, mas pode fazer muito mais agora que não estamos no caminho dele. Os Park podem estar em perigo.

— Os Park, os Kim, os Jeon… O meu pai, por mais que esteja em Gwangju. Yonseo. Até sua família, mesmo que não se importe, e o mesmo para Yoongi.

— Mas que merda, Hoseok! Isso não devia acontecer!

— Não. Ele devia estar preso.

— Claro. Ele me matou. E a mentira dele matou Jimin. Quem sabe o que mais ele fez?

— Alguém tem que descobrir. E não adianta que a gente descubra. Precisamos que o primeiro mundo saiba quem realmente é Chung Ho, precisamos que ele seja punido pela lei dos homens. A justiça chegará para ele quando vier, mas isso pode demorar muito tempo, tempo suficiente para ele aprontar todas. Isso não pode acontecer.

— O que está pensando?

— Estou pensando que Yonseo é a única pessoa que pode nos ajudar a tirar todos que amamos da zona de perigo.

— Tá. Vou tentar ignorar minha aversão.

— Tá parecendo o Yoongi Hyung com a Yumii.

— Aish, não fala assim. Seja lá o que for fazer, faça logo. Não conte tudo a ela, ela precisa descobrir algumas coisas sozinha, ou vão acabar achando que ela tem alguma culpa, por saber demais. E mantenha sigilo, peça a Jimin o mesmo. Não podemos deixar que os outros se estressem, estamos esperando um bebê.

—Yonseo.

— Aigoo! Você me assustou, Jung.

— Lembra quando me ofereceu ajuda?

— Sim, eu lembro.

— Temos uma missão para você. Você aceitaria investigar uma pessoa para nós?

— Nós quem?

— Eu e alguns dos meus amigos. Queremos que a pessoa responsável por nossas mortes seja presa.

— A pessoa... Responsável pela morte de vocês? Não sabia que existia um culpado.

— Na verdade, existe. É uma longa história.

— Por que vocês se preocupam com isso, Jung? Vocês são o Juízo. A justiça será feita no mundo de vocês, de qualquer jeito.

— Não se trata apenas de fazer justiça. Queremos... Proteger algumas pessoas.

— Se é assim, então eu aceito.

— Ela aceitou — disse Hoseok para Namjoon e Jimin, que estavam na sala com ele, mas não podiam vê-la nem ouvi-la. Eles sorriram levemente. — Ok, Yonseo. Você vai receber várias informações agora. Preciso que anote.

Em alguns segundos, Yonseo arrumou um caderno e uma caneta.

— Vamos por partes. Primeiro você precisa conhecer a história e as pessoas envolvidas.

Mais tarde, Yonseo montou um quadro com post-its que continham as informações que recebera.

Kim Seokjin – Primeira suposta morte. Afogamento em carro. Ficou em coma e foi ocultado por Chung Ho. A casa de Seokjin possui um grande acervo de memórias fotográficas e visuais. Os pais de Seokjin são as pessoas que correm perigo. Evitar contato com eles por enquanto.

Kim Chung Ho – Tio de Seokjin. Ele ocultou o sobrinho dos amigos. Gerou o efeito bola de neve. Tomar cuidado. Evitar que ele saiba de minha existência.

Park Jimin – Aquele que sabe a verdade. Primeiro a morrer. Hipotermia em banheira. Visitar os pais de Jimin.

Jung Hoseok – Aquele que fala comigo. Segundo a morrer. Overdose. A família vive em Jeolla.

Jeon Jungkook – Terceiro a morrer. Atropelamento. Consultar os pais de Jungkook caso convenha.

Min Yoongi – Quarto a morrer. Incêndio.

Kim Taehyung – Quinto a morrer. Queda em água e afogamento, após surto de esquizofrenia.

Kim Namjoom – Aquele que lidera. Sexto a morrer. Cadeira elétrica. Chung Ho foi diretamente responsável por sua morte. O caso de Namjoom pode ser a chave para muitas coisas.

Kim Seokjin – Sétimo a morrer. Afogamento em carro após acordar do coma e ter um surto de esquizofrenia.

Oh Sehun – Médico. Trabalha no mesmo hospital que Chung Ho. Cuidou de Hoseok e de Namjoom. Conhece parte da história. Ligar para Sehun.