Sam estava colocando suas coisas no Impala, quando Prue se aproximou. Ele apontou com a cabeça em direção ao quarto, e ela esforçou um sorriso e entrou.

— Sam, você viu... – Dean parou de falar ao vê-la.

— Oi.

Eles ficaram calados por um tempo, sem saber o que dizer. A situação era estranha demais e, Prue não sabia o que se passava na cabeça do Dean.

— Eu queria agradecer por te me ajudado. – ela sorriu e foi em direção a porta.

— Não, espera. – Dean a impediu de sair.

— O que?! Sério que quer que eu fique? Mesmo sabendo o que eu sou?

Prue só queira ir embora, ela podia se forte pra enfrentar qualquer coisa, mas aquela situação era demais pra ela

— Posso falar?

Prue o olhou, repetindo varias vezes em sua cabeça “Péssima ideia ter vindo, péssima ideia ter vindo!”

— Dean, foi uma péssima ideia eu ter vindo, você tem sérios problemas comigo. Eu sou bruxa e você caçador. Você deixou bem claro o que pensa de mim. Eu só vim agradecer por ter me ajudado, mesmo que tenha sido obrigado pelo Sam.

— Eu não fui obrigado pelo Sam. – ele deu de ombros. – Eu realmente queria acertar as coisas.

— Quem é você? E o que fez com o Dean?

— Eu confesso que não recebi a notícia muito bem, e...

— Não recebeu muito bem? – foi irônica. – Dean você apontou uma arma pra mim!

— Me desculpe por aquilo. – ele sorriu fraco. – Fiquei de cabeça quente e eu não entendia que pudesse ter bruxas boas.

Prue o olhou surpresa. Aquele era mesmo o Dean falando?

— E agora entende?

— Estou tentando. – confessou. – Será que podemos começar de novo?

Quando Dean sorriu abertamente, ela não conseguiu negar aquele pedido. Na verdade, ela já o tinha desculpado por todas as palavras, e estava irritada com ela mesma por isso. Mas não conseguiria deixá-lo partir sem resolver as coisas.

— Tudo bem. – ela sorriu. – Podemos começar de novo.

Eles saíram do quarto rindo de quando ela se transformou em três. Sam olhou para seu irmão e sua amiga, estranhando o jeito descontraído que eles estavam.

— Fizeram as pazes?

— Pode se dizer que sim.

— Então vai voltar a caçar com a gente? – Sam perguntou.

— Não sei se vai ser uma boa ideia e...

— Acho que vai ser legal. – Dean a olhou sorrindo.

— Vai ser bom tê-la de volta a estrada.

— Está bem! Mas por pouco tempo. – Prue sorriu abertamente.

***

Dias depois...

Sam e Prue estavam sentados a uma mesa de um bar, enquanto Dean estava flertando com uma mulher alta de cabelos castanhos claros, com roupas que Prue a nunca usaria. Há não ser que ela tivesse perdido completamente o senso do ridículo, mas sua irmã Phoebe a mataria antes disso.

— Como você aguenta isso Sam?

— Você se acostuma. – ele riu. – Não me fala que está com ciúmes?

— Nossa e como! – ela sorriu irônica. – Só acho que ficarmos aqui, enquanto o Dean flerta com a metade das pessoas que usam saia no bar é um desperdício. Eu poderia estar dormindo.

— Ele é assim mesmo. – Sam voltou a sua atenção para o jornal.

— O que tanto lê nesse jornal?

— Acho que descobri uma coisa. – Dean se aproximou da mesa.

— O que? Ela na verdade é ele?! – Prue riu, tomando sua cerveja.

— A propósito ela tem uma amiga. – Dean a ignorou, voltando sua atenção para o irmão.

— Não, Dean. Eu sei arranjar garotas. – Sam disse o olhando.

— Sabe, mas não arranja.

— O que quer dizer com isso?

— Há uma garota na mesa! – Prue chamou a atenção. – Obrigada!

E antes que o Dean voltasse a falar de “pegar mulheres” ela mudou de assunto, perguntando a Sam o que tanto ele lia no jornal, desde que eles chegaram ao bar.

— Mark e Ann Telesca, de New Paltz, Nova York, foram encontrados mortos em casa há dias. Gargantas cortadas. Nada de digitais, ou armas.

— Pode ser um assassinato normal, não da nossa área. – Dean tomou sua cerveja.

— Não é o que papai diz.

— Como assim?

— Veja. Ele fez anotações de três mortes na mesma área, em Nova York. – Sam virou o diário do pai para eles.

— O primeiro foi em 1912, o segundo em 1945 e o terceiro em 1970, do mesmo modo que os Telesca. Gargantas cortadas, as casas trancadas por dentro. – Prue disse lendo o diário.

— Passou um tempo entre as mortes. Só o papai viu o padrão. – Sam completou.

— Certo, vale a pena checar. Mas não podemos fazer nada até amanhã, certo?

— Sim. Dean.

— Ótimo. – ele foi em direção à mesma garota de antes.

Prue respirou profundamente e, tentou não demonstrar a frustração que estava sentindo. Estava irritada consigo mesma por se sentir ciúmes. O que era extremamente patético já que eles eram apenas amigos.

— Sério Sam. Daqui a pouco vamos ver pornô ao vivo. – ela revirou os olhos. – Posso transformar seu irmão em um animal nojento?

Sam riu de sua amiga, sabia que ela sentia algo por seu irmão, mesmo que nunca admitisse isso. Como sabia que o Dean só estava fazendo isso para irritá-la. E como conhecia muito bem seu irmão, e já tinha percebido gênio forte da amiga, preferiu não se meter entre os dois.

***

New Paltz - Nova York

Dean estava de óculos escuros, dormindo no quarto, quando Prue e Sam voltaram da casa dos Telesca. Ela não resistiu e, usou seus poderes para tocar a buzina e ligar o som do carro. Dean acordou assustado, fazendo ela e Sam rirem da cara dele.

— Cara, isso não é legal. – Dean falou com sono.

— Se certas pessoas tivessem dormido a noite, não estaria com cara de zumbi. – a ruiva disse rindo, ao entrar no carro.

— A noite foi ótima, elas tinham uma...

— Sabe, não preciso de contos eróticos. Eu e Sam também nos divertimos muito.

— Como é?! – Dean se ajeitou no banco, tirando os óculos escuros.

— Então... – ela mudou de assunto. – A casa está limpa. Nenhum sinal sobrenatural lá dentro.

— E eu chequei o histórico da casa. – Sam disse tentando ficar sério. – Nada de assombrações nem crimes.

— Se não são as pessoas, nem a casa. Talvez seja algum objeto.

— A casa está limpa. Já disse isso. – a ruiva revirou os olhos. – Está vazia. Não tem mobília, nada.

— Meu palpite? – Prue disse mexendo em seu celular. – Devem ter ido para direto em um leilão. Pessoas ricas adoram essas coisas.

— Vamos começar a partir daí. – Sam disse ligando o carro.

***

Casa de leilão

— Parece mais um bota-fora requintado. – Dean disse olhando para os bens dos Telesca.

— Tem muitos objetos antigos aqui. Qualquer um pode ser um objeto amaldiçoado. – Sam disse olhando para um espelho antigo.

Prue estava olhando para um quadro se gosto duvidoso, onde tinha uma família pintada.

— Pois é. – ela concordou. – Aposto que poderia ser quadro horroroso. Isso é mais feio que a estatua da minha avó.

— Belo exemplo de arte primitiva americana, não acha? – uma mulher disse ao descer a escada.

— Diria que é mais Grant Wood do que Grandma Moses. – Sam disse sorrindo. Mas você sabia disso.

— Peço desculpas. Sou Sarah Blake. – ela sorriu.

— Sou Sam. Este é meu irmão, Dean, e minha amiga Prue.

— Posso ajudá-los? – Sarah perguntou sorrindo.

— Na verdade, sim. O que sabe sobre os bens dos Telesca? – Sam perguntou.

— Tudo foi horrível, se querem saber... Vender as coisas deles tão rápido, mas papai tem razão... As pessoas adoram sensacionalismo. Até as ricas.

Dean viu o segurança se aproximando deles, e arrumou um jeito de sair antes que fossem pegos.

— Obrigada, Sarah. Mas preciso do meu irmão.

***

Prue ainda estava perturbada com a pintura que tinha visto na casa de leilões, que nem se irritou pelo fato de só terem quartos com três camas disponíveis no motel.

— Esse quarto perturba minha cabeça. – ela soltou ao ver a decoração toda em prata ao estilo anos 70. Muito Austin Powers.

— Porque queria o inventário? – Dean perguntou sentando- se na cama.

— Para checarmos a história dos objetos, vermos se há algo estranho no passado.

— Não vamos conseguir nada com o cara, mas Sarah?!

— Talvez, eu consiga tirar as informações do pai dela. – Prue deu de ombros.

— Há há há... Não. – Dean se virou para o irmão.

— Quer que eu a use para obter informações.

— Às vezes, tem que se sacrificar pelo time. Ligue para ela.

— Ainda acho que seria mais fácil eu conseguir as informações com o pai dela. – Prue sentou-se no sofá.

— Talvez, mas Sarah gostou do Sam. Vamos usar isso!

***

Prue mais do que nunca quis sair correndo daquele quarto. Ela tinha desculpado o Dean, sem maiores sacrifícios. Mas não significava que queria ficar trancada em um quarto, com ele. Então tentando manter-se distraída, ela pegou seu notebook, e foi procurar sobre o quadro que tinha visto. Quando Dean sentou-se na cama ao lado e começou a limpar as armas.

— Sério?!

— Elas têm que ser limpas. – Dean sorriu irônico. – O que está fazendo?

— Pesquisa!

— Estou começando a achar que você é tão nerd, quanto meu irmão.

— Engraçadinho.

A ruiva voltou sua atenção para a pesquisa, quando a porta do quarto se abriu e, Sam entrou um pouco distraído.

— Conseguiu o inventário? – Dean perguntou.

— Sim, fomos ao apartamento dela, peguei os papéis...

— E?

— E nada. Só isso, eu saí.

— Não teve que fazer algum favor especial para ela?!

— Sabe Dean, nem todo mundo pensa só com a cabeça de baixo. – Prue revirou os olhos.

— Talvez ele esteja pensando demais com a cabeça de cima. – sorriu irônico. – Quando o caso acabar, nós podíamos ficar e, vocês saem de novo.

— Espera! – a ruiva disse olhando para o diário do John e para tela do computador. – Aquele quadro!

— Ainda perturbada com ele? – Sam perguntou.

— E com razão. O nome daquele quadro horroroso é "Retrato da família” de Isaiah Merchant, feito em 1910.

— E?! – Dean se aproximou da garota.

— Compare os nomes dos donos, com o diário do seu pai.

— "Comprado por Peter Simms em 1912." – ele leu a folha do diário.

— Peter Simms foi morto em 1912. A mesma coisa em 1945 e em 1970. – Prue o olhou. – O quadro estava guardado, até uma doação a um leilão beneficente, onde os Telesca o compraram.

— Acha que o quadro está amaldiçoado? – Sam perguntou surpreso.

— Acho! Eu sabia que ele era perturbador demais só pra uma simples pintura. – a ruiva se levantou e quase trombou com Dean.

***

Sam e Dean invadiram a Casa de Leilões, tiraram a pintura da molduram e foram se encontrar com a Prue. Ela estava esperando por eles em um terreno abandonado na rua debaixo da casa de leilões.

— Que coisa horrorosa. – ela deu de ombros.

— Estamos fazendo um favor à arte. – Dean sorriu, queimando a pintura.

No dia seguinte, Sam e Prue estavam arrumando suas coisas para voltar a estrada, enquanto Dean andava de um lado para o outro no quarto.

— Perdeu alguma coisa? – a ruiva perguntou.

— Perdi minha carteira. Acho que a perdi no depósito ontem.

— Está brincando? – Sam olhou surpreso para o irmão.

— Não. Tem minhas digitais, identidades falsas. temos que pegá-la, antes que a achem. Vamos. – Dean disse vestindo sua jaqueta.

***

— O que fazem aqui? – Sarah parecia surpresa ao vê-los.

— Nós... Vamos embora. E queríamos nos despedir. – Sam sorriu.

— Pensei que ficaria mais tempo.

— Que isso, vamos ficar por mais um ou dois dias. – Dean se aproximou do irmão. – Sam, a propósito, aqui está os 20 dólares que lhe devo. – pegou o dinheiro em sua carteira, e o irmão respirou aliviado. – Bem, vou deixá-los a sós. A Prue está me esperando lá fora.

Quando ele entrou no carro, a primeira coisa que a Prue perguntou foi se ele tinha achado a carteira dele. E quando perguntou pelo Sam, ele disse que queria que o irmão aproveitasse um pouco.

— Legal da sua parte. – ela sorriu.

— O que?! Mudou de ideia? – Dean a olhou.

— Não. Só acho que o Sam gostou mesmo da Sarah.

— Nós vamos continuar na cidade! – Sam disse ao entrar no carro.

— Por quê? – Prue perguntou.

— O quadro está inteiro!

— Como é?! – Dean soltou surpreso. – Nós o queimamos ontem. Como pode estar inteiro?! Está bem, precisamos de outra forma de nos livrarmos dele. Idéias?

— Certo. Segundo a tradição dos quadros amaldiçoados o sujeito do retrato é quem amaldiçoa. – a ruiva se ajeitou no banco.

— Precisamos descobrir tudo sobre a família assustadora no quadro aterrorizante. – Sam deu de ombros.

Eles foram até uma biblioteca local, e acabaram descobrindo que Isaiah Merchant cortou a garganta dos filhos, e depois da mulher e a dele. E os corpos foram todos cremados. Eles voltaram para o motel, pensar em um jeito de acabar definitivamente com o quarto aterrorizante.

— Estou dizendo, tenho certeza. – Prue disse olhando para uma foto antiga do quadro. – No quadro da casa de leilões, ele olha para baixo. Neste aqui, ele olha para frente. A pintura mudou.

— Acha que o querido papai está no quadro, matando os outros, como a família dele? – Dean perguntou.

— É o que parece.

— Mas se os ossos já foram queimados, como vamos impedi-lo? – Sam perguntou. – Se a posição de Isaiah mudou, talvez outras coisas tenham mudado.

— Temos que entrar lá e ver o quadro. Então precisa ligar para Sarah. – Dean deitou-se na cama.

Sam ligou para Sarah e acabou falando que o quadro tinha sido vendido, a uma senhora chamada Evelyn. Quando eles chegaram ao endereço, Sarah já estava esperando por eles.

— Sam, o que houve?

— Eu avisei para não vir.

— Evelyn é minha amiga.

Ao ver Dean tentando abrir a porta, Pue o olhou, como se falasse que ela podia usar seus poderes pra isso.

— Nem pensar! – ele disse sério e olhou para Sarah.

— Mas eu...

— Muita informação pra ela. – ele disse conseguindo abrir a porta.

Quando eles entraram na casa à senhora Evelyn estava morta, sua garganta estava cortada.

***

Prue e Dean estavam pesquisando no notebook, quando Sam abriu a porta e uma Sarah muito irritada entrou dizendo que queria saber exatamente o que tinha acontecido na noite anterior.

— Sarah, sei que é loucura... mas achamos que o quadro é mal-assombrado.

— É brincadeira?

— Não é.

— Puxa! Eu saio com cada um!

— Bem vinda ao clube. – Prue sorriu fraco.

— Sarah, pense bem. – Sam disse. – Evelyn e o casal Telesca tinham o quadro. Houve outros. Pessoas ligadas ao quadro morrem.

— Estamos tentando detê-lo. – Dean disse.

— Então é melhor me mostrarem. Vou com vocês.

Dean e Prue saíram pra procurar o mausoléu "Merchant." Enquanto Sam ficou no quarto, contando os detalhes do plano para Sarah.

— O que você quis dizer sobre os caras que você sai? – Dean perguntou ao parar o carro na porta do cemitério.

— Nada demais, só que não foram caras legais. – ela deu de ombro e saiu do carro.

— Então quer dizer que é sentimentalmente frustrada?

— Não. Quer dizer que caras podem ser imbecis quando querem e, não perceber a sua volta. – ela revirou os olhos. – Vamos nos concentrar no caso?

— Este é o terceiro cemitério que visitamos. – Dean soltou indignado.

— E o ganhador também. – Prue apontou para o mausoléu da família Merchant. – Isso aí é a coisa mais assustadora que já vi. – apontou para uma boneca em uma redoma de vidro, perto da cripta.

Eles voltaram para o motel, contaram o que tinha descoberto e resolveram se separar. Dean e Prue voltaram para o cemitério, enquanto Sam e Sarah foram para a casa da Senhora Evelyn.

— O que temos que matar pra conseguir acabar com isso? – Prue olhou para todos os cantos, dentro mausoléu

— Espera. – Dean disse pegando o celular. – Que Sam? Que menina?

A ruiva o olhou e, ele colocou a ligação na viva-voz.

— Ela pode ser a culpada. – Sam disse.

— Como acabaremos com ela?— Prue perguntou e tudo estava em completo silêncio.

— Sammy. Tudo bem?— Dean soltou preocupado.

— Sim, por agora.

— Sam, Não há nada para queimar.

— Gente a Sarah disse que a boneca pode ter o cabelo da menina.

— Restos humanos. Como ossos.— Dean completou.

Prue não pensou duas vezes, e usou seus poderes quebrando redoma de vidro. Dean pegou a boneca, se isqueiro e a queimou. Depois que a maldição tinha se acabado, Dean acabou descobrindo que a filha adotiva, Melanie matou Isaiah e o resto da família. Isaiah levou a culpa e, seu espírito tentou avisar desde então.

Dois dias depois...

Sam estava contando a Prue, sobre como tinha sido seu encontro com Sarah, quando Dean entrou no quarto, jogou suas coisas dentro da mala...

— Temos que ir embora agora.

— Como é? – Sam perguntou sem entender. – Por quê?

— Acabei de falar com uma velha amiga, o pai dela foi morto ontem à noite e ela acha que pode ser um dos nossos.

— Como pode ter certeza disso? – Prue perguntou.

— Acredite, ela não ligaria nunca, se não precisasse mesmo da nossa ajuda. – Dean pegou suas malas e saiu do quarto.