Bruxas e Caçadores

O espírito que gostava de loiras


São Francisco – Califórnia

Dean estava terminando de arrumar o Impala, então até lá, ele e seu irmão ficariam na casa das Halliwell. Aproveitando que estavam tendo meio que “férias do trabalho”, Prue acabou aceitando ir ao cinema com suas irmãs. Phoebe estava louca para ver um novo romance que tinha chegado a pouco nos cinemas.

Era por volta das oito da noite, e as irmãs estavam na fila do cinema Foreign. Phoebe estava falando animada sobre o filme, quando uma moça loira que trabalhava no cinema, esbarrou nela. Phoebe a olhou a assustada quando voltou de uma visão.

— Desculpa.

— Tudo bem. – Phoebe sorriu fraco, lendo o nome no crachá. – Temos que ir embora.

— O que? Por quê? – Piper perguntou seguindo as irmãs.

— Tive uma visão com aquela garota. – ela se virou para irmãs.

— Por favor, me diga que foi uma visão boa. Tipo ela brincando com gatos. – Prue suspirou. – Eu realmente quero essas férias.

— Sinto muito, mana. Mas a visão foi coisa séria.

***

Dean, Sam e Leo estavam assistindo a um jogo na TV, quando as Halliwell entraram na sala.

— Não estavam vendo um filme no cinema? – Sam perguntou.

— Era. – Prue bufou, sentando ao lado de Dean. – Mas Phoebe teve uma visão.

— Eu vi uma das moças que trabalham no cinema, sumi de seu próprio apartamento.

— Eu ainda acho que é aquele tipo de visão que nunca acontece. – Piper suspirou.

Quando Dean trocou de canal, estava começando um noticiário da noite. E para surpresa de todos, a primeira noticia, foi justamente de uma mulher que sumiu de seu apartamento.

“A polícia não acredita ser um sequestro, já que a porta estava trancada e o alarme não estava acionado. Eles acham que Rebecca, saiu de casa por vontade própria.”

— Quem fugiria da própria casa por vontade própria? – Phoebe perguntou.

— Uma pessoa maluca. – Dean deu de ombros.

***

Dois dias depois...

Dean e Sam estavam tomando café da manhã, vendo o noticiário que passava na TV, quando as Halliwell entraram na cozinha. E no momento que passou a fachada do cinema Foreign, Phoebe aumentou o volume.

“Emma era um funcionaria exemplar. Nunca faltava ao trabalho e todas aqui gostavam muito dela. – dizia a gerente do cinema.”

“A polícia não acredita se tratar do mesmo caso de Rebecca, saiu de casa por vontade própria.”

“Eu conheço a Emma, somos melhores amigas. Ela nunca faria isso! Ela ia se casar em dois meses. – dizia outra funcionaria do cinema.”

— Eu disse que minha visão era séria. – Phoebe desligou a TV.

— Pode ser coincidência. – Piper disse.

— No mesmo prédio? – Prue disse. – Vou se obrigada a concordar com a Phoebs, tem algo errado nisso.

— Acho que devemos pesquisar. – Sam disse abrindo seu notebook.

***

— Elas não foram às primeiras. – Sam disse. – Nos últimos 80 anos, seis mulheres sumiram.

— No mesmo prédio? – Prue perguntou.

— No mesmo prédio.

— E a policia não achou um padrão? – Dean perguntou.

— Não. Todas do mesmo prédio, todas jovens loiras e solteiras. – Sam olhou para o irmão. – Os desaparecimentos acorrem a cada uma ou duas décadas

— Ou nós lidamos com um serial killer muito idoso ou um fantasma da arca de Noé. – Prue apoiou sua cabeça em seus braços sobre a mesa.

— Então temos que visitar esse prédio, e descobrir o que é que está rolando. – Dean disse, levantando-se da mesa.

***

Sam apontou o detector eletromagnético para uma das paredes de um dos apartamentos, e o barulho ficou mais intenso.

— O que é isso? – Prue perguntou, olhando para um liquido preto que parecia graxa, que estava saindo de um das tomadas.

— Eu já vi isso antes. – Dean disse pegando um pouco do liquido preto. – É ectoplasma. Acho que já sei o que temos aqui... É o caso do homem Marshmallow.

— Dean, eu só encontrei um caso assim duas vezes. Pra fazer uma coisa assim, tem que ser um espírito muito irado. – Sam olhou surpreso para o irmão.

— Tá bom. Então, vamos procurar a história do prédio e descobrir o que está acontecendo.

Quando eles chegaram à portaria do prédio, deram de cara com Jo conversando com um cara que parecia ser um dos moradores do lugar.

— É, eu gostei, minha amiga disse que eu tinha que vir aqui para ver.

— O que você está fazendo aqui? – Dean perguntou surpreso.

— Amor, você chegou. – Jo o abraçou. Esse é o meu namorado, Dean. E o amigo dele, Sam. E aquela é uma amiga deles.

Prue olhou surpresa, ela já estava perdendo a paciência com aquela garota.

— Pois é... Eu adorei. Muito amplo. – Dean disse sem jeito, vendo como Prue estava olhando para eles.

— Como você entrou? – o cara perguntou.

— Estava aberto.

— Bom... o Dean gosta, é o que basta pra mim. Ficamos com ele. – Jo disse tirando um bolo de dinheiro de sua bolsa.

— Não seja precipitada. Vamos conversar melhor. – Dean a fez guardar o dinheiro.

— Ok, eu espero a ligação de vocês. – o cara disse subindo a escada.

— Vamos embora. – Dean disse pegando no braço da garota.

***

Jo tinha espalhado vários papeis na mesa da cozinha, na casa das Halliwell. Enquanto a garota contava tudo o que tinha descoberto, Prue estava calada, encostada no batente da porta, olhando tudo.

— Quem organizou tudo isso? Ash? – Dean perguntou, olhando os papeis.

— Não. Fui eu. – ela disse como se fosse óbvio.

— Tenho que admitir. – Sam sorriu. – Fez um bom trabalho.

— Sua mãe pelo menos sabe que você está aqui? – Prue perguntou quebrando o silêncio.

— Eu disse a ela que estava indo para Vegas.

— E acha mesmo que ela acreditou?

— Eu não sou idiota. Mandei Ash fazer uma trilha de cartões pelos cassinos.

— Claro que fez! – Prue foi irônica.

Foi nessa hora que o celular de Dean, começou a tocar em cima da mesa. Quando ele disse que era Hellen que estava falando com ele, Jo implorou que ele não dissesse nada a sua mãe.

Não está aqui não.

Tem certeza? — Hellen perguntou, ela não acreditou nem por um minuto no que ele estava falando.

Tenho, absoluta.

Por favor, se ela aparecer a traga de volta direto pra casa, entendeu?

Com certeza.

Quando Phoebe e Piper chegaram em casa, escutaram vozes na cozinha, e ao chegar lá deram de cara com uma garota que nunca tinham visto na vida.

— Quem é a garota? – Phoebe perguntou.

— Jo, filha de uma amiga nossa. – Sam respondeu.

— Na verdade a garota fugiu de casa, porque achou que era legal a vida de caça. – Prue respondeu irônica.

— Parece até alguém que eu conheço. – Piper riu para irmã mais nova.

— Então, o que descobriram? – Phoebe perguntou, pegando uma fruta.

Sam contou o que eles tinham descoberto no apartamento, e disse que foi quando encontram Jo tentando alugar um apartamento no prédio.

— Bom... O prédio é de 1924. Primeiro foi um armazém e logo depois foi convertido em prédio.

— E o que era antes de 1924? – Piper perguntou, andando de um lado para o outro da cozinha.

— Nada. Terreno baldio. – Dean disse dando de ombros.

— A hipótese mais provável é que alguém teve uma morte sangrenta no prédio. E agora, voltou para infernizar. – Sam disse olhando alguns papéis.

— Eu já olhei os últimos oitenta anos, nenhuma morte violenta. A não ser o faxineiro que escorregou. – Jo disse.

— Você olhou os relatórios policiais e os registros de óbitos? – Phoebe parou de andar, e encarou a garota.

— Obituários, registros de mortuários e mais sete fontes. Eu sei o que eu faço.

— Claro que sabe! – Prue a soltou, irônica.

— Beleza, então... Deve ser outra coisa. Talvez um objeto amaldiçoado que trouxe o espírito. – Sam disse cansado.

— Nós temos que investigar o prédio todo. – Phoebe disse séria.

— Ótimo! Então alugamos aquele apartamento e...

— Calma aí garota! – Prue se levantou. – Isso não é viagem de formatura! Se você quer participar dessa caçada, você vai ficar na sua e fazer do nosso jeito. Caso contrário, eu ligo pra sua mãe, agora mesmo!

Dean sorriu a olhando, e completou...

— Vamos de madrugada, assim vai ser mais fácil.

— Enquanto isso, você fica na sua. – Prue esforçou um sorriso, e saiu da cozinha.

— Gosto quando você banca a autoritária! – Dean disse ao se aproximar da ruiva.

— Alguém tinha que dar um choque de realidade na garota. – ela riu. – Vem comigo, ver se tem algo no Livro?

Dean sorriu e a seguiu até o sótão.

***

Já no prédio, eles se separaram para andar mais rápido. Sam e Jo ficaram com o primeiro andar. Dean e Phoebe com o segundo, e Piper e Prue com o ultimo andar.

No ultimo andar:

— Porque não quis ir com Dean? – Piper perguntou a irmã.

— Sabe, eu não preciso ficar vinte e quatro horas grudada nele. – Prue deu de ombros.

— Sei que está com ciúmes por conta da garota.

— Piper, não seja ridícula. Ela é apenas uma garota que tem uma queda pelo Dean.

— E isso não é ciúmes? Você quase entregou a garota pra mãe dela.

— Não é ciúmes, eu só não quero ser responsável por nada que acontecer aquela garota. Só isso. – Prue esforçou um sorriso, e voltou a andar.

No primeiro andar:

— Então a Prue e o Dean estão juntos? – Jo perguntou.

— Sim.

— Parece que eles brigam bastante, né?

Sam parou de andar e olhou pra garota.

— Eles são assim. Mas se gostam, então é melhor não se meter no meio dos dois.

No Segundo andar:

— Dean, você é devagar mesmo pra entender essas coisas, credo! A Jo está caidinha por você, e está usando isso porque percebeu que a minha irmã está com você. Então o perigo não é pra você e sim pra ela.

— Foi por isso que ela não quis vir comigo?

— Aprendeu né! – Phoebe riu. – Ela esta com raiva, mas não de você. Acredite, deixe a raiva de minha irmã passar.

Dean sorriu, e do nada parou de andar...

— Está sentindo esse cheiro?

— Tô, mas não sei dizer do que é.

Duas horas mais tarde, eles voltaram para o casão, frustrados por não terem achado nada naquele prédio, há não ser um tufo de cabelo que Piper achou. Todos estavam exaustos e apagaram assim que caíram na cama.

***

Dean acordou e notou que Prue não estava ao seu lado na cama. Ao chegar à cozinha, viu todos lá menos a ruiva.

— Cadê a Prue?

— Ela voltou ao prédio. – Phoebe disse. – Achei esse bilhete na cozinha.

— Oi gente. – Prue disse ao entrar na cozinha. – Que foi?

— Porque esse sorriso todo? – Dean perguntou irônico.

— Outra garota sumiu. E um policial simpático me ajudou bastante.

— Você deveria está atrás das informações e não paquerando. – Dean bufou.

— Quem foi que disse que não tenho informações?! – ela deu de ombros. – E eu não estava paquerando. O policial tem idade pra ser meu pai, eu só disse que ele era simpático. – riu. Ela estava adorando ver à reação dele e, não resistiu em fazer essa brincadeira. No fundo seu ego era massageado com os ciúmes de Dean.

— Então o que achou? – Jo perguntou revirando os olhos.

— Theresa Ellis, apartamento 2-F. O namorado disse que ela sumiu de madrugada.

— E o apartamento? – Dean perguntou.

— Do mesmo jeito que os das outras vitimas.

— Com isso e o com o tufo de cabelo que achamos na noite passada, eu diria que o maldito sai pela parede. – Piper concluiu.

— Mas quem é ele? A história do edifício não diz nada. – Jo disse bufando.

— Acho que estamos olhando no lugar errado. – Prue disse pegando uma fotografia da fachada do prédio. – Webster Mudgett?

— O que tem? – Sam perguntou a olhando.

— O nome desse prédio. Eu já o ouvi antes. – a ruiva disse pegando seu notbook. – Acho que encontrei o culpado.

— Como? – Dean a olhou.

— Webster Mudgett é o sobrenome de Herman.

— De novo, o que? – Piper perguntou, cruzando os braços.

— H. H. Holmes. – a ruiva disse.

— Só pode estar brincando. – Dean soltou irônico.

— Não, Holmes foi executado em Moyamensing na Philadelphia em maio de 1896.

— H. H. Holmes em pessoa? – Sam disse sorrindo. – Qual a chance disso acontecer?

— Quem é esse cara? – Jo perguntou.

— O termo, assassino múltiplo foi inventado para descrever Holmes. Ele foi o primeiro serial killer da América, antes mesmo de se saber o que era um serial killer. – Piper respondeu.

— É. Ele confessou 27 homicídios, mas dizem que no total podem passar de 100. – Sam completou. – As suas vítimas preferidas? Loiras, pequenas e bonitas.

— Ele usava clorofórmio nelas. O cheiro que senti no corredor ontem à noite. – Dean disse.

— É só achar os ossos, salgar e queimar, não é? – Jo perguntou confusa.

— Não vai ser fácil assim. O corpo foi cremado e enterrado na cidade debaixo de toneladas de concreto. – Prue ajeitou seus cabelos.

— Tá de brincadeira, né? – Piper soltou irritada.

— Se ele foi cremado e enterrado na Philadelphia, como pode atacar mulher aqui? Espíritos não viajam tanto. – Dean disse andando de um lado para o outro.

— Ai é que entra a coisa interessante. – Prue disse. – A família dele não quis continuar na Philadelphia, eles se mudaram pra cá com medo de serem caçados pela população. Compram um terreno e construíram aquele prédio. E os pais trouxeram junto deles, uma roupa de seu amado filho. Hoje essa roupa se encontra no museu principal da cidade.

— Precisamos de ferramentas para derrubar paredes grossas o bastante para esconder uma moça. – Dean disse levantando. – E ir até esse museu.

***

Era por volta das dez da noite, quando Prue e Dean conseguiram entrar no museu.

— O que está fazendo?

— Avisando que conseguimos entrar no museu. – Prue deu de ombros, e guardou o celular. – Onde está essa maldita roupa?!

— Maravilha! – Dean bufou apontando para uma caixa de vidro, onde estava a peça de roupa de H. H. Holmes. – Como vamos tirar essa roupa daqui, sem que os seguranças nos peguem?

A ruiva olhava para todos os lados do museu, pensando em um jeito de conseguir aquela roupa, quando teve uma ideia. Bem, ela não sabia se daria certo, mas não custaria tentar.

— Acho que sei como! Mas envolve meus poderes.

— Tá maluca? Eu desliguei as câmeras de segurança, mas mesmo assim...

— Dean, você tem uma ideia melhor? Porque se quebrarmos a caixa de vidro, todos os seguranças vão aparecer.

— Ok! Vamos seguir essa ideia maluca. – Dean disse a seguindo.

Eles estavam no meio do corredor do, quando Sam mandou uma mensagem para o irmão dizendo que o espírito tinha pegado a Jo.

— O que aconteceu? – Prue perguntou parando de andar.

— Ele pegou a Jo.

— Eu disse que ela ia se meter em encrenca! – a ruiva bufou. – Vamos pegar logo essa roupa, e salvar essa louca! – revirou os olhos e continuou a andar.

Prue parou de andar assim que chegou a uma porta. Ela conseguia ver perfeitamente a roupa de H. H. Holmes, de onde estava. Então se concentrou tentando chamar a roupa, mas nada aconteceu.

— Droga! – ela bufou. – Fica calado. – disse ao ver a cara que o Dean fez. – Eu só tenho que me concentrar mais.

Ela respirou profundamente, olhou para a roupa dentro da caixa de vidro e a chamou em pensamento. A roupa se mexeu um pouco, Prue ficou furiosa que não estava conseguindo fazer o que tinha que se feito, fechou os olhos e chamou a roupa. Então ela sentiu algo caindo em sua cabeça.

— Sério isso?! – ela disse irritada tirando a roupa de cima de sua cabeça.

— Pensa por um lado que você conseguiu. – Dean a abraçou, rindo.

— Vai continua rindo... – Prue o olhou.

— Nem pense em fazer nada do que está pensando.

— Mas eu não pensei nada. – a ruiva riu. – Vamos salvar aquela garota.

***

Dean parou o carro, em uma rua abandonada próximo ao museu, e queimou a roupa de H. H. Holmes. Prue esperava no carro, quando Piper ligou pedindo que eles fossem mais rápido porque o espírito estava ficando maluco.

— O Dean, já está cuidando disso!

Depois de se certificar que não sobrou mais nada da velha roupa, Dean voltou pro carro e foi em direção ao antigo prédio.

— E ai? O trabalho é tão glamoroso quanto você pensava? – Phoebe perguntou já na calçada do prédio.

— Tirando o terror que faz a gente urinar, é. – Jo deu de ombros.

— Chegaram. – Piper apontou para um carro parando no outro lado da rua.

— E as garotas? – Prue perguntou.

— Foram à delegacia, elas foram contar o que aconteceu sem nos mencionar. – Phoebe sorriu. – Vocês demoraram!

— Tivemos um contra tempo com aquela nossa coisa. – Prue esforçou um sorriso.

Dean começou a rir, e a ruiva deu uma cotovelada nele.

***

Quando eles chegaram ao casarão, deram de cara com Hellen esperando por eles.

— Como sabia que eu estava aqui?! – Jo perguntou assim que saiu do carro.

— Ash me contou tudo. O cara é um gênio, mas encolhe como roupa barata. – Hellen olhou furiosa para sua filha. – Vamos embora agora mesmo! – fez Jo entrar no taxi que estava esperando na porta do casarão.

— Helen está uma fera. – Sam disse vendo o taxi se afastar.

— E com razão. – Piper disse cruzando os braços.

— Acho que a Hellen está certa, a Jo não serve pra isso! Consegue imaginar ela caçando por ai? – Dean perguntou se aproximando. – Às vezes nem consigo imaginar vocês três fazendo isso!

— Obrigada pela parte que nos toca. – Prue disse rindo.