Connor acordara 5 horas da manhã no sábado, quando tudo ainda estava escuro, e foi até o parque perto de sua nova casa. Alongou-se e correu alguns quilômetros em volta da quadra de lá para se aquecer antes de começar a treinar seus arremessos, mesmo que estes já fossem perfeitos. Terminado o treino solo, voltou para a casa, tomou um banho, comeu uma fruta qualquer e foi para a escola onde ele e os colegas de classe treinariam por todo o final de semana. Eric estava deitado no chão da quadra, ouvindo música, quando Connor chegou.

– E aí, cara?

– E aí... Cadê o resto? - Connor perguntou, largando a mochila em qualquer canto.

– Já estão vindo... Mason passou a noite no hospital de ressaca. Imbecil. - Eric riu e começou a rodar o piercing da sobrancelha, mania que era um tanto quanto perturbadora.

Não demorou muito para que os outros garotos também chegassem. Eric era o capitão, então comandou o aquecimento. Alongamentos, quinze voltas da quadra toda, vinte metros na maior velocidade. Os jogadores mais novos paravam no meio, não aguentavam muito bem, mas os onze antigos, do time oficial faziam tudo como se fosse a coisa mais fácil. Eles e Connor, o que surpreendeu um pouco Eric. Formaram um bolo no meio da quadra enquanto o capitão dava os avisos.

– A final é daqui três semanas. Contra o colégio de Beavercreek. - os garotos resmungaram.

– Qual o problema? - Con perguntou.

– Nunca ganhamos deles. Eles são ótimos.

– Minha antiga escola já ganhou deles! Não é difícil... Sei alguns pontos estratégicos... - Connor se exibiu com um sorriso sarcástico. Posso jogar?

Eric rolou os olhos pelo time, e examinou.

– Vou falar com o treinador, mas por mim o Jack sai e você entra. Desculpa Jack.

Jack olhou para Connor enquanto saía.

– É bom que a gente vença.

– Nós vamos. - Connor gritou.

Ele passou para o lado do time oficial e Eric retomou o aviso.

– Enfim, teremos treino todos os dias. Todas as tardes. Quero que esqueçam namoradas, saídas, bebedeiras. Nós temos que ganhar. E não quero um jogo idiota igual ao do ano passado. Nem quero baixo calão nas atitudes do time. Ouviram?

– Sim.

O treinador logo chegou e repassou os mesmos recados de Eric, e depois começou o treino. Quando já eram nove horas da noite, Connor e Eric estavam saindo do vestiário, conversando, rindo e zoando, seguidos de Peeta, Theo e Mason. O treinador parou Connor.

– Você é o garoto novo?

– Sim.

– Amanhã, chegue mais cedo. Quero falar com você.

– Certo.

– Até mais, meninos.

– Falou, treinador Bill.

Partiram pro estacionamento, em direção ao carro de Theo.

Jess notou que a colega estava distante e distraída assim que ela não ouviu o sino do balcão soar quando um pedido estava pronto, já que ela sempre escutava na primeira.

–Hey, querida! O que houve? - Jess perguntou, passado o horário do almoço e quando as coisas estavam mais serenas.

– Não sei, Jess... Eu estou sentindo alguma coisa estranha...

– Tipo o que? Você está doente? Engravidou? Oh meu Deus! Brooklyn, eu... - Brook sorriu e a cortou.

– Calma, Jess... Não é nada disso! Não estou doente e muito menos grávida. É que... Sabe aquele cara que veio me procurar esses dias?

– Sei, o que tem ele?

– Então, eu quase fiz uma besteira...

– O que? - Jess arregalou os olhos e se apoiou no balcão.

– Eu quase o beijei! - Jess suspirou de alívio. - E agora, eu tô com um aperto no peito. Será que alguém nos viu?

– Ah, querida! Não se preocupe... ninguém os viu. Tenho certeza... E se você gosta dele, conte tudo... É o melhor jeito.

– Sem contar que, depois que o conheci, senti uma vigilância maior sobre mim, e as lembranças da minha mãe ficaram mais fortes.

– É que você tá gostando dele, e sua mãe tá tentando te dizer que o amor verdadeiro é algo bom mas frágil. Não fique assim, menina! Você é tão linda... Eu tenho certeza que logo você vai poder sair da cidade, vai ser feliz, e vai esquecer tudo de ruim que já te aconteceu. Você vai viver em paz.

– Eu não tenho essa certeza, Jess.

A senhora riu.

– Então, me conte sobre esse carinha...

– O nome dele é Connor, ele é um mês mais velho que eu, e é um fofo. Virou amigo do Eric e do pessoal já, e é meio intrometido na minha vida, mas ele tem um enorme coração. Ele é lindo também e veio de Washington.

Brook e Jess ficaram nesse assunto até a hora de irem embora, nos intervalos, quando não serviam ninguém.

Theo e Connie não se falavam desde o dia da festa. Ele estava evitando-a tanto que no fim de semana, Connie não aguentou mais esperar e foi até a casa dele. A mãe dele a atendeu.

– Oi, Connie! Como vai?

– Oi, sra. James... Vou bem. O Theo está aí?

– Não... ele está no treino, mas deve chegar logo. Quer entrar e esperar?

– Obrigada. - Connie passou pela mãe de Theo e entrou.

– Fique à vontade, se quiser ficar na sala, ou esperá-lo no quarto... - A mulher loira de olhos verdes encovados sorriu e voltou para a sala de jantar, onde estava com o notebook ligado e com muitos papéis espalhados.

Connie subiu ao quarto de Theo, que ela já conhecia razoavelmente bem e sentou-se na cama. Ficou observando tudo durante alguns segundos e já cansada do nada, se levantou e foi olhando as prateleiras. Reconheceu as fotos dele com a família, com o cachorro Bug já falecido por quem ele tinha muito carinho, e muitas fotos deles juntos. As férias as quais eles viajaram juntos para uma fazendo do tio dela, ou aquelas fotos de quando saiam entre amigos. Connie tomou em suas mãos um porta retrato de madeira com uma foto bem recente deles e antes que ela pudesse coloca-lo no lugar ouviu a voz grave de Theo.

– O que você tá fazendo no meu quarto? - Ele largou a mochila dele no chão, perto da cama e a encarou, tranquilo.