Brilliant Mind

O troféu roubado


Mais uma manhã, Jennifer acordava para se guiar a escola. Em todas as aulas ela esperaria apenas uma coisa: O encontro com os detetives, as três da tarde.

Jennifer chegou a escola como normalmente, se encontrou com Trinity e seguiram para a aula. Desnecessárias e chatas aulas.

- A aberração matou aula ontem não? - Joshua, o capitão do time de futebol, alto de olhos pretos, corpo moreno e sarado e cabelos cor de ébano chegou perto das duas garotas.

- Vai encher o saco ali, - disse Jen apontando para longe - vai.

- Aberração! - Eles começaram a gritar, enquanto as duas entravam na sala.

Primeira aula: química.

- Para resolver essa equação de equilíbrio iônico precisamos descobrir o PH da solução. Se ela será acido ou básico. Usamos a matemática, mais especificamente os logaritmos... - Professora escreveu no quadro branco uma equação simples. A qual ninguém sabia resolver.

Ou quase ninguém.

- Alguém pode resolver essa equação? - Ela perguntou. Jennifer olhou o quadro e levantou a mão.

- A resposta será 0,7. Será PH neutro. - A turma e os professores da Royal estavam acostumados com a maneira rápida de Jennifer, mas muitos ainda a achavam uma pequena gênio. Ouve alguns murmúrios, os usuais de quando Jen falava. Aberração ou porque você não sai dessa escola e tinha até o mais novo: mal amada.

O que ela menos gostava, é claro.

Segunda aula: biologia.

- O reino animal se divide em três grandes grupos. Os vertebrados, onde há os mamíferos, ou seja, nós. Os invertebrados onde estão os insetos em geral e os protocordados, animais que tiveram um folheto embrionário importante, alguém sabe me dizer qual? - O professor de cabelos ruivos e olhos verdes, gordo e com sardas discursava na frente de uma sala dorminhoca. A mão de Jennifer se levantou. Mr. Turner tentou encontrar, desesperadamente, outra mão que estivesse levantada, mas nada.

- A notocorda. No caso dos mamíferos, dá origem a coluna vertebral. Nos protocordados ela desaparece depois no nascimento. Por isso o nome. - Os murmúrios começaram novamente, mas como Trinity estava na aula de Geografia, Jennifer os agüentou sozinha.

E eles vinham do professor também.

Terceira aula: História mundial.

A professora e a matéria eram as preferidas de Jennifer. História era algo fascinante, mesmo que os fatos se repetisse, apenas mostrava como ser humano era um bando de macacos subdesenvolvidos. Cometiam os mesmos erros repetidas vezes.

- O rei, - começou a professora grisalha de olhos pretos, - sabia que tinha que retirar os privilégios do clero e nobreza, mas como ele faria isso se eram eles que o apoiavam?

- Ele contratou dois economistas, mas tanto um quanto outro não acharam outra solução. Por isso o rei reuniu os três estados: clero, nobreza e povo, que no caso, era a burguesia que foi e fez uma votação. Como nobreza e clero votavam juntos eles venceram. A burguesia então decidiu criar uma constituição para a França, diminuindo o poder do rei absolutista. O rei mando prender todos, que fugiram e levaram o povo a invadir a bastilha. Era o símbolo do poder do rei absolutista, era a prisão e onde guardavam as armas. Esse é o marco inicial da Revolução Francesa. - Trinity sorriu, anotando cada palavra da loira. Mas ela sabia que se precisasse de ajuda era só pedir, Jennifer gostava de falar sobre os fatos históricos e os conhecia tão bem, ou até mesmo melhor, do que a professora.

- Muito bem, senhorita Mars. - Disse a velha sorridente. A turma já desistira de tirá-la do sério.

Por hora.

Almoço.

Era o usual horário de almoço. Quando as duas saíram para o refeitório, Jennifer teve uma surpresa.

A diretora, o vice diretor e o D.I Lestrade, que conhecera no dia anterior estavam ali, procurando alguém entre os alunos. A dupla de garotas ignorou, se sentando na mesa mais afastada. Trinity tirou o sanduíche e o refrigerante da bolsa de papel e começou a comer. Jennifer raramente levava algo para comer, normalmente bebia algo que comprasse ali mesmo no refeitório, mas naquele dia ela apenas se sentou com a amiga.

- Jen, os policiais estão vindo até a nossa mesa... - Trinity disse. - O que você aprontou ontem quando sumiu?

- Nada... Eu estava no cemitério. - A amiga disse, se virando para Lestrade que a encarava.

- Vejam só se não é a pequena amiga de Sherlock Holmes. - Ele disse. Ao lado, uma mulher negra abriu um meio sorriso.

- Amiga da a aberração? - Ela o chama assim? A loira ficou surpresa. - Ele não tem amigos.

- Somos colegas de trabalho, Lestrade. - Jennifer sorriu. - E a senhorita é...?

- Sargenta Sally. - A mulher disse.

- Um prazer... - Jennifer sorriu. - Posso saber o que querem comigo aqui?

- Ah, claro. Jennifer Mars, você está presa pelo roubo do troféu das lideres de torcida.

- Eu? Presas? Vocês estão falando sério? - Jennifer começou a rir, mas quando um policial de farda começou a algemá-la ela parou de rir. - Ok, eu sou de menor, vocês não podem sair me prendendo assim. - Jennifer disse, a escola inteira olhava para a loira e ria. Na realidade, gargalhavam.

- Oh antes que eu me esqueça. - Jennifer se virou para Trinity. - As três horas Holmes e Dr. Watson estarão me esperando na saída, poderia avisá-los que estou na Yard, sobre os cuidados do Lestrade, sim? - Trinity concordou e por fim Jennifer foi conduzida até a viatura, onde Mac a esperava.

- Oh, Mac! Eles foram lhe incomodar por esse pequeno erro? Bem, pegue minha mochila, sim. Resolverei isso rapidamente. - Eu espero.

- Sherlock, vamos! - Jonh Watson apressava o amigo para pegarem o táxi. Eles deveriam encontrar com Jen as três, e ela parecia muito com Holmes sobre atraso. Sherlock passou por ele e entrou no táxi, abrindo um de seus sorrisos disse:

- Vamos Watson, se não iremos nos atrasar. - Jonh revirou os olhos, correndo para o táxi.

Dentro do táxi Watson pensava em seu ultimo encontro, enquanto Sherlock pensava sobre o que os pais de Jennifer e os outros dois casais trabalhavam. O que seria tão perigoso que poderia matar seis pessoas?

Chegaram a escola e não a encontraram. Havia muitas pessoas saindo, viram a amiga dela, mas ela não estava ali. Onde Mars estava?

- Hey, vocês são os caras que iam vim encontrar com Jen? - A morena disse, os olhando.

- Sim. Sou Dr. Watson e esse é Sherlock Holmes, você poderia nos dizer onde encontrá-la?

- Bem, poderia. Na Scotland Yard. Ela foi presa no horário do almoço, algo sobre ela ter roubado o troféu das lideres de torcida. Bem eu acredito que ela não tenha feito isso, mas de qualquer maneira a levaram algemada. - Trinity deu de ombros, se lembrando do final do recado. - Ela disse que estava sobre os cuidados de algum Lestrade, seja lá o que isso signifique.

- Mas ela esteve conosco o dia todo ontem... - Disse Jonh.

- Não Jonh, não se lembra que ela desapareceu? - Sherlock disse. - Bem, vamos pegar um taxi e ir a Yard.

- Eu vou com vocês. Não vou deixar Jennifer lá sozinha. Provavelmente ela vai fazer alguma besteira. - Trinity seguiu a dupla. No caminho nada disseram, todos estavam preocupados, mas nenhum estava com tantos problemas quanto Jennifer.

- Onde você estava? É uma pergunta fácil senhorita Mars. Só nos diga onde esteve durante as três e três e meia. - O problema é que se eu contar a verdade, eu vou ser presa de qualquer jeito. Jennifer se lembrava muito bem de olhar o relógio digital de mesa na sala de Davis e ver o horário: 3:20 PM.n Ou seja, a verdade que ela deveria contar era: Eu estava sendo quase estuprada pelo D.I. Davis.

Agora, quem iria acreditar nela?

- Eu já disse, estava na casa dos meus pais.

- E ninguém pode provar? - Sargenta Sally parecia desgostar da garota apenas pelo fato de ela ser um pouco amiga da aberração, ou Sherlock Holmes, como preferir chamá-lo.

- Não. - Jennifer disse. Madre Mac estava ao lado, quase tendo um infarto. E teria, se ela contasse a verdade.

- Se estou sendo acusada, tenho direito a um advogado. Até lá, minha boca é um túmulo. - A loira disse, cruzando os braços. Lestrade entrou, pedindo que Sally saísse, pois alguém ia entrar.

Sherlock Holmes e Dr. Watson.

- Jennifer Mars. O que lhe fez roubar o troféu? - Disse Sherlock.

- Vocês não eram os jornalistas que estavam procurando Jennifer? - Mac disse, olhando a dupla.

- Vocês mentiram para uma freira? - Jennifer disse, rindo. - Vocês sabem que isso é, sei lá, um tipo de pecado, não sabem? - Os três riram.

- Mac, esses são Dr. Watson e Sherlock Holmes. Estão me ajudando com o caso dos meus pais. E dos outros dois casais que morreram nos últimos dias. Eram colegas de trabalho do meus pais.

- Oh, Sherlock Holmes... É dele o blog que você vive lendo não é Jennifer? - Jen ficou vermelha, sabendo que aquilo era verdade.

- Oh, ela lê meu blog? - Holmes perguntou.

- Sim, Ciência da dedução, não é? - Holmes sorriu e Jen abriu um sorriso amarelo.

- Mac, poderia nos deixar a sós, eles vão ajudar. - Mac concordou, saindo da sala de interrogatórios.

- Então, onde você estava, de verdade, no horário. Você desapareceu da Yard.

- Eu... não posso dizer. Ninguém acreditaria. - Jennifer disse, olhando para baixo, segurando o choro.

- O que aconteceu? - Disse Jonh Watson. Jennifer não respondeu, apenas começou a chorar desesperada, decidindo se deveria ou não contar. Deveria ou não revelar a verdade. Se eles acreditariam ou não.

- Eu já disse. - Jennifer falou. - Ninguém vai acreditar se eu falar. É a minha palavra contra...

- Contra? - Perguntou Sherlock. Jennifer ia dizer, estava abrindo a boca, mas Davis entrou fazendo o sangue de Jennifer gelar.

- Mr. Holmes, Dr. Watson vocês devem se retirar. - Jen abaixou o olhar, com medo. - Agora. - Sherlock e Jonh saíram, mas se colocaram na ante sala onde havia a janela espelhada. De dentro da sala de interrogatório você via apenas um espelho, na ante sala você poderia observar toda a sala de interrogatório. Ao lado da dupla, havia Lestrade.

- Ligue o som. - Disse Sherlock.

- Porque? - Lestrade perguntou, cansado.

- Faça isso. - Sherlock pressionou o botão.

Na sala Jennifer tentava não entrar em desespero.

- Você ia contar! Não ia sua vadia? - Ele se aproximou. Jen se levantou correndo, indo na direção oposta.

- Você não tem esse direito! O que você tentou fazer é crime! - Ela chorava, desesperada.

- Você não vai contar!

- E então serei presa por um roubo que não cometi.

- Você não pode provar que não cometeu, será uma resolução prática para meus problemas.

- Você é meu álibi, eu estava na sua sala tentando não se estuprada seu mostrengo velho!

- Sua criatividade por apelidos é incrível. - Ele disse sarcástico. Jen estava com medo, muito medo. Ela se colocou contra a parede, e ele se aproximou.

- É a sua palavra, vadiazinha, contra a minha. Quem será que vence? - Ela ergueu o joelho, acertando no ponto fraco dele. Jennifer saiu correndo, indo até a porta. Mas Davis a pegou pelos cabelos, a jogando contra a parede.

- D.I Davis, você está preso por tentativa de estupro. - Disse Lestrade, aparecendo do nada. Atrás estava Sherlock. Jennifer começou a chorar, Holmes se aproximou dela e a abraçou.

- Obrigada Sher.

- Sher? - Holmes perguntou.

- É, seu nome é muito comprido. Gosto mais de Sher. - Sherlock riu. Jonh e Mac entraram, a freira estava branca como papel e o Dr, preocupado. Lestrade voltou, pedindo que Jennifer contasse o que havia acontecido.

- Ele... Ah, cara, você quer mesmo que eu coloque isso em palavras com meio mundo dentro dessa sala? - Jonh riu.

- De preferência sim, senhorita Mars.

- Jen. - Sherlock riu, lembrando de quando a chamou assim e ela o corrigiu. - E acredito que agora que tenho um álibi, e ele foi confirmado, ou gostaria de saber quem foi o filho de uma puta que tentou me incriminar. - Jen se levantou, saindo da sala de interrogatório, seguindo pelos corredores, agora não tão assustadores, da Yard e pedindo um táxi.

Sherlock, Jonh, Mac e Trinity, que Jen não sabia como estava ali, entraram no táxi.

- Escola Royal Elizabeth. - Jennifer disse ao motorista.

Ninguém falou com ela. Nem perguntaram como ela estava. Os olhos vermelhos de tanto chorar já não eram aparentes. Seu olhar de ódio queimava. Desceram na frente da escola, Jennifer se guiou até o campo, onde havia treino do time de futebol e das lideres de torcida.

- Madeline. - Jennifer disse. Trinity foi até a amiga, segurando o punho.

- O que a ladra quer? - Atrás do grupo que acompanhava Jennifer, Lestrade, Sally e mais dois policiais chegaram. - Ah sim, Detetive Inspetor, prenda essa garota...

- Ela tem um álibi. - Foi o que Lestrade respondeu a morena.

- Bem, se é assim... - Ela ia se virar quando Jen pegou o braço, extremamente bronzeado, de Madeline.

- Eu quero saber porque você roubou o troféu? Só para me incriminar?

- Mas eu não roubei nada!

- Prove. - Desafiou Jennifer. Madeline foi até a bolsa e pegou um papel. Nele estava escrito onde ela esteve durante o momento do roubo. E vendo a pele dela, Jennifer e Sherlock sabiam que ela esteve realmente lá.

- Mas quem, quem iria querer me incriminar... - Nesse momento, houve um barulho vindo do campo de futebol, e Jennifer viu.

- Estúpida, estúpida, estúpida! - Ela disse, correndo para o campo.

- Pierre Russeau, seu grande canalha. - Jennifer disse. - Você roubou, não foi? Roubou o troféu para impressionar Madeline. Você pensou que me fazendo sair ela iria cair em seus braços! Seu bêbado filho de uma...

- Jennifer! - Mac disse.

- Ok, parei. - Ela disse, mas igualmente furiosa. - Eu... Você realmente não tem noção? Você chegou a poucos meses e escutou que eu era uma aberração porque poderia adivinhar coisas. Você ao menos me conhece? Alguém nessa maldita escola me conhece? Sem mãe ou pai, com um policial desgraçado me ameaçando e com um dom estranho. E daí vem um frances babaca e rouba um troféu para que eu fosse presa e ele pudesse transar com a popular da escola. - Jennifer estava chorando. - Você quer saber? Vocês querem mesmo saber? Se cada pessoa tem um inferno pessoal, o meu é essa maldita escola!

- Você... Você não pode provar que fui eu. - Foi a única coisa que Pierre disse. Mas Jen sabia, ela se limitou a ir em direção aos armários do vestiário, dar um chute no de Pierre e o abrir.

Ali havia um troféu, maconha e vodka.

- Hey, te peguei. - Disse ela, rindo.

Mas não havia felicidade alguma nos olhos de Jen. Ela havia admitido um quase estupro, sem falar no primeiro, o que ele havia conseguido. Ela havia falado como ela se sentia na frente de toda a parte da escola que vivia a tirando do sério.

Jennifer acreditava que a vida dela estava completamente ferrada, e se querem saber, ela estava certa.