Breaking The Habit

Capítulo 6 - Sweet Sacrifice


O dia nem havia clareado no Planeta Bills, quando Vegeta despertou do seu sono tranquilo com batidas na porta do seu quarto. Seria um risco de vida para qualquer ser desavisado acordar, tão cedo, um sayajin arredio como o Vegeta. Entretanto, não era qualquer um quem o chamava da porta. Whis falava do lado de fora, algo sobre desjejum ou algo do tipo, na realidade Vegeta não escutou direito. Só queria ter o direito de dormir por mais cinco minutinhos sem ter ninguém para perturbá-lo.

Contudo, se obrigou a levantar ainda com os olhos pesados e andou sonolento até o banheiro, praguejou-se por tido seu precioso sono interrompido. Tomou um banho rápido e pôs o uniforme de batalha que Whis lhe fizera. Caminhou pelos o infindáveis corredores do palácio de Bills e à medida com que se aproximava da grandiosa sala de refeições, escutava burburinhos cada vez mais altos.

No centro do cômodo, estava disposta uma enorme mesa com incontáveis lugares. Todavia, o que chamou mais sua atenção foi o ambiente está apinhado de seres interplanetários de todos os tamanhos e espécies. Todos eles gargalhavam animados e conversavam em um idioma desconhecido, enquanto outros se deleitavam sem cerimônias do banquete que estava sendo servido. A sala toda estava uma completa algazarra. Vegeta bufou, enraivecido. "Acordei cedo pra isso? E por Kami, por que aqueles vermes insolentes tinham que ser tão barulhentos? A família de Bulma, na frente deles, são uns monges". E ele sorriu meio que de lado, fazia tempo que a lembrança da terráquea não lhe vinha a cabeça, pois, desde que chegara naquele planeta, ele prometeu a si mesmo que tentaria esquecê-la, e isso incluía, evitar ter qualquer tipo de pensamento que o fizesse lembrar dela. Se livrou de seus devaneios quando avistou ao longe Whis acenar, indicando uma cadeira vazia ao seu lado na mesa.

— Bom dia! Meu caro, Vegeta.

— Humpft! — Vegeta deu mais uma olhada ao redor antes de sentar-se à mesa e rosnou baixo: — Quem são eles, Whis!?

— Você acorda extremamente mal-humorado, tanto quanto o senhor Beerus — O anjo riu-se nem um pouco abalado com o aparente mau humor do saiyajin. — Estes são meus hóspedes — explicou — Eles fazem parte de um grupo de exploradores de novos planetas, e como não possuem residência fixa. Achei por bem abrigá-los aqui, por enquanto que eles não realizam alguma outra nova descoberta. Você não achava que um palácio desse tamanho abrigasse somente: Eu, senhor Beerus e o peixe-oráculo, não é mesmo?

— Ah, que seja! — arfou impaciente e procurou por algo no meio daquela pilha de comida que lhe forrasse o seu estômago faminto.

Do outro lado da mesa, uma fêmea nevusiana com três avantajados seios, usando um vestido de decotes sinuosos, mandava beijinhos e se insunuava sensualmente para Vegeta, que desviou o olhar perplexo.

— Acho que ela gostou de você — O anjo gargalhou, pomposo, e empurrou o sayajin com os ombros — Será que eu devo avisá-la que você já tem uma pretendente, hum?

— Ora, Whis! Você sabe muito bem que não existe nada entre mim e a garota terráquea. — Vegeta rangeu os dentes. “Inferno! Será que o anjo tinha tirado o dia para testar sua paciência?

— Não me pareceu naquele dia — Whis abafou um sorriso debochado com uma das mãos. — Aliás, por falar em Bulma... — Ele deu ênfase ao nome da azulada, porque mesmo que Vegeta não admitisse, Whis tinha plena convicção que o sayajin nervosinho ainda sentia alguma coisa pela a humana, — Vou visitá-la daqui a pouco.

— Não iremos treinar?

— Pensei que já estivesse cansado das mesmas série de exercícios que vínhamos fazendo ao longo desses meses. Tenho em mente uma coisa diferente para hoje. Como eu estarei fora o restante do dia, você ficará responsável pelo pálacio até à minha volta.

— Não é justo! Isso não faz parte de um treinamento. — Vegeta esbravejou.

— Mas é claro que faz, bobinho — Whis disse com sua voz afetada — Quero ver até aonde vai seu autocontrole. Vamos começar com as louças desse nosso lindo banquete. Terá que lavá-las e secá-las, depois acomodará todos os meus convidados nos quartos de hóspedes, quero que todos se sintam confortáveis e acolhidos e por último e não menos importante: Trocará as roupas de cama de senhor Beerus, com um pequeno único detalhe, não o acorde por nada, entendido? Não queremos uma destruição em massa — ele sorriu, pleno.

Para falar a verdade, Vegeta queria sim, uma destruição em massa. Se pudesse, ele mesmo causaria uma. Acabaria com aquele planeta minúsculo e todos aqueles seres irritantes no qual estavam ali, sem nem ao menos precisar da ajuda de Bills. Mas no entanto, se aquele era o maldito treinamento, provaria ao seu mestre de uma vez por todas que ele era completamente capaz completar a tarefa que lhe foi dada. Engolindo sua raiva em seco, levantou-se e respondeu irônico :

— Tudo bem, Mestre. Posso me retirar, agora?

— Sim, sim claro — Whis respondeu, pacificamente — Ah, irá precisar disso... — O ser arroxeado jogou na direção do sayajin um pano.

Vegeta aparou o tecido com uma das mãos e ergueu diante de seus olhos: Tratava-se de um avental cor de rosa cheio de babados. O sayajin naquele exato momento, pôde sentir todo o seu corpo estremecer, tamanha era sua fúria. Ele fechou os olhos, encheu os pulmões de ar e deixou que escapassem lentamente. “Autocontrole, é tudo questão de autocontrole. Eu não vou explodir esse planeta, eu não vou explodir esse planeta”, ele repetia pra si mesmo enquanto deixava a sala de refeições.

♦♦♦

Goku retirava um pequeno cochilo, sentado no seu trator após o horário de almoço, na plantação de alface. Algo tocava distante, um pequeno barulho abafado chegava até os seus ouvidos, o retirarando de sua sonolência. Abriu os olhos cadenciadamente e tentando enxergar o que o estava o atrapalhando: o celular não parava de tocar freneticamente dentro do porta-luvas do veículo. No visor do aparelho, piscava uma pequena mensagem: "Você tem mais de quinze chamadas não atendidas de Bulma".

Ele se despertou de uma vez, quase no susto e resolveu retornar a ligação para a amiga:

— Oi, Bulma!

— Ai, finalmente, Goku! Então, Whis me mandou um aviso hoje mais cedo... — Ela mal terminou de falar e fora interrompida por um sayajin eufórico:

— Ele já tá aí? Ele já chegou?

— Calma, ele ainda não chegou, mas é melhor que esteja aqui antes que ele chegue.

— Ok! — Goku se teletransportou-se para casa, tomou um banho e se trocou em uma velocidade sobre-humana.

Antes de ir para Corporação Cápsula, passou nas terras do rei Cutelo, para falar com Gohan.

Ao chegar, Gohan veio correndo para abraçá-lo.

— Papai!

— Oi, filhão! — Goku o pôs nos braços — Lembra quando eu estive aqui da última vez e disse que iria viajar por um tempo?

Gohan assentiu, e ficou um pouco triste

— Ei!... — Goku encarou o filho — Eu vou voltar, você sabe que eu sempre volto.

— Tudo bem... — Gohan fungou o nariz querendo chorar.

— Sua mãe está em casa? — Goku indagou. Nos últimos dias Chichi parecia e evitá-lo, e ele no fundo só queria ver a ex-esposa mais uma vez.

— Ela ainda está no trabalho — O menino respondeu com a voz embargada.

— Você é um guerreiro! Sei que vai proteger sua mãe enquanto eu estiver fora.

— Sim, papai! Um dia eu vou ser tão forte quanto o senhor! E a mamãe ficará bem — Gohan disse, confiante, mesmo que as lágrimas escapassem de seus olhos contra sua vontade.

— Eu te amo, meu filho — Goku o abraçou forte.

— Eu também te amo, papai.

♦♦♦

Bulma andara tranquilamente dentro de sua casa, quando quase cai para trás quando viu Goku se materializar bem na frente dela através do teletransporte.

— Acho que nunca vou me acostumar com essa mania dos sayajins aparecem do nada.

— Oi, Bulma! O Whis já chegou? — Goku não conseguia disfarçar sua ansiedade.

Bulma maneou com a cabeça em negativa. Um bípe chamou atenção dos dois — Espera um minutinho — Ela retirou o celular do bolso do short — É a mamãe, quer que eu leve mais pratos para o jardim. Você me acompanha?

Os dois foram juntos para cozinha.

— Goku poderia retirar o sundae de morango da geladeira, por favor? — Bulma pediu. Enquanto tentava esticar mais os braços para retirar os pratos de uma das prateleiras altas do armário.

Sentiu o toque quase febril e mãos firmes a segurar na cintura e a ergue quase como uma pena.

— Prontinho! — Goku sorriu, a colocando de volta no chão.

— Obrigada — Ela respondeu sem jeito.

— O que está acontecendo no jardim? Goku perguntou, caminhando para fora da residência na companhia de Bulma.

— Estamos fazendo um coffee-break, só que dessa vez sem explosões — A azulada gargalhou — Chamei todos os nossos amigos — Como muito provavelmente você irá para o planeta Bills e ficará um tempo por lá, poderá se despedir de todos antes de partir.

— Ah, muito obrigado. Não sei como agradecer. Vai ser legal conversar com todos.

— Não precisa, desde que mantenha a Terra a salvo. — Ela sorriu.

Quando eles chegaram ao jardim todos já os aguardavam. Bulma se juntou aos outros e não demorou para que Whis chegasse.

— Muito bem, qual destes será o meu novo discípulo? — O anjo perguntou.

— Sou eu, senhor Whis. — Goku se apresentou — Podemos ir quando senhor quiser — ele disse.

— Só que antes, preciso provar esses maravilhosos quitutes — O anjo experimentou de tudo um pouco, enquanto respondia a todas as perguntas curiosas de Goku.

Em uma outra mesa, Bulma estava sentada com Oolong, Pual, Kuririn e Mestre Kame.

— E o Yamcha? Ainda não o vi por aqui — comentou Kuririn.

— Ele me disse que tinha que treinar para o campeonato de beisebol. Acho que já já ele deve está aparecendo — Bulma arfou.

Há dias que Yamcha não estava presente. Quando aparecia era tarde da noite, cheirando a coquetéis e perfume barato. Sempre com a desculpa, que festas e eventos aconteciam na vida de uma celebridade. Quando não, era ela quem chegava extremamente cansada, depois de um dia cheio de trabalho. Embora, a pouca idade Bulma já tinha uma enorme responsabilidade como herdeira da Corporação Cápsula. Aguentava tudo aquilo por medo de ficar sozinha? Talvez a resposta fosse sim, sempre desejou o namorado perfeito, que quando conheceu Yamcha, meio que se acomodou aquela vida que tinham. Um dos seus defeitos mais evidente fosse justamente o motivo do seu desânimo nos últimos meses: A vaidade. Para a mídia e a alta sociedade, Bulma e Yamcha era o casal perfeito, aquela meta de relacionamento que todos que não sabia da realidade almejavam.

E passeando com os olhos pelo jardim, se pegou encarando Goku, que agora sorria amistosamente com os demais. Se perguntou como teria sido a sua vida se tivesse o escolhido ao invés de Yamcha. Reparou também como ele a cada dia ficava mais forte e com um corpo definido. Seu porte atlético combinado com sua aparência juvenil daria inveja até mesmo nos mais famosos modelos. A pele levemente bronzeada, devido ao trabalho no campo o deixava ainda mais atraente. Quase suspirou ao lembrar das mãos dele em sua cintura. "Ele está solteiro agora", ela sorriu consigo mesmo tímida. "Nem pense nisso! O que você está sentindo é carência por causa de um namorado ausente e saudades de um certo sayajin ranzinza. Além do mais, ele é seu melhor amigo, não devemos misturar as coisas", sua razão falava mais alto agora, falava não, berrava mais alto agora. Por que tudo que Bulma precisava no momento era de juízo naquela cabecinha brilhante dela porque inteligência não lhe faltava, isso era fato.

♦♦♦

É verdade, nós todos somos um pouco insanos.

Mas tudo ficou claro agora que estou desacorrentado. [...]

Você, pobre criatura, doce e inocente. [...] Você sabe que vive para me quebrar. Não negue, doce sacrifício.

O medo está apenas em nossas mentes tomando o controle a todo instante. O medo está apenas em nossas mentes, mas ele está tomando o controle o todo instante. [...]

E, ah, você ama me odiar, não é, querido? Eu sou o seu sacrifício. Você se pergunta porquê você me odeia? Ou você ainda é muito fraco para sobreviver aos seus erros?

Sweet Sacrifice - Evanescence

Já era madrugada no planeta Bills e Whis indicava todas as funções das instalações do Palácio da Grande Árvore.

— Vou levá-lo até um quarto para que tente dormir um pouco. Amanhã iremos começar bem cedo com um teste de nível. Vou avaliar que tipo de treinamento irá receber.

— Não faz nem meia hora que era à tarde na Terra. Não sei se consigo dormir.

— Você vai se acostumar com o fuso-horário, fofinho.

Whis parou em frente à uma porta de madeira robusta e deu dois toques. Passados alguns poucos minutos alguém abriu. Goku arregalou os olhos quando viu quem estava à sua frente.

— Sim, senhor Whis... — Vegeta falou um pouco sonolento. Engoliu em seco quando avistou a figura de Kakarotto com um sorriso idiota no rosto. — O que ele faz aqui? — perguntou entredentes.

— Imaginei que fosse ficar feliz, terá ajuda com o novo "treinamento" — Whis fez aspas com dedos.

— Eu não preciso de ajuda! — Ele rosnou — Aliás, não acha que já tem gente demais nesse planeta?

— Vejo que continua mal-humorado — Whis reclamou — Goku é o meu mais novo discípulo, assim como você é. Ele vai ficará nesse Palácio goste você ou não! Preciso saber se ainda resta algum quarto de hóspedes sobrando?

— Todos já estão ocupados — Vegeta respondeu.

— Ótimo! Isso vai ser mais divertido do que eu pensava. — O anjo gargalhou.

— Você não está cogitando a possibilidade de... — Vegeta rangeu os dentes

— Não precisa incomodar o Vegeta por minha causa, senhor Whis. O Palácio é grande posso ficar em qualquer lugar lá fora. — Goku disse, um pouco decepcionado. Fazia quase um ano desde da última vez em que ele e Vegeta haviam se visto em Namekusei. Não imaginava que o príncipe ainda tivesse guardado algum tipo de mágoa dele depois de tudo o que passaram.

— Aguentar o Vegeta vai ser o seu sacrifício, Goku — Whis comentou — Quero que os dois aprendam a trabalhar em equipe desde de cedo. O dia vai nascer em menos de quatro horas. Vocês escolhem se vão usar esse tempo para dormir ou para brigar e depois assumirem as consequências de uma noite mal dormida durante o treinamento de amanhã?! Enquanto a você — Whis se virou para Goku e apontou na direção dele com o cajado. — Roupas de dormir, assim poderá dormir tranquilamente. — E de repente apareceram roupas mais leves no sayajin maior. E o anjo continuou, apontou dessa vez para o lado direito do quarto e apareceu magicamente uma cama confortável. Whis olhou para os dois sayajins, arqueado uma das sobrancelhas — Acho que já fizeram às suas escolhas. Deixarei os dois sozinhos agora — Whis arfou, se sentindo um pai tentando colocar as crianças para dormir.

Vegeta que assistia tudo aquilo de cara amarrada, fez um risco no chão com um pequeno facho de ki.

— Esse é o meu lado! E esse é o seu! Você não pode em hipótese alguma ultrapassar essa linha, entendido?

— Ok, tudo bem! Foi bom revê-lo, Vegeta! — Goku sorriu, deitando-se na sua cama quentinha, decidindo ignorar o fato de que não era bem-vindo por parte do sayajin menor. Se Vegeta seria seu sacrifício, aquilo estava se saindo mais fácil do que esperava.

Ao amanhecer, Goku foi abrindo os olhos lentamente e se acostumando com a claridade que entrava pelas enormes janelas do quarto. Olhando para frente notou que Vegeta já havia saído Sorriu internamente, percebendo que o príncipe era extremamente organizado, todas suas coisas estavam perfeitamente alinhadas e a cama feita. O quarto parecia maior, era como se fosse dois quartos diferentes mas sem uma parede que os dividissem. Talvez, Whis tivesse feito uma pequena reforma com seus poderes enquanto eles dormiam. Agora todo o cômodo tinha um cheiro agradável, algo que remetia a menta.

Depois de um bom banho e se trocar foi tomar café da manhã. Se perguntou se estava no lugar certo. Havia um punhado de seres esquisitos sentados à mesa. Viu que Vegeta deixou o lugar rápido no momento em que ele chegou.

— Vocês não se dão bem, não é — Whis cochichou — Achei que vocês por serem uns dos últimos sayajins seriam mais unidos, mas acho que eu estava errado.

— Eu também achei a mesma coisa — Goku respondeu em meia voz, desapontado. E deixou que sua mente vagasse enquanto comia "Vegeta me odeia tanto assim?”, se perguntou. Dando uma lufada de ar, ele ainda teria vários dias pela frente para descobrir.