Brave

Capítulo 1 - O fim da guerra.


A família de Merida foi unida e feliz por um bom tempo, mas quando os trigêmeos cresceram e a infantilidade e a inocência de todo o reino sumiram junto com a deles. Quando os meninos cresceram e ganharam seus 16 anos começaram a perceber, como Merida tinha percebido anos atrás, que o mundo não é só flores e biscoitos.

No dia em que as tropas dos Ursos iriam partir em direção a Grimhilde para a guerra tão esperada e que todos do reino temiam. Pois se perdessem iriam perder sua fonte de renda daquela época que era o artesanato. A guerra foi feita porque Grimhilde queria ser o único reino que iria ter artesões e iria lucrar com isso e o reino de Dunbroch não iria deixar isso acontecer.

Os meninos - Harris, Hamish e Herbert – foram participar da primeira guerra que iriam ver de perto, as outras só tinham ouvido estórias de Merida e seu pai Fergus. Quem iria ficar supervisionando eles seria sua irmã, Merida, a líder dos Ursos do norte.

Depois de anos lutando e aprendendo com sua irmã, várias coisas aconteceram. Perderam amigos que fizeram no meio desses anos, se apaixonaram, ouviram estórias de pessoas mais velhas que não viam no castelo, viram a morte cintilar em seus olhos e ficaram à beira do desespero querendo voltar para casa para comer biscoitos escondidos, como faziam quando pequenos. Mas quando se cresce não dá para voltar para o doce e simples passado.

No final os Ursos perderam para os Dragões - vikings de Berk – e os Grimhildes. Perderam o maior meio de lucro do reino e vários, vários homens, nobres e guerreiros que não desistiram e nem traíram seu próprio reino quando tiveram a oportunidade.

Voltaram derrotados com caras abatidas e estórias tristes para contar aos seus parentes. Merida não conseguia desgrudar de seus irmãos na marcha quando voltaram para casa. Na entrada do castelo sua mãe, Elinor, foi correndo abraçar seus filhos, mas pelos seus semblantes abatidos percebeu o que tinha acontecido.

–Lady Jessie, prepare biscoitos para os meus filhos eu se que se sentirão melhor. – A rainha ordenou e de forma doce convidou seus filhos para se sentarem à mesa da cozinha.

Lady Jessie não perdeu tempo e foi preparar os quitutes, a mulher de certa idade e peso extremo sempre soubera fazer comidas de dar água da boca. Nem sua filha, Constantina, sabia fazer comidas tão iguais. Mesmo tendo passado a maior parte de sua vida na cozinha ao lado de sua amada mãe.

Lady Jessie já era viúva a tempos e já sabia como se sustentar, mas quando viu suas amigas de trabalho receberem a notícia relembrou daquela noite chuvosa que recebeu a notícia sobre seu marido.

Rapidamente querendo animar a cozinha mandou sua filha ir arrumando os ingredientes e se preparou para um discurso dizendo que seus maridos não morreram em vão, que o reino iria conseguir outro meio de lucro e tudo iria se ajeitar, mas por dentro a mulher sabia a triste verdade de que o reino poderia cair em ruinas.

Enquanto a cozinha estava um alvoroço a Rainha Elinor chamou Merida, sem chamar a atenção dos ruivinhos que estavam conversando sobre outras coisas, tentando não pensar na triste derrota que presenciaram.

A mulher de belos cabelos negros sabia que tinha que levar sua filha para falar com seu pai já que ela era líder daquela guerra, mas em seu coração tinha medo do que poderia acontecer. Seu marido não era o mesmo de antes, não era mais atencioso e alegre, tinha se tornado um homem agressivo e rabugento, mas com o amor de sua mulher ele ficava mais calmo. Com ela ao seu lado lhe confortando com palavras de sabedoria, mas aquela derrota que os Ursos levaram poderia deixar o homem mais agressivo do que o normal. Enquanto mãe e filha iam em direção a sala do trono, a mulher tentava conversar com a filha e queria deixar ela calma para a conversa que teria que ter, mesmo que Merida parecesse forte e rígida por fora, por dentro estava morrendo de medo. Mas era seu dever e ela não iria de forma alguma desistir de falar com seu pai sobre o que aconteceu.

A sala do trono era toda de madeira com enfeites rústicos, alguns panos verdes ali e outros vermelhos cá para não ficar tudo muito marrom, e obviamente algumas esculturas de ursos. No centro tinha os dois tronos – do rei e da rainha – um ao lado do outro, como tem que ser e sempre será. Eram tronos esculpidos com desenhos de ursos e outros animais das lendas dos Escoceses, mas as más línguas diziam que a Princesa Merida iria mudar toda a sala do trono, iria ter apenas um trono. Sim, a Princesa ainda não pensa em se casar e acham que nunca pensará dessa forma.

Quando as duas adentraram o trono o rei tinha um olhar esperançoso que foi destruído ao ver a forma como sua filha andava. Ele sabia que por ela estar sozinha já não era bom sinal e um andar firme, era um sinal pior ainda.

–Nós perdemos não foi? – Ele perguntou cuspindo as palavras.

Merida abaixou seu olhar e olhou entristecida para o chão.

–Me desculpe pai, fiz tudo o que tinha ao meu alcance. – Ela respondeu entristecida.

Quando Fergus estava prestes a explodi Elinor foi acalma-lo da forma que pode, dizendo que a melhor forma de resolver tudo isso era pensando em outro meio de lucro e chamando os antigos outros três clãs, para conversar com seus líderes, e os Velhos Guerreiros do Sol, que eram homens velhos e sábios que meditavam por sua longa vida e sempre auxiliaram os Reis da Escócia nos momentos mais difíceis.

A princesa sempre teve orgulho de sua mãe, ela nunca achou que conseguiria ajudar alguém a ficar calmo daquela forma que ela conseguia. Por isso preferia ser uma guerreira e uma Rainha solitária, pois não tinha que se preocupar com ninguém além de seu reino e se fosse para acontecer um casamento seria dela com seu reino. Era como ela pensava que seria o melhor.

–Pai, mãe, se me derem licença vou sair para cavalgar e vou falar com os Velhos Guerreiros do Sol. – Os dois assentiram. Bem para falar a verdade, seu pai ainda estava de olhos fechados tentando não desmoronar.

A ruiva saiu da sala com a armadura ainda em seu corpo, sabia que não teria tempo de tirar. Armaduras eram muito demoradas de tirar e de colocar, uma praga.

Apenas soltou seus cabelos e foi andando em direção da cozinha, ia ver como estavam seus irmãos. Aqueles pestinhas já deviam ter comido tudo antes dela.

Ao chegar na cozinha, viu algumas mulheres ainda inconsoláveis, seus dois irmãos comendo e conversando e... Seus dois irmãos?

–Onde diabos está Hubert? – Merida gritou assustando as pobres mulheres que foram entrando para dentro da cozinha, enquanto Hamish e Harris engoliam o biscoito que comiam em seco.

–Eu perguntei onde está aquele bastardo. –Ela falou cada palavra devagar enquanto tinha uma de suas sobrancelhas arqueadas e os braços cruzados em cima da armadura.

–-Hu-Hu-Hubert? Quem é Hubert? – Hamish falava todo atrapalhado e com certeza mentindo.

O que eles tinham a esconder? Merida por conhecer seus irmãos sabia que não iriam contar nada, Hamish poderia acabar soltando onde ele tinha se metido, mas Harris não iria falar nem se o machucassem e o fizessem sangrar até perder as forças. Aquele fedelho era muito leal a qualquer um que ele achasse que merecesse. O único problema é que ele acha que TODOS merecem sua lealdade.

A ruiva bufou fundo e comeu um biscoito sem esperanças de tirar nada deles.

–Eu desisto, conheço vocês. Só vou comer um biscoito, irei ver os Velhos Guerreiro do Sol e já volto. – Ela disse pegando mais dez biscoitos.

Saiu da cozinha com raiva daqueles idiotas dos seus irmãos, enquanto comia os biscoitos. Depois que ela saiu eles respiraram fundo aliviados, pobres garotos... Adoravam defender um ao outro. Enquanto os dois riam, Constantina e Hubert estavam aos amasos em um quarto empoeirado de empregada. Eles estavam nessa paixão a uns bons anos e ninguém tinha percebido, menos é claro os irmãos de Hubert. Mas talvez a sorte deles iria acabar naquele instante.

Aquele relacionamento dos dois existia a um bom tempo, nem a mãe de Constatina e nem a mãe de Hubert perceberam isso. Eles achavam que tinham muita sorte e se diziam apaixonados, porém Constantina e Hubert sabiam que esse amor iria ser difícil de funcionar. Com certeza Elinor já devia estar a procura de princesas para seus filhos e a menina queria que eles pudessem dar um jeito.

Se fosse preciso iriam fugir juntos ou seriam amantes as escondidas para sempre. Não interessava a eles qual seria o plano, estavam apaixonados e casais jovens sempre fazem besteira pelo amor. Como esquecer de trancar a porta do quarto onde estão se agarrando.

Enquanto Merida já estava a dentro na floresta, cavalgando em Angus, e Elinor enviava cartas para os outros clãs. Lady Jessie se lembrou que sua filha desapareceu na confusão, pensou que a menina podia ter ido para seu quarto para tentar fugir daquele momento triste de mulheres e crianças sem os pais, mal a mulher sabia que sua filha tinha um jeito muito diferente de conviver com essa tristeza interior, ignorando-a e namorando seu amado.

Quando a mulher rechonchuda e de buço enorme, estava prestes a abrir a porta do quarto da filha ouviu uma conversar dentro do quarto.

–Eu sei que podemos fugir de tudo isso, juntos, damos um jeito. – A mulher ficou apavorada, reconheceu aquela voz fina e doce, era de sua filha. Ela não queria perder sua única filha.

–Ou eu posso pedir para minha mãe te deixar casar comigo, não vejo problema algum nisso, não sou o primogênito de qualquer maneira. – Disse a voz que só podia ser de um dos trigêmeos. Só não sabia qual, as vozes eram muito parecidas. Mas iria descobrir agora e não se importava em ver os dois nus ou coisa pior.

Iria acabar com aquilo naquele exato momento, abriu a porta e viu os dois, não estavam nus, mas quase sem roupa.

–SE EXPLIQUEM. AGORA! – A voz da mulher daria para ouvir de qualquer canto do reino, quem sabe até das florestas.

Enquanto os jovens tentavam explicar e tentavam amolecer a mulher a princesa ruiva estava tendo um problema com seu cavalo.

Depois de cavalgar numa velocidade bem alta e conseguir acalmar o cavalo negro quando ele sentia que seres mágicos estavam por perto. Ela teria um problema maior do que a Pass Witch(Bruxa de Passagem), a velha que a enganou anos atrás com um feitiço que iria mudar seu destino.

Qual era o problema? Uma velha ponte que dava para o penhasco dos Velhos Guerreiros, mas o cavalo não queria passar de jeito nenhum, bom até aí tudo bem ela podia ir sozinha.

Saiu do cavalo e foi tentar passar, mas agora o animal covarde não queria deixa-la passar, impedia o caminho estreito do modo que podia. Merida implorou, chantageou e usou todos os métodos seguros para tentar tira-lo dali, mas pelo o que parecia iria perder muito tempo, sendo que já perdeu bastante.

–Tudo bem, eu não vou passar pela ponte, já que você não quer... sem problemas. –Ela disse andando para atrás do cavalo, ele estava se sentido vitorioso.

Pobre cavalo, Merida deu um salto ficando em pé nas costas do cavalo e no meio daquele impulso correu para a ponte.

–Háhá. – ela riu da cara do cavalo e quando ia continuar a andar pela ponte... Crack.

Não, não foi as costas do cavalo, foi a maldita ponte. Ela começou a se quebrar do meio e vinha na direção da ruiva.

–Merda! –Exclamou tentando sair de onde estava, mas o cavalo idiota congelou na sua frente.

–OLHA SÓ SE VOCÊ NÃO SAIR EU MORRO! ENTENDEU? – O cavalo apenas encarava a ponte. –Droga, droga, droga! – Não daria para dar um impulso e fazer o que fez para chegar ali ou derrubar o cavalo, ele era pesado demais, pesado igual a armadura.

Foi a droga da armadura, maldita armadura que ganhou daqueles chineses idiotas! Mesmo que ela amasse a armadura só conseguia pensar em como a odiava, odiava o cavalo e odiava a ponte. A ponte iria se destruir por inteiro e ela iria cair penhasco abaixo, foi quando olhou para baixou vendo que tinha um rio e um... apoio de terra.

Teve que fazer uma escolha, se jogar no rio sem saber se é fundo demais ou pular naquele pedacinho de terra que tinha a sua direita, se fosse muito fraco iria morrer. De qualquer maneira poderia morrer, deu de ombros e pulou para o pedaço de terra, ele suportou a maldita armadura e o impacto do pulo, por enquanto.

A ruiva tirou a armadura e a jogou para cima, ela caiu perto do cavalo que agora estava relinchando como se quisesse ajuda-la ou algo do tipo.

–VOCÊ FICA AI! EU VOLTAREI! – Ou não... mas daria um jeito.

O.k., sobreviveu a queda e agora como iria para o outro lado? Olhou para baixo e viu mais pedaços de terra que poderia ir se jogando até chegar lá embaixo e dar um jeito de escalar tudo em cima, mas iria demorar muito. Poderia tentar se jogar em direção dos pedaços de terra que tinham no outro lado, mas se caísse iria ser fatal sem a armadura.

Segurança ou rapidez? Acho que já devem saber qual que ela escolheu, exato ela se preparou para dar um salto alto e então se jogou em direção ao lado oposto. O vento passou pelos seus cabelos enquanto sua barriga congelava, mas ela não iria hesitar.

O cavalo estava tampando sua cara para não ver o que iria acontecer, ela conseguiu segurou com força aquele maldito pedaço de terra e foi procurando outros mais abaixo para apoiar o pé, não eram grandes quanto o outro que ela tinha pulado, mas dava para escalar. Foi subindo e subindo, arranhando suas pernas e braços e quase sempre levando susto quando o pedaço de terra se destruía em suas mãos.

Depois de um tempo, chegou ao outro lado. Salva, mas não inteira. Riu do cavalo, seu cavalo companheiro que por algum motivo atrapalhou ela, talvez por estar ficando velho demais para suas aventuras. Quando voltasse iria ter uma conversinha com aquele burro.

Aquela parte era linda, as árvores pareciam ter mais vida e tinham uma coloração bem dourada, as flores eram cheias de pétalas e cores vivas. Parecia que era o lugar com mais vida de todo o reino, talvez de toda a Escócia.

Andou por um bom tempo por aquelas trilhas até chegar a grande casa dos Guerreiros do Sol, era uma casa ampla e arejada, diferente do que se via nos lugarejos do seu reino. E sempre que o Sol ia se pôr, se punha atrás das montanhas daquela casa, mas não é por esse motivo do nome dos guerreiros. Eles se chamam assim pelo fato de sempre buscarem forças pelo Sol, dizem que quando os guerreiros lutam a luz do sol são mais fortes que um urso. Mesmo tendo uma idade bem avançada.

Chegando lá foi recebida pelo líder deles, junto com mais outros dois Guerreiros, estavam com suas armaduras douradas e andavam como se nem se importassem com o peso delas.

–Princesa Merida, o que devemos a honra de sua visita? Vejo que teve problemas com sua vinda até aqui. – Ele falou se curvando apenas com o tronco e sorrindo de forma simples, enquanto estudava os arranhões da princesa.

O semblante da princesa que antes estava feliz por estar ali, porém ficou triste e devastado pela derrota de seu povo.

–Nós... perdemos a guerra Senhor Edwin, meu pai e minha mãe pedem a ajuda de vocês no concelho. – Merida disse olhando o guerreiro os olhos, com uma expressão de culpa.

O velho e seus companheiros ao seu lado ficaram sérios e tristes, sabiam que ela tinha sido a líder da batalha, logo depois assentiram.

–Entendo o que está passando jovem, mas não precisa ficar triste. Perdas foram feitas para ensinar. – Disse o Senhor Douglas que estava do lado do líder.

A ruiva assentiu mesmo que ainda estivesse triste com tudo isso.

–Também gostaria de avisar que a ponte se quebrou. –Ela falou um pouco culpada por ter sido sua armadura.

Senhor Edwin ficou com um sorriso em seu rosto.

–Fala daquela ponte velha? Nunca passamos por ela. –Respondeu o Senhor Dwin, com seu semblante sorridente de sempre.

Merida não pode conter o riso junto com os velhos, mas ficou intrigada, era sempre por ali que as pessoas iam até o Templo do Sol.

–Então o que vocês usam? –Disse curiosa.

Os velhos olharam entre si, deviam estar pensando se poderiam mostrar e então Senhor Edwin apenas disse convidando ela para entrar. –Você verá.