– Ta certo, cansei.

Falei levantado, eu fiquei sozinha por três minutos e já não aguentava ficar naquele quarto, se eu vou ficar deitada eu tenho de dormir, senão vou dormir então é melhor sair da enfermagem. Preciso descobrir mais sobre a coisa que sugou meus poderes, preciso descobrir como conseguir meus poderes de volta.

Uma mão me segurou. Snake estava na porta.

– Você ficou ai o tempo todo? - ele confirmou - Que merda, hein? - ele pareceu se espantar, mas nunca saberei - Com a sua licença, Snake, preciso descobrir porque perdi meus poderes.

Ele continuou me segurando.

– Snake, me solta! - as pessoas nos olhavam e ele não me soltava, não era como se ele fosse se importar com as pessoas nos olhando, estou falando do Snake, ele não se importa.

Ele não me soltou, então eu o derrubei, as pessoas nos olharam assustados.

– Desculpa, Snake, mas eu preciso ir.

Falei me levantando e indo para a base de pesquisa, quando entrei pude perceber as pessoas me olhando assustados. Diferente de Snake eu me importo com isso, passei anos da minha vida sendo julgada, fui uma criança julgada por adultos e isso me abrigou a ser quem sou, agora eu entendo Wade, agora eu entendo o que você quis me dizer, assim como tenho que te devolver o soco, tenho que te agradecer, você me fez entender tudo.

Eu fui criada para matar mutantes, essa é a verdade, era para isso que eu existia até que eu abandonei tudo e mudei o meu sentido de viver, eu, agora, vivo para não deixar que outros como eu surjam, eu me treinei para ser a melhor, eu me treinei para que eu pudesse acabar com todos que se metessem no meu caminho, eu me treinei além de meus poderes, talvez eu ainda seja capaz de parar essa tal de Hydra, talvez eu não precise de meus poderes.

– Duke! - abri a porta, todos os pesquisadores se assustaram, Duke se assustou.

– Agnes, você não deveria estar no quarto?

– Eu deveria estar morta e não estou - falei rindo - Agora, me conte tudo o que sabem sobre a Hydra.

– O que você quer dizer? - ele me encarava - Ah, ta... Então, isso é o que sabemos.

Ele me entregou um papel em branco com o logo da Hydra que como o nome já diz era uma hidra.

– É o mesmo grupo do Capitão América?

– Pensamos nisso - ele falou e descobri que ele usava óculos - e eu pesquisei, mas essa Hydra é outra, uma nova e mais perigosa.

– Mas esse papel ta em branco.

– Porque ta tudo na internet - ele virou o monitor para mim - eles têm um site próprio que conta a vida deles, mas parece que o governo nunca os levou a sério, até hoje.

– O governo achou que eles eram uma zoeira da internet? - ele confirmou - Qual o problema dessas pessoas? - ele deu de ombros - Posso ficar aqui lendo?

– A vontade - ele me cedeu a cadeira - Ah, Agnes - eu o olhei - É bom ver que não quer se matar.

Sorri para ele da forma como eu olhava para Wade depois de um dos treinos, preciso ligar para o Deadpool, preciso agradecer pelo que ele fez, mas antes preciso descobrir o que é essa tal de Hydra, preciso descobrir o que esses caras querem e por que me atacaram primeiro, eles podiam ter ido até os X-Men, mas eles atacaram a mim, plantaram a armadilha para roubarem meus poderes.

Fiquei ali por muito tempo, eu comia os salgadinhos que Duke levava para mim, os refrigerantes que ele pegava para ele mesmo, mas eu roubava.

– Certo - eu espreguicei - Eu vou sair.

– Aonde você vai? - ele me perguntou largando os papéis.

– Laboratório - ele olhou em volta - Não esse, o laboratório onde me criaram.

– Espera, vai com calma. Você perdeu seus poderes esse lugar deve estar infestado por mutantes, você não pode ir assim.

– Duke, eu não sou burra.

– Eu não disse isso.

– Eu já contatei o Logan e estava contando que vocês fossem me ajudar.

– E o Deadpool?

– Não vou metê-lo nisso - ele me olhou confuso - Existe muito mais nesse meio do que você sabe, meu caro humano.

Ele bagunçou meu cabelo e me arrastou pelos corredores, ele gritou Ripcord, chamou Roadblock e Scarlett, e não sei como Snake apenas apareceu na reunião.

– Eu estou indo ao laboratório onde me criaram - todos me olhavam atentos - Eu imaginei que vocês seriam bons, são os melhores humanos que conheço.

– Ouviram isso? Somos os melhores humanos que ela conhece - Ripcord comemorou.

– Somos os únicos que ela conhece, o resto é mutante e um demônio - Scarlett falou o que o deixou chateado e nos fez rir.

– Vocês são os mais corajosos que eu conheço e precisarão disse, nesse laboratório - abri algumas imagens no projetor - eu fui criada e vocês devem estar se perguntando por que não chamei o Wade - eles confirmaram - porque ele foi criado nesse lugar e o processo de criação dele foi mais absurdo do que o que fizeram comigo e com o Logan que sim estará conosco e não, ele não se lembra disso, por isso o chamei para vir conosco. Preciso que vocês fiquem atentos, esse lugar deve estar infestado por mutantes, se me lembro bem apenas mutantes faziam a segurança e é aí que vocês vão precisar me ouvir.

– Já estamos te ouvindo - Scarlett falou.

– Não, ouvir - apontei para os ouvidos - Eu irei dar um treinamento básico para vocês antes de irmos, mas quando estivermos no campo vocês irão me descrever os mutantes e eu passarei para vocês como agir.

– Isso não te deixará vulnerável? - Roadblock falou.

– É o que eu quero, quero que eles me capturem, assim eu irei descobrir como é lá dentro e irei descobrir o que eles querem com o meu poder.

– O seu? - Ripcord olhou os outros.

– Eu fui a primeira, acho que eles têm algo em mente, pretendem fazer algo amais com meu poder, algo que eu não sei que é possível.

– Agnes - olhei Duke - Nos guie por essa missão.

Confirmei.

Fomos todos para os treinos, eu os guiei a como atacar, como se defender, Scarlett reclamava disso, mas eu contava que ou ela atacava ou ela morreria, pareceu ser convincente quando a rendi com uma faca e ela teve de me atacar.

Depois de dias de treino Snake começou a me arrastar pelas ruas da cidade, pegamos ônibus, metrô, ele sempre mergulhado em seu silêncio, depois de um tempo percebi que ele me levava para a montanha, chegamos ao pé da montanha, ele me encarou, eu sorri para ele, eu não tinha a confiança de meses antes de escalar ali sem segurança, mas parecia ser bom tentar, comecei a escalar da mesma forma que eu fiz antes, com a diferença de que Snake estava ao meu lado e isso aumentava a minha confiança. Chegamos ao topo, um helicoptero estava ali, eu e Snake fomos para a casa pelas sombras, as plantas não tinham crescido, eu precisava saber porque aquele lugar não mudava independente do tempo que passavamos longe.

Snake me abaixou em meio aos arbustos, eu fiquei assustada ao ver quem saia da casa, Storm Shadow acompanhado de Dentes-de-sabre, eles xingavam por não terem encontrado nada. Entraram no helicoptero e decolaram, depois disso Snake me deu uma arma e pediu para que eu o seguisse. Em silêncio entramos na casa, estava vazia, ele me tomou a arma e foi até o quarto, eu sabia que não poderia entrar, então lidei com isso e fui preparar algo para comer. Eu estava com fome, tinhamos saído antes do almoço e já tinha passado muito mais de 24 horas desde que eu tinha comido algo.

Snake veio até a cozinha.

– Já estou terminando - falei o olhando ele pediu para que eu o seguisse.

Larguei as coisas, ele me levou até o quarto e me puxou para dentro, girou uma foto, um teclado surgiu, ele digitou uma senha e o chão se abriu, mandou que eu entrasse, ele veio logo atrás, várias armas penduradas pelas paredes, as luzes acendiam conforme avançavamos.

– O que é isso? - eu o olhei, ele pediu para eu sentar.

Foi até um computador, apertou um botão.

"Olá, Agnes" o computador começou, eu o olhei assustado, Snake ficou de braços cruzados e a cabeça me observava conforme a maquina conversava comigo "Desculpa se desde o começo eu não pude ser o treinador que você queria, eu fiquei assustado, ninguém tinha me seguido como você fez, mas me sinto extremamente envergonhado por isso" eu o olhei, que droga era aquilo "Quando vi o que você era fiquei apavorado, mas depois passei a te entender melhor e vi que você não era nada do que eu tinha imaginado"

– Isso é bom? - ele confirmou. - Então por que não me treinou depois que viu o que eu era?

"Porque você era melhor do que, você é melhor do que eu, Agnes. Você deve estar chateada por ter perdido os poderes..."

– Chateada? Você acha que chateada define como eu estou me sentindo? Eu estou destroçada, eu fiquei esperando alguém vir me abraçar e dizer que tudo ficaria bem, mas eu ganhei um soco na cara do cara que pensei que iria me abraçar. Sem falar que você, que depois do Wade é a pessoa que mais considero, me ignorou, me deixou sentindo aquela dor e o que fez, me mandou tomar um banho, sério Snake!

"Agnes!" olhei assustada par ao computador e depois para ele "Você deve ter percebido que não sou a pessoa mais emotiva, e juro que tentei ser mais acolhedor possível, mas eu sou péssimo com isso. Sei que chateada não define, mas eu nunca senti uma dor assim, eu nunca perdi uma parte de mim, já perdi muitos amigos, assim como você, mas eu nunca perdi uma parte de mim."

– Você não perdeu amigos como eu... - ele confirmou - Não, Snake, eu matei com minhas mãos meus amigos, você ouviu a Kitty, eu matei a Jean, eu a destruí, você não sabe como é isso...

"Você tem razão, eu não sei como é matar um amigo, e eu queria que você me ensinasse"

– A matar amigos? - eu o olhei assustada.

"Me ensinasse a sentir essas coisas que nunca senti" eu o olhei, ele tinha descruzado os braços "Não posso falar com você e nem com ninguém, mas eu estou sempre ouvindo e eu sei o quanto você sofreu e sofre com tudo e quero poder ajudá-la, então, Agnes, por favor, me ensine a sentir."

A tela do computador se apagou e eu não conseguia despregar os olhos do meu sensei, o que eu acabara de ouvir agora? O que raios é isso que o Snake está fazendo? Por que ele quer sentir essa dor terrível que eu sinto dentro de mim todos os dias? Por que ele quer saber como é perder um amigo pelas próprias mãos? Eu não posso... Não posso submetê-lo a uma dor tão terrível como a que sinto todos os dias.

– Me desculpe, Snake - falei o olhando - Mas não posso fazer isso.

Eu corri para a saída daquele buraco no chão. Entrei no quarto que antes usei como meu. Fiquei deitada fitando o teto e tentando absorver tudo o que aquele computador me falou.

Como ele teve tempo de fazer aquilo?

Como aquela máquina respondia coisas coerentes conforme eu falava?

Um som na porta, olhei, Snake entrava, ele se sentou ao meu lado. Pegou minhas mãos e as levou até a máscara, ele movimentava para tirá-la.

– Não! - puxei a mão para perto de mim - Você quer que eu veja seu rosto? - ele confirmou - Você acha que isso fará com que eu confie mais em você? - ele confirmou, eu ri - Não precisa fazer isso - ele se afastou - Você deve estar agradecendo por eu não querer que você faça isso, não é? - ele confirmou - Vocês são tão diferentes - ele ficou quieto - Você e o Wade - imagino se ele teria revirado os olhos - Ele tirava a máscara para ficar me assustando - eu ri sozinha - Ele é meio louco, mas é uma boa pessoa. Ele é aquele que vai te atormentar até você querer se matar, mas se você precisar dele ele dará um jeito de te ajudar, as vezes não é da forma mais normal do mundo, mas... - Snake me abraçou, eu fiquei paralisada, eu não sabia como me comportar. Eu esperava treinar com o Snake, não ser abraçada por ele - Acho que você quer que eu me cale. - ele confirmou - Ta certo.

Eu me endireitei, ele soltou o abraço, mas eu o abracei novamente.

– Snake, obrigada.

Eu dormi conversando com o Snake, minha cabeça estava apoiada em sua perna quando eu acordei, eu ia me levantar, mas ele prendeu minha testa de volta, fiquei ali o observando e me perguntando se ele me olhava, agora parecia ser uma boa ideia tirar a máscara dele e era certeza de como era o homem que eu admirava, mas eu não o fiz, não faria isso com ele, só por ter Snake ali e saber que ele se importava já era bom o suficiente.

Voltei a adormir. Tenho uma capacidade absurda de dormir quando eu quero ficar acordada.