Então era isso, eu sou imortal e minha mãe... Jared, eu matei minha mãe, você pode ficar feliz agora, eu mesma finquei a faca no coração dela, você pode ser feliz, Jared, você pode... Espera, você disse que minha mãe era imortal?

– Disse - Snake me olhou.

Os três pontos... Olhei Snake, encostei no computador "Para matar um imortal é preciso destruir o coração em três partes, se eu acertei em cheio o coração dela devo ter destruído apenas uma parte dele, e se ela realmente era minha mãe, essa é a questão, eu não consigo entender como eu posso ter vivido tudo isso e não me lembrar de nada"

– Você deve ter sido largada - Jared ganhou nossa atenção - Quer dizer que o corpo deixou a alma, sua mãe deve ter criado esse novo corpo usando o material genético do seu outro corpo e com isso criou um clone - ele pensou - Sua alma deve ter sido implantada fazendo com que tivesse a imortalidade, mas eu tenho uma duvida - pedi para que perguntasse - Aquele ar cobra, você não tinha aquilo...

"Experiencias quando eu era bebê, injetaram genes de cobra em mim"

Mas se o que ele dissera era verdade eu precisava encontrar a minha mãe.

Snake foi até o computador.

"Victor Creed..." o olhamos "É o Dentes-de-sabre, ele não deve saber disso também" ele tinha razão, precisamos tentar descobrir como resgatar essas memórias, não sei se para Victor seria bom, contando que ele já era violento antes, agora como mutante talvez fosse pior.

"Alguém mais que conhecemos é dessa época?" perguntei olhando Jared.

– Que eu tenha reconhecido não, mas podemos fazer um levantamento das pessoas que você conhece ou tem alguma relação e ver.

Snake digitou algo no computador, eu e Jared ficamos sentados afastados dele, ele puxou outra cadeira e se juntou a nós, logo todas as fotos de pessoas que eu conheço começaram a aparecer, Jared as olhava atento, separava algumas, mas fez todo o serviço em silêncio, aquilo me incomodava, ele sabia mais sobre mim do que eu, eu preciso recuperar minha memória, peguei meu celular, mandei uma mensagem para Anung para saber se tinha como fazer isso, ele falou que pesquisaria com o Abe.

– Aqui... - Jared separou uma foto do Wade - Ele me é familiar, mas não tinha essas cicatrizes.

Quem era ele?

– Seu irmão, lembro desses olhos me vendo queimar. - analisei a foto do Wade - Ele tinha o cabelo comprido penteado para trás - ele montava no computador, para alguém que morreu a mais de cem anos ele entendia muito de tecnologia - aqui a pele era eprfeita e tinha uma pequena pinta ao lado do olho, esse era ela. - Qual era o nome - Wade, Wade Wilson - eu me afastei - Quem é ele, agora? - Meu irmão - Qual a identidade dele - Wade... Wilson...

Snake nos observava.

– Ela não mudou nada, montou a mesma família, essa mulher é louca - ele veio até mim, eu estava um pouco assustada, fitava o chão, ele levantou meu rosto com delicadeza - Não se preocupe, farei com que sua vida volte ao normal, eu prometo.

Não... - ele sorriu - Eu não sou normal, minha vida nunca será normal... Snake - eu olhei o sensei como se ele fosse me ouvir - você pode me ajudar, preciso dos ensinamentos japoneses de concentração e... Ele não está me ouvindo.

Jared passou para Snake, eu o olhei, ele confirmou.

– Para isso é melhor que fiquem aqui, eu posso fazer o ligamento de vocês com o mundo lá fora, trazer informações do Anung ou de missões que necessitem de vocês. - confirmamos - Então - ele sorriu empolgado - Somos um time?

Trocamos olhares e confirmamos.

Jared partiu, eu e Snake já ficamos por ali. Fomos ao jardim, ele me fez sentar embaixo da árvore, pediu para fazer posição de lótus e me concentrar, eu o fiz. Claro que os pedidos eu entendia conforme ele mesmo fazia. Fechei meus olhos e imaginei em me concentrar no que tinha de mais recente e depois pensar no mais antigo no mais remoto.

Lembrei dos treinos com Snake, até ai tudo bem, lembrei do Wade, X-Men, quando chegava na parte do laboratório eu precisava abrir os olhos e sempre que eu o fazia estava extremamente suada e cansada, olhei Snake ele estava com a mesma postura e sem uma gota de suor, ele não se mexeu, eu não sabia que ele me via, tentei me levantar, mas sua mão foi até meu ombro e me puxou para baixo, fez gestos para que eu repetisse, eu não posso, se eu fizer posso ficar ainda mais cansada e até onde isso vai me levar, ele não me soltou até que eu retomasse a posição.

Agora em minha mente vieram as mortes, meu pai, a Phoenix, minha mãe, eu abri aos olhos rápido, olhei Snake, mesma posição, mesma postura. Tentei me levantar novamente ele me conteve, assim não dá, ão sei se ele me supervisiona ou não, preciso saber disso. Fui até ele que me defendeu, eu tentei de novo, prendi seus baços para cima e com a boca arranquei sua máscara, me afastei dele, e voltei par a posição de lótus, ele levou a mão ao rosto e me fuzilou, desculpa, preciso ver par aonde você olha. Ele se sentou a minha frente e retomou.

Agora tudo o que vi foi meu pai, ele não estava com Wade nem com minha mãe, ele apenas pedia para que eu arremessasse facas, e novamente a imagem dos que matei, mas não foram os três e sim todos os outros, mutantes, e humanos que matei, a última missão, abri meus olhos. Snake estava com os olhos fechados e concentrado, estou ficando com fome, me levantei e novamente ele me segurou, fala sério, Snake. Levei a mão até a barriga, ele se levantou comigo. Preparamos o mais simples possível, macarrão.

Eu estava faminta e cansada, não lembrava que memórias podiam ser tão doloridas. Eu me perguntava se nesses momentos ele tinha lembranças tão ruins quanto as minhas. Ele me olhou aqueles enormes olhos azuis agora me assistiam, ele pegou mais macarrão e voltou a se sentar a minha frente, eu fiz o mesmo e voltei a fitá-lo, era como se tentassemos entrar um na mente do outro e então lembrei que na seleção de fotos não aparecia o Storm Shadow. Eu o fitei, ele suspirou como se soubesse de algo e tivesse captado isso.

Terminamos de comer, lavamos tudo e fomos cada um para nosso canto, me deitei sozinha e em silêncio no quarto. Precisava refletir, senti uma mão gelada me tocar, tentei afastá-la, mas ela me segurava com força, me puxava contra o colchão, eu me debati para me soltar, me debati ainda mais.

– A culpa é sua, Agnes - o rosto da Phoenix.

Acordei assustada e encharcada, olhei em volta buscando pelo que poderia ter me prendido, Snake entrou no meu quarto e me olhou, ainda estava sem a máscara, nos encaramos, ele se sentou a minha frente, eu o abracei com força, ele retribuiu hesitante. Eu estou assustada, é como se os sonhos estivessem cada vez mais reais, Snake, não me deixa aqui sozinha novamente, preciso de companhia. Ele colocou minha cabeça em seu colo, passou a mão pelo meu cabelo, me fez fechar os olhos, adormeci. Acordei ele dormia sentado a cabeça estava caída, fui o arrumei na cama e o cobri, me levantei, não batia sol, nunca bateu sol naquele jardim, me sentei na grama orvalhada, ela estava gelada e isso era reconfortante.

Preciso tentar me concentrar e diferenciar o que é sonho e o que é real. Preciso de mais prática, preciso que meu sensei esteja disposto a tudo e ele parece estar. Talvez eu precise até do Wade.