Essa voz, ela fazia renascer em mim tudo o que eu mais temia, ela fazia brotar no mais fundo de minha alma o meu pior, só de ouvi-lo eu sentia a dor toda renascer a visão de calor voltar e a vontade de destruição ressurgir. Um silêncio pareceu nascer em meio a confusão, as explosões pareciam ter parado e isso me amedrontava mais do que tudo na vida, falando de vida a vida a nossa volta parecia ter sido destruída e toda a esperança fora arrancada do mundo. Tudo isso era ele, tudo isso era por causa dele.

Mas...

– Wade... - eu sabia que ele estava em pé ao meu lado, eu conseguia mexer a cabeça, talvez eu pudesse levant... Não, ainda não posso me levantar.

– Uma assassina que não mata, um tumor que não morre, é, acho que sou um fracasso no que se trata cuidar dos meus filhos.

Filhos? Ele realmente fez minhas lembranças surgirem como um tsunami, eu via o rosto pacifico dela, ela me abraçou e a faca foi fincada em seu peito, eu chorava e as lágrimas dela molhavam meu cabelo. Ela era o que existia de melhor e eu a matei, com ela toda a minha confiança se foi. As lembranças de ter uma mãe ressurgiram, eu a via me abraçando, lendo para mim e mais alguém, ela brincava conosco e não parecia nos temer, era diferente de todos os outros que até mesmo par anos alimentar davam a comida por uma fresta em nossa porta. Ela nos envolvia em seus braços e de cada lado a abraçavamos e dormiamos, mas...

Quem era o outro? Eu sabia que aquela a me abraçar e me confortar quando eu chorava era minha mãe, os olhos dela eram como os meus, mesmo que sem medo, o cabelo bagunçado era identico ao meu e a marca em seu ombro era como a minha, então, sem sombra de duvidas era minha mãe, mas e o outro, quem era...

– Wade? - ele não se mexia, eu me forcei a levantar, senti o corpo bambear, ele me apoiou com uma das mãos na minha cabeça, meu pescoço ainda não tinha cicatrizado, ele fazer isso doia - Wade? - era ele a mancha vermelha que me segurava, sem eu ter controle minha lingua que agora eu via bifurcada passou pela mão dele e voltou para minha boca me trazendo mais lembranças.

Minha mãe me segurava em um dos braços enquanto, preso a sua saia, um menino se escondia, ela ria para ele o que me fazia rir, ele se afastou e esticou os braços para que ela pudesse pegá-lo, mas era óbvio que ele já passara da idade para isso, ele choramingava e eu não conseguia ver seu rosto, até eu ser sentada sobre uma mesa e o menino erguido pela minha mãe, ele me olhou, ele me olhou com aqueles olhos doentis, ele me olhou com a fome de quem rouba a vida de outra pessoa, ele era...

– Wade... - ele me olhava, minha visão voltara ao normal quando minhas lembranças pararam de correr.

Deadpool estava sem a máscara, eu via aqueles mesmos olhos agora a minha frente, e o via em todas as lembranças do laboratório que eu tinha e isso não parecia ser bom.

– Wade - o homem falou, Wade o olhou, o cenho franzido, eu o olhei com medo - acabe com ela.

– O quê? - eu tentei me afastar, maldito pescoço mal cicatrizado, Wade me segurava com força, eu sentia seus dedos começarem a romper minha pele - Wade, não, para, isso machuca... - a visão voltou - Eu mandei você parar! - minha voz saiu em um tom que eu não reconhecia, eu segurei a mão de Wade e o joguei ao chão sem piedade, olhei o homem a minha frente, ele parecia assustado o calor em seu corpo aumentara, os batimentos cardiacos pareciam acelerados demais - Olá, papai.

– Agnes... - ele falou com medo, eu sentia o medo sair por seus poros - Wade, pare a Agnes.

Olhei par ao homem no chão, ele se levantou eme atacou, desviei de seu ataque o acertei novamente, no fundo era doloroso, mas na superficie era gratificante, era bom finalmente estar me acertando com Wade.

A minha última memoria do laboratorio é do meu pai com meu irmão, Wade Wilson, ao seu lado, agarrado a sua calça enquanto eu era mergulhada em um líquido azul e tinha partes de meu corpo perfuradas. Meu material genético fora arrancado, e em minhas veias um sangue foi aplicado, eu não sabia o que era aquilo, só sabia que era bom, eu não sentia mais a dor, mas eu sentia um ódio e isso dominava meu peito infantil. Desde esse momento eu fui mandada par ao treinamento, em minha mente foi implantado que mutantes devem ser mortos, e foi assim que nasceu a Assassina de Mutantes que teve como uma de suas primeiras vitimas sua própria mãe.

– Assassina! - Wade urrou enquanto me acertava um soco - Você, matou, minha, mãe! - ele urrava enquanto me acertava socos seguidos, eu parei.

– E você me matou! - eu o acertei uma cabeçada, ele foi jogado para trás.

Wade se equilibrou, veio até mim, me acertou um chute no ombro, pude ouvir o osso se partir, eu caí dolorida, ele me acertou outro chute onde quiquei.

Meu rosto fitava um grupo ao fundo, uma mancha azul segurava outras duas manchas que eu não identificava.

– Gatinho... - sussurrei.

– Gatinho? - Wade seguiu meu olhar - Eu não gosto de gatos, prefiro cachorros.

Ele passou por cima do meu corpo e seguiu em direção ao grupo.

– Ninguém toca no meu gato! - eu me levantei e com mais uma frase partindo de minhas lembranças.

Wade brincava com meu gato até que arrancou a cabeça dele, eu chorei muito naquele dia, minha mãe foi quem me amparou, mas depois de alguns minutos eu tentava arrancar a cabeça de Wade o que acabou comigo presa em um quarto escuro sem comida ou água.

Corri até Wade, me apoiei em sua cabeça, a rodei e ainda a segurando o taquei ao chão.

– Ninguém toca no meu gato! - eu repeti e olhei o grupo, Logan me encarava tenso, mas logo sorriu e pareceu se acalmar.

– Eu não gosto de gatos! - Wade puxou meu pé, me levantou por ele e me bateu contra o chão.

Me contorci para olhar o grupo, Wolverine nos encarava amedrontado.

– Fujam! - eu gritei, Wade agachou ao meu lado.

– Sh... - ele levou um indicador até o lábio, levantou minha cabeça pelo cabelo e enterrou meu rosto no chão.

– Eu mandei fugirem! - eu urrei enterrada no concreto.

Ouvi os passos desesperados. Eu sentia o cheiro de Logan se afastar, mas alguém ficou para trás, alguém não me ouviu e por alguma razão meu inconsciente apitava o nome de Snake Eyes loucamente.

O som de tiro, um corpo correu, eu me levantei e corri. Wade acertaria Snake, eu o acertei com um chute que o fez desviar a trajetória, meu sensei sentiu apenas o vento de um soco que seria fatal para um humano comum, ele me olhou, o fato dele estar sem máscara me deixava desconcertada, ele era bonito mesmo com todas aquelas cicatrizes e o fato de um homem daqueles viver escondido em uma máscara e em um voto de silêncio me fazia me sentir mal, mas logo meus pensamentos mudaram quando fui atingida por um chute no rosto.

Segurei o pé e joguei Wade o mais distante de Snake que eu conseguia.

– Saia daqui, Snake! - ele negou com a cabeça - Olha aqui, bonitão, não sei se você percebeu, mas isso daqui pode te matar e...

Ele foi atingido, não foi Wade, não foi Storm Shadow, foi outra pessoa, eu fiquei com meus olhos arregalados ou deveriam estar, mas não sei se estavam devido aos inchaços da luta. Olhei o corpo de Snake cair ao chão, olhei para quem assumia o seu lutar agora, meu pai estava ali com uma bengala sendo apoiada ao chão. Ouvi os gritos dos Joe ao longe, eles iam voltar.

– Não! - eu urrei - Se você vierem morrem.

– Escutem a garota - a cabeça do meu pai torceu em 180, os Joe pararam.

– Snake! - Roadblock gritou - Ele está...

– Não. - eu falei - Agora saiam daqui, eu posso cuidar de um de vocês, mas de todos será impossível. Saiam! Fera, tire-os daqui!

A mancha azul correu, levantou Roadblock e Duke nos ombros e correu, Ripcord não precisava de um segundo aviso, ele já estava longe e Scarlett já nem estava por perto.

Olhei o corpo de Snake, ele respirava, tentei me aproximar dele, mas fui puxada pela bengala, olhei meu pai.

– Assassinos matam - ele fitava meus olhos - Mutantes devem morrer e... - ele esticou a mão, eu segui, Anung saltava sobre ele - Demônios devem ser exorcizados.

– Anung! - eu gritei e me esperneei, fui tacada para longe - Anung!

– Não se preocupe, Agnes, apenas proteja a todos como eu faria.

– Anung! - eu chorava infantilmente, aquela frase, ela me dissera antes de morrer.

"Proteja o Wade, mas não se preocupe, Agnes, apenas proteja a todos como eu faria e tentei fazer até agora, garanta que todos ficarão bem e..." ela se afastou, minha mão tomada por seu sangue "Não se preocupe com isso, eu não sinto e..." ela tossiu sangue "Nunca permita ser controlada"

Senti a raiva aquecer meu corpo, a visão de calor voltou, eu avancei mais rápido do que nunca, fui derrubada com um soco de Wade no meio do caminho, mas eu caí e ainda de quatro me levantando eu continuei para atacá-lo, fui acertada, mas não era suficiente, ele matou meus amigos, ele me fez matar companheiros, eu nunca o perdoaria, eu não o perdoaria me fazer o monstro que sou, eu não o perdoaria por deixar Wade da forma em que está, eu não o perdoarei, pai!

Mais uma ataque de Wade, eu caí, ele veio me atacar, eu fiz o que ele fizera comigo enterrei seu rosto no concreto e voltei para meu ataque, uma mão surgiu e segurou meu tornozelo, ele cavara até ali, os dedos da mão sangravam, ele saiu da terra e me arremessou par ao alto, eu via o céu se aproximar e logo se distanciar, ele pegou minha cabeça no ar e a enterrou ao chão, quando foi retirar sua mão eu a segurei o joguei por cima do meu corpo e o chutei para o alto, me levantei, quando ele se aproximou o acertei um chute que o fez voar para longe, voltei para meu pai que agora parecia tremer.

– Era para você já estar morta.

– Sinto decepcioná-lo.

– Quando descobri como arrancar seus poderes e os implantar em outra assassina era para você ter morrido, mas...

– Sinto informar que sou mais do que você se permitiu me conhecer, papai.

Seus olhos assustados, eu me aproximei, ele tentou me atacar com a bengala, eu o bloqueei com o antebraço, torci a arma a peguei para mim e a finquei em seu coração.

– Você sabia que a única forma de matar um imortal é destruindo seu coração? - falei torcendo a arma, ele babava sangue.

– Como soube? - ele perguntou quase sem voz.

– Tenho bons companheiros - ele caiu de joelhos - A Hydra não se levantaria sem um bom líder, achei que você poderia estar por trás disso e eu estava certa. Você quase me pegou contratando Dentes e alterando os genes de Storm Shadow, mas sabe de uma coisa? - ele pediu para que eu continuasse - Tudo isso foi inutil, você sempre irá cair enquanto eu estiver viva, Fênix.

– Mas eu criei uma nova de você, eu criei o Wade, como você ainda pode ter sobrevivido?

– Porque eu não poderia morrer antes de ver Wade livre do pesadelo em que você o prendeu. Essa foi minha razão para resistir a tudo isso, você apenas esteve me motivando a continuar.

– Mas e os outros?

– Apenas aumentaram o meu desejo de ter uma vida normal e por isso não desisti quando perdi meus poderes, ou melhor, parte deles, visto que eu tinha mais uma carta na manga que nem eu conhecia, agora...

Eu ia terminar de destruir o coração dele, quando um chute me atingiu, eu rolei. Wade arrancou a bengala do coração de nosso pai e o ajudou a se levantar.

– Blablablabla - Wade rodava a bengala na mão - Você é muito tagarela, irmazinha - ele agachou a minha frente - Prefiro você... Morta - ele ergueu a bengala e ia acertá-la em meu coração, afinal, filho de imortal, imortal é.

Um zunido, olhei para o alto, a bengala começou a esfarelar, olhamos para trás e vimos nosso pai caindo, atrás dele Snake segurava uma faca na última parte do coração, eu sorri aliviada.

Wade não pareceu gostar, se preparou e correu para atacar Snake que defendeu alguns de seus ataques, mas foi muito atingido, me levantei meio bamba, a língua bifurcada voltou a dar o ar da graça, avancei até eles, acertei Wade com uma cotovelada na nuca que o fez cair. Snake estava ofegante, eu o ajudei a se levantar, ele me apontou para trás, bloqueei um ataque de Wade.

– Hora de te ensinar a como se proteger de um Deadpool enlouquecido, sensei - ele me olhou assustado, arrumei seu corpo no meu, ele agora era como uma boneca - Aula um: Nunca seja atingido em pontos vitais - bloquei os ataques aos pulmões - Aula dois: acerte-o com força - eu o fis dar chutes em Wade e socos que o fizeram recuar - Aula três: - eu o soltei cobri seu corpo com o meu e sorri para ele - nunca deixe sua aprendiz se apaixonar por você.

A mão de Wade me perfurou, não pude conter cuspir sangue em Snake, ele me olhava amedrontado, sorri para ele que olhava meu machucado assustado, Deadpool arrancou a mão de dentro de mim, meu corpo se contorceu, eu ainda não tombaria, eu sabia que meu irmão se preparava para outro ataque, mas ele parou, olhei para trás e ali estava alguém de quem eu tinha me esquecido.

Storm Shadow tremia, mas tinha acertado em cheio Wade na cabeça, ele forçou a espada, o corpo do meu irmão foi partido ao meio.

– Não... - eu estava assustada, ele não podia ter morrido - Não! - eu fui até o corpo de Wade e juntei as duas partes - Seu monstro! - urrei para Storm Shadow que ofegava, ele olhou Snake que estava caído ao chão, os dois se encaravam - Eu vou te matar Storm Shadow, eu vou... - meu corpo vacilou, cai sobre o sensei que acabara de matar meu irmão - eu vou...

– Agnes! - ele me segurava e foi a última coisa de que tive consciencia.