Bloodborne - A Caçada Sangue-Pálido

Os Pthumerianos, Arianna, Oedon e Mergo


“Na era dos Eminentes, o casamento era um contrato de sangue, permitido apenas àqueles que tinham filhos especiais”.

— Anel de Noivado

Os Pthumerianos existiram há muito, muito tempo, muito antes dos eventos de Bloodborne acontecerem. E, no entanto, os ecos do que aconteceu na velha Pthumeru ressoam muito profundamente na atual cidade de Yharnam, mais do que os Yharnamitas possam compreender.

As informações a seguir são evidências manifestas no cerne do jogo, portanto, me atenho a expressar considerações e interpretações pormenores neste ínterim; as miríades interpretações são plausíveis e possíveis frente a obra esmiuçada subsequente a esta primeira.

A Sociedade Pthumeriana existiu há muito, muito tempo, séculos ou mesmo milênios atrás. Eles eram pessoas que eram mestres das antigas artes arcanas, especificamente relacionadas às artes do fogo e às artes do sangue. O povo Pthumeriano parecia possuir um sistema cultural matriarcal, ou pelo menos as posições mais importantes eram frequentemente ocupadas por mulheres, o que é confirmado pelo Cálices de Pthumeru Ihyll.

“[...] Grandes cálices revelam mais profundezas da masmorra. Pthumeru Ihyll era o nome tanto da monarca pthumeriana quanto de sua capital. Isso revela que, embora os primeiros Pthumerianos fossem meros guardiões dos Eminentes adormecidos, seus descendentes se sentiram no direito de nomear uma líder” – Grande Cálice de Pthumeru Ihyll.

“[...] A monarca Pthumeriana tradicionalmente era uma mulher que assumia um nome com raízes clássicas” – Cálice de Raiz de Pthumeru Ihyll.

Essas confirmações deixam claro que o povo Pthumeriano possuía um sistema de governo onde a importância monárquica era correspondida por mulheres. Também há de se salientar que os corredores do antigo labirinto ecoam o timbre dos Sinos Ressonantes Sinistros, usados pelas tocadoras de sino.

“[...] Quando usado em um ritual, esse cálice sinistro invoca o sino ressonante sinistro. A mulher que toca o sino parece ser uma Pthumeriana insana [...]” – Cálice de Raiz de Pthumeru Ihyll Sinistro.

“Um sino manchado de sangue achado no antigo labirinto subterrâneo. Um dos sinos ressonantes que cruzam os mundos, mas esse dobra para o infortúnio e a malignidade. O Sino Sinistro é um objeto de pensamentos sombrios. Toque-o para hostilizar um caçador em outro mundo” – Sino Ressonante Sinistro.

Entendemos agora que as mulheres que possuem alto patamar na sociedade Pthumeriana ficava responsável por invocar auxílio para banir qualquer um que ousasse pisar em suas terras.

Além dos sinos, temos os guardiões, um grupo de guerreiros eternos que vagueiam pelo labirinto cuidando de seus habitantes. A armadura de cinzas ósseas afirma:

“Os guardiões, que se dedicam aos Eminentes inativos, ganharam vida eterna, preservados na forma de cinzas em uma cerimônia de chamas que cremou corpo e alma. Agora, sua armadura frágil é branca e fibrosa, uma janela para uma arte arcana perdida” – Armadura de Cinza de Osso.

Essas mulheres claramente ocupavam posições de importância, e sabemos que são mulheres apesar de suas máscaras, pois os clipes de voz que tocam durante as animações de combate e morte são de uma atriz de voz feminina.

Finalmente, temos a Rainha Pthumeriana. Originalmente, o povo de Pthumeru não tinha governante, eles trabalhavam como simples guardiões do antigo Labirinto. O Grande Cálice de Pthumeru Ihyll informa: “[...] embora os primeiros Pthumerianos fossem meros guardiões dos Eminentes adormecidos, seus descendentes se sentiram no direito de nomear uma líder”.

Com a expansão da sociedade de Pthumeru avançando, consolidaram mais estabilidade com uma rainha como sua governante. A capital de Pthumeru, Ihyll, recebeu o nome de uma dessas rainhas, possivelmente a primeira. No entanto, é a última rainha de Pthumeru, Yharnam, que será o foco de nossa análise.

Quanto aos homens da sociedade Pthumeriana, aparentemente eles ocupavam a posição de fornecer força de trabalho e serviços militares. O Cálice de Tumba Posterior nos diz: “As tumbas posteriores são catacumbas periféricas do antigo labirinto subterrâneo. Mesmo nos dias de hoje, os vigias continuam a expandir as tumbas posteriores, catacumbas informais repletas de túmulos e morte.”

De fato, muitas vezes o som estridente de picaretas enchem os ouvidos dos exploradores enquanto os trabalhadores mortos-vivos labutam para expandir o Labirinto cada vez mais. Eles são supervisionados pelos Vigias, homens gordos e gulosos que podem estar empunhando porretes, cutelos, ferros encandecidos e espingardas.

Existem também as Sombras de Yharnam; encontrado pela primeira vez na Floresta Proibida, visto que as Sombras são apresentadas ao jogador antes de sabermos o verdadeiro nome da Rainha. Os dois únicos lugares em que as Sombras se encontram são a Floresta Proibida e o Pesadelo de Mensis, ambos em locais muito próximos da própria Rainha Yharnam. Curiosamente, se o Caçador desejar, ele pode tentar atrair os Javalis Devoradores de Homens para as Sombras encontradas no Pesadelo de Mensis. As Sombras lutarão e matarão os porcos, enquanto alguns deles morrerão no processo. As Sombras não parecem estar alinhadas com a Escola de Mensis.

De acordo com o Oxford English Dictionary, a palavra shadow tem muitas definições, sendo a menos utilizada “um companheiro ou acompanhante inseparável”. É um uso muito inteligente e irônico utilizar este jogo de palavras que a From Software o fez, primeiramente apresentando as Sombras aos jogadores e, consequentemente, induzindo-os a naturalmente associarem às Sombras de Yharnam como sendo referentes à Cidade de Yharnam, ao contrário de associarem-os à Rainha de Pthumeru.

Os Pthumerianos eram, como os cálices implicam, seres sobre-humanos. Eles estavam perto da Verdade Cósmica, a Verdade Antiga, a tão famosa Eldritch Truth... com tal feito alcançaram evolução e a metamorfose através do uso de ministração de sangue, como evidenciado pela cidade Pthumeriana da Doente Loran, hoje, totalmente decaída.

“Loran é uma terra trágica que foi devorada pelas areias. A tragédia que assolou essa doente terra de Loran supostamente teve suas raízes no flagelo da fera. Alguns fizeram a temida extrapolação de que Yharnam pode ser a próxima” – Cálice da Doente Loran.

Quando o Caçador viaja para as ruínas de Loran, ele encontra uma cidade em que sua atmosfera se assemelha e muito a Antiga Yharnam. É um lugar devastado pelo Flagelo da Fera, já que a grande maioria de seus habitantes são bestas irracionais ou loucas tocadoras de sinos. Existe até mesmo uma Fera Negra, a mais poderosa das bestas, que se esconde no nível mais baixo da cidade caída, assim como há um que habita em Antiga Yharnam. Em Antiga Yharnam, o Flagelo da Fera foi resultado do desenfreado serviço de ministração de sangue da então recém-fundada Igreja de Cura, na tentativa de curar a doença do Sangue Cinzento. O Cálice de Loran Inferior declara.

“[...] Há restos vestigiais de procedimentos médicos em partes da doente Loran. Se eram tentativas de controlar o flagelo da fera ou a causa da deflagração, não se sabe.”

Agora podemos juntar as peças e ver que os eventos que o Caçador está experienciando atualmente em Yharnam ocorreu uma vez, há muito, muito tempo atrás, na antiga civilização de Pthumeru.

Vamos examinar um inimigo bem peculiar dos Labirintos de Cálices da Doente Loran... as Loran Silverbeasts (Feras Prateadas de Loran).

Essas criaturas - que vemos aparecer a primeira vez na Fronteira do Pesadelo – costumam aparecer acompanhadas de suas tochas - semelhante aos pseudo caçadores de Yharnam, os infectados pelo flagelo. A criatura prateada usa as tochas como forma de manifestar habilidades piromânticas para atingir seus adversários. É possível ligar os fatos dessas criaturas prateadas dominarem a arte da piromancia como uma manifestação arcana do fogo, e já é notório através de algumas descrições dos cálices de Pthumeru que eles tiveram acesso a – ou ao menos fragmentos da – Verdade Cósmica.

“[...] O antigo labirinto foi esculpido pelos Pthumerianos, seres sobre-humanos que, dizem, descobriram a sabedoria da Verdade Arcana”.

A Verdade Arcana, ou Eldritch Truth, concedeu a esta raça – imagino que isso se restringe a alguns, e não todos – a capacidade de manipularem elementos da natureza, como o fogo.

Pensando nestas Feras Prateadas de Loran, que foi onde o Flagelo da Fera se manifestou com força na região, elas possuem um bônus de habilidade quando feridas, esse bônus se manifesta em uma explosão radial elétrica que joga o Caçador a alguns metros no impacto. Isso remete as Feras Negras, que são a maior referência desta região, e sabe-se que as Feras Negras são consideradas especiais, conquistado a admiração de Archibald, o infame e excêntrico da Oficina da Igreja, e a prova dessa afirmação é oriunda dos equipamentos desenvolvidos pelo sujeito, como a Tonitrus, arma de truque, o Papel de Raio e a ferramenta arcana denominada de Tonitrus Minúscula. Todas elas uma unanimidade elemental: Raio. Os Pthumerianos estavam realmente muito longe...

Através do uso do Sangue Antigo dos Eminentes, os Pthumerianos foram capazes de ascender e evoluir, e com o sangue contaminado veio o Flagelo da Fera, e possivelmente até o que nós nos referiríamos na era moderna de Bloodborne como a Caçada, junto com uma Lua de Sangue. Isso nos traz de volta à rainha.

“Quando a lua vermelha está baixa, a linha entre o homem e fera é dissipada. E quando os Eminentes descerem, um útero será fecundado” - Nota encontrada na universidade de Byrgenwerth.

O Caçador encontra a Rainha Yharnam depois da morte de Rom, a Aranha Inexpressiva. A característica mais imediatamente horripilante da Rainha é o sangue maculado em seu abdômen. É um momento desconcertante para o jogador, pelo menos foi para mim. Ela é encontrada no fundo do Lago Lunar, aparentemente surgindo do nada, olhando para o céu e chorando. Lá, o Caçador vê a Lua de Sangue pela primeira vez e ouve o choro de um bebê recém-nascido ecoando estridente.

Na antiga Pthumeru, o Flagelo das Feras devastou a terra. Deve ter sido então que a Lua do Sangue surgiu, talvez pela primeira vez, e um útero foi abençoado com um filho. Não se sabe se Yharnam foi fecundada pelos Eminentes especificamente por ser a Rainha, ou se ela simplesmente era uma mulher escolhida ao acaso, mas é certo que ela foi, naquele momento, a mãe potencial de um Eminente. Contudo, como podemos ver pela notória mácula de sangue ao redor de seu abdômen, o parto não correu bem.

Vamos agora avançar centenas de anos até a cidade de Yharnam e observar um certo NPC, a senhorita Arianna. O Caçador encontra Arianna que vive na custódia no Distrito da Catedral de Yharnam; A Dama da Noite confunde o Caçador com um cliente em potencial e afirma que durante as caçadas ela não está apta para atende-lo. Uma vez que o Caçador tenha explorado a Antiga Yharnam, a Antiga Oficina da Igreja da Cura e (talvez) liquidado as Bruxas de Hemwick, Arianna afirma que seu incenso está acabando e como a noite da caçada será longa, ela questiona o Caçador sobre um abrigo seguro para que ela possa residir naquela noite, então o Caçador pode envia-la para a Capela Oedon ou a Clínica de Iosefka. Enviá-la para a clínica encerrará toda a interação com ela, enquanto mandá-la para a Capela permitirá que o Caçador aprimore sua relação com a dama, liberando mais diálogos posteriormente.

Uma vez que Arianna e o Caçador se tornam conhecidos, ela faz o que qualquer bom Yharnamita faria e oferece ao seu novo amigo um frasco de seu sangue. Se o Caçador aceitar, ele recebe o item Sangue de Arianna. É com este item que vemos os primeiros sinais de que Arianna pode ser muito mais do que parece.

"Sangue retirado de Arianna, prostituta do Distrito da Catedral. Um membro antigo Igreja da Cura saberia que seu sangue é de fato semelhante, precisamente ao que uma vez foi proibido” – Frasco de Sangue de Arianna.

Por que Arianna teria sangue semelhante a algo proibido? Afinal, o sangue flui como a água em Yharnam; todos compartilham e absorvem sangue uns com os outros. O que torna o sangue de Arianna especial? Vamos, por um momento, dar uma olhada no que o Caçador encontra se ele for para as profundezas dos Labirintos Pthumerianos, até as mais profundas camadas de Pthumeru Ihyll.

É aqui que o Caçador luta contra a lacrimosa Yharnam, Rainha Pthumeriana. Mas olhe de perto para ela, enquanto luta, percebe-se que a Rainha está aparentemente amarrada, acorrentada. Há um pano preso em torno de seus olhos, cegando-a, e seus pulsos foram firmemente ligados para manter seus movimentos restritos. Aparentemente, ela é contida por haver uma justificativa plausível. Durante a luta com Yharnam, ela se libertará de sua escravidão e mostrará fortes características de hematocinese prodigiosa e que, é difícil expressar o quão é surpreendente.

Ela se derrete em sangue, usando-a para percorrer distâncias; ela usa sangue para criar cópias falsas de si mesma, ela espirra sangue das pontas dos dedos; ela se esfaqueia pelos pulsos e pelo peito para invocar lâminas de sangue que se movem no ar e empalam o Caçador.

Agora, voltando a Arianna, basta dar uma breve olhada em suas características para ver as semelhanças entre ela e a Rainha Yharnam. De onde vêm essas semelhanças? De Cainhurst. O vestido de Arianna é o vestido de uma nobre de Cainhurst, como da rainha Annalise. Seu cabelo esvoaçante, vestido longo corroboram para esta concepção parcimoniosa. O Vestido Nobre é encontrado em um retrato de Cainhurst. Há muitos retratos de nobres, e há um de uma mulher alta e coroada em um vestido cinza, segurando uma criança loira ... Talvez Arianna seja descendente da rainha Annalise, que havia bebido o sangue proibido de Yharnam, ou, se não fosse da realeza, ela simplesmente carrega o sangue do povo de Cainhurst em suas veias. De qualquer forma, o sangue dela é proibido.

Como dito anteriormente, mas reiterando... se o Caçador também resgatou Adella, a Freira, além de Arianna, eles poderão notar que, ao falar com Arianna na Capela Oedon, se eles apontarem a câmera para o lado, eles perceberão que toda vez que falarem com Arianna, Adella levantar de seu assento para olhar e assistir a conversa. Quando o Caçador termina de falar com Arianna, Adella imediatamente desviará o olhar e fingirá que não estava assistindo. É uma maneira brilhantemente sutil de mostrar que Adella está de olho em Arianna e possivelmente está ciente da natureza blasfema de seu sangue.

Mas as semelhanças entre Arianna e a rainha Yharnam não terminam com as comparações tênues de uma alegoria estética... o destino que se abateu sobre a rainha Yharnam, séculos depois, aconteceria com Arianna.

“Todo Eminente perde seu filho e anseia por um substituto”.

O parto da rainha Yharnam não foi bem. A julgar pela enorme quantidade de sangue que mancha seu abdômen e o modo como ela é encontrada chorando na frente do Lunarium da Ama-de-Leite, na Galeria de Mergo: Centro... portanto, só podemos supor que a criança não sobreviveu ao parto.

"Oh ... tem algo de errado comigo" – Arianna, após a Lua de Sangue surgir.

Quando a Lua de Sangue é revelada em Yharnam, Arianna começa a sentir dores e sente-se mal. Ela se recusará a dar mais sangue, e não terá nada a dizer até que o Caçador tenha matado Micolash no Pesadelo de Mensis. Se o Caçador retornar ao Distrito da Catedral, eles encontrarão a cadeira de Arianna vazia, e uma trilha de Soro, sangue claro, indo em direção a Tumba de Oedon. Seguindo a trilha de sangue, encontramos o que é, na minha opinião, a cena mais perturbadora em todo o jogo: Arianna soluçando e rindo ensandecidamente ao lado de uma Larva Celestial contorcendo-se coberta de sangue.

As implicações são ... desagradáveis. Arianna ficou completamente louca, resmungando, soluçando e rindo.

"Não pode ser ... isso é um pesadelo ..."

A Larva nada fará além de se contorcer pateticamente aos pés do Caçador, até que ele mate a criatura. Um único ataque de qualquer arma ceifará a Larva Celestial, contudo, Arianna também morrerá no processo.

Recuperado da criatura morta, encontramos Um Terço de Cordão Umbilical: "Todo Eminente perde o seu filho, e então anseia por um substituto, e Oedon, o Eminente sem Forma, não é diferente. Pensar, foi o sangue corrompido que começou esta ligação incomensurável (eldritch)".

O texto a seguir é circunstancialmente interpretativo baseado nas evidências reunidas até o presente momento, em detrimento disto, considere as alegações a seguir uma leitura singular, fica inteiramente a seu critério concordar com as considerações a posteriori.

Há séculos, o povo Pthumeriano descobriu o Sangue Antigo e os Eminentes, usando o sangue para evoluir. Sua altura cresceu, sua força foi ampliada e eles ganharam controle arcano sobre fogo e o sangue. No entanto, com o Sangue Antigo, vem o Flagelo da Fera. A cidade de Pthumeriana de Loran, , foi a primeira a sucumbir ao Flagelo, quando um surto se alastrou por toda população.

Há vestígios nítidos dentro dos cálices em forma de inimigos das alegações, como, as criaturas denominadas de Fluorescent Flower, que traduzo para Flor Fluorescente, que são descritos pelo Bloodborne Wiki como: "Brilhantes, porém fatais, esses artrópodes cobertos de vegetação são resilientes e com elevado poder arcano. Os caçadores devem ter os pés leves para evitar seus feitiços mortais”.

Resumidamente, esses seres descritos como artrópodes vegetais são uma clara alusão as criaturas denominadas de Elder Things, ou Elder Ones, que são chamadas em português brasileiro como Antigos. Esses seres, uma espécie de criaturas dos contos de Howard Phillips Lovecraft aparece pela primeira vez na novela “Nas Montanhas da Loucura”, onde possuem papel fundamental para a trama. No caso, a relação de paralelo para com a criatura de Bloodborne, a Flor Fluorescente se dá pelo visual inspirado (é nítido visto que compartilham de uma mescla incomum entre características morfológicas de animais artrópodes no caso de Bloodborne, e em Nas Montanhas da Loucura as descrições são quase uma miríade, e o que mais considero se assemelhar é uma mistura de cefalópode com estrutura vegetal). A maior das semelhanças é o que dá nome ao ser de Bloodborne, que é uma cabeça em formato de estrela do mar, que se assemelha a uma planta ou vegetal e que é expressamente semelhante ao dos Antigos (Elder Things) de Lovecraft. E, considerando a resistência física e capacidade de evocar meteoros que estão longe da atmosfera terrestre por meio de teleporte que as Flores Fluorescentes têm, qualquer leitor da obra “Nas Montanhas da Loucura” consegue resgatar nas memórias o quanto as criaturas são descritas como resilientes ao tempo, temperatura e viagens cósmicas.

E quando a linha entre homem e besta ficou tênue, com a lua vermelha surgindo; os Eminentes desceram e um útero foi fecundado. A Rainha Yharnam estava grávida, porém todo Eminente está condenado a perdeu seu filho.

E então a caçada começa, novamente. A lua vermelha se revela e a linha entre feras e homens se dissipa. E assim os Eminentes descem e um útero é fecundado. Descendente da rainha Annalise, Arianna trazia sangue corrompido, que começava a ser um eloquente contato. Mas com quem? Isso nos leva a Oedon, o sem forma.

“O Eminente Oedon, sem forma, existe apenas como uma voz, e é simbolizado por essa runa. [...] Humano ou não, o sangue que escorre é um veículo de alto grau e a essência do Eminente sem forma, Oedon. Mas Oedon, assim como seus adoradores incautos, busca sorrateiramente o sangue precioso” – Runa Oedon Sem Forma.

De todos os Eminentes, Oedon é o mais semelhante a um Deus Exterior dos Mitos Lovecraftianos sobre os quais Bloodborne é projetado. Se tivesse que apontar uma semelhança, diria que acredito ser uma alusão a Nyarlathotep.

Este ser aparece nas obras de H.P. Lovecraft como uma entidade que pertence ao panteão dos Deuses Exteriores, que são seres que estão acima dos Old Ones, ou os Antigos (como Cthullu, por exemplo) e, considerando as dimensões cósmicas e inumanas destes seres, seu contato levaria a mente humana as miríades da insanidade, e, se nossa mente é incapaz de perceber e registrar algo, nós a tiramos do plano, é o que provavelmente acontece com o Eminente Oedon Sem Forma... talvez ele não seja sem forma, nós quem não temos repertório psíquico para conceber tamanha alegoria antiga e alienígena.

Essa comparação com Nyarlathotep é interessante, pois considero que, enquanto este Deus Exterior é dito possuir 1000 formas (com alguns de seus avatares sendo destaques nos contos de Lovecraft), Oedon é descrito como sem forma física, apenas uma miríade de vibrações perceptíveis pela audição. Isso soa quase como um contraste a Nyarlathotep, uma sentença antagônica ao Deus Exterior Lovecraftiano.

Há ainda um ponto bem importante que permeia essa semelhança, que é no campo da motivação. Não possuímos compreensão, ou melhor, discernimento para entender o que motiva um ser tão incompreensível, mas o que se sabe é que, tanto o Caos Rastejante, Nyarlathotep quanto o Eminente sem forma, Oedon possuem um ávido interesse pela humanidade, cada qual as suas respectivas maneiras.

Em termos gráficos, Oedon deveria possuir um design tão absurdamente complexo e alienígena que seria impossível para a FromSoftware colocá-lo no jogo, pois descrever sua forma é algo que está para além da parvoíce humana. Oedon é também o Eminente associado mais estreitamente com o Sangue, já que ambas as runas associadas a ele, Oedon Sem Forma e Convulsão de Oedon, secretam um meio constante de sangue, e fornecem ao Caçador maneiras de reabastecer ou armazenar mais Balas de Mercúrio que são fundidas com seu próprio sangue. Enquanto a Igreja de Cura adora vários deuses, é provável que Oedon seja um dos mais elevados no panteão, se não seu Deus Principal, e vemos essa devoção por haver uma capela inteira dedicada à adoração de Oedon, o Sangue dos Eminentes, em torno da qual gira toda a Igreja da Cura.

Oedon, o sem Forma, existe literalmente ao nosso redor. Ele está literalmente em toda parte, sem forma e apenas se manifestando através de vibrações sonoras. Nesse sentido, Oedon também poderia ser referido como o próprio cosmos. Micolash faz esta descoberta no pesadelo, quando ele é encontrado em comunhão com o Eminente. Ele começa confundindo Oedon com Kos, acreditando que ele está falando com o Eminente dos Oceanos: "Ah, Kos, ou alguns dizem Kosm ... Você ouve nossas preces?".

No meio da luta, Micolash tem uma epifania . "O cosmos, é claro!"

Não é Kosm. É o Cosmos. O Coro também descobriria esta verdade, inclusive, toda a sua religião seria fundada sobre ela como referenciada pelo Símbolo de Vigia do Olho Cósmico:

“Símbolo de um membro do Coro, a elite da Igreja da Cura. O olho simboliza o próprio cosmo. O Coro teve uma epifania repentina, muito por acidente. Aqui estamos nós, com os pés plantados no chão, mas e se o cosmos estiver bem próximo, logo acima de nossas cabeças?.”

Oedon sugere onipresença, embora não seja Deus no sentido religioso judaico-cristão, é quase sempre referido como divino. Isso levaria o mantra do coro, a sua epifania: "O Céu e o Cosmos são um." A Igreja da Cura a priori acreditava que os Eminentes estavam associados com a água, como foi o caso de Kos. O Coro concluiu a posteriori que não era o mar que os conectava com os Eminentes, mas o próprio Cosmos, e quem engravidou a Rainha Yharnam, e posteriormente a prostituta Arianna foi o mesmo Eminente, Oedon.

Naturalmente, o jogo nos apresenta o choro de um bebê logo após matarmos Rom, a Aranha Inexpressiva, então a lua de sangue aparece e estamos aptos a ouvir o respectivo choro. É nesse ponto que a linha entre o Mundo do Despertar e o Pesadelo começa a se dissipar. A Lua de Sangue está baixa, a Amígdala se torna visível – independente de quanto discernimento o Caçador possua – e o choro constante de um bebê começará a seguir e assombrará o Caçador enquanto ele luta para entender o que está acontecendo.

Muitos jogadores sabem que é possível ver a Amígdala antes que a Lua de Sangue aumente, se tiverem pelo menos 40 pontos de Discernimento no contador, mas você sabia que também é possível ouvir o bebê chorando antes da morte de Rom? Descobri isso enquanto estava realizando vários cálices logo após coletar o Cálice de Pthumeru após matar a Fera Sedenta de Sangue. Inclusive, é possível ouvir o choro do bebê antes mesmo de liquidar a Vicário Amélia e acessar as memórias de Laurence no seu crânio bestial. Como isso? Simples, com mais de 60 pontos de Discernimento no contador, é possível começar a jornada em Yharnam já tendo acesso ao som austero de um bebê chorando ao fundo, mesmo antes de a Lua de Sangue ter subido. Isso parece implicar que o bebê existe muito antes de o Ritual Mensis acontecer.

Todo Eminente perde o seu filho e Mergo, o filho da Rainha Yharnam com o Eminente Oedon, também se perdeu. Quando encontramos a Rainha Yharnam nas Terras dos Sonhos, parece quase como se o abdômen dela estivesse rasgado, uma criança arrancada de seu ventre. Mas quando a encontramos no fundo do labirinto Pthumeriano, ela está visivelmente grávida da criança – mesmo com a barriga ainda contendo manchas escurecidas de sangue. Após a sua morte, ela derruba a Pedra de Yharnam. Nele vemos o contorno de um feto.

Gravidez ectópica é uma complicação da gravidez em que o embrião se forma fora do útero.Com a morte do feto, pode ocorrer um fenômeno raro chamado, Litopédio, em que o cadáver fica retido na cavidade abdominal; o organismo materno envolve o feto com cálcio, encapsulando-o, originando assim o litopédio. Pode ficar retido por vários anos ou mesmo décadas. Esses fetos são chamados de "Stone Babies", ou, “Bebes Pedras” e é exatamente isso o que a Pedra de Yharnam é, um cadáver calcificado de um Eminente.

Natimorto, o único legado de Mergo seria seu Cordão Umbilical. Encontrado a partir do chefe derrotado, Ama-de-Leite de Mergo, o cordão nos diz:

"Uma grande relíquia, também conhecida como Cordão do Olho. Toda criança Eminente tem esse precursor do cordão umbilical. Todo Eminente perde seu filho, e então anseia por um substituto. Este cordão concedeu a Escola de Mensis audiência com o natimorto Mergo, o que resultou na morte fetal de seus cérebros ".

Micolash tinha visto tanto o sucesso do Mestre Willem quanto o fracasso de Laurence. Ele tinha visto que, para ascender, é preciso usar um Cordão do Olho, o cordão umbilical de um Eminente. Quando a Escola de Mensis tentou usar o Cordão Umbilical de Mergo para comungar com o próprio Mergo, o ritual resultou num enorme e terrível fracasso. Não está claro exatamente o que significa estar perdido, ou mesmo a morte para um Eminente. Eles existem em um plano de existência muito acima do nosso. Lembre-se de que, embora algo possa morrer no Mundo Desperto, sua consciência pode continuar vivendo nas Terras dos Sonhos.

Mergo viveu no Pesadelo, e tudo indica que ele estava diretamente ligado a Ama-de-Leite, ou possivelmente se manifestou como a própria. É provável que a Escola de Mensis tenha feito uma conexão com Mergo usando seu Cordão Umbilical. Mas o que eles descobriram foi um conceito de morte tão inconcebível que resultou na obliteração de suas mentes.

“Cuidado, os segredos são segredos por um motivo. E alguns não querem vê-los revelados. Especialmente quando os segredos são particularmente indecorosos ...” - Simon, o Atormentado.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.