BloodLust

Bem Vindo a Sunnydale


SEDE DE SANGUE

Capítulo Um – Bem Vindo a Sunnydale

Um carro solitário cruzava a rodovia naquele fim de tarde. Um casal ocupava o banco da frente. Na parte de trás, estava um adolescente em torno de 15 anos. Ele tinha os cabelos ruivos e usava camisa xadrez e calças. Tirou um dos fones de ouvido quando viu a placa que dizia “Bem vindo a Sunnydale”.

─Chegamos? ─Indagou, animado.

─Sim, filho. ─A mulher respondeu. ─Este é seu novo lar.

─Sou muito grato aos senhores por terem me escolhido. Nunca pensei que fosse ter uma família amorosa depois de tudo.

─Não nos trate como senhores, Wally. ─Era o homem. ─Nos chame de mamãe e papai.

─Obrigado, senhor West... Quer dizer, papai.

*****

Uma garota ruiva estava em um jardim florido, cuidando das flores. Por um instante, ela fechou os olhos, sentindo-se estranhamente em paz.

─Shayera... ─Um homem a chamou e ela abriu os olhos.

─Algum problema, tio Destino?

─Nada, querida. Apenas verificando como você está.

─Depende ao que se refere. ─Retrucou.

─Você sabe...

Ela suspirou.

─Ficarei bem, eu apenas... ─Balançou a cabeça. ─Estou bem.

─Tenho uma missão pra você. Ainda não está claro, mas vejo que seu destino está em Sunnydale.

Ao ouvir o nome do lugar, Shayera imediatamente sorriu. Ficou de pé e abraçou seu tio.

─Obrigada.

─Agora vá arrumar suas coisas.

*****

A garota de olhos azuis e longos cabelos negros caminhava pelo cemitério. A seu lado, estava um rapaz também de cabelos escuros, mais velho, segurando uma bolsa. Estava escuro e o lugar era mal iluminado.

─Ouviu isso? ─Ela indagou.

─O que, Diana?

De repente, um homem enorme, de quase dois metros, correu na direção deles. Diana empurrou o amigo do caminho. Ela tirou uma besta pendurada das costas, mirou e atirou. O homem logo era poeira.

─É o terceiro esta noite. E mal começamos.

O rapaz se levantava, limpando a sujeira da roupa.

─Avise-me, da próxima vez.

─Desculpe, Bruce. ─Ela o abraçou. ─Há algo que posso fazer?

─Posso encontrar uma maneira.

Bruce sorriu para Diana e a beijou. Estavam desatentos quando um trio se aproximou deles. Um rapaz negro, outro rapaz de cabelos escuros e um homem de 40 anos. O homem mais velho tossiu e o casal se separou. Eles eram John, Clark e J’onn.

─Deixem isso para depois. ─Disse John. ─Vocês não se separam desde que começaram a namorar.

─Estamos recuperando o tempo perdido. ─Ela disse e sorriu.

─Sim, bem, o que temos? ─J’onn lembrou-lhes o foco.

─Três vampiros desde que cheguei. Eles parecem aumentar de número.

─Isso é ruim. Ficariam bem sozinhos? ─Os adolescentes assentiram. ─Preciso consultar o conselho. Pode significar algo.

Em um mundo onde vampiros existem, J’onn Jonz era o observador da caçadora, a escolhida para enfrentar as forças das trevas. Diana era a encarregada desta missão há quase um ano, e foi assim que conheceu seus amigos John Stewart, Clark Kent e Bruce Wayne, que agora era seu namorado.

Quando J’onn saiu, os adolescentes se dividiram em duplas para cobrirem mais terreno. A noite seria longa.

*****

Quando um novo dia nasceu, Wally, que mal havia dormido, excitado demais com sua nova casa e escola, estava de pé. Seu novo pai o deixou na porta da escola, e seu celular imediatamente começou a tocar. Ele sorriu, reconhecendo o numero.

─Como está sua nova casa? ─A voz de Shayera irrompeu do aparelho.

─É legal, enorme, mal consegui dormir. ─Respondeu.

─Então já me esqueceu?

─Nunca. Estou com saudade de você.

Ela riu.

─Olhe para trás, por favor.

Do outro lado da rua, em baixo de uma arvore, estava Shayera. Ela usava jeans, camiseta preta e um óculos de sol. Acenou para Wally, que atravessou as ruas mais que depressa. Ele desligou o telefone e a abraçou.

─Como? Por quê?

─Tio Destino me mandou para cá ontem a noite. Tenho um apartamento só para mim e vou ficar alguns meses.

─Isto é ótimo. Vai estudar aqui?

─Sim. ─O sinal tocou. ─Vamos.

Os dois adolescentes seguiram para a escola. Diana andava de mãos dadas com Bruce quando esbarrou em Shayera.

─Hey, olha para onde anda.

─Foi mal. ─Wally respondeu por ela. ─Vamos, Shay.

A ruiva encarou Diana por alguns segundos, antes de seguir Wally.

─Garota estranha. ─Disse. ─Nos encontramos depois?

─Claro, amor.

Compartilharam um beijo e seguiram em direções diferentes. Quando Diana chegou em sua sala, para sua surpresa, ela encontrou o garoto ruivo de minutos antes. Ele estava sentado em um canto, remexendo no livro de matemática.

─Oi, ela se aproximou. Sou Diana.

Ele sorriu.

─Wally. Desculpe pela minha amiga. Shay é um pouco irritada.

─Tudo bem. Você mudou-se quando?

─Me mudei para cá ontem com meus pais adotivos.

─E está gostando?

─Sim. Acredito que vou me dar bem aqui.

O professor entrou na sala e todos se sentaram em seu lugar.

*****

Shayera correu para sua sala. Sua primeira aula seria biologia. Ela sentia um cheiro engraçado enquanto se aproximava. Era familiar, no entanto. A professora estava na sala, e ela viu com espanto vidros com reagentes, e laminas de vidro, daquelas usadas em laboratório.

─Você deve ser a aluna nova. ─Ela olhou ao redor da sala. ─Há um lugar vago ao lado do senhor Stewart. Vá se sentar.

John levantou sua mão e acenou para Shayera. Ela caminhou e se sentou.

─Sou John. E você?

─Shayera. Sabe o que ela pensa em fazer?

─Algo sobre fator sanguíneo, eu acho. Não é minha melhor matéria.

Shayera resmungou e se deitou na mesa. A mulher foi passando, ensinando os garotos sobre a experiência. O cheiro de sangue logo chegou a suas narinas. Um misto de sensações passou por seu corpo. Fechou os olhos e continuou deitada. A professora passou por ela e balançou seu ombro.

─Você está bem? ─Ela apenas balançou a cabeça de forma negativa. ─Leve-a para fora, John.

Ele assim o fez. Ficou de pé e guiou a ruiva para fora. John tinha um corte no dedo e o sangue escorria por sua mão. Shayera escorregou pela parede até o chão e cobriu o rosto.

─Não. ─Murmurou.

John disse algo que ela não entendeu e se afastou por poucos segundos. Quando voltou, a garota tinha ido. Ele deu de ombros e voltou para a sala.

*****

No intervalo, Shayera estava sentada na grama, diretamente onde o sol batia. Ela usava os óculos de sol e tinha o rosto voltado para a claridade. Wally sentou de frente a ela.

─Finalmente te encontrei. O que houve?

─Odeio biologia. Por que precisamos aprender sobre o sangue?

─Entendi.

Vários estudantes acenavam para Wally ou falavam oi. Ele sorria e acenava de volta.

─Como consegue ser tão social?

─As pessoas gostam de mim. Eu sou bonitinho. Há quanto tempo está aqui?

─Desde que sai da aula. Umas quatro horas.

─Tanto tempo?

─Este lugar tem uma energia estranha. Sinto como se fosse perder o controle a qualquer momento. ─Ela tirou os óculos. ─Como está a infecção?

Wally olhou dentro de seus olhos. O olho direito era verde, mas o esquerdo possuía algumas marcas amarelas.

─Tem marcas visíveis, mas vai ficar bem.

De longe, em meio as sombras das arvores, John observava Shayera conversando com Wally. Bruce se aproximou do amigo.

─Por que não vai falar com ela?

─Será que eu devo? Ela está acompanhada.

─Ao menos sabe seu nome?

─Shayera.

─Aconselho você a se aproximar.

John pensou por um minuto, mas então eles viram Shayera e Wally se levantar. Shayera segurou a mão do rapaz e o arrastou ate John.

─Eu esqueci de te agradecer por ter me ajudado hoje de manhã. Não me sentia bem por causa do sangue.

─Por que fugiu?

─Nada importante. Ah, este é Wally.

Eles trocaram um cumprimento.

─Vamos esta noite ao Bronze. ─Disse Bruce. ─Vocês estão convidados.

─O que é o Bronze?

─A única boate da cidade.

─Parece divertido.

*****

A noite chegou e Wally estava arrumado. Seu pai adotivo se ofereceu para levá-lo, mas ele preferiu ir a pé, pois queria conhecer a cidade. Era um pouco longe, porém ele gostava de andar. Shayera se olhou no espelho, não agradando de seu vestido rosa. Ela o trocou por uma blusa verde e jeans. Pouco depois, a campainha tocou e ela foi atender.

Diana, Bruce, Clark e John estavam no Bronze quando eles chegaram. Wally acenou para eles, mas Diana não se mostrou feliz.

─Por que a chamaram? Wally é legal, mas essa garota é muito estranha.

─Eles andaram o dia todo juntos. Pensei que só viriam juntos.

Os dois se uniram ao grupo. O tempo passou razoável, mesmo que as duas garotas não trocassem palavras uma com a outra, mas os rapazes conversavam bem entre si. Shayera foi até o bar pegar um refrigerante quando um casal passou a seu lado. Ela os encarou por um instante, e saiu atrás deles.

Do lado de fora, ela os perdeu, até ouvir a garota gritar. Ela correu na direção do som. O homem tinha o rosto vampirico, e tentava morder a garota.

─Ei, você! ─Gritou. ─Larga ela!

O vampiro largou a jovem e se voltou para Shayera. Os olhos dela brilharam em amarelo e um instante depois seu rosto também havia mudado. A garota se levantou do chão e correu enquanto Shayera investia contra o vampiro. Ele olhou para ela e um segundo depois era poeira. Shayera olhou do vampiro para o pedaço de madeira em sua mão.

Ela jogou o objeto longe e seu rosto voltou ao normal no momento em que o grupo vinha procurá-la.

─Você está bem? ─Wally se aproximou.

Ela segurou sua mão e sorriu, mas ainda havia traços amarelos em seus olhos.

─Estou mais que bem, Wally. Sinto-me ótima aqui...