Tínhamos acabado de fazer uma série de compras e estávamos tomando um café. Ele estava perplexo desde nossa saída da mansão. Olhava-me intensamente enquanto tomava um capuchino.

- O que foi Kaoro? – eu perguntei com um sorriso.

- Nada. – ele desviou o olhar.

- Sério. – eu peguei em sua mão.

- L’amur(o amor...)... – um cantor passou cantando para nós.

- Não é nada disso. – eu falei vermelha.

- Sério, é um saco você não lembrar. – Kaoro resmungou triste.

- Do que? – eu perguntei enquanto bebia meu café.

- Do que nós... Vivemos juntos. – ele falou transtornado.

- Como assim? – eu perguntei assustada, meus batimentos cardíacos aceleravam.

- Do – mas as palavras foram interrompidas por lágrimas.

- Senhor Kaoro! – uma garota de pele branca e cabelos negros como a escuridão, aparentando 16 anos, falou o abraçando.

- Melody? – ele pareceu assustado.

- Senhor Kaoro, seus familiares me falaram que o senhor tinha voltado... Eu fiquei tão feliz! – ela sorriu.

- Ah, certo. – eu falei e levantando e saindo.

- Aonde você vai? – Kaoro perguntou enquanto eu e a estranha nos observávamos.

- Voltar pra casa. Quero tomar um banho e dormir. – eu falei sorrindo.

- Certo, vamos. – ele falou pegando em minha mão.

- Você realmente gosta de pegar em minha mão, né? – eu ri.

- Ah, me perdoe. – ele tentou soltar minha mão, mas eu a apertei.

- Tudo bem, eu gosto. – eu o segui.

Chegamos em casa já na hora do jantar. Quando esse momento torturante terminou, me dirigi ao meu quarto e pus uma camisola rosa e longa de seda que eu havia comprado em uma loja chique de Paris. Foi aí que lembrei que Mia havia ficado para trás, então chorei em desespero. Porque eu fui com ele? Porque ele me hipnotizava daquela forma tão estranha? Kaoro. Era só dele que eu lembrava. Akira veio á minha mente em certo momento. Chorei mais ainda, e nesse momento, senti uma necessidade enorme de sair até o roseiral. Pus um sobretudo sobre a camisola e caminhei até o lado de fora. Estava fazendo frio demais, então ficava constantemente rebatendo os dentes.

Mas tudo foi aliviado quando cheguei ao roseiral. Andei até o meio das rosas, até chegar á um campo vazio, com uma árvore morta e um balanço pendurado, o que me remeteu á certas lembranças. Kaoro e eu ainda com cinco anos, ele me balançando. Estávamos rindo e até parecíamos crianças normais.

- Kaoro, você deveria tomar mais cuidado! – falei tirando uma farpa de seu dedo e dando um beijo. – Vai sarar.

- Obrigada, Luna. – ele sorriu.

- Não tem de que. – eu falei com um sorriso.

- Luna, acha que algum dia vamos nos separar? – ele perguntou cabisbaixo.

- Mas é claro que não. – eu sorri.

- Então prometa por tudo que há de mais sagrado que quando crescermos vamos nos casar e ficaremos juntos para sempre. – ele falou vermelho.

- Isso é um pedido de casamento? – eu ri.

- É... – ele ficou mais vermelho.

- Tudo bem, eu prometo de coração. – falei erguendo o dedo mindinho.

- Certo, de coração. – e nossos dedos se enlaçaram.

Havia felicidade em nossos corações.

Então me lembrei de outro dia, nós dois já aparentando a idade que tínhamos no mesmo lugar.

- E então eles viveram felizes para sempre. – falei fechando o livro que eu lia – Meio clichê, não? Nenhum casal pode ser feliz para sempre. Haverá momentos de dor.

- Será mesmo? – Kaoro falou sorrindo.

- Como assim, seu bobo? – eu ri.

- Olha, você prometeu de coração. – havia sarcasmo em sua voz.

- Kaoro, isso aconteceu há muito tempo! – eu falei nervosa.

- O amor suporta o tempo. – ele pegou em minha mão e deitamos um ao lado do outro na grama para observar as nuvens e o céu azul.

- Sim, ele suporta. – eu sorri.

Então sorri aliviada. Ele sentia algo em relação á mim. Algo chamado amor.