Blind

Capítulo Único - Blind


Gregory House sentia-se cansado enquanto olhava para mão estendida em sua direção. Allison Cameron estava novamente se deixando levar por sentimentos, que para o médico aquilo não permitia que ela pensasse com clareza e conseguisse esclarecer as próprias dúvidas. Entretanto, ele sabia que nada na vida, por mais simples que fosse, era facilmente atendida. Longe de ele acreditar em um ser maior, que se preocupava com o dia a dia das pessoas, contudo naquele momento ele pensou ter sentido um pouco de esperança. Apesar de cético, ele não se sentia impedido de desejar.

Constrangida pela desfeita dele, Cameron abaixou a mão e respirou fundo a fim de manter as lágrimas invisíveis. Seria humilhante demais chorar na frente de House, afinal aquilo não mudaria a opinião dele sobre ela, pelo contrário. Só estaria confirmando o parecer de House. E como ela se odiava por se deixar levar por aquele amor único. Que apenas ela cultivava e que jamais seria retribuído com a mesma força.

Pegou-se cogitando se alguma vez House dissera “eu te amo” para alguém. Se a personalidade dele fora mudada por algo. Gostaria de ter visto outra versão dele, uma que lhe permitiria fazer parte. Sonhos e mais sonhos... Por que eles nunca se realizavam? O universo teria algum problema com ela? Ou isso se devia exclusivamente a sua pessoa?

Em todo caso, Cameron não suportava mais permanecer tão quebrada na frente de House. Seu coração insistia em guardar esperanças, mesmo que a recusa fosse palpável. Ela estava sendo sentimental outra vez. Virou-se para sair da casa de House, a presença dele a sufocava a cada segundo. E como era difícil não lançar todos os seus sentimentos sobre ele. Se ela tivesse força suficiente o obrigaria a aceitá-la, porém forçar alguém ia contra os seus princípios. Se não fosse House as coisas poderiam ser diferentes?

E House sabia que quando ela saísse por aquela porta seria para sempre. Seu corpo obedecia uma vontade que não era dele, instigando-o a dar um passo na direção dela. Capturou o momento em que o rosto dela se voltou para seu em completa surpresa e foi quando se deu conta de que seus dedos se encontravam fechados no pulso fino. O que ele estava fazendo? Sempre fugiu de assuntos desgastantes, mantendo-se seguro em sua bolha a prova de tudo, então o que agora o movimentava? Sabia que estava longe de ser amor, mesmo assim ele não agia para se afastar. Chegando cada vez mais perto da frágil médica, ele quase conseguia escutar os batimentos do coração alheio, que por sinal aparentava agitado.

— House?

E ela precisava ter dito o seu nome daquela forma? A voz trêmula, temendo que aquilo não estivesse acontecendo quando ele mal acreditava. Talvez fosse excesso do Vicodin, ou realmente aquela mulher fora tão forte a ponto de conquistar espaço em seu mundo.

— Não vá. — Os olhos azuis dele afundavam na expressão perdida de Cameron. O espaço que os separava preenchido por apenas um passo dele.

— Por quê? — Por mais que Cameron quisesse dizer que ela não sairia dali enquanto ele não mandasse, aquela desculpa soava muito vaga. Ela sempre precisou de mais para acreditar, sempre buscou algo que a conectasse verdadeiramente com House. E palavras lançadas ao acaso não a satisfaria.

— Porque quero que fique. Isso pode ser o suficiente para você. — A falta de convicção a fez se afastar, contudo ele a buscou novamente. A mão segurando a porta, impedindo-a de abri-la. — E também pode ser suficiente para mim.

— É só isso? — Cameron engoliu em seco, sua mente ligada ao fato de que talvez aquele fosse o jeito de House dizer o que ela vinha imaginando há meses.

— É só isso que posso dizer.

Ela sorriu minimamente, colocando-se na ponta dos pés para que seus lábios alcançassem os lábios de House. Fora apenas um breve beijo, entretanto ela o carregou com todas as emoções que a percorriam. Por enquanto aquilo bastava.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.