Durante uma bela manhã de um sábado “sorridente”, Amélia Cahill, ou como era conhecida, Amy Cahill, andava animada pelas ruas de Boston.

Por mais que os prédios do local não permitissem que ela visse o sol saffron, ele sentia ele em sua pele, arrepiando-lhe os pelos do braço, sentia em seus lábios, secando-os o tempo inteiro, fazendo-a ficar umedecendo-os, e em suas costas, quentes de tanto calor.

Seus longos cabelos entre o tom persimmon e scarlet, jaziam soltos, batendo no fim de suas costas, enquanto a jovem garota sorria para todos que olhassem no interior de seus olhos jade. O mundo tinha muitas cores para ela, tudo parecia tão belo e alegre... Ela apenas desejava sentar-se a sombra de algum parque e ler um livro, deixando-se vagar em sua mundo de sonhos...

—Amy! — chamou-lhe seu irmão mais novo, Dan. Os cabelos de um tom dourado e os olhos cor de jade brilhavam radiantemente sobre o sol, suas covinhas salientes quando sorria. Seu pequeno irmão, com apenas 7 anos, já era dono total do coração da mais velha.

—Sim, Dan? — olhou curiosa para ele, era estranho o irmão andar sozinho, mesmo que na frente de casa.

—Mamãe lhe chama para o café — ele disse, sorrindo como se anunciasse a descoberta de Marte.

—Estou indo, maninho — disse a pequena, abraçando os ombros do irmão.

Juntos, andaram lado a lado até a porto de um grande hotel na esquina, da empresa Cahill, onde seus pais e sua avó trabalhavam. Amy adorava aquele lugar, e tinha um motivo, sua casa era no alto do 14º, uma cobertura que tinha vista para as grandes florestas e campos do sul de Boston. Entraram pela porta, cumprimentando o porteiro que já era amigo de seus país de longa data. Por fim, após um passeio pelo salão, que estava cheio de corredores, lojas e seus hospedes, que quase nunca sorriam para as crianças, já que sua aparência nem sempre era a mais “comportada”, entraram no grande elevador de vidro, privado, e subiram para o 14º.

—Até que um dia — cantarolou Hope Cahill, ao ver seus dois filhos passarem pela porta — Onde estavam? — perguntou, olhando inquisitorialmente os olhos da filha mais velha.

—Apenas andando pela rua, mamãe — respondeu a jovem — Nada demais... — Amy quase sempre fazia isso, pouco lhe importava sua idade, os seus 10 anos não lhe valiam nada, estava sempre saindo por ai, segundo ela “em busca de aventuras e de uma paixão para a vida toda”. Seus pais sempre riram de seus sonhos, bobos e infantis, mas Amy sempre era sorridente e acreditava no lado bom de tudo, era otimista ao extremo, então seus pais nunca viram um problema no comportamento dela.

—Já para a mesa, vovó Grace chega em cinco minutos para levá-los até o parque de diversão e ao aquário — disse Hope, sorrindo bondosamente para sua prole.

—Bom dia, crianças — disse Arthur, pai de Amy, entrando na sala de terno e gravata — Bom dia amor — falou, parando ao lado de Hope e dando-lhe um selinho nos lábios.

Eram uma família feliz, todos sabiam. Tinham dinheiro, casa e amor. Pelo ponto de vista de uma criança de dez anos, era mais do que o necessário.

Amy sentou-se na grande mesa de madeira, observando sua sala de estar favorita. O lugar era amplo, com portas e janelas de vidro em todo o lado norte, que davam para uma grande sacada, com cadeiras, mesas, churrasqueira e piscina. O lado sul também era cheio de janelas de vidros, mas, diferente do outro lado, não levava a lugar nenhum e tinha uma cortinas para tapar, nos dias quentes de verão.A lesta estava a escada, que dava em quatro grandes quartos, três ocupados e um de hospedes, além de que do lado da escada estava computadores e escrivaninhas, lugar de trabalho do Sr. e Sra. Cahill. Ao oeste estava situada mesa de jantar e a porta que levava a cozinha, além dos sofás e tv’s para as crianças. No centro da sala havia um degrau, que levava para baixo, onde havia um sofá de dois lugares e duas poltronas de dois, de frente para o sofá, além de uma mesinha de centro, onde as crianças desenhavam quando sentavam-se com os pais.

Amy amava sua sala, desde a tinta nude das paredes, até o chão de madeira de carvalho, tudo... Tudo era perfeito. Os tapetes felpudos e os quadros de família. Tudo.

—Amélia! — chamou-a sua mãe — Onde estas? Não vês que deves comer?

—Perdão, mamãe... — falou a menina, pegando um croassaint e colocando em seu prato — Estava apenas viajando...

—Como sempre — disse Arthur e sorriu para sua pequena ruiva, que herdará os cabelos da mãe e os olhos do pai.

—E para sempre — sorriu Amy, ao dizer a frase que seus pais mais diziam para ela e seu irmão.

—Nós os amamos como sempre — disse o pai, sorrindo ao colocar as crianças na cama.

—E para sempre — completou a mãe, ao apagar a luz.”

Aquela pequena promessa aquecia o coração de Amy todas as noites em que seus pais tinham que sair ou viajar para resolver negócios... Um amor eterno, que dure para sempre...

Mas o para sempre...

Sempre acaba.

—-

Amy não sabia dizer como aconteceu.

Estavam todos rindo no carro, com vovó Grace ao lado de Dan, e papai dirigindo. Todos cantavam músicas alegres enquanto se dirigiam para o restaurante de sempre, onde pretendiam comemorar o acordo fechado de papai.

Estava divertido, alegre, aconchegante... E do nada tudo se foi.

Uma luz forte brilhou contra o vidro antes dos ouvidos de Amy se encherem de um som de buzina. Sua mãe se chegou para trás, abraçando as duas crianças, e a última coisa que Amy viu, foi os olhos de sua mãe. Lhe provando suas palavras:

Como sempre e para sempre...” pensou Amy, antes de apagar.