A sexta-feira amanheceu tão escura para Logan que a coisa que ele mais teve vontade de fazer quando viu o rosto de Mark diante dos seus olhos foi cobrir a cabeça com o travesseiro e voltar a dormir até que tudo se resolvesse.

Mark cutucava Logan incessantemente, chamando pelo nome do amigo repetidas vezes.

— Sabia que o sinal já bateu?

Logan resmungou alguma coisa que Mark provavelmente não entendera e sentou na cama. Seus olhos estavam pesados e ele ainda enxergava a tudo levemente embaçado. O cabelo desgrenhado sobre a sua cabeça parecia ser feito de chumbo e Logan inspirou e expirou várias vezes tentando esquecer os sonhos que habitaram sua mente durante aquela noite mal dormida.

— É sério que eu vou ter que levantar daqui e ir para a aula? — resmungou Logan — Eu não quero ter que olhar para o rosto de ninguém.

Mark, que já estava completamente vestido e pronto para descer até o refeitório, olhou seriamente para Logan.

— Não acredito que você está todo deprimido porque algum babaca qualquer escreveu no espelho que você é um assassino.

Logan levou os pés ao chão gelado e levantou da cama.

— Você diz isso porque não é você quem está sendo acusado injustamente.

— A Helena me acusou ontem. — Mark defendeu-se — Senti a mesma coisa que você está sentindo.

Logan aproximou-se do amigo e mostrou a mão machucada e logo em seguida apontou para os joelhos vermelhos que já estavam formando cascas de cicatrização.

— Não queira comparar as coisas que a Helena te disse ontem com o que eu venho passando desde que aquele infeliz do Brian morreu. Só eu sei a dor que eu senti quando Janeth fez isso com o meu joelho e só eu sei a dor que eu senti quando entrei naquele banheiro e vi “assassino” estampado no espelho. Você e eu podemos ter muitas semelhanças, mas uma coisa você nunca vai saber o que é: se sentir completamente sozinho no mundo.

Logan não queria ter falado aquelas coisas, não queria fazer o amigo se sentir mal, mas tudo aquilo estava entalado na sua garganta desde ontem. Ele estava cansado de se calar diante às coisas que aconteciam.

— Você está sendo egoísta ao achar que é a única pessoa do mundo inteiro que já se sentiu assim.

— Por que você não desce logo e vai tomar o seu café da manhã com a sua namorada? Você já está atrasado e tudo por minha causa.

— Talvez eu deva ir mesmo, já que você está acostumado a ficar sozinho.

Mark não ousou nem olhar para os olhos de Logan e saiu do quarto completamente furioso, batendo a porta com toda a sua força.

Foi como se tivessem destroçado o coração de Logan e ele reuniu todo aquele sentimento em um longo e demorado suspiro de lamúria. As coisas estavam indo de mal a pior e a última coisa que ele precisava era discutir com o seu melhor amigo.

Logan olhou para o próprio corpo e percebeu que ainda estava de pijamas. O sinal já havia tocado e ele tinha apenas alguns curtos minutos para trocar de roupa, ir tomar café da manhã e começar o último dia de aulas daquela semana.

Aquela semana não havia sido ruim, apesar de tudo o que acontecera. Logan havia conhecido pessoas pelas quais valiam a pena o esforço de estar preso em um internato, pessoas que realmente significavam algo para ele. Ele achava muito irônico o fato de ter achado todo mundo estranho no dia que chegara ao colégio e foi necessário menos de dois dias de convivência para que sua opinião mudasse completamente. Talvez ele estivesse sendo egoísta ao pensar desse jeito sobre pessoas tão especiais. Como ele pôde pensar que Sophia era estranha?

Depois de alguns minutos e ele já estava pronto para sair do quarto e encarar as paredes de pedra de Shavely que ainda o afrontavam.

A cantina estava cheia como de costume e todos pareciam estar compenetrados nas suas refeições. Logan logo localizou Mark e Ashley sentados em uma mesa separada do resto do pessoal. A pequena discussão no dormitório não havia sido legal e Logan sabia que tinha que se desculpar com o amigo, mas o orgulho não permitiria que ele fizesse isso tão cedo.

Sophia, Helena e Tommy estavam sentados em uma mesa quase ao fundo da cantina e Logan foi correndo até eles, sem ao menos dar uma olhada em Mark. Quando ele chegou, percebeu que os pratos dos amigos estavam quase vazios e foi só aí que ele se deu conta do quão atrasado estava. Já havia até alguns alunos se levantando e indo para as salas de aula.

— Logan! — Sophia foi a primeira a exclamar seu nome, mas ele notou que Helena ia fazer o mesmo — Me lembre de te dar um despertador no seu próximo aniversário.

Ele deu um sorriso amarelo e se sentou à mesa.

— Acho que nem vai dar tempo de eu comer nada.

Tommy empurrou o prato dele que continha um sanduíche de manteiga intocado para mais próximo de Logan.

— O sinal vai tocar em dez minutos. Se quiser, pode ficar com o meu sanduíche. Eu sempre acordo com uma fome que me deixa com o olho maior que a barriga.

— Que horror, Tommy! — exclamou Helena — O Logan não é um mendigo que aceita restos de qualquer um.

O piercing no nariz de Tommy tremeu e ele olhou para ela indignado.

— E quem disse que eu sou qualquer um?

— Sem brigas, pombinhos. — disse Logan, pegando o sanduíche de Tommy e dando uma grande mordida — Eu aceito a oferta dele.

Helena franziu as sobrancelhas numa expressão de dúvida.

— Espere aí, o que você quis insinuar com “pombinhos”?

— Quem tem que me responder isso é vocês, e não eu.

Helena e Tommy se entreolharam e eles abriram a boca para falar repetidas vezes, mas pareciam não encontrar palavras que pudessem ser ditas. Logan e Sophia estavam se divertindo com a saia-justa dos amigos.

— Ok, Logan, já percebemos que você acordou com o seu lado piadista falando mais alto, mas eu não aguento mais rir.

— Eu não estou vendo a menor graça. — disse Tommy, que já estava com os braços cruzados.

— Nem eu. — concordou Helena — Além do mais, eu gostaria de saber por que o Mark está todo nervosinho ali na outra mesa com a suposta namorada dele, mais conhecida como Branca de Neve dos Horrores.

— Branca de Neve dos Horrores? — Sophia perguntou — Da onde você tirou isso?

— Ah, ela é uma louca e parece um pouco com a Branca de Neve.

Logan entendia o porquê de o amigo estar um pouco afastado. Helena não havia sido nada legal com ele no dia anterior e ela parecia não se lembrar disso. Na verdade, Helena estava agindo como se nada tivesse acontecido.

— Por um acaso, você lembra o que você falou para ele ontem na hora do jantar?

Helena revirou os olhos.

— Ele tem que ser muito idiota se ele estiver chateado comigo por causa daquilo.

— Helena, seja razoável! Você o acusou de ser o assassino.

— Não, eu não disse nada disso! Eu apenas falei que qualquer um pode ser o assassino.

Logan não queria acreditar no que Helena estava dizendo. Ele tinha certeza que nenhuma das pessoas que estavam sentadas àquela mesa era o responsável pela morte de Brian, mas ninguém poderia descartar todas as possibilidades. Ela tinha razão ao dizer que qualquer um poderia ser o autor daquela barbaridade...

— Não adianta vocês ficarem discutindo isso. — disse Tommy — Depois ela vai falar com ele e tudo se resolverá.

Helena acenou afirmativamente a cabeça e eles se mantiveram em silêncio por alguns segundos.

— Pude perceber que a Janeth deixou de pegar no seu pé. — Sophia olhava profundamente para Logan — Será que ela finalmente deu uma trégua?

Logan deu a última mordida no seu sanduíche e logo em seguida soltou uma risada profunda. As chances de a diretora dar uma trégua seriam as mesmas de um elefante passar por debaixo de uma porta.

— Ela deve estar ocupada preparando a tão sonhada festa de amanhã.

— Ah, caramba! — exclamou Helena — Não consigo acreditar que a festa é amanhã! Depois do período de aulas, farei uma reunião no meu dormitório para mostrar as fantasias que vocês irão usar. Elas são perfeitas!

Tommy franziu as sobrancelhas.

— Por um acaso você tem um armário cheio de fantasias?

— É claro. — a menina ruiva respondeu com um sorriso cheio de energia no rosto — Uma garota como eu precisa sempre estar preparada para eventos como esse.

— Por que será que não estou surpreso?

Sophia deu uma risadinha.

— Esse armário é tipo um santuário para a Helena. Nem mesmo eu que divido o quarto com ela já consegui ver as fantasias.

Helena exibiu um olhar de satisfação e logo em seguida deu de ombros.

— É um ritual sagrado. Eu já escolhi a fantasia que melhor combina com cada um de vocês e terão que aceitá-las sem chiar.

Logan poderia enfrentar diretoras perversas que faziam alunos mal comportados ajoelharem em sementes de milho, mas com certeza enfrentar uma Helena completamente obcecada em festas à fantasia seria muito pior. Ele até poderia imaginar o mico que passaria com a fantasia escolhida pela amiga, mas ele tinha muito amor à vida para sequer imaginar em recusá-la.

Helena olhou para a mesa que Mark estava sentado e soltou um suspiro quase inaudível antes de apontar a cabeça para ele.

— Digam ao Sr. Nervosinho que ele também pode ir se quiser. Mas ele que nem ouse em levar a Ashley nojentinha.

— Meu Deus, Helena! — disse Sophia — Estou começando a pensar que você está com ciúme.

Um leve rubor preencheu as bochechas de Helena.

— Ah não, já basta o Logan insinuando que o Tommy e eu somos pombinhos.

Sophia ia responder, mas ela foi interrompida quando o sinal ensurdecedor ecoou de todos os cantos do internato. Mais um dia de aula estava prestes a começar e os amigos se levantaram de suas respectivas cadeiras, respiraram fundo e foram em direção às salas de aula onde derreteriam de tédio e implorariam pelo final daquelas horas torturantes.



O dormitório de Helena se tornou um caos quando Logan, Sophia, Tommy, Mark e Ashley entraram pela porta e viram milhões de fantasias estendidas sobre a cama, de vários tipos e tamanho. Logan conseguia distinguir fantasias de vampiros, lobisomens, maquiagem para confecção de rostos de zumbis e fantasmas, ataduras para fantasia de múmias, além de um chapéu pontudo de bruxa e vários tipos de unhas postiças.

Todos começaram a falar ao mesmo tempo. Sophia dizia o quanto as fantasias eram legais, Tommy reclamava que jamais entraria na festa vestido de lobisomem, Mark dizia que uma múmia seria perfeito para ele, enquanto Logan dizia que dentes de vampiros iriam incomodá-lo.

— Silêncio! — gritou Helena. — Será que eu posso pelo menos mostrar o meu arsenal antes de vocês começarem a reclamar?

Eles assentiram e Helena estufou o peito. A primeira fantasia que ela tocou foi a de vampiro.

— Tenho essa fantasia desde quando eu era pequena. Minha irmã usou uma vez durante uma festa de Halloween e ainda está novinha.

— Mas há duas fantasias iguais. — observou Ashley.

— Muito bem observado, Branca de Neve. Você irá entender depois o porquê.

Ashley franziu a sobrancelha, mas logo em seguida assentiu.

Helena tocou na fantasia felpuda de lobisomem e começou a acariciá-la.

— Essa fantasia aqui é muito especial porque ela foi do meu pai. Ele usou na festa à fantasia que ele conheceu a minha mãe.

— E o que ela está fazendo com você? — perguntou Logan — Deveria estar na casa dos seus pais como uma recordação.

Helena bufou.

— Quando soube que a festa à fantasia teria como tema o Halloween pedi para a minha mãe me enviar todas as fantasias que ela tinha em casa.

Logan assentiu, mas ficou intrigado com o fato de Helena estar trancafiada em um internato com os pais vivos e lhe enviando fantasias. Talvez Logan não devesse pensar que todas as pessoas que estavam ali eram órfãs abandonadas iguais a ele. Ele balançou a cabeça tentando se livrar daqueles pensamentos e voltou sua atenção para a voz entusiasmada de Helena.

— E o resto vocês devem conhecer: maquiagens próprias para zumbis, que são mais pegajosas e grudam com facilidade na pele. As ataduras de múmia eu acho realmente legal, mas dá um trabalho para enfaixar uma pessoa completamente. E a fantasia mais linda de todas é essa aqui de feiticeira. Esse chapéu é simplesmente divino!

As fantasias de Helena eram realmente bem interessantes. Se o que ela queria era causar na festa, com certeza conseguiria.

— É tudo muito lindo, mas o que cada um de nós irá usar? — perguntou Sophia.

Helena pegou a fantasia de lobisomem e colocou-a nas mãos de Tommy, que olhou completamente assustado para a roupa que estava segurando.

— Por que eu serei um lobisomem?

— Lobisomens são estranhos assim como você. É a fantasia perfeita.

Ele tinha consciência de que não adiantaria discutir com Helena. A única coisa que Tommy fez foi assentir e soltar um longo suspiro.

Helena pegou as maquiagens pegajosas e se aproximou de Mark. O menino olhou para ela com desprezo, ainda deveria estar chateado, mas quando suas mãos roçaram e ela colocou os pequenos vidrinhos na mão dele, uma gota de suor escorreu da testa dela.

— Mark será um zumbi muito assustador.

Mark engoliu em seco.

— Zu-zumbi? — ele gaguejou — Acho que eu me daria melhor como uma múmia.

— Tem algo contra zumbis? — perguntou Ashley.

Mark estava nervoso e sua testa estava levemente molhada.

— Sim! Quero dizer, claro que não. É só que prefiro ser uma múmia. Sério. Não posso ser um zumbi.

Helena abaixou o olhar.

— Que pena, pensei que você ia gostar de ser um zumbi.

Mark pegou as ataduras de múmia e foi ao lado de Tommy, que já estava experimentando a fantasia por cima das suas roupas.

A próxima fantasia foi a de vampiros. Havia duas fantasias desse tipo, mas uma parecia ser masculina enquanto a outra parecia ser feminina. Logan engoliu em seco quando percebeu o olhar vibrante de Helena olhando para ele e Sophia.

— Agora a melhor parte! — Helena sorriu — Vocês haverão de convir que o Logan e a Sophia ficarão lindos fantasiados de vampirinhos apaixonados.

Todos que estavam naquele quarto soltaram estrondosas gargalhadas, exceto os futuros donos das fantasias vampirescas, que olhavam para Helena como se estivessem prontos para enforcá-la.

— Eu não vou usar esses dentes! — reclamou Logan — Vou ficar babando toda hora e não conseguirei falar.

Helena colocou a mão sobre a boca dele.

— Vai usar sim senhor! Vocês ficarão lindos.

Sophia e Logan se entreolharam e logo em seguida sorriram. Talvez não fosse uma ideia tão ruim entrar em uma festa ao lado de Sophia usando a mesma fantasia que ela. Com tudo o que estava acontecendo, fazia tempo que ele não ficava sozinho com ela. Aquela festa seria uma oportunidade para ele tentar fazer umas das coisas que ele mais desejava. Ele já percebera que estava apaixonado por Sophia e seria a chance perfeita para ele saber se ela nutria o mesmo sentimento por ele.

Helena pegou o chapéu pontudo, um enorme vestido preto repleto de babados e as unhas postiças e ergueu os braços como se estivesse à beira de um penhasco sentindo o vento balançar os seus cabelos.

— Bom, agora que todo mundo já conhece suas respectivas fantasias e estão todos felizes com elas, eu lhes apresento a minha: Helena, a Feiticeira.

— Pensei que isso aí era uma fantasia de bruxa. — implicou Tommy.

Helena o ignorou e deu uma leve risada irônica.

— Se fosse uma fantasia de bruxa eu a daria para Ashley.

A menina se manteve em silêncio durante a maior parte do tempo e ainda não tinha nenhuma fantasia em mãos.

— Por que você implica tanto com Ashley? — perguntou Mark. — Além do mais, você não reservou nenhuma fantasia para ela?

Helena olhou para Mark como se ele tivesse falado a coisa mais absurda do mundo.

— Em primeiro lugar, eu não a chamei para essa reunião, ela está aqui porque você insistiu como se sua vida necessitasse disso. Em segundo lugar, eu não costumo fazer caridade. Se ela quiser alguma fantasia, ela que vá procurar em algum brechó ou coisa parecida.

Ashley fitou o chão e Logan pôde perceber que ela estava fazendo força para não chorar na frente de todo mundo.

— Queria saber o que eu fiz para você me tratar desse jeito.

Helena colocou sua fantasia sobre a cama e olhou para Ashley com desprezo.

— Que jeito? Eu não sou obrigada a ser legal com uma pessoa que eu nem conheço.

— Você poderia ser um pouco mais humilde.

— Quem é você para falar de humildade? Vem até o meu quarto achando que vou ceder uma de minhas fantasias para uma maltrapilha como você e acha que pode falar em humildade?

— Helena! — exclamou Tommy.

As lágrimas já rolavam dos olhos de Ashley. Helena revirou os olhos e retirou o excesso de cabelo que caía sobre a sua testa.

— É isso mesmo! Não gosto dessa Ashley azedinha e ela que vá chorar as mágoas dela longe de mim.

Mark largou suas ataduras no chão e foi na direção de Ashley, que já estava completamente em prantos. Afagou os ombros da menina e a empurrou levemente até a porta do dormitório. Mas, antes de sair, ele olhou dentro dos olhos de Helena e disse:

— Você é um monstro.

E um estrondo depois que a porta bateu fez com que todos se assustassem.

Logan, Sophia e Tommy estavam encarando Helena com olhares de repreensão, mas ela apenas deu de ombros.

— O que estão olhando?

— Helena, não sabia que você era assim. — disse Sophia inconformada.

Ela não respondeu e Logan parou para analisar o rosto de Helena. Ele lhe mostrava certa indiferença, mas Logan sabia que havia alguma coisa errada para ela tratar Ashley daquele jeito. Não era da índole de Helena ser rude com as pessoas.

— O que está acontecendo, Helena? — ele perguntou.

Ela fechou os olhos por alguns segundos e logo em seguida os abriu.

— Não está acontecendo nada.

— É claro que está. — disse Tommy, com um sorriso de confiança em seus lábios — E eu sei exatamente o que é.

Uma expressão irônica percorreu o rosto de Helena.

— Já que é tão esperto, me diga o que está acontecendo.

— Eu acho, na minha singela opinião, que certa menina chamada Helena está apaixonada por certo menino chamado Mark.

Logan nunca vira Helena tão enfurecida depois que Tommy disse aquilo. O sangue pareceu ter subido pela sua cabeça e ela foi para cima do garoto, enchendo suas costas de tapas.

— Você nunca mais repita uma sandice dessas! — cada palavra que saía da sua boca equivalia a um tapa e Tommy parecia estar se divertindo.

— Ai! Chega! Está me machucando.

Helena se afastou de Tommy e passou as mãos pelos seus longos cabelos ruivos. Ela enrugou o rosto numa expressão de desespero, como se ela estivesse prestes a revelar alguma coisa que fosse o maior dos segredos.

— Ok, vocês venceram. — ela disse — Eu preciso dividir algumas coisas que estão aflorando na minha mente com alguém.

— Pode falar então. — disse Logan.

Helena fez um sinal negativo com a mão e deu uma leve risada irônica.

— Isso é assunto de menina. Sinto desapontá-los, mas está na hora de Logan e Tommy irem para seus dormitórios ou qualquer outro lugar para aguardar a hora do jantar.

Os meninos se entreolharam e assentiram relutantemente. Eles se despediram de Sophia (Logan dera um beijo nela que por alguns centímetros não fora na boca) e já estavam abrindo a porta, quando Helena deu um gritinho e atirou as fantasias que estavam largadas sobre a cama para eles.

— Não se esqueçam das fantasias, por favor.

Eles agarraram as roupas no ar e saíram do quarto, mas antes de fazer isso Logan percebera que Sophia havia lhe assoprado um beijo singelo.