Blackout

Capítulo Único


Mary Margareth estava em um grande problema. Um problema somado além dos que StoryBrooke podia suportar.

A princesa mentalmente fez uma lista em como as coisas pareciam ir a outro nível cada vez que eles se atreviam em solucionar as pautas.

Enumerando os dois maiores embaraço, Mary divagou primeiramente com a grande muralha de gelo envolvendo toda a cidade, que não permitia a entrada ou saída de alguém, eles não sabiam que tipo de vilão estavam lidando desta vez. Por conseguinte, agora tinham que lidar com a reclusão da Regina que havia se fechado em sua própria concha, o que isso por si só já era um problema dos grandes quando todos se lembravam quem foi a prefeita em uma outra vida, e se não bastasse ainda há um ano a rainha má quase voltou quando Cora a persuadiu.

E agora tinha o blackout, que deixou todos em grande breu.

Com a falta do gerenciamento dos serviços como prefeita de Regina, todos acabaram colocando a responsabilidade a ela. Depois da rainha, a pessoa com maior título de responsabilidade de Storybrooke era sua, afinal Snow White ainda era a princesa e a herdeira por direito. Mas a verdade que Mary Margareth já não lembrava mais como era ser responsável por pessoas. Há muitos anos quando tentou ouvir as queixas dos aldeões com a sua madrasta na sala do trono na adolescência – que uma vez na semana eles abriam para essas pautas – A pequena garota entrara em pânico.

Embora fosse uma ótima bandida nos tempos que precisou fugir para sobreviver e sua mente fosse ótima para sair de situações críticas, por outro lado como guiar um povo sempre fora total responsabilidade do rei e da rainha. E se não fosse pelo lado facínora da rainha que tivesse guiado seu coração por tantos anos, Regina seria uma líder extraordinária.

Por vinte oito anos ela soube como conduzir a cidade sem nem que beirasse o caos uma única vez e parecia conhecer muito bem sobre administração, grandes obras e como conduzi-las. Nenhuma única vez recordara de ter ouvido algum crime hediondo, ou que algum cidadão passou por algum tipo de necessidade.

Se claro, não tivesse separado de sua filha e marido por tanto tempo essa maldição teria sido bem vinda, a cidade lhe dera uma vida pacata e boa. Regina poderia ter lhe colocado em uma péssima situação como fizera com Belle por exemplo, mas no contexto geral todos tiveram uma boa vida.

Sem mais enrolação, Mary dirigiu até a casa da prefeita e bateu na porta com um fio de esperança que Regina lhe atendesse.

— Vai embora! – A prefeita gritou do lado de dentro.

Bem, uma resposta pelo menos já era um avanço. Afinal a sua madrasta recusava sempre responder em alta voz.

Snow White retirou um alfinete que usava para prender a fralda de Neal e com uma maestria abriu a porta sem deixar qualquer tipo de sinal de arrombamento. E mais do que depressa ela empurrou o carrinho para dentro da casa e encontrou Regina sentada em frente a lareira um pouco em choque.

— Você esqueceu que eu fui uma bandida foragida? – A mais jovem sorriu com certo orgulho em justificar sua habilidade pela invasão silenciosa enquanto empurrava o carrinho mais para perto do centro.

— Isso me pegou de surpresa. – Regina encarou a mais jovem com o bebê. – Você não pode simplesmente invadir as casas das pessoas assim.

— Desculpa. Eu precisava vir falar com você sobre o apagão. Preciso da sua ajuda, Regina. As pessoas querem que eu conserte, e eu não faço a menor ideia e eu... – Ela estava em conflito com o que sua boa ia proferir. – Queria saber...

— Queria saber se eu sei consertar ou se foi eu quem causei. – Uma sobrancelha escura e delineada elevou-se entendendo tudo naquela frase não dita.

A mulher já deveria saber que alguns atos de bondade e ajuda não seria o suficiente para cobrir uma montanha de décadas de desumanidade. A verdade que ninguém poderia mudar realmente toda sua natureza em um dia mesmo que quisesse.

Leva-se anos para construir um forte, basta um dia mal numa guerra para destruí-lo. Assim seria com a confiança quebrada com as pessoas a sua volta.

E a verdade é que eles tinham razão, ela quase tomou a decisão de matar Marian e prendeu Sidney. A maldade ainda estava dentro dela. Ela era como uma dinamite e bastaria somente alguém acender a faísca.

Mas ela nunca admitiria em voz alta.

— Eu vi o bilhete que mandou para o Henry – Mary aproximou-se para sentar perto da sua madrasta. – É como se você estivesse desistindo de tudo que você lutou.

O choque e indignação posaram no belo rosto delicado da mulher e suas sobrancelhas fincaram.

— Desistir? Será que vocês podem perceber que essa é a última coisa que eu estou fazendo? Acha que eu gosto de estar nessa situação? Que por sinal a sua filha me colocou. – O tom acusatório apareceu, e a mulher olhos verdes não tinha vindo para aquilo.

Regina leu no semblante da enteada que ela estava certa.

— Você pode então me ajudar? – Pediu com olhar de dúvida.

— A consertar o apagão? Desculpe. Nesse momento eu estou de folga com os negócios de gestão. – Regina sentiu o silencio brusco – Eu fui a prefeita porque eu causei a primeira maldição. Mas agora esta é a sua. – Ela inclinou para o lado encostando ombro a ombro oferecendo um meio sorriso. – Bem vinda ao oficio público.

O sorriso não era de deboche como costumava ser, mas não lhe ofereceu a coragem que precisava. A princesa estava insegura por algo que cutucou na profundidade da sua mente puxando para superfície.

— É, mas eu não sei como. – Sua cabeça apontou seu filho. – Agora tenho um bebê para cuidar.

Regina aproximou-se mais ainda do corpo de Mary Margareth e seus joelhos se encostaram. Ela respirou fundo olhando para o oposto lado que estava sua enteada com vergonha do eu ia fazer e puxou a mão da mais jovem para seu colo lhe oferecendo conforto. A rainha não sabia dizer o porquê, mas sentiu que lhe devia aquilo.

— Você liderou um reino antes, vai conseguir fazer agora. – Gesticulou o polegar em círculos por cima das costas da mão da outra.

Abaixando a cabeça os olhos de Mary fixaram em um ponto qualquer do chão da sala de estar e suspirou. Tantas coisas passaram em sua mente naquele momento.

A testa da rainha fincou em preocupação sem saber o motivo, ela sabia que Mary Margareth poderia ser insegura, mas não Snow White.

— O que? – Regina levou sua mão ao queixo de Mary levantando para que a jovem de cabelo curto encontrasse seus olhos. O gesto afetuoso não passou despercebido pela princesa.

— Regina, eu não sei se você se lembra, mas a última experiencia comigo na liderança do reino, você me colocou em perigo.

Agora o motivo estava claro. Ela era a autora por trás da insegurança que veio por meio dos anos de abuso e perseguição da Floresta. Ela mesma era a causa.

Olhos castanhos desviaram de olhos verdes e inseguros, coluna ficou ereta e uma mente vagou lembrando bem de qual dia sua enteada estava se referindo. O dia que contratou um mal caráter para aterrorizar algumas vilas e aldeões para colocar Snow como chacota do povo e ela ganhar o ódio deles enquanto a perversa rainha ganhava confiança popular.

Na semana que Leopold estava viajando, algumas pessoas vieram vê-las para pedir ajuda com os salteadores e ela prometeu que Snow cuidaria daquilo. Nunca poderia esquecer o olhar vacilante e aterrado que a jovem menina lhe devolveu quando tamanha responsabilidade lhe sobre caía.

Regina havia sido estupida de várias formas. Uma garotinha mimada nunca poderia saber o que fazer em situações como aquela, embora tivesse os melhores instrutores e aulas sore política e estratégias. E logo que Snow tornara se uma mulher, Regina a perseguiu ferozmente como um leão faminto persegue a inocente presa. Não havia dado tempo suficiente para aquela jovem mulher recém desabrochada pudesse exercer seus deveres reais.

Em menos de um ano de casamento, quando finalmente ela pode parar de fugir e iria criar a filha, a rainha má lançou a maldição.

‘Eu fui muito cruel’ pensou consigo.

Sua enteada sabia pouco ou quase nada de liderança.

Mary Margareth a fitou curiosa com o silencio da mulher.

— Eu lembro – Regina tomando coragem devolvendo os curiosos olhos verdes. – Eu fui uma péssima mãe, e nem sei se posso dizer se algum dia fui isso, mas...

— Eu lembro coisas boas que você fez por mim e uma delas foi me ensinar a cavalgar, logo que casou com meu pai. Eu acho que foi o primeiro e último dia que você parecia ser você e que genuinamente me fez sentir sua filha e sentir afeto maternal. Eu pude me sentir feliz de novo. Naquele dia você tinha se tornado meu tudo.

Regina não sabia bem como encarar aquela declaração, ela mexeu-se desconfortavelmente sob as palavras. Por um momento ela sentiu que a respiração travou e por segundos ela tinha até esquecido de respirar. A mulher mais jovem estava confessando que ela havia se tornado a pessoa mais importante do mundo todo, do seu mundo, e por ter deixado a raiva a cega-la, a rainha perdera a grande oportunidade de ter tido uma filha ao seu lado.

— Eu sinto muito, por tudo o que fiz Mary. Eu fui uma péssima madrasta. E falhei como a mãe que poderia ter sido. Você merecia muito mais de mim.

— São águas passadas. Hoje somos amigas... – Mary engasgou-se com as palavras. – Quer dizer... Eu acho.

A Snow White queria dizer que Regina sempre foi muito mais do que uma amiga. Ela sempre buscou a aprovação e o amor de Regina como uma filha busca consolo nos braços de uma mãe por quem tanto ama. Ela quis muito mais da rainha. E doía saber que nunca teria aquilo e não sabia dizer se a mulher queria pelo menos o título de amiga.

— Eu sei que você consegue Snow. – Enfatizou com quem estava dirigindo a palavra – Você sempre soube se sair nas mais variáveis situações. Você sobreviveu a mim por muitos anos mesmo quando precisava me enfrentar cara a cara. Você suportou a maldição que eu causei. E você sempre tem uma palavra de esperança nos piores momentos. Não vai ser um problema de oficio publico que vai conseguir te parar. Eu confio em você para cuidar dessa situação na minha ausência. Afinal, depois de mim é você quem detém do maior título.

Mary Margareth compreendeu por trás daquelas encorajadoras palavras que não era a prefeita quem lhe dirigia a palavra, era a rainha. Nas entrelinhas Regina estava a considerando sua herdeira.

Resmungos que vieram do carrinho de bebê desviaram o foco dos seus pensamentos e logo os resmungos tornou-se um choro necessitado. Mary pegou seu filho e ninou, mas não parecia isso que a criança queria. ‘Talvez seja fome’ ela pensou. Com a sua linguagem corporal a criança negou a comida. Talvez fosse a roupa que estivesse incomodando ou a fralda, mas parecia em vão qualquer uma dessas listas de checagem que ela repassava mentalmente. Neal parecia inconsolável.

Regina revirou os olhos e tomou o bebê do colo da sua enteada e colocou a cabeça do bebê contra seu coração imitando o barulho do útero enquanto embalava o pequeno pacotinho de um lado para o outro. A princesa cruzou os braços vendo a destreza, mas ainda descrente que sua madrasta pudesse obter êxito.

Aos poucos o choro alto tornara-se apenas resmungos até que a sala mergulhou em um silencio profundo.

Aquilo aos olhos de Mary parecia mágica. Se ela não conhecesse bem o bastante que Regina tivesse mudado, ela poderia pensar que a antiga rainha tivesse usado do artificio.

— Como você sabia?

Regina balançou a cabeça com os olhos tediosos se revirando como se dissesse que era obvio.

— Quando adotei Henry, foi difícil faze-lo parar de chorar. Era dia e noite e nada o acalmava. Uma vez eu pedi que você o segurasse e no mesmo instante ele parou. Eu achei que algo estivesse de errado comigo. E talvez tivesse, mas então eu aprendi um pequeno truque para casos que pareciam sem solução.

Mary Margareth sorriu mostrando os dentes.

— Bem, parece que você foi uma mãe maravilhosa. – A declaração havia saído genuína da boca da princesa.

Depois de alguns minutos de silencio Regina desencostou a criança do seu peito para poder fita-lo e Neal abriu um sorrisinho banguela que lhe lembrou muito quando Henry sorriu para ela a primeira vez, aquilo fez o coração da rainha aquecer por dentro lhe devolvendo o sorriso.

— Aí está você. – Ela falou com a criança e beijou a testa pequenina deixando uma marca de batom. Aquilo parecia estranho de imediato a Regina, mas um sentimento por Neal estava sendo plantado.

O bebê voltara a resmungar o que fez a rainha voltar a antiga posição com a criança.

— Isso me faz pensar em como as coisas poderiam ter sido diferentes entre mim e você. – Mary confessou com apreciação da cena adorável desenrolando a sua frente.

— No fundo eu nunca quis matar você de verdade. – Regina confessou, mas mordeu a língua parecendo ponderar se iria continuar. Distraída sentindo o cheiro do bebe lhe dando coragem, e acalmando ela resolveu abrir coração. – Eu não me orgulho do que fiz, mas... Uma vez quando um dos meus guardas a deixaram escapar, eles disseram que você parecia morta. E eu o matei apenas quebrando seu pescoço com um único gesto da minha mão. E eu poderia ter feito isso com você, Snow! – Ela pausou para esfregar as costas do bebê que dera uma fungada profunda - A qualquer hora na verdade, e eu buscava os meios mais complicados. A ponto que quando te dei a maça você não morreu exatamente, ficou apenas em um estado de inconsciência.

O queixo da princesa caiu e a boca se abriu em choque com que seus ouvidos acabavam de escutar.

— Você alguma única vez se preocupou... Comigo?

Seus lábios se apertaram antes de continuar, Regina olhou para o bebe que agora estava de olhos fechados dormindo no embalo daqueles braços quentes e confortáveis com as batidas do coração.

— Sim! Muitas vezes. A ponto de não me deixar dormir. Mas eu enterrava os pensamentos e jogava os sentimentos para o fundo. Eu fazia poções para levar minha preocupação embora. E quando as tomava a rainha má tomava o controle. Naquela época eu me divertia, mas um lado meu tentava me puxar para realidade. Eu tinha uma briga interna com minha consciência.

Não era o tipo de confissão que a princesa esperava, mas ao estudar o rosto da mulher à frente, não havia nenhum resquício de mentira. Ela não sabia dizer se havia odiado a confissão por saber que eles todos poderiam ter sido muito felizes juntos e que não precisaria ter se separado da sua filha por tantos anos e ter perdido tanto da vida dela. Ou feliz por saber que algum momento da vida a sua madrasta tenha lhe amado, nem que fosse do tamanho de um grão de areia.

Regina estudou o rosto da enteada e pelas expressões não saberia explicar o que ela estava pensando. Quase se arrependera do que falara.

— Você gostaria de começar do zero? – Agora não era Mary Margareth falando, era Snow White. A morena conseguiu notar a pequena diferença de quem estava falando com ela.

— Eu nunca poderia. Mesmo que eu quisesse. Veja minha situação com Robin. No fim um vilão sempre será um vilão.

— Eu não perguntei o que você foi Regina e sim se você gostaria de ter uma chance de fazer tudo diferente.

A morena elegante concordou com a cabeça.

— Não há razão para não sermos uma família de novo.

Mary aproximou-se da mulher e tocou o braço carinhosamente.

A bochecha de Regina encostou suavemente nos cabelos ralos e loiros de Neal e sua boca se repuxou no que parecia um sorriso tímido e discreto para a enteada.

— Bem, parece que temos um bebê dorminhoco aqui que deve voltar para o carrinho. – A voz rouca arranhou suavemente o ouvido do bebe, provocando um resmungo delicado.

Com muito cuidado a rainha colocou Neal de volta ao carrinho.

— Você teria sido uma excelente vov...

— Não se atreva a completar essa frase, Snow White! – Regina a fulminou com os olhos, mas eles causaram mais uma crise de riso na princesa do que medo. – Tia Regina está ótimo! – Suavizando o rosto ela justificou com uma expressão divertida.

A mulher mais jovem se posicionou atrás do carrinho pronta para ir embora.

— Tudo bem. Devo pedir para Emma chama-la assim também? – Um sorriso travesso lhe enfeitou o rosto.

Uma sobrancelha em advertência subiu. E seu nariz enrugou torcendo as feições da prefeita só com a possibilidade de Emma a chamando daquele jeito.

— Não me faça arrepender por ter mudado de ideia. – Regina voltou a se sentar, assim que viu sua enteada se virar ela a chamou. – Ah, Snow, quanto ao apagão na usina, tem um mapa com as instruções na terceira gaveta da minha escrivaninha que poderá te ajudar no gerador.

A jovem mulher meneou a cabeça entendendo a orientação. A prefeita virou-se para encarar a lareira.

— E Regina? – Quando a morena lhe deu atenção abriu um sorriso – Quando tudo isso terminar, podemos ir todos jantar na Granny juntos. Como uma família.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.