Houve uma época na qual a população bruxa vivia um tempo sombrio. O comércio estava vazio, as ruas quase desertas, as lojas ficavam fechadas porque as famílias eram instruítdas a não sair de casa. Não se sabia em quem confiar. O Ministério da Magia estava um caos, pois não tinham mais controle sobre a situação. Havia terror por toda parte. Pânico e confusão definiam a vida dos bruxos.

Nessa mesma época, as pessoas tinham medo de ler o profeta diário — o jornal bruxo — pois temiam ver o nome de algum ente querido entre as vítimas dos ataques dos comensais que aumentavam cada vez mais.

E tudo isso por causa de um homem... ou quase.

Conhecido como Voldemort, ou como ele é chamado por grande parte da população, Você-Sabe-Quem, ele era o maior bruxo das trevas dos últimos tempos. Com suas feições semelhantes às de uma cobra, causava arrepios até mesmo no mais corajoso dos bruxos. Com seu vasto conhecimento sobre magia negra, não havia uma pessoa que saísse viva se ele decide-se matá-la; por isso, a população temia até mesmo pronunciar seu nome.

Por acreditar que os bruxos, principalmente os que tinham puro sangue, eram superiores aos trouxas — pessoas sem um pingo de magia nas veias — ele queria acabar com todos os trouxas e purificar a nação bruxa, que seria dominada por ele.

Porém, seu reinado das trevas estava chegando ao fim...

...

Em um escritório sombrio, iluminado apenas pelas chamas ardentes da lareira, estava sentado um bruxo perdido em pensamentos numa poltrona enorme de aparência antiga. Era esquelético; sua pele era tão branca quanto o osso de um crânio; no lugar do nariz, havia fendas. Os olhos tão vermelhos quanto sangue estavam fixos em um ponto qualquer enquanto ele acariciava a cabeça de Nagni, sua cobra de estimação.

Por várias semanas, focava-se em apenas um assunto. As profecias. Já havia se passado um mês; um mês desde que Severo Snape havia ouvido duas profecias que poderiam por fim em seu “reinado”.

A primeira, na qual o homem só havia conseguido escutar o início, dizia que, no final do sétimo mês, nasceria um garoto — de pais que já o desafiaram três vezes — com o poder de derrotá-lo.

Duas crianças se encaixavam nessa profecia: Neville Longbottom e Harry Potter. Ambos os pais faziam parte da Ordem da Fênix, um grupo secreto criado e liderado pelo sábio Alvo Dumbledore, que tinha o objetivo de derrotar os bruxos das trevas.

Voldemort mandou descobrirem tudo sobre as duas famílias. Ambos os pais eram bastante corajosos e habilidosos, porém algo lhe chamou atenção: Harry Potter era um bruxo mestiço, seu pai era puro-sangue, porém sua mãe era nascida trouxa. Muitos não sabiam disso, mas o Lorde também era mestiço. Sua mãe, também puro-sangue, uma descendente direta do famoso Salazar Slytherin, e seu pai, um simples e maldito trouxa. Um maldito trouxa que lhe abandonou quando ainda estava sendo gerado.

Com isso, e também por acreditar que o garoto Potter lhe traria mais ameaças no futuro, Voldemort foi atrás da família do menino. Porém, para o seu azar, os Potter estavam protegidos pelos mais fortes e complexos feitiços, dificultando que ele encontrasse o garoto.

Já a segunda profecia deixou o bruxo bastante intrigado, porque ela dizia que uma criança nascida no início do sexto mês de pais puro-sangue seria extremamente poderosa e o lado que escolhesse lutar na guerra seria o vencedor. Voldemort teria que ser rápido. Ele tinha que encontrar essa criança antes que Dumbledore; caso contrário, tudo o que havia conquistado iria por água abaixo.

Um ano se passou e os Potter continuavam escondidos. Nem mesmo torturando os Longbottom para falar a localização da outra família adiantou. E, para sua infelicidade, ele ainda não havia encontrado a criança da outra profecia. Ele foi pessoalmente à casa de cada família puro-sangue da Grã Bretanha e, mesmo que algumas tenham filhos nascidos em junho, nenhum era a criança da profecia.

Raiva. Era isso que ele sentia. Para o desespero dos comensais, o Lorde descontava sua ira neles. Por mais bobo que fosse o erro, o servo pagaria levando Cruciatus. Às vezes, eles eram torturados por horas com essa maldição.

Esse feitiço é uma das três maldições imperdoáveis. O fato irônico é que esse era um dos feitiços mais utilizados pelos comensais para torturar suas vítimas. A pessoa atingida pela maldição sentia que mil facas em brasa adentravam em cada parte do seu corpo repetidamente. Essa maldição pode levar a vítima a loucura ou até mesmo a morte. Quem fosse pego praticando esse feitiço teria uma passagem só de ida para Azkaban, a terrível e temida prisão dos bruxos.

Porém, para a surpresa do Lorde das Trevas, os Malfoy tiveram um casal de gêmeos nascidos no início de junho. Lúcio e Narcisa Malfoy eram uma família tradicional, completamente puro sangue, que apoiavam Voldemort. Não que o Lorde acreditasse que algum dos filhos de Lúcio — que apesar de também participar de seu círculo íntimo não tinha nada de extraordinário — fosse a criança da profecia. Mas não custava nada ter certeza...

Assim que o relógio bateu sete horas da noite, a família de loiros entrou no escritório de Voldemort com o coração acelerado a mil. Com a entrada, o Lorde sentiu o ar mudar. Conseguia sentir a magia que o rondava e logo teve a certeza. A criança estava lá!

Lúcio e Narcisa, cada um carregando um dos filhos, pararam cabisbaixos em frente à mesa de Voldemort. Nenhum dos dois arriscava olhar para o bruxo, embora sentissem o olhar gélido do homem sobre si.

Voldemort levantou-se lentamente e foi em direção aos dois que se mantiveram imóveis esperando a ordem do mestre. Ele analisou as duas crianças. Draco, o garotinho, era extremamente loiro, sua pele era pálida e seus olhos eram azuis-acinzentados. Já Alison, assim como o irmão, era loira, porém seus cabelos tinham um tom mais escuro e sua pele tinha um tom levemente bronzeado, e seus olhos eram um azul safira.

— Dê-me o garoto primeiro — sua voz gélida ecoou pelo cômodo silencioso, causando arrepios em Lúcio. Com as mãos tremulas, o comensal entregou seu filho nas mãos do bruxo. Sua face exibia o medo que sentia do que o Lorde poderia lhe fazer caso nenhum de seus filhos fossem a criança escolhida.

Assim que Voldemort segurou Draco em seus braços, o garotinho começou a chorar. E não era pra menos. Se bruxos adultos choravam na presença daquele homem, por que uma criança de apenas um ano não choraria?

Voldemort revirou os olhos irritado. Aquela criança era “normal” como todas as outras que encontrou. Draco não tinha nenhum poder extraordinário.

— Não é ele — entregou o garotinho para o homem a sua frente que estava decepcionado — e faça-o parar de chorar agora. Antes que eu o faça! — exclamou irritado massageando a têmpora. Se Draco não era a criança escolhida, só podia significar uma coisa... — Dê-me a garota. Rápido!

Narcisa contragosto entregou Alison nos braços daquele monstro. O nervosismo e o medo de entregar sua filha indefesa nas mãos de Voldemort eram enormes.

Voldemort segurou a garota fazendo com que os olhos azuis e penetrantes de Alison ficassem na mesma altura dos seus olhos vermelhos e gélidos, os quais ganharam um brilho maldoso ao carregá-la. O poder que irradiava de seu pequeno e indefeso corpo era imenso. Chegava a ser inacreditável! Com treinamentos adequados, ela seria uma máquina quando crescesse! Uma máquina que faria tudo o que ele mandasse.

— É ela... — disse por fim.