Storybrooke / Time: Presente

(Henry Pov/On)

Vallery vestia um top e jeans pretos, mas eu não entendia como ela conseguia andar descalça naquela torre congelante.

— Des... Desculpe. – Ela pareceu se divertir ainda mais com o meu nervosismo.

— O que você quer aqui garoto?

— Eu... Bem, veja... Err... – Seu sorriso debochado aumentava a cada palavra que eu proferia, fazendo-me corar de vergonha. Ela começou a rir.

— Relaxe Henry, eu não vou matar você. – Sussurrando logo em seguida. – Bom, pelo menos, eu não.

— Isso não é tranquilizante! – Ela riu ainda mais.

— Fale. – Vallery ordenou, enquanto fazia aparecer um guarda-roupa no meio do cômodo.

— Eh... Ok. Eu, eu queria saber, primeiramente, porque você não está no livro. – Retirei o livro de contos da minha mochila, ela o olhou por alguns momentos antes de sorrir e voltar a mexer nas roupas.

— Ah, mas eu estou no livro. Só não nesse ai. – Arregalei os olhos, enquanto ela, despreocupadamente, retirava um sobretudo preto do guarda-roupa .

— O que...?

— Qual era a segunda coisa? – Ela voltou-se para o espelho atrás de mim segurando dois cabides, tentando decidir o que usar.

— Eu encontrei esse caderno. – Coloquei a mochila no chão, pegando o caderno de couro prateado.

— Ele me disse para procurar você e eu não consigo... Abri-lo. – Assim que disse isso e tentei mover a trava, ela pendeu ao lado do caderno, agora, aberto.

De boca aberta, olhei do caderno para ela, enquanto sua expressão mudava da séria a divertida. Vallery passou um blusão roxo pela cabeça e falou.

— Parece que você achou o meu diário Henry. Você tem em suas mãos a primeira parte da minha história. – Ela terminou de amarrar o cadarço das botas negras e olhou para mim, fazendo-me sentir desconfortável.

Parecia muito estranho ter o diário de uma garota nas mãos. Eu o estendi para ela que se aproximou de mim e o empurrou de volta.

— Vamos, garoto. Vou te levar para casa. – Ela apertou o botão e entrou no elevador assim que as portas se abriram, não me deixando escolha a não ser segui-la.

Foram alguns instantes desconfortáveis de silencio, ao menos para mim, até que as portas novamente se abrissem. Antes que pudéssemos chegar a porta uma voz falou atrás de nós.

— Henry?! – Belle estava olhando para nós, surpresa.

— Oi Belle.

— Belle, eu vou levar o garoto para casa. Já está tarde, você deveria dormir um pouco. – Vallery falou passando os olhos pela redoma de vidro, que continha a rosa, nos braços de Belle. (N/A: Isso foi ciúmes, Dona Vallery?)

Quando ela abriu as portas, o vento frio entrou junto com respingos de chuva por elas.

(Henry Pov/Off)

(ValleryPov/On)

— Você não vem? – Eu havia atravessado as portas sem hesitar, em direção a chuva.

Henry me olhava atônito, ainda dentro dos limites da biblioteca, pois mesmo que a chuva cai-se ininterruptamente, eu continuava seca.

— Como...? Você... – Sorri, me aproximando dele.

— Não me importo se você quiser ir na chuva. – Brinquei com ele, que parou por um segundo antes de vir para o meu lado.

Começamos a andar e eu observava, curiosa, o interesse dele pela magia que nos protegia. Pensando que algo tão comum para mim, pudesse ser tão interessante para outros. Logo em seguida, revirei os olhos para ele e falei.

— Pergunte logo Henry, antes que eu consiga ver as engrenagens trabalharem no seu cérebro. – Ele corou ao meu lado enquanto andávamos.

— Como você fez? Do que isso é feito? E por que...?

— Uma coisa de cada vez, garoto. – Suspirei, continuando.

— Essa é uma magia simples que se utiliza da própria chuva para evitá-la. Minha magia funciona como um manto para nós, levando as partículas de água a nos evitarem passando ao nosso redor, sem nos tocar.

— Você faz parecer tão fácil. – Falou ele sarcástico.

— Impressiona-me que você tendo a família que tem, biológica e adotiva, não seja proficiente em magia.

— Ter mães super protetoras dá nisso. – Ele olhou para o céu escuro enquanto dobrávamos a rua.

— Você não imagina o quanto tem sorte garoto.

— O que quer dizer com isso?- Ele me encarou por um instante antes de acrescentar. - Você parece triste.

Nós caminhamos em silêncio durante o resto do caminho até a porta da casa de Henry. Ele parou por um instante, antes de lançar-me um sorriso estranho.

— Eh... Vallery? Você pode me deixar lá no meu quarto.

— Por que? Você não... – Parei de falar quando ele apontou a “corda” pendurada na janela. – Ah! Entendi.

A chuva havia diminuído consideravelmente quando usei minha magia para nós transportar para o quarto. Ele começou a guardar suas coisas enquanto eu olhava ao redor do quarto.

— Fique a vontade. Pode sentar, se quiser. – Ele falou para mim do outro lado do quarto.

— Eu estou bem, obrigada. – Depois de algum tempo naquela situação, Henry virou-se devagar na minha direção, parecendo não saber como agir.

— Vallery, posso te perguntar uma coisa?

— Já perguntou. – Ele levantou uma sobrancelha para mim. - Claro. – Respondi, divertida.

— Por quê? Você agiu tão diferente hoje, de quando nos vimos pela primeira vez. Eu apenas queria entender. – Quando ele disse isso eu suspirei e sentei-me em sua cama.

— Sabe Henry, esse diário ele é... Diferente. Mágico. Ele praticamente possui vontade própria e eu confio em seu julgamento, já que me foi dado por alguém muito especial. O diário jamais apareceria para alguém em que eu não pudesse confiar minha própria vida. Portanto, sim, eu sinto que posso ser completamente verdadeira com você. – Ao terminar de falar, sorri.

— Obrigado. Você é diferente, mas eu sinto que posso confiar em você também. – Falou ele.

— Esse é o seu jeito bonitinho de dizer que sou estranha? – Levantei uma sobrancelha, brincando com ele que ficou vermelho e hesitou ao dizer.

— Talvez... – Dei-lhe um meio sorriso.

Em seguida, levantei-me e parei a sua frente bagunçando seu cabelo.

— Ei! – Ele falou indignado e eu ri para ele mais uma vez.

— Boa noite, Henry. – Falei utilizando minha magia para desaparecer em uma nuvem de fumaça vermelha.
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Quando apareci na rua em frente a casa de Henry, a chuva já havia parado completamente. Suspirei, cansada, e comecei a fazer o caminho de volta para a biblioteca. Porém, uma voz as minhas costas me fez parar.

— Fique longe do Henry.

A voz da Dark One parecia cortante como gelo, mas tudo que me vinha a cabeça era como eu queria enfiar aquela adaga goela abaixo dessas pessoas. Bufei, girando para encontrar seus olhos.

— Você não tem direito de exigir nada Emma, já que você e suas idéias deturpadas de preocupação vão feri-lo mais do que qualquer coisa que eu jamais faria! Preocupe-se com você mesma. – A fúria dominou suas feições e ela se aproximou alguns passos.

— Não fale do que não entende. Deveria se importar consigo mesma, não acha? Você vem mentindo para os seus amiguinho desde que chegou aqui. Como acha que eles reagiriam... – Eu a interrompi, entediada.

— Já acabou? Eu realmente não estou com paciência agora.

Palavras não foram ditas e nenhuma grama dos meus músculos mudou de lugar, mas eu senti quando meu poder lutou, inquieto. Isso não era bom.

— Vou lhe dar um último aviso,Vallery. Fique bem longe do meu filho. – Dizendo essas palavras, ela desapareceu.

— Que merda! Por que agora?

Eu corria e corria floresta adentro, sem me importar com os cortes por todas as minhas pernas. Sentia meu poder revirar e debater-se, fora de controle. De tempos em tempos, a falta de uso dos meus próprios poderes me levava a surtos como esse, porém tem sido muito mais frequente aqui. Parei próxima a alguns troncos, caindo de joelhos em meio as folhas, suada e exausta.

— Espero não por fogo em nada dessa vez. – Falei para mim mesma.

No mesmo instante, todo o meu controle se esvaiu. Correntes elétricas de magia percorreram minhas veias, eletrizando tudo ao meu redor. A magia entrava em colapso ao se chocar com o ar nebuloso da noite, criando um som estridente, digno de uma tempestade.

Não tinha idéia de quanto tempo se passou. Devo ter feito mais estragos, porém, antes que pudesse vê-los, perdi a consciência.
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O sol já estava alto no céu quando abri meus olhos. A copa das arvores permitia que apenas feixes de luz atingissem o solo. Eu me sentia exausta, mesmo deitada sobre a terra fria da floresta.

Sentei-me observando o estrago a minha volta, troncos carbonizados e folhas chamuscadas ao meu redor. Suspirei e me levantei.

— Será que se correr ainda pego o café da manha? – Disse tentando tirar folhas do meu cabelo.

Algum tempo depois, eu estava andando pela rua principal em direção a biblioteca. Abri as portas da mesma, para encontrar Belle esperando por mim. Nós nos encaramos e ela cruzou os braços.

— Onde você esteve e o que estava fazendo até essa hora? – Falou séria.

— Bem, eu estava me divertindo e resolvendo alguns assuntos em que você não poderia me ajudar. – Dei alguns passo em sua direção, fazendo graça com ela.

Ela me olhou de cima a baixo, olhando mais atentamente para minhas calças rasgadas e o blusão sujo, ficando completamente vermelha de vergonha. Vendo isso, comecei a gargalhar da sua expressão.

— E eu achando que você era muito inocente. – Disse, rindo ainda mais. Comecei a fugir em direção ao elevador, porém Belle segurou meu braço. (N/A: Eita...)

— Onde pensa que vai? Você não vai fugir! – Virei meu rosto para ela, quando uma voz soou das portas da biblioteca.

— Err... Estou interrompendo alguma coisa? – Ruby tinha entrado pela porta com um pacote e olhava para nós sem saber o que fazer. (N/A: Talvez?!)

Belle ficou, se possível, ainda mais vermelha e eu ri, mas ela bateu no meu braço.

— Quieta. – Falou ela entre dentes, ainda muito vermelha. (N/A: That's my girl!)

(ValleryPov/Off)