Beyond The Moon

Visita Inesperada.


- Vocês dois juntos? O que querem? – Perguntei ainda inconformada.

- Surpresa? – A vadia estava mentindo para todos, até para seu único irmão.

Não respondi, estava pálida não acreditando naquela menina que parecia tão simpática na primeira vez que a vi, tão boazinha. Aquela menininha, agora, mostrou seu outro lado, tirou a mascara que á escondia.

- Podemos fazer parte da festinha? – Erich botou um sorriso malicioso em seus lábios como sempre fazia, ele olhava diretamente para minhas pernas.

Charity deu um pequeno tapa no ombro de Butler, chamando-o de ‘’amor’’. Eu não estava acreditando, os dois namoravam escondidos. A garotinha da família Grindelwald era uma sínica que fingia estar no lado das pessoas boas para derrubá-las depois.

- Meninos não entram aqui - falou a dona da casa, Anna. – Mas Rebecca, você os convidou?

- É uma longa história.

- Desculpe por não me apresentar – botou um sorriso falso no rosto. – Sou Charity Grindelwald, e esse é o meu namorado Erich Butler.

Os dois começaram a se beijar nojentamente, aquilo me dava náuseas.

- Vocês podem ir lá para dentro? – Cochichei com minhas amigas. – Depois irei explicar tudo, só preciso ter uma conversinha com eles.

Elas assentiram e fora novamente para o quarto. Agora só estava eu, Charity e Erich na varanda da casa.

- O que vocês querem de mim? – Fui logo ao ponto.

- Queremos o seu sangue – ele piscou tentando irritar-me.

- Erich deixa de ser infantil! Você já teve uma família e sabe muito bem que é difícil perder alguém que você ama. O que você vai ganhar matando todos?

- Vida – riu.

- Vida? Você já está morto e ninguém pode mudar isso. Eu sei que no fundo você não é essa pessoa mal, eu sei que você acredita no amor, e sei também que quando você está matando alguém, saem lágrimas de seus olhos, você relembra todo seu passado com a sua família.

Butler por dentro parecia estar comovido com tudo àquilo que eu acabara de falar, mas por fora ele queria mostrar-se um garoto forte.

- Chega de drama – Charity revirou os olhos. – Amor, me deixa falar com a Becky rapidinho?

Achei estranho ela fazer isso. Poderia ser algum jogo que estava escondido?

Erich deu um selinho em sua namorada e em poucos segundos ele já não estava mais ali. Vampiros eram muito rápidos, não dava para perceber seus movimentos.

- Rebecca volte para a escola, por favor – ela implorou sussurrando.

- Que jogo é esse? Você acha que eu sou alguma otária para cair na sua? Eu cansei de ser a menina boazinha, agora eu quero acabar com isso tudo. Pode fazer qualquer coisa comigo, mas não mexa com a minha família – estava cheia de todas as farsas.

- Shiuuu – pediu que eu falasse baixo. – Erich não pode escutar!

- Qual o problema de ele escutar? Eu já sei o joguinho de vocês, e pode acreditar, não vou cair em nenhuma das suas besteiras – retruquei alto só para provocá-la.

Em um movimento que não pude ver, Charity prensou-me contra a parede. Ela segurava com muita força meu pescoço, sufocando-me.

Apertei os olhos e virei minha cabeça para o lado, não conseguia encarar o rosto de Charity, que estava muito furiosa, respirava fundo tentando se controlar.

- Entenda Rebecca, todos querem lhe ajudar e a única coisa que você faz é recusar – urrou.

Soltou-me percebendo que estava machucando-me. Deixou que meu corpo caísse no chão aos seus pés. Meu pescoço estava roxo, com marcas de dedo. Ainda tossindo, respirei fundo, aliviada por sentir o ar voltando aos meus pulmões.

Quebrei o silêncio com uma pergunta:

- E o que você está fazendo com Erich?

- Você é loira? – Debochou. – Nós estamos tentando enganá-lo, para depois acabar com ele.

Charity, agora, não parecia ser uma menina boazinha, mesmo falando todas essas coisas. Eu não sabia se poderia acreditar nela, e se isso tudo fosse novamente um farsa?

- Você ainda duvida de isso tudo que eu lhe falei? – Pareceu ler meu pensamento. – Sim, eu leio – respondeu a pergunta que acabara de fazer a mim mesma.

- Err... – palavras me faltavam.

- Eu não tenho todo tempo do mundo, se quiser vir comigo venha agora! Por que você acha que eu mandei o Erich sair daqui? Foi para fugirmos e voltar ao colégio – não iria me convencer de maneira alguma. – Ande Becky, o tempo está acabando. Balthazar está apaixonado por você, vá à festa de outono com ele.

- Já me decidi... – eu ainda estava sentada no chão.

- Fale!

- Não vou com voc...

- Se liga guria, você está recusando minha ajuda? Em um piscar de olhos eu posso acabar com você! – Espantei-me com a frase que acabara de sair de sua boca. O ar me cheirava a falsidade.

- Hoje de manhã estarei voltando para Beyond The Moon, mas sozinha, e não quero ninguém me perseguido, pois sei o caminho certo, ok? Acho que não temos mais nada á conversar – levantei-me limpando a sujeira que se encontrava em minha roupa.

A garota bufou. Alguma coisa não estava certa naquilo. Se ela queria me levar para algum lugar desconhecido com Erich, fracassou! Eu não iria confiar em nenhum momento na irmã de Balthazar.

Ficamos em silêncio, enquanto este era quebrado apenas pela minha respiração. Tudo estava decidido, mas eu não sabia se ainda tinha algo pra falar com ela.

Assim que ouviu meus pensamentos, Charity desapareceu frustrada. A desconfiança ainda estava em mim, nada parecia nítido com toda essa história mal contada.

Verifiquei o quintal para ver se realmente eu era a única ali. Depois entrei e fechei a porta. Foi uma conversa normal e rápida, diferente do que eu pensara: comprida e chata...

Fui até o quarto de Anna, onde todas estavam quietas e interessadas em saber o que estava acontecendo. Só eu botar o pé no cômodo, e todas já vieram pra cima de mim fazendo várias perguntas.

- Se acalmem meninas, vou explicar tudo... – todas se sentaram, inclusive eu.

Comecei a inventar uma mentira besta: ‘’Que eles eram meus novos amigos do colégio e queriam saber quando as aulas iriam começar novamente!’’ Não era uma das minhas mentiras mais criativas, mas isso foi à única coisa que eu pensei em falar na hora. Senti-me muito mal de ter feito isso, porém, eu queria a proteção delas, e se elas soubessem poderia ser muito perigoso, eu não tinha certeza do que iria acontecer, só sentia que aquilo teria que ser guardado em segredo.

Já que todas tinham acreditado no meu pequeno ‘’disfarce’’, fomos continuar a nossa festa do pijama. Como estava muito tarde resolvemos já deitar e ver um filme de terror que Rosa alugara.

(...)

Pequei no sono logo depois que o filme acabou.