Beyond The Barricade

TROISIÈME PARTIE "At The Barricade" - E. e G.


Grantaire estava sonhando. Dizem que o sono dos bêbedos é vazio e por isso não tem sonhos. Mas ele era antes de mais um cético e por isso era forçado a não acreditar em tudo o que os outros dizem.

Mas isso não importa. O que importa é que ele tinha bebido de mais e que agora estava sonhando. Apenas isso.

Sonhava sobre a guerra, sobre o futuro (que digo já não passaria dos próximos minutos) e sobre Enjolras.

E como o futuro era única e exclusivamente a morte, Grantaire sonhava com a morte.

– Se não há mais ninguém que não tu, quando as nossas almas embarcarem... então, eu seguir - te - ei para a escuridão. - Dizia em seu sonho para o loiro.

E lá eles caminhavam juntos. E Enjolras dizia que as suas mãos estavam frias. E Ele insistia que não. E então Enjolras tirou as suas dos bolsos e segurou as dele para que pudesse ver que estavam frias. Ele murmurou qualquer coisa sobre as mãos de Enjolras não estarem quentes o suficiente para puder observar isso. Mas continuaram caminhando de mãos dadas no meio do frio e da escuridão.

Nessa altura Grantaire escutou um estrondo. Não foi, no entanto, acordado e e continuo dormindo não conseguindo no entanto voltar a entregar - se ao seu sonho.

Outro estrondo.

Dessa vez acordou e ia reclamar qualquer coisa quando olhou em volta e observou a destruição e carnificina em que o lugar se tinha tornado.

Ouviu barulhos por cima dele e subiu cambaleando.

Enjolras, e apenas ele, permanecia de pé. Era rodeado por um grande número de guardas que lhe apontava as suas armas, preparados para lhe tirarem a vida. A vida e os sonhos. Na sua mão, segurava a bandeira vermelha. Mas não era possível caracterizá-la apenas pelo vermelho. O fogo das insurreições, o sangue das vítimas, o apelo à luta - é a cor vermelha. O suor salgados dos trabalhadores, a fome, a miséria - é a cor cinzenta. Ela é vermelho - cinza. E a nossa bandeira vermelha é um erro. Deviam ter - lhe acrescentado uma faixa cinzenta. Ou talvez devessem fazê - la toda cinzenta. E sobre o cinzento o vermelho.

Os guardas olharam então para ele.

"Dois de um tiro."

Grantaire virou - se para Enjolras e gentilmente perguntou:

– Permites?

Enjolras sorriu e estendeu lhe a mão.

Parece uma flor, contemplou.

Os guardas prepararam - se para disparar.

– Com o nosso fuzilamento não conseguirão que os transportes funcionem, nem resolver o problema alimentar. - Argumentou Enjolras.

– Pois não. - Respondeu um dos guardas, sem baixar o cano.

As flores são inocentes.

Desculpa, Enjolras. - disse - Parece que não vou ao teu funeral.

Enjolras riu.

Os guardas dispararam. Grantaire caiu de imediato no chão e Enjolas tombou pela janela, segurando a bandeira na mão.

Ambos, cada um à sua maneira, haviam sonhado viver e ser alguma coisa. Mas valerá a pena falar disso, quando de cada um deles ficaram apenas três ou quatro arrobas de carne fresca?

Vocês matariam uma flor?