Between Life and Death

Capítulo 03 - O diário de John Winchester


O diário de John Winchester

Parados em uma esquina, observando os carros da polícia passarem e os ignorarem, Sam e Katherine se encaravam, na esperança de terem alguma ideia do que fazer. A vampira roía as unhas enquanto o homem ao seu lado lia tudo o que John havia deixado para trás.

— O que vamos fazer, Sammy?

— Hum, vamos esperar ele ligar. Dean tem direito a uma ligação e…

O som estridente do toque do celular de Sam ecoa, fazendo Katherine dar um pulo para trás. O coração dela estava acelerado, como se pudesse escapar por sua boca caso a deixasse aberta demais.

— Vai, atende, Sam!

— Oi?

Sammy? Ah! Ainda bem.

— Dean? — O mais novo fala, observando Katherine — Como você está?

Estou bem, mas você não vai acreditar no que me entregaram!

— Dean, precisamos tirar você de lá.

Sim, sim, isso também — Ele pondera.

— Eu vou te buscar — Katherine diz, pegando o telefone — Não apronte nada, por favor!

Só se for mais — Dean murmura e a vampira podia ter certeza de que ele estava rindo.

— Só me espera, ok? — Ela ordena, desligando o telefone logo em seguida — Sammy, vai atrás do Sr. Welch e me encontre na Rodovia Centennial, combinado?

— Mas…

— Eu vou atrás de Dean — A voz de Katherine soa dura, parecia uma mulher amargurada — Posso contar com você?

— Sempre, Kath.

— Então vá. Eu trarei Dean de volta.

— Certo — Ele suspirou, pegando a mão de sua amiga — Se cuida.

Katherine sorri e abre a palma da mão de Sam, colocando a chave do Impala.

— Não risque o carro. Seu irmão nos mataria — Katherine diz, afastando-se de

Sam e descendo pela rua principal de Jericho.

A vampira tinha um plano em mente, era algo arriscado e, no mínimo, não muito racional, mas ela não se importava muito com isso, precisava tirar Dean da cadeia.
A essa altura, Katherine tinha certeza de que o Winchester mais velho estaria correndo sérios riscos de receber uma pena pesada. Vários cartões roubados, outros falsificados, as armas, as credenciais falsas e a grande e maldita boca de Dean seriam a causa de seu tempo preso.

“Você precisa se acalmar, Katherine”, ela pensou, embrulhando-se cada vez mais em seu casaco de lã azul “Não é como se fosse a primeira vez que você vai usar a compulsão”. Isso era verdade, Katherine já havia perdido as contas de quantas vezes já usou de seu poder vampírico, que, apenas com um olhar, era capaz de fazer uma pessoa se jogar de uma ponte ou dançar em uma jaula cheia de leões. Porém, seria a primeira vez que usaria a compulsão em um oficial da lei.

— Bom-dia, policial — A voz de Katherine soa sedutora, ela havia soltado o cabelo, deixando que ele contornasse o seu rosto.

— Olá, senhorita…?

— Ravenswood.

— Ravenswood? Deve ser nova aqui — O homem de cabelos loiros sorri, tirando o chapéu — Não é um sobrenome comum…

— Cale a boca — Katherine sussurrou, fuzilando-o com o olhar. Ela sabia que a cor dos seus olhos mudavam quando usava a compulsão, provavelmente estavam vermelhos escuros — Me escute bem.

— Sim — A voz do policial soa monótona, cansada, sem vida.

— Você vai voltar para a sua viatura, vai pegar o rádio e avisar todos os outros policiais que encontrou um corpo no ponto mais distante da cidade — Ela o segurava nos ombros, para que ele não tentasse fugir de seu comando — Entendido?

— Sim, senhora.

— Agora, trate de esquecer o meu nome e a minha cara — Katherine sibila piscando, afastando-se com agilidade do policial.

— Hum… — O homem parecia perdido, confuso, mas depois de alguns segundos ele acelerou em direção a viatura, ligando as luzes e dando ordens pelo rádio do carro.

“Vou salvar a sua bunda, Dean”, pensou “Como sempre”.

Katherine corre pelas sombras da cidade de Jericho, chegou à delegacia em poucos segundos. Era bom ter sangue humano percorrendo suas veias, ela se sentia poderosa e forte, como se nada no mundo fosse capaz de detê-la. Sua compulsão estava funcionando perfeitamente e com sua velocidade vampírica, ela se sentia uma heroína. Porém, tudo desmoronou quando viu Dean Winchester sair do prédio.

Ele carregava dez quilos de diamantes em forma de páginas: O Diário de John Winchester.

— É o que eu estou pensando?

— O diário do meu pai? — Ela fala colocando-o em cima de um carro qualquer — Sim.

Katherine engole em seco. Nunca, em hipótese alguma, John deixaria para trás aquele diário. Tinha tudo o que ele sabia sobre o mundo sobrenatural, descrições de diversas criaturas, selos de proteção, como confeccionar balas de prata, como lidar com fantasmas, absolutamente tudo.

— O que fez para tirar todos os policiais da delegacia?

— Usei meu charme — Ela tentou brincar, mas sua voz sai falha.
— Compulsão?

A vampira assente, voltando o olhar para o diário.

— Dean 35-11? — Katherine lê em voz alta, olhando para os olhos verdes do Winchester.

— Coordenadas.

— Seu pai nunca deixaria isso para trás — Ela aponta, folheando algumas páginas — Onde achou?

— O delegado estava com ele — Dean fala, passando o dedo pela letra que ocupava o diário — Com o meu pai e o diário. Eu acho que ele queria que eu ficasse com isso…

— Dean…

— Ele não está morto, se é isso que está pensando — Ele dispara, fechando o caderno.

— Você não deixou eu terminar — Katherine sibila, encarando-o — Queria dizer que, talvez, John quisesse que continuasse o que ele parou.

— 35-11? — Dean murmura — Alguma ideia?

— Uma só, mas antes precisamos encontrar o Sam — Ela fala, observando as redondezas — Temos que sair daqui antes que eles voltem.

— É, vamos começar com isso — O mais velho sorri, guardando o diário dentro de seu casaco de couro — Ei, hum, obrigado.

— Sentimental?

— Educado.

Katherine sorri, apontando a cabeça para a rua, mostrando o caminho que deveriam tomar.

— Vamos, ainda temos um fantasma para matar.

— Constance Welch já está morta — Ele brinca, socando de leve o ombro da vampira.

— Não morta o suficiente.

— Você está certa — Um sorriso fino aparece nos lábios de Dean.

“Como uma híbrida pode ter se apaixonado tão perdidamente por um humano?” Katherine pensou, porém, não demorou muito para obter a resposta. Dean era o tipo de pessoa que você amava e odiava ao mesmo tempo, seguro de si ao mesmo tempo que poderia se doar completamente, um total idiota e um cavalheiro.

— Seu celular?

— Aqui — Ele fala, entregando a ela o aparelho — Ainda não acredito que não tem um.

— Não sei mexer com tecnologia.

— Antiquada — Dean murmura, ele amava irritá-la.

— Clássica — Katherine retruca, enquanto digitava o número de Sam — Sammy?

Kath?

— Conseguiu alguma coisa com o Sr. Welch?

Muitas coisas, na verdade — Ele fala, irritado — Dean?

— Ele está bem, acabamos de sair da delegacia — Katherine explica, virando-se para Dean — O que descobriu?

Constance foi traída por seu marido, por isso se matou — Sam continua, mas Katherine pode ouvir algo estranho durante a ligação, uma espécie de ruído com um pedido de socorro — O corpo dela foi cremado.

— Cremado? — Dean indaga, cerrando os punhos — Isso facilita a nossa vida.

— Sammy, onde você está? — Katherine pergunta, sentindo o seu coração apertar.

Sobre isso…

— Não me diga que está fazendo algo estúpido e… — Mas antes que ela pudesse terminar de falar, o celular é tirado de duas mãos.

— Sam, não faça nada que possa se arrepender — Dean vocifera.

— Estou indo para a antiga casa deles e… — O ruído ecoa pelos ouvidos de Katherine mais uma vez.

Ela tinha certeza que era o fantasma de Constance Welch e ela pedia, com uma voz quase demoníaca, para que fosse levada para casa. Katherine engole em seco, Sam estava, definitivamente, em perigo. Seu coração acelera, é engraçado pensar como as amizades antigas funcionam, Katherine e os irmãos Winchester não se viam a mais de dois anos e, agora que estão juntos, perdê-los não parecia ser uma opção.

— Sammy? — Ela chama, mas ninguém a responde. Com a boca semiaberta, os olhos castanhos de Katherine encontraram os de Dean.

— Vamos achá-lo, Kath — Dean afirma, assentindo positivamente com a cabeça

— Mas precisamos de um carro.

— Sam está com o Impala — Ela murmura.

— Temos sorte que você pode usar a compulsão, não é? — Dean tenta sorrir, mas era óbvio que estava preocupado, seus olhos e seu sorriso torto mostravam isso.