Between Heaven And Hell

Capítulo 19 - Revelações


POV Elena

Meu cérebro não acreditava no que meus olhos estavam vendo enquanto lágrimas escaldantes ameaçavam escorrer por eles. Eu estava em choque, confusa, desesperada, alegre e mais confusa.

– Katherine? – Murmurei quando finalmente encontrei minha voz.

– Elena! – Ela respondeu com a sua voz forte que eu amava.

Não havia sombra de dúvidas: era minha irmã. Mas como ela estaria ali, sendo que eu fui a seu velório, seu enterro, chorei dias e dias, meses e meses sentindo sua falta. Olhei devagar para Stefan que passava a mão nervosamente pelo cabelo e depois para Damon, meu professor de italiano que estranhamente estava hospedado na casa do meu psicólogo. Todos na sala olhavam tensos para mim, enquanto um silêncio sufocante se estendeu.

– E então. – Murmurei novamente. – Alguém vai me explicar o que está acontecendo? Obviamente Katherine não está morta. – Um tom de desprezo saiu de minha voz ao pensar que ela estava viva esse tempo todo e tudo não tinha passado de uma brincadeira de muito mal gosto.

– Elena...

Stefan começou a se explicar, mas foi interrompido por Caroline que se materializou do nada no meio da sala, - me fazendo arquejar de espanto - acompanhada de um moreno alto e elegante, e de um loiro com olhos azuis.

– Stefan, eu vim o mais rápido que eu pude e trago novidades... – Ela tagarelava, mas quando me avistou se deteve. – Ops...

– Caroline, onde você se meteu? – Stefan sibilou aparentemente com muita raiva.

– Eu estava você sabe aonde descobrindo novidades sobre você sabe o que. – Ela respondeu no mesmo tom.

– O que está acontecendo aqui? – O moreno perguntou parecendo estar mais tenso que todos.

Eu observava Katherine agora, e ela também me olhava. Seus olhos eram de uma profunda tristeza, e ela limpou uma lágrima solitária que escorreu pelo seu rosto.

– O que está acontecendo aqui? – Eu sussurrei a mesma pergunta que o moreno tinha feito.

– Elijah, a situação acabou fugindo do controle. Eu estava com Elena, e acabei machucando o braço para protege-la, e vim para fazer um curativo. Avisei para Caroline que ela estava vindo, mas como não tive resposta, trouxe-a para cá...

– Você sabe o que isso significa, não sabe Stefan? – O moreno de nome Elijah respondeu.

Os olhos de Damon, Stefan e Caroline se arregalaram instantaneamente.

– Não! Você não pode fazer isso! – Stefan arquejou.

O que? O que isso significava? O que estava acontecendo? Por que ninguém me explicava ou falava comigo?

Um calor que surgiu dentro do meu coração se expandiu por todo meu corpo, aquecendo cada músculo.

– NÃO FALEM DE MIM COMO SE EU NÃO ESTIVESSE AQUI! EXPLIQUEM-ME QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO! COMO KATHERINE ESTÁ VIVA? – Gritei explodindo. Ah, gritar era bom.

– Elena, calma! – Stefan colocou uma mão no meu ombro.

– CALMA? COMO VOCÊ ME PEDE CALMA? MINHA IRMÃ ESTAVA MORTA, E DO NADA APARENTEMENTE RESSUSCITOU. CAROLINE SE MATERIALIZA NA MINHA FRENTE ACOMPANHADA DE DOIS HOMENS COMO SE FOSSE MÁGICA. COMO QUE EU POSSO FICAR CALMA? – Meu corpo tremia e mais lágrimas escorriam por meu rosto.

O loiro que tinha chegado com Caroline veio para perto de mim e me olhou intensamente.

– Elena, precisamos que você fique calma. – Ele falou seriamente, esticando o braço e tocando minha testa com o polegar.

Instantaneamente um torpor percorreu meu corpo e eu acabei sentada no sofá. As lágrimas cessaram e Katherine veio imediatamente para o meu lado segurando minha mão.

– Elena, eu não estou viva.

– Katherine, não! – Damon interrompeu minha irmã.

– Ela precisa saber a verdade, Damon. – Katherine lançou um olhar duro para todos na sala. – Irmã, eu estou morta e todos nessa sala também estão.

Uma risada incrédula escapou de meus lábios.

– Ahrram, sei.

– Olhe para mim, Elena. – Ela pediu séria e eu a obedeci. – Eu não estou brincando.

Oh meu Deus! Eu conhecia aquele olhar. Minha irmã estava falando sério.

Respirei fundo tentando não pensar no tamanho daquela insanidade e como aquilo era ridículo.

– Como? – Perguntei depois de um tempo.

Stefan sentou no meu outro lado, enquanto Caroline, Elijah e o loiro sentavam ao lado de Damon no sofá em minha frente.

– Damon é meu irmão, e nós estamos mortos desde 1864. Somos anjos da guarda. Eu sou o seu, e Damon era de Katherine.

Arqueei uma sobrancelha rindo novamente.

– Vocês tem que estar brincando. – Suspirei.

– Não Elena, não estamos brincando. Todos estão mortos e todos são anjos, incluindo sua irmã. Stefan te salvou da morte no dia do acidente de carro e sempre está ao seu lado, até mesmo antes de você conhecer ele. – O loiro disse.

– Klaus! – Katherine o repreendeu.

– Ela não quer saber a verdade? Vamos dar a verdade a ela! – Ele respondeu ficando de pé.

– Deixa ver se eu entendi. – Falei em uma voz sem vida. – Vocês estão mortos e são anjos da guarda. Aliás, o homem que eu amo, é um anjo. Qual é o procedimento quando se acontece isso?

Todos na sala arquejaram e Stefan passou a mão pelo rosto.

– Stefan eu pensei que tínhamos falado sobre isso. – Elijah sibilou.

– Elijah, eu tentei, mas eu...

– Ela tem que morrer, Stefan. – O moreno disse interrompendo-o e levantando do sofá.

A calma que eu estava sentindo evaporou imediatamente e Stefan se colocou de pé entre eu e Elijah.

– Você não vai tocá-la.

– São as leis, você precisa cumpri-la.

– Mas eu a amo, Elijah! – Stefan respondeu detendo-o por um momento, enquanto todos nos olhavam tenso.

– Bem, você não deveria ter deixado isso acontecer.

Os momentos que se seguiram foram os mais apavorantes de minha vida: asas enormes surgiram das costas de Elijah que iam ficando de penas claras até o tom mais escuro que eu já tinha visto. Seus olhos ficaram vermelhos de um tom assustador. Enquanto ele vinha mais rápido em nossa direção, Klaus gritava para que ele não fizesse aquilo e instantaneamente asas surgiram em Stefan. Damon e Katherine trocaram um olhar rápido, e no instante seguinte ele estava ao lado de minha irmã, que envolveu suas asas ao meu redor. Caroline olhou para Stefan, que fez um pequeno gesto com a cabeça e em seguida, ela sumiu.

– Vadik. – Damon sibilou fazendo uma careta.

– Olá antiga carcaça. Encontramo-nos novamente.

POV Katherine

Era como se fosse um flashback de alguns dias atrás, só que os personagens diferentes: Vadik agora possuía Elijah, e uma parte do meu cérebro se questionava desde quando aquilo tinha ocorrido.

Klaus se pôs no meio entre Elijah/Vadik e Stefan.

– Irmão, assuma o controle! Ele não é tão forte assim, você pode domá-lo! – Klaus falava serenamente com as mãos para frente, impedindo que Vadik avançasse.

Elijah/ Vadik parou e ficou olhando para frente aparentando estar confuso, e um sussurro escapou de seus lábios quase imperceptível “Alexia”, depois lentamente um sorriso de escárnio e o olhar cruel voltaram para o seu rosto.

– E você acha mesmo que seu irmão pode ser mais poderoso que eu? – Ele falou debochadamente.

– Sim, eu acho.

E como se estivesse tudo em câmera lenta, vi as asas de Klaus aparecerem enquanto ele puxava a espada de suas costas antecedendo o golpe que Elijah desferia. Damon empurrou eu e Elena – que estava em choque – para o lado, assumindo o lugar ao lado do irmão. Suas asas despontaram, e elas estavam mais claras e maiores do que eu já tinha visto. Stefan olhou para mim e sua voz chegou a minha mente “Nós vamos distrai-lo. Vá e proteja Elena”. Eu apenas assenti enquanto via os dois partirem para cima de Vadik para auxiliar Klaus.

Envolvi Elena mais ainda em meus braços e corremos desajeitadamente para a porta. Permitindo-me dar uma última olhada para o bolo de anjos, asas e espadas que degladiavam selvagemente no centro daquela sala e encontrei o olhar preocupado de Damon.

Eu amo você” – Enviei meu pensamento a ele.

Eu também amo você. Agora vá! Protejam-se!” – Ele pensou e em seguida voltou a ajudar Stefan e Klaus.

Fechei a porta da casa e fiz com que minhas asas desaparecessem, soltando Elena dos meus braços e segurando-a pelos ombros enquanto uma parte de minha consciência notava que a rua estava estranhamente quieta e vazia.

– Irmã, onde está o seu carro ou o de Stefan? – Ela me olhava apavorada. – Elena, isso não é hora de ficar muda! Onde está o seu carro ou o de Stefan? – Perguntei exigente.

Ela piscou duas vezes e pareceu recobrar a consciência.

– Ali na garagem.

Peguei sua mão, mas quando me virei para correr, me deparei com sombras que eu sabia muito bem do que se tratavam: soldados de Vadik que se arrastavam lentamente em nossa direção.

– Não! Não por ali, Elena! – Puxei sua mão de volta virando para o outro lado, sem dar tempo para ela ver o que nos perseguia.

Quando começamos descer as escadas correndo, escutei um grito agonizante que fez com que meus pés congelassem no chão.

– Damon?

Elena soltou minha mão por reflexo e continuou correndo, mas parou no meio da rua. Voltei a olha-la para ver o que a impedia de continuar e reparei em outra sombra que vinha vagarosamente em sua direção.

– ELENA! – Gritei.

E ai o desespero começou.

Por reflexo, vi Caroline se materializar acompanhada de três outros anjos grandes e fortes, lutando contra as sombras. Olhei para rua e um caminhão vinha em alta velocidade, e Elena estava encurralada, pois não daria tempo de voltar para onde eu estava e ela não poderia atravessar para o outro lado, pois iria ser pega pelos soldados de Vadik.

– ELEEEENA!!! – Gritei de novo a espera de uma intervenção divina.

Vi o vulto de Stefan passando por mim e abraçando Elena, envolvendo-a em seus braços, mas era tarde de mais. O caminhão os atingiu em cheio, fazendo com que seus corpos voassem para o outro lado da rua, perto das sombras. E novamente as coisas ficaram em câmera lenta: ouvi mais do que vi Caroline arquejar atrás de mim, Damon gritando por seu irmão e rompendo porta a fora, o desespero estampado no rosto do motorista do caminhão, que não parou e aumentou mais a velocidade para fugir do local, a risada sinistra que ecoavam de dentro da casa, o céu instantaneamente ficando nublado e as sombras se aproximando de Stefan e Elena.

Ódio.

Ódio resumia tudo que eu estava sentindo naquele momento. Minhas asas despontaram e um arrepio imenso percorreu meu corpo ao sentir o vulto de Vadik passar por mim e parar perto do corpo de minha irmã, junto com seus soldados. Ele olhou em minha direção com um sorriso de satisfação e vitória e quando se abaixou para tocar minha irmã, um grave trovão ecoou no céu, começando uma ventania violenta. Aquilo não eram os poderes de Vadik, mas sim a intervenção divina. Ele ergueu seu olhar para o céu rindo e debochando.

– O que? Você acha mesmo que agora vai me impedir de leva-la? – Vadik/Elijah gritou para o vento.

E em resposta, o vento ficou mais forte ainda e atingiu Vadik levando ele e suas sombras para longe.

Atravessei a rua correndo, sendo seguida por Damon e me ajoelhei ao lado do corpo de minha irmã. Ela estava toda arranhada e saia muito sangue de seu nariz e boca. Lágrimas escorriam por meus olhos, enquanto eu segurava seu pulso e ouvia Damon clamar por Stefan.

– Por favor, irmão! Por favor. Por favor. Por favor. Não me deixe! – Ele chorava com a cabeça encostada no peito de Stefan e segurando sua mão.

Stefan.

Ele parecia estar pior que Elena. Seu braço estava dobrado de uma maneira nada normal e seu rosto estava coberto de sangue. No lugar de onde sua asa deveria sair, havia um grande corte que fazia uma poça enorme de sangue.

Voltei olhar para minha irmã, que continuava imóvel e fria. O desespero começou a se expandir por meu peito, me sufocando, me desesperando e me matando também.

– ELENA! ELENA ACORDE POR FAVOR! – Comecei a gritar sacudindo seu corpo e o apertando contra mim. – ELENA!

Caroline se sentou ao meu lado com os olhos cheios de lágrimas, enquanto segurava o outro pulso de minha irmã. Ela fechou os olhos por um instante e depois ao abri-los, eles estavam do azul mais escuro e mais triste que eu já tinha visto. As lágrimas antes contidas por Caroline, agora escorriam incessantemente enquanto ela sacudia a cabeça em negação.

Eu fechei meus olhos e repetia baixinho para mim mesma “Ela vai ficar bem. Ela vai ficar bem. Ela vai ficar bem.”

Caroline depositou a mão de Elena sobre o seu peito sem respiração e enxugou os seus olhos, com uma expressão de profunda tristeza.

– Não Katherine, ela não vai ficar bem. Elena está morta.