Besame Mucho

Choque de realidade


Leda: Como assim mãe? O que você está insinuando?

Debora: Não estou insinuando nada, é a mais pura verdade. Mas não dá para falar um assunto tão delicado por telefone, pegue o primeiro vôo, precisamos conversar.

Leda: tudo bem, mas eu quero saber que história é essa.

Para provar a Paulina que está disposto a mudar, Carlos Daniel resolveu fazer um piquenique com Danielzinho e chamou Paulina para acompanhar e como esta era apaixonada pelo sobrinho, aceitou.

A criança não entendia nada dos problemas dos adultos, via em Paulina sua mãe e ficava a todo instante subindo em seu colo.

Foi um dia agradável, os três sentaram-se no gramado como uma verdadeira família e degustaram de frutas, sucos e sanduíches e depois brincaram de bola, cabra cega e esconde-esconde. Paulina percebia que Carlos Daniel era um ótimo pai por trás de seu jeito rude e desconfiado de ser. O próprio Carlos Daniel se convencia a cada dia que o menino era seu filho e mesmo que o resultado do DNA mostrasse o contrario, seu amor pelo menino era grande o suficiente para considerá-lo seu filho independente das circunstancias.

Paola/Lurdinha estava com sua nova amiga Luiza, estavam voltando para casa quando uma criança pequena que aparentava ter um ano e alguns meses, soltou a mão da mãe e saiu correndo para o meio da rua e uma moto se aproximava. No mesmo instante Paola/Lurdinha, correu para salvar o menino e a moto a arremessou, fazendo-a cair e machucar a perna.

Na mesma hora levaram a jovem ao hospital, a mãe da criança estava tão assustada e ao mesmo tempo tão agradecida que foi junto ao hospital para tentar ajudar em alguma coisa.

No hospital.

Luiza: Como ela está?

Enfermeira: ela está bem, só machucou a perna e está com um hematoma nas costas. A pancada foi leve.

Luiza: Graças a Deus. Posso vê-la?

Enfermeira: A senhora é parente dela?

Luiza: Na verdade, nem ela sabe quem é. Essa menina apareceu a pouco tempo aqui ferida e desamparada, eu estou cuidando dela desde então.

Enfermeira: tudo bem, como não foi nada grave, vou liberar sua entrada.

Mãe da criança: Eu gostaria e entrar também, quero agradecer, por ela ter salvado a vida do meu filho.

A enfermeira estava confusa com a situação, deixar duas estranhas entrar no quarto de uma pessoa acidentada era algo incomum, mas nesse instante o médico responsável estava passando e acenou para que a enfermeira liberasse as duas.

Assim que entraram no quarto, a mãe da criança abraçou Lurdinha/Paola e disse:

Mãe da criança: Não tenho como agradecer, espero que você volte logo para seu filho.

Lurdinha/Paola: Filho? Como assim? Você me conhece?

Mãe da criança: Não te conheço, mas uma mãe reconhece a outra. O jeito como você se atirou na frente da moto para salvar meu filho, só quem é mãe tem esse instinto tão protetor.

Lurdinha/Paola nada disse ficou apenas refletindo que em algum lugar ela tinha uma família que esperava pela sua volta. Tinha um filho, quem sabe um marido e começou a se dar conta do quanto queria se lembrar.

Os dias passavam e Lurdinha/Paola, logo se recuperou das escoriações sofridas no acidente, mas seu semblante era sempre triste e pensativo, depois da revelação de que talvez tivesse um filho, todas as noites, sonhava com um lindo menino correndo por uma casa branca de janelas azuis chamando-a para brincar e todas as vezes que ela ia pegar o menino nos braços. Vinha a imagem de Leda dizendo: “o meu dinheiro vou conseguir de volta na justiça, sua bastarda, é pela petulância de querer ficar com meu homem”. E Lurdinha/Paola acordava gritando.

No dia seguinte Leda chegou de viagem, Débora a estava esperando ansiosa.

Débora: que bom que você voltou minha filha.

Leda: Chega de enrolação mamãe, que historia é essa de eu não ser filha do meu pai?

Débora: vou te contar tudo o que aconteceu.

Leda: Estou esperando.

Débora: Sente-se. Quando eu tinha quinze anos, meus pais se mudaram da Itália para cá. A casa era no mesmo condomínio da família de Pedro. Assim que nos conhecemos, começamos a namorar. Nosso namoro durou uns dois anos, até que o Pedro terminou comigo na véspera de sua ida a faculdade. Disse que ia passar muito tempo fora e que não seria justo me manter em um compromisso desses. Então ele foi para a faculdade e eu fui viajar pela Europa, fiquei fora durante seis meses e quando voltei vi que o Pedro estava tendo um caso com uma das empregadas. Meu mundo caiu nesse instante, não porque o amasse, não o amava, mas me sentia humilhada. Ele havia terminado comigo e pouco tempo depois estava com uma empregada morta de fome. Me fiz de amiga da empregada para ver o quão serio era esse caso deles. A tonta acreditou em mim. Durante uns dois meses eu fingi que ia conversar com a mãe de Pedro que ia ajudá-los. Até que um dia ela me apareceu chorando dizendo que estava grávida que não sabia o que ia fazer. Eu disse para ela não se preocupar que naquela noite eu ia falar com Pedro e prepará-lo para na manhã seguinte ela contar e depois irem anunciar aos pais dele. Nessa noite eu fui até o quarto dele e coloquei um calmante na taça com vinho, assim que ele adormeceu eu deitei ao seu lado. Na manhã seguinte quando a empregada entrou com o pretexto de limpar o quarto de Pedro, nos viu juntos. Fiz todos acreditarem que tivemos relações naquela noite, inclusive o Pedro. A empregada se demitiu e foi embora, mas eu sabia que Pedro iria atrás dela, então arrumei um jeito de engravidar e um mês depois dei a todos a noticia e disse que o Pedro era o pai. Sabia que ele ia se casar comigo, sempre teve senso de justiça.

Leda: Eu não posso acreditar. Quem é meu pai?

Débora: Isso não importa minha filha.

Leda: claro que importa. Você ao menos sabe quem é meu pai?

Débora: Claro que eu sei, o que você pensa que eu sou?

Leda: Depois dessa sua historia eu não penso, eu tenho certeza. Você é uma mulherzinha.

Nesse momento Débora da uma bofetada em Leda.

Débora: Eu exijo respeito, sou sua mãe e tudo que fiz foi por você também. Te dei um pai rico e uma vida confortável que você nunca teria com seu verdadeiro pai.

Leda: E QUEM É MEU PAI? ANDA, ME FALA SUA VAGABUNDA

Débora: JÁ FALEI PARA NÃO FALAR ASSIM COMIGO.

Leda: QUEM É MEU PAI? VOCÊ ESTÁ BLEFANDO, NÃO SABE QUEM É, DEVE TER SE DEITADO COM QUALQUER UM.

Débora: VOCÊ QUER MESMO SABER? SEU PAI É O MOTORISTA.

Leda: Que? O nosso motorista? Você ainda teve a cara de pau de trazê-lo para essa casa?

Débora: Leda, me entenda filha, quando soube que eu fiquei grávida e anunciei meu casamento, ele começou a me chantagear, dizendo que ia contar tudo ao Pedro. Ele disse que só queria ver o filho dele crescendo. Então arrumei o emprego de motorista para ele.

Leda: E vocês continuaram sendo amantes todos esses anos?

Débora: Isso importa?

Leda: É CLARO QUE IMPORTA, ESTOU ME SENTINDO UM OBJETO, FEITO SÓ PARA GARANTIR SEU PROPOSITO CRUEL, QUERO AO MENOS SABER SE VOCÊ PELO MENOS AMAVA O HOMEM QUE SUPOSTAMENTE É MEU PAI, OU SE ELE FOI OUTRO JOGUETE EM SUAS MÃOS?

Débora: Isso é uma coisa que eu não vou discutir com você. Eu esperava compreensão de sua parte, você queria crescer com um pai motorista morto de fome? Você é uma ingrata, pensei que fossemos iguais.

Leda: Eu nunca iria descer tão baixo.

Débora: Mas já desceu? Não se esqueça que você não só tentou matar, como também seqüestrou aquela coisinha.

Leda: é diferente. Achei que ela estava querendo tirar tudo que era meu.

Débora: Diferente nada, você eu somos farinha do mesmo saco, então não venha dar uma de moralista para cima de mim.

Leda: Você é um monstro, eu devia ter ouvido o meu pa..o Pedro.

Débora: O que tem o Pedro?

Leda: Ele sempre me dizia que eu devia ser digna, integra e agir com justiça, pois todos somos iguais. Eu não dei bola, achava que sempre estaria no topo e agora você me vem com essa surpresinha de pai motorista. No testamento ele sabia da verdade.

Débora: Eu não sei dizer.

Leda: não foi uma pergunta, ele nunca deixaria 80% para a coisi... para a Paulina se não soubesse da verdade. Eu lembro agora das palavras que o advogado leu no testamento, que ele estava deixando mais do que merecíamos.

Leda saiu e bateu a porta deixando Débora sentada aos prantos.

Paulina estava muito pensativa com o dia anterior, o piquenique, Danielzinho em seus braços e percebeu que esse silencio de Paola não fazia sentido algum, mesmo que ela não quisesse o Carlos Daniel de volta não iria abandonar o filho e sumir. Determinada Paulina foi até a delegacia e contou tudo o que havia acontecido depois de tudo esclarecido o delegado disse que ia começar a investigar. No dia seguinte cartazes e anúncios de jornais com a foto de Paola começaram a ser espalhados.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.