­­­­­Filha mais nova de um senhor de idade, dono de uma pequena e muito boa estação de flores de uma cidade urbana do centro do estado, Bela é dona dos cabelos mais marrons e longos de seu bairro, dona dos olhos castanhos claros e de um falar muito bonito por sua leitura ser frequente. Trabalhava na biblioteca da cidade e seu pai, por ser superprotetor, nunca gostou da ideia. Maurício era o nome do dito cujo, nunca gostou de ver sua filha criando asas para sair a trabalho e muito menos se comunicando com muitos homens que passavam pela biblioteca que ela trabalhava.

Porém, parece que não foi o desejo de Maurício o realizado. E sim o dela. Era encontrar um homem no qual se apaixonasse a primeira vista e nunca mais o esquecesse. Era um dia comum, talvez não fosse para Bela trabalhar, por chover muito, mas lá estava ela, a encaixar livros e mais livros em prateleiras altas e conhecendo mais e mais livros. Em cima de uma escada, a menina se encontrava atolada com uma pilha de livros. Os bibliotecários conseguiram ouvir o trovão que fora solto quando um tal rapaz adentrava a biblioteca, e dentre os que foram chamados atenção estava Bela. Os olhos foram de cima a baixo, o rapaz usava um terno e sacudia seu guarda-chuva no tapete de plástico debaixo de seus sapatos molhados e muito bem engraxados. Sacudiu os belos cabelos loiros e olhou em volta, erguendo a mão na altura do peito, pedindo desculpas pelo barulho e atormento. Ninguém se mostrou importar. Ninguém que trabalhava lá foi capaz de ajudá-lo de alguma forma, mínima que fosse.

Bela não se importava com nada daquilo, foi por isso que desceu a escadaria lentamente, enquanto o via observar os livros mais próximos dele. Bastou dar alguns passos para que enxergasse o nome dos mesmos. Lentamente, Bela pegou uma sacola, típica para guardar os guarda-chuva como os dele, e foi até ele.

- Vejo que não é de vir muito aqui, não é mesmo...? – Perguntou numa voz doce.

- Não. Na verdade, amo livros. Tenho uma biblioteca em casa, praticamente. Mas nada de lá me apetece. Há algo por aqui que pode me mostrar? – Tratou de pegar a sacola e colocar, com facilidade, o guarda-chuva molhado de seu pertence.

- Do que gostas? – Perguntou novamente, ao ir passando o indicador por cima das laterais dos livros. – Romance... Suspense... Ação... Assassinato...? – Opinou em alguns gêneros, mas deixou que o mesmo escolhesse.

- Romance? Muito água com açúcar ultimamente. Mas acho que irei ficar com suspense com romance, será que tem algum?

- Assim você ofende minha biblioteca. – Falou como se fosse dela, como sempre fazia e nunca fora questionada.

Ela foi, exatamente, no que diz que uma menina fora seriamente má por muitos anos por conta de um ser sobrenatural que a aterrorizava, até que apareceu o amor de sua vida, que mudou sua história e a fez olhar para a vida com outros olhos.

- Esse é bom. Eu já li. – Comentou ela, pela primeira vez sorrindo radiantemente ao lembrar porque havia lido aquilo.

- Gostas de ler... Senhorita? – Suspirou, fechando um de seus olhos, querendo saber o nome dela.

- Bela. E o seu é... – Tentou não parecer arrogante, mas sim educada.

- Adam... Mas pode me chamar de Fera.

- Fera... Nada mal. – Sussurrou.

- Oi?

- Nada! Nada. Acho que irá gostar desse. Eu gostei. – Sorriu e entregou-lhe o livro.

O papo rolou um pouco mais dali. Bela se seria a vontade, para uma simples moça trabalhadora em relação a um empresário de grande estilo. Os duas foram passando, e ele começou a frequentar a biblioteca na qual ela trabalhava. Mas nem tudo é um mar de rosas, e parece que no dia que Adam foi levar rosas para Bela, o pai dela estava na biblioteca. O pai se zangou de a forma sem tamanho. A princesinha dele não ia, de jeito nenhum, se relacionar ainda. Adam foi então proibido de vê-la, porém ainda se falavam.

O tempo foi passando e então, depois do grande beijo de novela que ele deu nela e que fora correspondido de modo que ambos estivessem a fim de começar algo junto, Adam finalmente pede a mão dela em casamento. O pai então, não mais tão contra a relação deles, ele abençoou a união estável de ambos ali. Bela ficou muito feliz, foi quando em seu casamento, apareceu Phillip, rival de Adam. Mas então, parece que Adam não gostou muito de seu “amigo” ir falar com sua mulher.

- Então você conseguiu dominar a Fera. – O duplo sentido, Bela conseguiu captar, e sorrir em seguida que pegou a bebida que ele lhe oferecia. – Sou Phillip. Amigo de Adam. Prazer, Bela.

Os olhos marrons de Bela brilharam ao encontrar os verdes esmeralda do rapaz, deu um gole na bebida e alargou o sorriso ao terminar de engolir o liquido rosa.

- Não foi muito difícil, é só ter bom coração. Prazer, Phillip. Como pode saber, sou Bela.

- Claro, como não posso saber? É seu casamento, minha cara. – Ele olhou para ela fixamente, deixando que sua covinha nas bochechas o entregasse de tanta vergonha.

- Eu não me lembro de ter te convidado, amigão.

Bela conseguiu notar a arrogância na fala de Adam. Então, pousou a mão nas costas dele e suspirou com força, tentando acalmá-lo para que não fizesse nenhuma besteira por ali.

- Adam, meu amor, se lembra do Phillip.

- Claro. Ele é o rapaz, cujo era meu sócio, e depois de dois meses de contrato fechado foi trabalhar para o FBI para tentar me incriminar. Nada contra, porém nada a favor. – Adam fuzilava-o com raiva nos olhos e chamas nas pupilas aguçadas.

- Amigo, deixemos os problemas de lado, hoje é um dia de festa.

Bela conseguiu controlar o problema, pediu para te tirasse Adam dali, e depois de alguns segundos, voltou a esbarrar no moreno dono dos olhos verdes. Ele a fez rir, a fez perder a hora dos brindes, o que fez seu pai a buscar nos jardins. O velho não gostou muito, Phillip fez uma cara de dor então, e deixou que ela fosse.

Aqueles encontros tornaram-se constantes, Bela já morava com Adam, e aquilo foi tirando-o do sério. A bibliotecária não fazia nada demais, não o traía, não fazia nada além de se comunicar com o rapaz. Foi o máximo para Adam se estressar. Ao chegar em casa, depois de um dia empilhando e recomendando livros, Bela procurou o marido. Na sala não estava, nos quartos não estava. Cozinha, não via sombra. Subiu então para a torre, lá estava ele, amassando os dedos na palma das mãos. Os cabelos caíam pelo rosto, suado então.

- Fera...

- Eu lhe disse... Eu lhe disse para não andar com ele.

- O que está havendo, Adam...? – Trocou de nome na mesma hora.

Ela chegou perto, pousou a mão no ombro dele e em um movimento rápido e repentino, não deixando tempo de reagir a nada, ele pegou o pulso dela e apertou com força. “Está machucando”, exclamou. “Não me importa mais”, respondeu. Algo estava errado, algo estava fora do controle, se era ele ou a situação proporcionada pelo loiro, ela não sabia. Mas as coisas não estavam certas. Ele estava de costas para ela, mas depois de alguns segundos, ele olhou-a por cima de seus ombros e suspirou com força, virando-se a ela.

Olhou no fundo de seus olhos e com a mão pesada, rasgou o vento de fora para dentro da ligação de ambos os corpos. Deixando então que a boca da garota se cortasse de dentro para fora, por conta de o lábio bater com tal força no canino esquerdo. Ela deixou os olhos marejados enquanto tentava se recuperar de tal ato. “O que você está fazendo?!” Isso o deixou com mais raiva, ela se fazer de inocente na frente dele, podia dar-lhe um murro e acabar com a história. Porém, ele quis fazê-la sofrer, como ela, supostamente, estava fazendo-o sofrer: Lentamente.

Dia após dia, ela chegava a casa e apanhava. Ela mantinha a boca calada, e Phillip sempre perguntava o que era tudo aquilo. Ela dizia que havia perdido o hábito de arrumar a casa, havia virado estabanada. Dava desculpas esfarrapadas. Porém, parece que o rapaz conhecia a fera que ela estava lidando. Mas ela continuou a apanhar, todos os dias. Até o dia que, depois de três meses dela apanhando constantemente, Phillip tentou descobrir o que houve, foi à casa de Fera, porém o monstro o deixou estragado, deixando-o preso em seu porão. Naquele dia, então, Bela chegou com o olho roxo e a mão enfaixada da noite anterior. A sobrancelha fazia falha por conta do curativo que continha o sangue do machucado. Em seus braços, seios e barriga, marcas de batidas, marcas de sangue, e nos joelhos, faixas de gaze enroladas ali, lamentou por tudo mais uma vez, como toda a noite, e então, ele, friamente, disse que não havia o que lamentar.

O fim não foi bom. Nenhum fim de uma vida assim é bom. Mulheres acabam sendo mortas, como Bela. A bibliotecária foi morta naquela noite, ele bateu tanto nela, mas tanto, que a deixou inconsciente. Não contente, o marido, achando que ela estava fingindo um desmaio para que ele parasse, continuou a bater. Até que sua hemorragia cerebral a matou, de tanto se agravar. Cada dia que passa, três em cada dez mulheres são vitimas de violência doméstica, porque não falam. Tem medo de que não dê em nada, que só piore. Violência contra a mulher é crime, e não há como pegar esses homens sem abrirmos a boca. É bom falar. Para qualquer um. É bom falar principalmente à policia. Então, não fique quieta. Jamais.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.