Bedsheets and a morning rose

Marriage is not about love - Snow White‏


Aquele era o terceiro aborto espontâneo. A Corte começava a comentar.Porém, O que mais incomodava a princesa Branca de Neve era o fato de decepcionar seu marido e não conseguir cumprir a função primordial de uma esposa: dar um filho a ele.Ainda mais que seu esposo seria rei e precisava de um herdeiro e logo.E a criança deveria ser um homem, obviamente. O que uma menina traria de benéfico? No máximo uma aliança com um reino qualquer através de um casamento forçado e infeliz. Isso porque casar - se com uma princesa de um reino mais pobre como o dela não era bem visto por outros reinos e muitos reis evitavam negociar com príncipe ignorante que escolhera o "amor" a uma aliança política forte e duradoura.

O príncipe porém não se incomodava com a opinião alheia, amava-a muito e sempre a apoiava e segurava a sua mão quando ocorria o evento até comum de sua mulher perder um filho.Os dois sentavam em sua cama e enquanto ela chorava ele apenas segurava os pálidos e finos dedos dela sem dizer nada.Mas Branca de neve sentia consolada e feliz por ter um homem como aquele.Porém ela se sentia cada vez mais martirizada por ser tão imperfeita e inútil.Ainda mais com os comentários cruéis da rainha- mãe que circulavam pelo castelo.Além de espalhar boates pelo castelo, a rainha fazia de tudo para envenenar o casamentos deles.E as conversas entre mãe e filho eram sempre escutadas por Branca de Neve, que ficava escondida.

"Filho, você tem que mandar essa mulher embora ..."

"Mãe, eu amo Branca de Neve ..."

" Filho, um reino só é sólido quando possui um líder sólido e bom, casar com essa mulher só enfraqueceu a sua imagem perante todos..."

"Eu não me casei com uma mulher da vida..."

"Mas você rompeu o compromisso com Katherina aquele princesa maravilhosa pra ficar com uma qualquer que nem manter o filho na barriga consegue..."

Ele não respondeu.

"Rompendo o compromisso você acabou com nossas relações diplomáticas e pior, acabou com nas relações comerciais..."

"Nossa, é possível que a senhora só pense em dinheiro?"

"Estou pensado no futuro do nosso reino já que até agora você só fez o que quis e nunca se importou com nada nem ninguém..."

"Eu rompi com Kitty porque me apaixonei por Branca de Neve..."

"Você e suas besteiras...Meu filho, escute o que vou te dizer: casamentos não envolvem amor.Você acha que fiquei feliz quando casei com seu pai?"

" Com certeza não.Mas acho que meu pai sofreu mais ainda" - ele sorriu, ao imaginar sua mãe mais jovem e mais rabugenta que nunca indo ao altar.

"Você acha que tudo é brincadeira, não acha?Pois quando estiver governando e fracassar não me venha pedir conselhos..."

Ela saiu do cômodo e esbarrou com Branca de Neve, que não conseguiu manter a posse de durona e estava aos prantos.

"Nossa, além de bisbilhoteira você é uma fraca. Você e meu filho se merecem.."- ela despejou seu veneno enquanto dava as costas á Branca.A princesa entrou no quarto sem bater, estava irritada demais para cumprir costumes que ela considerava antiquados.A "modernidade" de Branca de Neve também era outro fator que incomodava a sogra.Onde já se viu a esposa chamar o marido pelo nome na frente da Corte?Só uma mulher mesquinha como aquela.

"Querido, eu não aguento mais..."

"Eu sei, eu sei..." - enquanto ela corria para seus braços, ele enlaçou a cintura dela.Deu um beijo em sua testa.

" E se eu não conseguir engravidar, você vai perder seu poder e seu reino, sua mãe estava certa..."

"Querida, eu não vou te abandonar..."

"Você não precisa me abandonar para ter um filho, o filho não precisa ser meu..."

"Você quer que eu engravide outra mulher?"

"Se for pelo bem do reino sim..."

"Você não me ama?"

" Claro que amo, esse sacrifício é a prova do que sinto por você..."

"Não, não quero mais discutir com você sobre isso...Sai, por favor..."

Branca de Neve saiu de cabeça baixa.Aquele discussão lhe causou dor de cabeça e ela repousou o restante do dia. O príncipe, em um crise de ódio, jogou todo que viu pela frente nas grossas paredes do castelo.Nos dias seguintes, Branca de Neve tentou uma reaproximação na cama.Porém o príncipe a rejeitou.Ainda estava zangado por ter cedido tanto por uma mulher que faria tudo para obter poder.

"Me perdoe, ok? Eu só quis ajudar , me desculpe se te ofendi, não queria isso" - ela quis estabelecer a paz, já não aguentava aquele silêncio ensurdecedor.Mas sabia que ele já havia a perdoado.Um homem com um coração bondoso daquele não aguentava ficar tanto tempo brigado.Apesar do orgulho bobo esticar o prazo da briga.

"Tudo bem, minha querida."

E voltaram a dormir como se nada tivesse ocorrido.Pena que a paz conjugal não foi o suficiente.A vida do príncipe estava prestes a virar de ponta cabeça.

Na manhã seguinte a reconciliação, os serviçais entraram para cumprir seus deveres como vestir o futuro casal real.Branca de Neve achava aquilo ridículo, ela tinha plenas capacidades para se arrumar sozinha.Porém, todas as vezes que ela pretendia recusar a ajuda, o príncipe a fuzilava com o olhar.E naquela manhã não seria diferente.

Enquanto a criadagem executava seu serviço, o irmão do príncipe entrou.Sem respeitar qualquer protocolo e formalidade, o jovem príncipe invadiu o quarto com lágrimas nos olhos.

"Papai está morto"

"Como assim...?"

"Ele teve um mal súbito...Ele morreu dormindo..."

E pela primeira vez, Branca de Neve viu seu marido chorar.Porém, logo o lamento foi substituído por um sentimento de desconfiança.As circunstâncias da morte de seu pai ainda criavam dúvidas em sua alma.Isso porque, apesar do rei possuir uma idade relativamente avançada, o seu vigor físico causava inveja até nos súditos mais jovens.Então, o príncipe resolveu questionar a mãe sobre como tudo aquilo ocorreu.

"Mamãe, como meu pai morreu?"

" Não sei querido, eu estava dormindo quando tudo aconteceu..."

"E ninguém investigou a causa da morte?"

"Não era preciso, ele teve um mal súbito"

" Causado pelo quê?.."

"Ele era velho, filho... Isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde..."

" E como podemos afirmar que alguém não adiantou isso?"

"Filho !Suas conjecturas não passam de tolice.Pare de ler romances e vá fazer algo útil, essas histórias de cavalaria e conspirações não estão te fazendo bem..."

"Mãe, me leve a sério,uma vez na vida.Eu quero descobrir a verdade e matar o assassino do meu pai..."

"Estou falando sério, seu pai morreu de causas naturais."

"Já que a senhora tem tanta certeza disso, por que eu não posso confirmar? Médicos me acompanhariam e minha alma ficaria mais tranquila..."

"Um corpo não pode ser profanado, isso vai contra as leis divinas.."

"Tudo bem, se é assim que a senhora deseja..." - e o príncipe saiu.

Contrariando sua mãe, o príncipe procurou o serviçal responsável por cuidar do corpo de seu pai.

"Eu preciso ver meu pai.."

"A rainha proibiu qualquer pessoa de entrar aqui..."

"Sou seu futuro rei e ordeno que permita minha entrada..."

"Claro , vossa Majestade... - e abriu a pesada porta.

"Obrigado, você será recompensado se manter segredo sobre isso,você mudará de posto... Estamos combinados?"

"Sim, sua Majestade".

Analisando seu pai e respeitando os preceitos religiosos, a primeira coisa que o príncipe reparou foi a coloração preta encontrada nas pontas dos dedos , em contraste com os pálidos dedos de seu pai.Desconfiado, abriu a boca de seu pai, e estremeceu ao ver que sua língua também estava preta.Atordoado, agradeceu ao guarda e partiu para uma vila próxima.Iria pedir ajuda a um curandeiro.

"Senhor, preciso que me ajude, é urgente..." - ele disse, depois da terceira batida na porta sem nenhuma resposta.

"E quem é você..."

" E isso importa?"

"Eu não dependo de você, você depende de mim..."

"Peço perdão, eu sou um príncipe ..."

" Já que você é um príncipe porque não mandou um serviçal até esse lugar imundo?"

"Esse é um assunto de extrema importância e quantos menos pessoas souberem melhor..."

"Tudo bem, eu vou abrir a porta."

"Muito obrigado..." - o príncipe suspirou, aliviado.

"O que você deseja? Deve ser muito terrível, porque vir para encontrar um pagão, como eu..."

" Desconfio que meu pai foi assassinado...."

" E onde meus conhecimentos profundos entram nisso?"

"Senhor, os dedos do meu pai estavam pretos assim como sua língua, então cogitei..."

"Ele foi assassinado por envenenamento.Provavelmente, algum livro estava com o veneno e enquanto ele foi folheando o livro ele ingeriu uma pequena de veneno que não o matou, apenas o deixou mais fraco.O assassino, vendo que falhou, decidiu dar alguma bebida com veneno para terminar o serviço logo."

"Nossa, agora entendo sua fama...E quanto lhe devo?"

"Apenas lealdade e sua proteção."

"Nada acontecerá a você, você pode adorar seus deuses e não morrerá nem será preso por isso..."

"Ok, vou conduzí-lo até a porta.Você ser visto aqui seria um desastre..."

"Eu não faria isso se não fosse extremamente necessário..."

"Eu entendo."

E fechou a porta.

Enquanto o período de luto transcorria, o tio do príncipe era regente.Ele determinou uma caça a qualquer religião que não fosse monoteísta, ou seja só uma religião era permitida.Ouvindo esse decreto, o príncipe ordenou a imediata do remoção do mago para outro vilarejo distante, assim, cumprindo sua promessa.

"Tio, precisamos conversar...." - o príncipe invadiu a sala de audiências do rei.

"Que maneiras são essas rapaz, eu sou o rei, você me deve respeito..."

" Mas não se esqueça de que, em pouco tempo, EU estarei em seu lugar..."

"Isso é um ultraje..."

"Tio, ou melhor, majestade, meu pai foi assassinado..."

"E como você descobriu isso?"

"Os dedos deles estavam manchados de preto assim como a língua.Alguém de dentro cometeu regicídio, precisamos matá-lo..."

"Quem lhe contou que seu pai estava dessa maneira?"

"Eu vi..."

"E quem lhe deu permissão...?" - ele elevou seu tom de voz.

"Tio, me desculpe mas isso foi necessário..."

"Tudo bem , eu entendo, mas você se arriscou muito..."

"Sim, e agora o que faremos?"

"Deixe comigo, os melhores investigadores trabalham para mim, "

"Obrigado, muito obrigado."- fez uma reverência e saiu apressado.

No dia da coroação tudo estava perfeito.As belas flores sorriam para o sol que impedia que qualquer nuvem estragasse o dia.Toda a Corte se acumulava e separava-se do populacho que preenchia as ruas que não poderiam ser frequentadas antes por eles.Aquele era um dia especial.O evento ocorria como previsto e imposto pelo protocolo, porém quando o novo rei receberia a coroa, o regente interrompeu a cerimônia.

" Essa cerimônia deve ser anulada..."- Todos olharam para eles, espantados demais para reagir.Porém, múrmuros começaram tomar conta da estreita rua.

"Sim, isso porque o príncipe cometeu um crime muito grave e por isso não deve ser coroado..."

"E qual crime eu cometi?" - o príncipe perguntou ,chocado.

" Sua majestade violou um cadáver, o que vai contra as leis divinas...Além disso, promoveu a religião pagã..."

"Mas eu apenas..."

"Levem-no para o calabouço!"- os guardas o arrataram enquanto o alvoroço na multidão aumentava.

E assim, o regente tornou-se rei, já que o outro príncipe era menor de idade.A rainha dizia que fazia de tudo para tirar o filho de lá porém o novo rei era irredutível.Mas, quando caia a noite ela deitava-se com o novo rei, e conversavam como seu plano fora genial.

"Nossa, não imaginava que aquele garoto era tão tolo..."

" Ele puxou o pai..."

"Minha querida, você sabe muito bem que aquele garoto é meu filho..."

"Cadê seu senso de humor ,meu bem?"

"Nossa, matar aquele velho foi ótimo..."

"Nem tente roubar os meus créditos, eu que fiz todo o trabalho sujo..."

"Claro meu amor, você que tinha acesso a esse lugar..."

"E o que faremos com o nosso filho?"

"Vamos deixar mais um tempo de castigo..."

"Como queira..."- e beijou sua boca ardentemente.

Os rumores da Corte de que a viúva dormia com o cunhado e que eles pretendiam se casar escandalizou o povo.Outras bocas mais maldosas ainda diziam que o adultério ocorria há anos e que a rainha era a viúva negra.Cartazes denunciando esses atos imorais, espalhavam-se pelas vilarejos que juntos, decidiram realizar uma reunião.Reunidos, decidiram invadir o castelo profano.Os guardas apesar de armados, eram em poucos e a população era numerosa e desejava jorrar sangue.E foi o que eles fizeram.O casal adúltero foi morto com as armas que os plebeus roubaram dos guardas.O povo também libertou o príncipe que foi proclamado como novo rei.

Branca de Neve não poderia estar mais feliz.O casamento ia bem,o povo estava feliz e o reino prosperava.Porém, sua felicidade não estava completa: ela ainda não conseguira engravidar.Aqueles rumores da Corte, que ela já tinha esquecido, recomeçaram com mais força.Viver era um sacrilégio.O desespero tomou conta de sua alma e de seu corpo.

Depois de vários meses sem resultados e mais um aborto, Branca de Neve tomou uma medida extrema: procurar uma bruxa para conseguir engravidar.A bruxa concordou porém com uma condição: a vida da criança pela vida rainha.Branca de Neve concordou sem pestanejar.O dever da rainha era proteger o povo e ela faria isso.Ela implorou para que seu bebê fosse um menino.A bruxa concordou.Em nove meses, um lindo menino nascia enquanto sua mãe morria.

Pelas ruas, ouvia-se que essa era a missão de vida de Branca de Neve: manter o reino forte e poderoso.