…
Jon ainda estava deitado, revirando-se na cama perante as imagens de Daenerys. Sua Dany! O calor do corpo dela ainda estava nele, bem como seus beijos e suas carícias mais ousadas. O fogo emanava dela de uma forma que o envolvia em todos os sentidos. Estar tão perto dela diante de um casamento seria realmente algo instigador. Jon saiu dos pensamentos ao ouvir um pigarro em seu quarto, e assim abriu os olhos. Virou-se e encontrou um jovem, não deveria ter mais que dezoito anos. Magro e com roupas de um refinado criado, não escondeu o desconforto por estar diante daquele desconhecido com tão poucos trajes.
— Quem é você?
— Sou Morett, Milorde. - Fez uma reverência. - Ao seu dispôr. Venho para preparar o senhor para a reunião com a rainha.
— Oh sim! - Vendo que continuava sem muito no que se cobrir tentou puxar um pouco do lençol de cama. - Perdão, Morett.
— Milorde não me ofende em nada. - Ele disse num sorriso. - Vou buscar-lhe as roupas.
— Deixe Morett, eu mesmo pego. - O rapaz o olhou e por um segundo, Jon pôde ver um lampejo de desapontamento.
— Como quiser, Milorde. - Ele afastou-se um pouco de Jon e o observava vestir-se sozinho.
— Quantos anos você tem, Morett? - Perguntou enquanto reparava na figura silenciosa.
— Dezoito, milorde.
— Ainda é jovem, quem lhe deu tamanha confiança para se tornar valete?
— Dany, claro. - Esbranqueceu quando percebeu o que falara. - Oh Deus, quero dizer a rainha Daenerys.
— Vocês se conhecem? - Jon viu o desconforto do garoto e pensou o quão íntimos eles poderiam ser, sentiu raiva. - São amigos? - Tentou não transparecer sentimentos.
— Sim, a rainha é muito boa para nós. - Disse o menino apertando um lenço entre as mãos.
— Para nós? - Referia-se a Dany e ele? Jon afastou este pensamento, uma vez que sentia os instintos de posse do lobo se acentuando.
— Sim, eu tenho uma irmã. Ficamos órfãos muito cedo e tive que cuidar dela. Sempre nos faltava dinheiro pra comer, então eu limpava as estribarias por toda Kings Landing. Um dia encontrei Sor Barristan Selmy fazendo uma visita a um antigo comerciante onde eu trabalhava a troco de 2 pães, e pedi uma ajuda. Quando ele voltou a falar comigo, disse que a rainha gostaria de me receber. - Ele via a emoção na voz do rapaz. - Ela me recebeu muito bem e nos trouxe até aqui. Disse que Sor Barristan lhe contara nossa história e que se parecia muito com a dela e por isso gostaria de me dar uma chance. Me concedeu aulas de etiqueta e roupas novas para minha irmã, além de uma boa escola. Hoje recebo muito bem e com isso consigo manter nossa dignidade.
Jon ficara envergonhado do que pensara do garoto e de sua noiva. Apiedou-se do garoto que estava tentando apenas fazer seu trabalho para com ele.
— Então façamos uma coisa, Morett.
— O que quiser, Milorde.
— Me chame de Jon apenas, não sou Senhor de nada.
— Como desejar, Milorde. - Jon o olhou consternado - Perdão, Jon.
— Tudo bem, Morett. - Ele sorriu e terminou de ajeitar o casaco. - Como estou?
— Muito bem, Jon. A rainha com certeza apreciará. - E era assim que Jon desejava depois daquela última noite. Queria que Daenerys sentisse satisfação em ver seu futuro marido a altura de sua confiança e de seu esmero.
— Então anuncie-me por favor, estou pronto.
…
Daenerys entrou na sala e encontrou Jon sentado a mesa do salão nobre. Ela o viu se virar para a porta e seus olhos novamente se encontraram naquele dia. Os olhos castanhos e o sorriso de Jon a deixaram ruborizada, por sorte só haviam os dois criados ali, prontos para se retirar da sala.
Quando ficaram a sós, Dany caminhou até ele e lhe beijou os lábios, um beijo devagar e profundo.
— Dany! - Sussurrou Jon Snow em censura. - Alguém pode nos ver.
— Ninguém pode entrar aqui a não ser por minhas ordens, meu futuro rei. - Ela sorriu travessa e Jon pode ver algo sendo tramado por aqueles olhos instigantes.
— Não, nem pense nisso. - Viu Daenerys levá-lo até a cadeira e empurrá-lo. Sentou-se em seu colo atrevidamente, abraçando-o pelo pescoço. - Não seja imprudente.
A porta se abriu abruptamente, e ambos olharam assustados. Ficaram aterrorizados pela figura que adentrava o local com verdadeiro domínio.
— Sempre soube que você era uma figura um tanto quanto amorosa, Vossa Graça, porém se soubesse que logo Jon Snow a faria mais maleável, teria o requisitado antes em nossas reuniões. - Lorde Tyrion sorria maliciosamente enquanto via Daenerys se levantar lentamente do colo de Jon.
— Poderia ao menos fechar a porta? - Daenerys disparou inoricamente e pôde ver o olhar jocoso do anão para a maçaneta.
— Desculpe, não a alcanço. - Ele retrucou com um fino sorrindo sarcástico. - Oh, mil perdões bastardo, como tem passado?
— Tyrion! - Chamou-lhe a atenção. - Pode, por favor, falar da maneira correta com Lorde Jon?
— Está tudo bem Vossa Graça, eu e o anão já tivemos nossos momentos. - Sorriu Jon amistosamente e estendeu a mão para Tyrion. - É um prazer revê-lo, amigo.
— Soube que não é mais o 998º Lorde Comandante da Patrulha da Noite. Como isso se deu? - Tyrion nunca fora de gracejos ou cortesias quando se tratava de particularidades da vida. Talvez sim com as mulheres que pudesse conquistar com suas posses, porém não com os demais. A língua ácida do pequeno homem lhe dava direção e o puxava para a vida real, dura, cruel, porém crível e vívida.
— Fui liberto do juramento, a falta de diplomacia de alguns ocasionaram na minha expurgação. - Jon tentou não encarar Tyrion por muito tempo. O olhar desconfiado do anão já dizia que ele estava descrente daquela história, mas por algum motivo não levantou mais questionamentos.
— Bom, então posso dizer que ficará definitivamente no Norte com seus irmãos.
— Não, Tyrion. - Daenerys apressou-se a dizer. - Lorde Jon ficará aqui em Kings Landing por enquanto.
— Bom, eu sabia que este romance todo daria em alguma coisa. - Tyrion deu de ombros, afastando-se do casal, pensativo como sempre. - A não ser que esteja tramando alguma maluquice e deseje colocar Jon Snow junto a você nisso, não sei o que quer dizer, Vossa Graça.
— Eu e Jon iremos nos casar. - Entrelaçou seu braço ao do noivo, e Tyrion pode ver o rubor nas bochechas do rapaz. Mas não de timidez, talvez uma tristeza por fazer aquilo acontecer.
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