Daenerys não teve muito tempo para pensar, pegou a menina de relance nos braços e na confusão de barulhos, cravou a obsidiana que a menina trazia, na cabeça do Rei da Noite. Ele explodiu em estilhaços e Daenerys, tão surpresa e em choque vê imediatamente, a legião de mortos cair como poeira e desaparecerem entre o gelo da neve. Tinham ganhado a guerra. Estavam vivos.

Olhou para Jon e ele lhe sorriu, Ned ainda montava Viserion, e com a filha nos braços, a beijou na cabeça.

Não haveria festa naquela noite, apenas um brinde ao rei e a rainha, era dia de enterrar os mortos, de fazer honras aos homens que haviam dado a vida por uma causa maior.

A cerimônia trazia os ritos nortenhos de cremação, estavam junto deles os filhos, que estavam enfadados por estarem ali e não brincando na neve, mas achava que seria o início de um bom castigo por estarem ali. Ned já era considerado entre os homens daquele lugar como o senhor por direito, pois carregava o nome de Eddard Stark e que seria justo que ele tomasse seu reino quando crescesse. Jon achava que seria uma boa ideia que o filho unisse o Norte e o Sul, no futuro. Rhaella com Kings Landing, faria com que a boa aliança acontecesse e provavelmente, tiraria essa desconfiança eterna dos homens que um dia seguiram seu pai.

Ned caminhava por entre os homens rezando pelos velhos deuses e isso teria impressionado os tantos homens que ali se encontravam assistindo. Como o menino sabia o que teria que fazer diante dos nortenhos mortos? Claro que antes de saírem do quarto o pai disse o que deveria fazer como um Stark, porém os homens pensavam outra coisa, aquele era o próprio enviado do último defensor do Norte, que voltava. Por mais céticos que fossem, a carência de um herói naquele lugar era grande demais, os tempo difíceis mostravam a falta de esperança, precisavam pensar que teriam um novo começo, talvez.

No quarto, os meninos estavam sentados na casa enquanto os pais estavam a frente, nas poltronas do quarto principal. As crianças tinham um cara clara de quem sabia o que tinham feito, pareciam pedir clemência.

— Sabiam que o tio de vocês ficou desesperado ao saber que estavam aqui e o que aconteceu? - Dany disse com o rosto impassível. - O que sempre dissemos a vocês? À você, Rhaella?

— Ora, mãe, a culpa não é minha. - Disse de ombros, fazendo beiço.

— E de quem é a culpa? Seu irmão? - Ela disse com uma expressão de ironia. - Sei que essa ideia foi sua e não tente culpar os outros por isso. Conheço meus filhos e sei que arquitetou a fuga para cá e Ned tentou fazê-la mudar de ideia.

— É verdade, minha mãe. - Disse Ned com uma expressão sincera.

— Não deveria ter feito isso, minha filha. Percebe que foi muito perigoso? - Disse Jon com uma voz mais complacente.

— Estão bravos comigo? - A menina estava com os olhos marejados e a voz embargada. - Eu só quis ajudar e o molenga do meu irmão não fazia nada.

— Rhaella! - A mãe advertiu. - Certamente estamos chateados, mas não admitiremos que você faça isso com seu irmão. Já chega. Em casa, estará de castigo e terá mais tempo para os estudos. - Viu Rhaella correr para os braços do pai.

— Por favor meu pai, eu não fiz por mal, eu queria salvar vocês. - O coração do pai imediatamente começou a se derreter diante da declaração. Ele olhava com um olhar piedoso para a mulher, que revirou os olhos. Sabia que o pai jamais permitiria que a castigassem, Jon a mimava demais e por isso era tão geniosa.

— Não adianta clamar a piedade de seu pai, já conversamos. - Disse a mãe.

— Querida, não podemos apenas diminuir o tempo de lazer dela? - Ele perguntou com uma voz de submissão.

— Jon, nem pense em intervir por ela. - Rhaella olhava pela fresta do braço, enquanto seguia com a cabeça enterrada no peito do pai.

— Rhaella sabe que não fez nada bem em vir e que ficamos preocupados com a segurança de ambos, porém ela fez porque achava que poderiam ajudar, certo minha filha? - Ele olhou para a menina, com uma expressão que pedia para que ela o ajudasse a convencer a mãe. A menina fez que sim com a cabeça. - Ela não fará nada mais ousado novamente e nem impensado. Se o fizer, aí sim a mandaremos para alimentar os corvos da Cidadela.

— Mamãe, jamais eu farei algo que me leve a alimentar corvos na Cidadela, sabe que tantos corvos juntos me dariam muito medo. - Disse a menina com uma voz meiga e com os olhos chorosos.

— Está bem, Rhaella. - Suspirou de olhos fechados. - Qualquer dia ela vai te deixar em péssimos problemas diplomáticos aí sim vai se arrepender do que está fazendo.

— Não, nossa filha não vai fazer mais esse tipo de aventuras, certo? -Rhaella assentiu.

— Não devemos mimá-la desse jeito. - Disse Daenerys depois de ter feito os filhos dormirem no quarto de ligação.

— Ela é uma menina, e deveria entender que ela estava sentindo nossa falta. - Disse Jon a abraçando por trás. - E ela é inegavelmente impetuosa como você.

— Sou impetuosa, então? - Eles riram. - Ainda sim, não quero que ela cresça impetuosa, como eu. Prefiro que ela aprenda a ser forte, porém que seja protegida enquanto isso.

— E ela será. - Jon a virou para si e a beijou. - Eles serão porque finalmente iremos sãos e salvos para casa, graças a você. Faz ideia do que fez?

— Sinceramente não, meu amor. Eu só pensei na minha filha e no perigo que ela corria.

— Mas ainda bem que está aqui. Me sinto feliz que as duas mulheres mais corajosas dos Sete Reinos, sejam minha esposa e minha filha. Não fique brava com ela, por favor. Fique orgulhosa por ela, pois se mostrar dessa forma, quem sabe ela não se torna mais aconselhável?

— Talvez, mas pare de defender as travessuras dela, toda vez. - Ele riu. - Não é nenhum pouco engraçado.

— Eu sei, meu amor. Estou dizendo que ela é minha filha, é meio que o instinto de pai que adquirimos com o tempo. E ela tem seus olhos, como posso dizer não para alguém que tem o olhar de Daenerys Targaryen?